A Rússia realizou na sexta-feira (4) a maior barragem aérea contra a Ucrânia desde o início da invasão, segundo a Força Aérea ucraniana. O ataque ocorreu poucas horas depois de um telefonema entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente russo, Vladimir Putin.
De acordo com autoridades ucranianas, a ofensiva envolveu mísseis balísticos Kinzhal (Adaga), mísseis de cruzeiro e drones explosivos lançados em massa para tentar sobrecarregar os sistemas de defesa aérea de Kiev e de outras cidades. A Força Aérea informou que foram disparados ao menos um míssil Kinzhal, seis outros mísseis balísticos e quatro mísseis de cruzeiro, dos quais apenas dois mísseis de cruzeiro foram abatidos (CNN).
O ataque deixou Kiev coberta por fumaça na manhã de sexta-feira. Vários bairros residenciais foram atingidos, danificando casas e prédios, e incêndios se espalharam após a queda de destroços. Segundo relatos, a seção consular da Embaixada da Polônia em Kiev também foi atingida, assim como o consulado da China em Odesa, no sul do país (Reuters).
A sequência de ataques ocorreu pouco depois de Trump ter conversado com Putin, embora não haja evidências claras de relação direta entre o telefonema e o bombardeio. Trump disse à imprensa logo após a ligação que “não fez progresso” com o líder russo, e que a conversa foi “franca” (BBC).
Posteriormente, Trump também telefonou para o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy, que confirmou a conversa e disse ter discutido o aumento da proteção do espaço aéreo ucraniano, sem detalhar se os EUA retomariam o envio de novos mísseis de defesa Patriot, cuja entrega havia sido suspensa nesta semana pelo governo Trump (Al Jazeera).
A Ucrânia depende fortemente dos sistemas Patriot fornecidos pelos EUA para interceptar mísseis balísticos russos de alta velocidade, como o Kinzhal, mas conta ainda com sistemas europeus e armamentos de fabricação local para conter mísseis de cruzeiro e drones.
A escalada dos ataques russos nos últimos meses evidencia uma estratégia de saturação, utilizando mísseis e drones em ondas simultâneas para tentar esgotar os estoques de defesa aérea ucranianos. Especialistas apontam que a ofensiva de sexta-feira representa um ponto de inflexão tático, ao combinar diferentes armas de forma coordenada contra centros urbanos e infraestrutura diplomática.
Até o momento, não há informações confirmadas sobre vítimas fatais, mas as autoridades locais afirmaram que dezenas de pessoas ficaram feridas e centenas foram obrigadas a deixar suas casas devido aos danos e incêndios provocados pelos destroços.
A audiência internacional aguarda mais detalhes da conversa entre Trump e Putin e, sobretudo, se Washington vai reconsiderar o envio de novos armamentos a Kiev nas próximas semanas.
Fonte: ww.miamiherald.com