Neste domingo (06), o presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, anunciou em sua rede social que aplicará tarifas adicionais de 10% sobre qualquer país que se alinhar às políticas do BRICS – bloco internacional cuja reunião está em andamento no Rio de Janeiro.
“Qualquer país que se alinhar às políticas antiamericanas do BRICS será taxado com uma tarifa ADICIONAL de 10%“, ameaçou Trump no Truth Social, completando ainda que “não haverá exceções“.
O post do líder americano vem em resposta à declaração conjunta apresentada na cerimônia de abertura do encontro do bloco, na qual os membros defenderam “uma ordem internacional mais justa e representativa e um sistema multilateral revigorado e reformado“.
“Demonstramos sérias preocupações com a aplicação unilateral de tarifas e medidas não-tarifárias, que distorcem o comércio internacional e são inconsistentes com as regras da OMC“, criticou o comunicado.
Formado originalmente por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o bloco viu expansões recentes e a inclusão de novos membros: Irã, Emirados Árabes Unidos, Egito e Etiópia. A Arábia Saudita está em processo de adesão, e outras 30 nações estudam também seguir caminho similar.
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Frente às dificuldades vistas nas relações recentes em fóruns como o G7 e o G20, o BRICS vem tentando se posicionar como alternativa para deliberações e busca de soluções a nível multilateral, com foco especial no chamado “Sul Global“, grupo de nações em desenvolvimento cujos interesses, segundo o bloco, tendem a ser preteridos nas cimeiras internacionais.
“Se a governança internacional não reflete a realidade multipolar do século 21, cabe ao BRICS atualizá-la“, afirmou o presidente brasileiro, Luis Inácio Lula da Silva.
Trump não foi claro sobre quais políticas defendidas pelo organismo multilateral considera como “antiamericanas“. Mas as divergências entre o dignatário e as medidas tomadas ou estudadas pelo BRICS já se desenrolam há tempos. Em ocasiões anteriores, o presidente norte-americano criticou a iniciativa do bloco de buscar alternativas ao dólar, seja criando uma moeda comum ou utilizando outra – como o renminbi chinês – como substituto.
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“Vamos exigir um compromisso desses países aparentemente hostis de que eles não criarão uma moeda do BRICS nem apoiarão o uso de outra moeda como alternativa ao dólar. Caso contrário, serão tarifados em 100%“, disse Trump em janeiro deste ano.
Comentando as ameaças feitas ontem, o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores chinês disse que Pequim “aplicar tarifas de modo arbitrário não ajuda nenhuma das partes” e que se opõe ao uso de tarifas como “mecanismo de coerção”.
O encontro dos BRICS, cujo tema é “Fortalecendo a cooperação do Sul Global para uma maior governança mais inclusiva e sustentável” será concluído hoje, 07 de junho.