Rússia amplia rapidamente a presença no Iraque com foco em dois setores-chaves

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A Rússia está expandindo rapidamente sua presença econômica e diplomática no Iraque, mirando dois setores-chave — petróleo e energia nuclear.

A geopolítica do Oriente Médio ganhou um novo capítulo silencioso, porém estratégico: a Rússia está expandindo rapidamente sua presença econômica e diplomática no Iraque, mirando dois setores-chave — petróleo e energia nuclear. Nos últimos meses, dezenas de voos com delegações russas e empresários pousaram em Bagdá, selando acordos bilionários e reforçando uma aliança que vem crescendo desde a retirada gradual das forças americanas da região.

Petróleo como ponto de ancoragem

O principal vetor dessa aproximação é o setor energético. De acordo com fontes locais e analistas do site OilPrice.com, empresas russas como Lukoil, Gazprom Neft e Stroytransgaz já controlam ou operam campos petrolíferos estratégicos no sul e no leste do Iraque. Entre os ativos mais relevantes estão os campos West Qurna-2 e Badra, com investimentos estimados em mais de US$ 19 bilhões.

Em fevereiro, durante a 10ª Comissão Intergovernamental Rússia-Iraque, as duas nações assinaram novos memorandos de entendimento em áreas como saúde, transporte, comércio e energia. A mensagem enviada por Moscou foi clara: a Rússia quer ser uma presença permanente na reconstrução econômica do Iraque.

Energia nuclear e o simbolismo da cooperação estratégica

Mas a guinada mais sensível — e geopolítica por excelência — está no campo nuclear. Em maio, o parlamento iraquiano aprovou um acordo de cooperação com a Rússia para o desenvolvimento de reatores nucleares civis. O projeto será monitorado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), mas levanta preocupações sobre o equilíbrio de forças na região, especialmente entre Irã, Arábia Saudita e Israel.

A energia nuclear é apresentada como uma solução para diversificar a matriz energética iraquiana e reduzir a dependência do petróleo, mas também representa um novo instrumento de influência russa, em um território historicamente sob forte pressão americana.

Para o Iraque, a parceria com Moscou oferece uma alternativa pragmática ao alinhamento exclusivo com Washington ou Teerã. Bagdá busca reconstruir sua infraestrutura e ampliar sua autonomia estratégica. Para a Rússia, trata-se de uma jogada ousada de soft power, utilizando energia como ferramenta diplomática — em um momento em que o Kremlin também avança sobre a África e se reaproxima de aliados tradicionais no Oriente Médio.

Este movimento russo coincide com um cenário global em que os Estados Unidos enfrentam desafios internos e externos, enquanto a China fortalece suas rotas de influência com a Nova Rota da Seda. O Iraque, que já foi palco de algumas das mais intensas disputas geopolíticas do século XXI, volta ao centro do mapa como território de competição entre potências.

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