Um relatório preliminar da Defense Intelligence Agency (DIA), braço de inteligência do Pentágono, revela que os ataques americanos às instalações nucleares iranianas — Fordow, Natanz e Isfahan — não conseguiram eliminar o programa atômico de Teerã. Segundo a avaliação, os bombardeios atrasaram o cronograma nuclear do Irã apenas por alguns meses, diferentemente das afirmações oficiais de completa destruição, como dito por Trump, JD Vance e Pete Hegseth.
De acordo com fontes familiarizadas com o relatório confidencial, o Irã foi capaz de remover estoques de urânio altamente enriquecido antes dos ataques. Além disso, as centrífugas em Natanz e Isfahan permanecem “em grande parte intactas”. Em Fordow, apenas as entradas foram comprometidas, sem danos significativos às estruturas subterrâneas. O documento indica que as operações militares atrasaram parcialmente o programa, mas deixam intacta a capacidade técnica de retomada após algumas semanas de recuperação.
O impacto da bomba especializada GBU‑57 Massive Ordnance Penetrator, usada pelos bombardeiros B‑2, parece ter sido limitado. Apesar de terem atingido instalações profundas, a espessa estrutura de concreto reforçado sobre Fordow pode ter reduzido a eficácia das armas anti-bunker.
A Casa Branca rejeitou veementemente as conclusões do DIA, classificando o vazamento como “completamente errado” e motivado por interesses políticos. A secretária de imprensa Karoline Leavitt afirmou que as bombas detonadas “arrasaram completamente” os locais iranianos, desqualificando a avaliação como um “ataque infundado” contra pilotos e a missão militar.
O presidente Donald Trump e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, reafirmaram a narrativa de sucesso total. Trump afirmou que os alvos haviam sido completamente destruídos e que o Irã jamais se recuperaria. Netanyahu, por sua vez, definiu a operação como uma vitória histórica e reforçou que o programa nuclear iraniano foi neutralizado por enquanto.
A situação gerou tensão política. Uma audiência no Congresso, prevista para ontem, foi adiada, alimentando especulações de que o governo buscava evitar explicações embaraçosas. O senador Chuck Schumer e o deputado Hakeem Jeffries exigiram transparência, cobrando informações detalhadas sobre os danos reais, citando o atraso como possível desculpa para encobrir falhas.
Especialistas em não proliferação atômica destacam que ataques aéreos isolados dificilmente são suficientes para desmantelar um programa nuclear espalhado por múltiplas instalações. A agência internacional IAEA já estimou haver cerca de 30 pontos de enriquecimento no Irã, incluindo um novo complexo subterrâneo em construção próximo a Natanz, fora do alcance dos bombardeios.
Esse cenário coloca em xeque a estratégia militar adotada. Enquanto os EUA proclamam vitória absoluta, os analistas apontam que o país perdeu, no máximo, alguns meses no desenvolvimento nuclear iraniano. A necessidade de operação terrestre, com custos altos e riscos elevados, se torna evidente caso a meta seja eliminar toda a infraestrutura.
O governo iraniano declarou que retomará o enriquecimento de urânio sem interrupção e que construirá novas instalações subterrâneas. No domingo, parlamentares iranianos aprovaram fechar o Estreito de Ormuz caso mais ataques sejam feitos, movimento que pode impactar significativamente o mercado global de energia.
A conclusão inicial do relatório do DIA deverá provocar debates intensos no Congresso norte-americano sobre autorização e a veracidade das informações divulgadas na mídia. Enquanto isso, o DIA continua analisando outras fontes de inteligência, e o cenário permanece volátil. A escalada diplomática e militar segue sob os holofotes, com futuras estratégias de contenção ou confronto nas mãos da Casa Branca e aliados.
Fontes: CNN e Washington Post