O presidente Donald Trump anunciou em 12 de julho uma nova rodada de tarifas comerciais que promete sacudir alianças históricas e retratar uma era de protecionismo agressivo, ao direcionar suas investidas contra o México e a União Europeia. A medida, que inclui taxas de até 30% sobre europeus e mexicanos, eleva a disputa a um novo patamar, revelando a estratégia “America First” em sua forma mais contundente.
A justificativa oficial se baseia em alegações de práticas comerciais injustas, defasagem tecnológica europeia em relação aos EUA e problemas de segurança nacional.
A resposta europeia foi rápida. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, declarou em Bruxelas que tarifas de 30% “interromperiam as cadeias de suprimentos transatlânticas essenciais, em detrimento de empresas, consumidores e pacientes em ambos os lados do Atlântico” e sinalizou o caminho da retaliação, com estudos sobre possíveis contramedidas envolvendo tarifas sobre produtos americanos.
Um diplomata europeu, que falou sob condição de anonimato, classificou a medida como “um golpe contra parcerias de longa data”, alertando para o impacto inevitável nos setores automotivo, energético e industrial.
Concomitantemente, também foi anunciada tarifa de 30% sobre uma vasta gama de produtos mexicanos. A medida mexe profundamente na economia mexicana, que depende dos EUA para 85% de suas exportações, e ameaça consequências para cadeias produtivas inteiras.
Segundo fontes ouvidas pelo The Guardian, além das motivações econômicas, Trump mira ganhos políticos internos em um ano eleitoral. A análise sugere que partiu de informações equivocadas sobre práticas comerciais do México e supostas distorções de subsídios europeus em setores como aço, veículos e tecnologia.
O envolvimento econômico é relevante. A indústria automotiva norte-americana tem pressionado o governo por proteção contra importações que colocam pressão sobre a produção doméstica, argumentando risco de desemprego em massa e dependência tecnológica.
Analistas alertam que a onda de tarifas pode deflagrar uma escalada — lembra a guerra comercial entre EUA e China em 2018 — com EUA tentando ampliar o protecionismo e a Europa articulando um front coeso contra o desmantelamento progressivo do sistema multilateral.
A guerra tarifária de 2025 se apresenta mais ampla do que a de 2018, atingindo aliados tradicionais dos EUA com medidas que podem corroer bases diplomáticas e pressionar diversos países a buscarem acordos menos favoráveis para não perder o mercado norte-americano.
Fontes: Reuters, The Guardian