Segundo O Bastidor, o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral protocolou no Supremo Tribunal Federal um pedido para que suas condenações na Operação Lava Jato sejam anuladas. A solicitação foi encaminhada diretamente ao ministro Dias Toffoli, que recentemente concedeu um benefício semelhante ao doleiro Alberto Youssef, um dos primeiros delatores da força-tarefa de Curitiba.
A defesa de Cabral afirma que o ex-governador foi alvo de um processo conduzido por um juiz parcial — o ex-ministro da Justiça e atual senador Sergio Moro (União Brasil-PR). Os advogados sustentam que Cabral não teve garantidos o contraditório e a ampla defesa, e por isso, pedem que Toffoli estenda ao seu cliente a decisão que anulou os processos contra Youssef.
Cabral foi condenado a mais de 425 anos de prisão por corrupção, peculato, lavagem de dinheiro e outros crimes ligados ao desvio de recursos públicos durante seu mandato no governo fluminense. Embora esteja em liberdade por força de decisões judiciais recentes, ele ainda busca a reversão formal de suas sentenças.
O pedido de Cabral, porém, ganha contornos delicados. O ministro relator do caso, Dias Toffoli, foi citado pelo próprio Cabral em uma delação premiada. Segundo o ex-governador, Toffoli teria recebido ao menos R$ 4 milhões em propina para favorecer prefeitos do Rio de Janeiro com decisões judiciais. O ministro nega as acusações.
A situação levanta questionamentos sobre um possível conflito de interesses, já que o próprio magistrado acusado pelo réu será responsável por decidir se o mesmo terá suas condenações anuladas.
A petição reacende as críticas à condução dos processos da Lava Jato, agora sob forte revisão pelo Supremo Tribunal Federal. Com múltiplas decisões que enfraqueceram as sentenças da operação, cresce a percepção de que réus com poder político ou econômico estão encontrando caminhos jurídicos para escapar das penas já estabelecidas.