Fabiano Silva dos Santos, presidente da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), entregou sua carta de renúncia ao Palácio do Planalto nesta sexta-feira (04), pressionado por uma grave crise financeira que assola a estatal. A decisão ocorre após prejuízos bilionários registrados nos últimos anos, com destaque para o rombo de R$ 2,6 bilhões em 2024, quatro vezes superior ao déficit de 2023, e um resultado negativo de R$ 1,6 bilhão no primeiro trimestre de 2025. A saída de Fabiano Silva, que está no comando desde 2023, deve ser formalizada na próxima semana, após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A gestão de Fabiano Silva enfrentou críticas pela lentidão em implementar ajustes estruturais diante da queda de receitas e do aumento de despesas. A estatal atribui parte dos prejuízos à “taxa das blusinhas“, novo marco regulatório de compras internacionais que impactou o fluxo de encomendas, e ao sucateamento da empresa durante a tentativa de privatização no governo Bolsonaro. Apesar de iniciativas como o lançamento do marketplace “Mais Correios” e um plano de redução de despesas estimado em R$ 1,5 bilhão para 2025, as medidas foram consideradas insuficientes pelo governo.
A renúncia também reflete tensões políticas. A Casa Civil, sob o comando de Rui Costa, pressionou por uma reestruturação que incluía o fechamento de agências e demissões, com estimativas de até 10 mil desligamentos. Fabiano resistiu, argumentando que tais medidas prejudicariam a atuação dos Correios em regiões periféricas. O embate gerou desgaste, agravado por disputas internas no PT e pelo interesse do União Brasil, liderado pelo senador Davi Alcolumbre, em assumir o comando da estatal.
A saída de Fabiano reacende o debate sobre o futuro dos Correios, com setores defendendo a privatização e outros, a reestruturação como empresa pública. A estatal, presente em todos os 5.570 municípios brasileiros, enfrenta o desafio de se modernizar e diversificar receitas, enquanto lida com pressões políticas e financeiras. O governo ainda não anunciou um substituto, mas a escolha será crucial para equilibrar interesses da base aliada e garantir a sustentabilidade da empresa. A crise nos Correios segue como um teste para a articulação política do governo Lula.
Fontes: PainelPolitico, CNN, Poder360