O presidente Donald Trump, em evento realizado na Casa Branca de 9 a 11 de julho de 2025, reuniu-se com cinco presidentes da África Ocidental — de Senegal, Libéria, Guiné-Bissau, Mauritânia e Gabão — para pressioná-los publicamente a aceitarem a devolução de migrantes deportados dos EUA, mesmo quando seus países de origem se recusam a recebê-los.
Esse movimento marca uma expansão explícita da política “America First” que prioriza acordos multilaterais para acelerar deportações, utilizando na prática o conceito de “safe third country” ou terceiro país seguro. O “safe third country” é um país que não é o país de origem do solicitante de asilo, nem o destino final pretendido (por exemplo, os EUA), mas que é considerado seguro o suficiente para que a pessoa aguarde ali o julgamento do seu pedido de refúgio ou seja deportada para esse local.
De acordo com um documento interno do Departamento de Estado citado pela imprensa, essas nações seriam responsáveis por “transferência digna, segura e em tempo hábil” de migrantes, comprometendo-se a não remetê-los aos países de origem até que seus pedidos de asilo nos EUA sejam julgados. A Libéria chega a se preparar para acolher parte desse fluxo em sua capital, Monróvia.
Durante o encontro, Trump ressaltou que pretende deslocar o relacionamento EUA‑África de um formato de ajuda — que era viabilizada pela USAID, que foi extinta sob sua gestão — para um modelo focado em comércio, investimento e segurança, sobretudo em recursos minerais estratégicos. Ele destacou que seu objetivo principal era reduzir “altas taxas de permanência além do visto” e avançar nos acordos de “safe third country”.
O encontro, descrito como um minicúpula africana, também tratou da competição geopolítica com Rússia e China. Analistas da Brookings e outros centros apontam que Trump usa a estratégia migratória como alavanca para elevar sua presença diplomática na região e atrair investimentos americanos ao lado da agenda de segurança e recursos naturais.
Fonte: Reuters.com e Semafor