O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), Mark Rutte, declarou hoje que Brasil, China e Índia podem ser alvo de sanções econômicas severas caso continuem comprando petróleo e gás da Rússia sem pressionar Moscou a aceitar negociações de paz com a Ucrânia.
Em declarações feitas em Washington após reunião com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Rutte afirmou que as sanções secundárias podem incluir tarifas de até 100% sobre produtos russos adquiridos por esses países.
“Se você for o presidente da China, o primeiro-ministro da Índia ou o presidente do Brasil e ainda estiver negociando com os russos e comprando seu petróleo e gás, saiba que aplicaremos sanções secundárias de 100%“, disse Rutte em entrevista coletiva no Capitólio, em 15 de julho.
“Meu incentivo a esses três países, em particular, é que analisem isso com seriedade, porque pode ser muito prejudicial. Por favor, liguem para Vladimir Putin e digam que ele precisa levar as negociações de paz a sério, porque, caso contrário, isso vai prejudicar o Brasil, a Índia e a China de forma massiva.”
A declaração ocorre no contexto da nova ofensiva diplomática dos Estados Unidos, que busca aumentar a pressão econômica sobre Moscou. No início da semana, o presidente Trump havia anunciado que, caso a Rússia não aceite iniciar um processo formal de paz nos próximos 50 dias, seu governo imporá tarifas comerciais severas contra países que mantêm relações econômicas com o regime de Vladimir Putin.
Em carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Trump já havia informado a aplicação de uma tarifa de 50% sobre exportações brasileiras aos EUA, a partir de 1º de agosto, como retaliação por decisões do governo brasileiro consideradas “hostis” à administração anterior americana.
Segundo dados do Ministério de Minas e Energia, cerca de 65% do diesel importado pelo Brasil em 2024 teve origem na Rússia, o que coloca o país em situação de vulnerabilidade diante de eventuais sanções ocidentais.
A reação russa veio por meio do porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, que classificou as ameaças como “muito sérias” e afirmou que o governo russo está avaliando a situação. Já Dmitry Medvedev, ex-presidente e atual vice-presidente do Conselho de Segurança da Federação Russa, minimizou a declaração e disse que “a Rússia não se importa“.
Até o momento, o Palácio do Planalto não emitiu resposta oficial às declarações da OTAN. Fontes diplomáticas indicam que o governo brasileiro avalia os possíveis impactos comerciais e geopolíticos do cenário, com reuniões previstas entre os Ministérios das Relações Exteriores, da Economia e da Defesa.
Fontes consultadas:
Coletiva de imprensa de Mark Rutte (15/07/2025)
Declarações do presidente Donald Trump à imprensa norte-americana
Dados de importação – Ministério de Minas e Energia (Brasil)