Em um gesto que surpreendeu parte de sua base mais conservadora, o presidente Donald Trump anunciou, durante um evento no Iowa State Fairgrounds, a intenção de implementar um programa que permitirá aos agricultores atestarem a boa conduta de trabalhadores migrantes que colaboram há anos em suas propriedades. O objetivo seria evitar que esses trabalhadores enfrentem deportação, garantindo a continuidade da produção agrícola americana.
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O plano, ainda em elaboração junto ao Departamento de Segurança Interna (DHS), daria aos produtores rurais maior autonomia para indicar funcionários que sejam trabalhadores confiáveis e cumpridores da lei, mesmo que estejam em situação migratória irregular. Trump defendeu a proposta dizendo que não se pode simplesmente retirar todos os trabalhadores das fazendas, pois faltam norte-americanos dispostos a realizar as tarefas pesadas do campo.
“Se um fazendeiro está disposto a atestar essas pessoas, de alguma forma, vamos ter que dizer que vai ser bom“, declarou Trump, sob aplausos de milhares de apoiadores. Ele também lembrou que muitos agricultores chegam a chorar ao ver trabalhadores sendo deportados depois de décadas de serviço.
Apesar de a ideia ainda não ter sido formalizada, o presidente deixou claro que pretende levar adiante um projeto de lei que contemple tanto o setor agrícola quanto o de hotelaria, onde migrantes também desempenham funções essenciais.
A proposta, no entanto, gerou críticas dentro do próprio Partido Republicano. A senadora estadual Melissa Melendez, da Califórnia, classificou a iniciativa como “decepcionante“, argumentando que não se deve fazer vista grossa para a imigração ilegal em nenhum setor.
Trump rebateu afirmando que a responsabilidade final continuará sendo dos fazendeiros, que responderão caso algo dê errado. “Se os agricultores não fizerem um bom trabalho, vamos tirá-los do comando“, ironizou.
Com a economia agrícola dos Estados Unidos dependente de migrantes, inclusive no estado de Iowa — segundo maior exportador agrícola do país —, a proposta promete ser tema quente no debate eleitoral, trazendo à tona o desafio de conciliar segurança de fronteira com as necessidades reais do mercado de trabalho.
Fonte: Reuters e Fox News