O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira (14) que imporá “tarifas secundárias” de até 100% a países que continuarem a negociar com a Rússia caso Moscou não assine um acordo de cessar-fogo na Ucrânia dentro de 50 dias. Paralelamente, um acordo sem precedentes foi fechado com o envio de sistemas de defesa aérea Patriot a parceiros da OTAN, cujo funcionamento será pago pelos próprios aliados.
Essas medidas foram anunciadas durante evento na Casa Branca, com presença do secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, que reforçou o recado: “Se eu fosse Putin hoje, reconsideraria levar a sério as negociações“.
O gesto marca uma guinada na política americana: Trump, que até então adotava tom mais favorável a Moscou, agora endurece o discurso, citando decepção com a continuidade dos bombardeios russos — “ele falava tão bem, e depois explodia prédios à noite“.
A Rússia reagiu com cautela, com o ministro Lavrov afirmando que Moscou “sem dúvida suportará as novas sanções” e exigindo clareza sobre as motivações de Trump. Já o vice-ministro Ryabkov declarou que negociações podem seguir, mas “não sob ultimatos“.
Enquanto isso, a ofensiva militar russa foi intensificada, com aumento expressivo de ataques aéreos na Ucrânia: drones e mísseis disparados em junho resultaram no maior número de vítimas civis dos últimos três anos, segundo a ONU.
Em conjunto com o pacote de pressão econômica, Trump anunciou que sistemas Patriot fabricados nos EUA serão entregues a parceiros da OTAN — Alemanha, Finlândia, Dinamarca, Suécia, Noruega, Holanda e Canadá — para fortalecer a defesa ucraniana, com a própria Europa arcando com os custos. O secretário-geral da OTAN enfatizou a rapidez necessária na entrega: “Velocidade é essencial“.
Líderes ucranianos celebram o suporte militar, mas criticam o prazo de 50 dias como muito lento, já que ele deixa espaço para mais destruição russa. Por sua vez, a Europa expressa preocupação com o impacto das sanções secundárias, especialmente em nações dependentes do gás russo.
A pressão por restrições comerciais tem respaldo no Senado dos EUA: senadores Lindsey Graham e Richard Blumenthal propuseram tarifas de até 500% sobre importações de nações que mantêm relação econômica com Moscou. O projeto, já aprovado na Casa com forte apoio bipartidário, aguarda votação no Senado.
Mas analistas alertam que Putin segue firme. Embora o Kremlin tenha apoiadores céticos quanto à eficácia das medidas, o presidente russo permanece determinado a continuar a guerra por concessões territoriais reais — neutralidade da Ucrânia, não ampliação da OTAN e reconhecimento de anexações.
Mesmo com os indicadores econômicos russos sofrendo pressão, o Banco Central do país e empresas estatais seguem operando normalmente, apostando na resiliência financeira que a Rússia já demonstrou em sanções anteriores.
Fontes: Wall Street Journal, India Today