Governo Lula corta 2,3 milhões de famílias do Bolsa Família em 2 anos

O programa Bolsa Família registrou, em julho, o menor número de famílias desde julho de 2022, ao atender apenas 19,6 milhões de domicílios, segundo dados do Poder360. Entre junho e julho, 855 mil famílias foram excluídas, a maior redução mensal já registrada na história do programa. O Ministério do Desenvolvimento Social atribui a queda a dois fatores principais: o aumento da renda familiar e a modernização do Cadastro Único. Estima-se que, desde o início da atual gestão, 8,6 milhões de famílias tenham sido eliminadas do programa por estarem irregulares ou por ultrapassarem os limites de renda. Dos 855 mil domicílios excluídos em julho, cerca de 536 mil cumpriram o prazo máximo de 24 meses previstos pela “Regra de Proteção“, voltada a quem atinge renda entre R$ 218 e meio salário mínimo. Outros 385 mil domicílios foram desligados por ultrapassarem o teto de R$ 759 por pessoa. Especialistas reforçam que a magnitude do corte destaca uma atuação mais intensa do pente-fino, muito além do esperado apenas por ganhos de renda orgânica. Desde o início do mandato, o programa foi reduzido em 2,3 milhões de famílias. O orçamento do Bolsa Família para 2025 foi fixado em R$ 158,6 bilhões, abaixo dos R$ 168,2 bilhões empenhados em 2024. A redução de beneficiários atende a uma estratégia de corte de gastos para adequação fiscal. O Ministério informou ainda que após as atualizações cadastrais, foram identificadas irregularidades como números de beneficiários superiores à quantidade de moradores em alguns municípios, além de 1,4 milhão de casos com indícios de fraude. A redução contrasta com o padrão observado nos primeiros meses do governo Lula, quando o número de beneficiários ainda era 2,3 milhões maior do que no início de sua gestão. O pente-fino em massa, embora válido como estratégia de combate a fraudes, gera dúvidas sobre exclusões intempestivas e a adequação do suporte social. Até o momento, o governo sustenta que os cortes são resultado de processo natural de exclusões por aumento de renda e de aprimoramento do sistema. No entanto, sindicatos, movimentos sociais e parlamentares criticam a rapidez e a proporção dos desvinculados, alertando para o risco de desproteção de famílias em situação de vulnerabilidade. Fontes: Poder360, GP1
Alexandre de Moraes convoca advogados de Bolsonaro por descumprimento de ordem judicial

Nas últimas horas, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a defesa do ex‑presidente Jair Bolsonaro apresente justificativas em até 24 horas pelo descumprimento de ordens judiciais relacionadas ao uso de redes sociais. A convocação foi reportada pela imprensa, com base em informações do portal G1, confirmadas por fontes do STF e pela própria equipe jurídica de Bolsonaro . A medida ocorre no âmbito das restrições que impedem Bolsonaro de compartilhar entrevistas ou publicações nas redes, determinadas pelo STF em meio ao seu processo por suposta incitação de atos antidemocráticos. Segundo Moraes, as restrições foram descumpridas pela equipe do ex-presidente, o que motivou a decisão de exige explicações em até 24 horas — com possibilidade de decreto de prisão imediata caso a justificativa seja considerada insuficiente. O episódio reacende o embate entre Poder Judiciário e ex‑presidente, que já enfrenta diversas investigações e restrições desde os atos de 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes invadiram os prédios dos Três Poderes. Moraes tem adotado postura rigorosa contra eventuais contornos de violação da ordem democrática. A pressão se intensifica no ambiente político, com aliados de Bolsonaro promovendo críticas ao STF, acusando o tribunal de cercear a liberdade de expressão. Veja mais: Alexandre de Moraes se prepara para destruir o Brasil – Danuzio Especialistas em direito constitucional avaliam que a ameaça de prisão contra advogados marca um momento inédito na história do Brasil, pois até hoje nem mesmo condenados enfrentaram tal possibilidade por descumprimento de medidas judiciais. A situação pode agravar ainda mais o clima de crise já vivido pelos poderes e tensionar ainda mais as relações entre governo, Judiciário e instituições democráticas. A expectativa agora gira em torno dos próximos dias: como a defesa responderá ao despacho de Moraes e se se confirmará alguma medida mais severa, como prisão ou multa. O desenrolar desse processo pode influenciar o poder político de Bolsonaro e afetar diretamente o cenário eleitoral de 2026. Fonte: Reuters
“Mentiroso!”: Congresso colombiano grita contra Petro e força sua saída

Em um episódio sem precedentes na história recente da Colômbia, cerca de 85% dos parlamentares presentes no Congresso Nacional interromperam um discurso do presidente Gustavo Petro nesta segunda-feira (21) com gritos de “¡Mentiroso!“, forçando o chefe de Estado a deixar o plenário antes do fim de sua fala. O tumulto ocorreu durante a abertura da nova legislatura, em Bogotá, quando Petro tentava apresentar um balanço de seu governo e reforçar propostas de reformas econômicas e sociais. Ao abordar temas como segurança pública e programas de redistribuição de renda, diversos congressistas da oposição — e até alguns de legendas neutras — começaram a protestar, acusando o presidente de manipular dados e omitir falhas da administração. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram parlamentares se levantando em bloco e bradando “¡Mentiroso!” por vários minutos. A sessão precisou ser interrompida, e o presidente deixou o local cercado por seguranças. Segundo veículos como Portafolio, o estopim da reação teria sido uma série de afirmações feitas por Petro sobre a queda nos índices de violência, contrariando relatórios oficiais e de ONGs que apontam o aumento de massacres, deslocamentos forçados e confrontos com grupos armados em algumas regiões do país. A presidência da República divulgou nota classificando o ato como “antidemocrático e desrespeitoso à institucionalidade“. Em resposta, parlamentares afirmaram que o gesto foi necessário diante do que consideram “reiteradas tentativas do presidente de distorcer a realidade do país”. O episódio aprofunda a crise de governabilidade enfrentada por Gustavo Petro, o primeiro presidente de esquerda eleito na Colômbia. Seu governo tem enfrentado crescente resistência no Congresso, dificuldades em aprovar reformas estruturais e queda na popularidade desde o início de 2024. Analistas políticos já apontam que o incidente pode acelerar a fragmentação da base aliada e prejudicar as negociações futuras, inclusive com setores moderados. “A relação entre o Executivo e o Legislativo está no pior momento desde o início do mandato de Petro“, avaliou o cientista político Fernando Giraldo, da Universidade de Antioquia. Fonte: Portafolio, TumultoBRacervo.
Moraes exagera no Código Penal contra Bolsonaro, diz Ex-Ministro do STF

O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mendes de Farias Mello criticou, em entrevista ao Poder360 no sábado (19), a decisão do ministro Alexandre de Moraes de impor medidas cautelares ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), incluindo o uso de tornozeleira eletrônica. Segundo Mello, Moraes “potencializou” o artigo 359-I do Código Penal, que trata de condutas relacionadas a atos de guerra ou invasão do território nacional, ao justificar a medida tomada na sexta-feira (18) a partir de um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). Para Mello, que deixou o STF em 2021 após 31 anos, o dispositivo é “excepcional” e sua aplicação nas articulações de Bolsonaro com seu filho, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que vive nos Estados Unidos e defende sanções contra o Brasil, é inadequada. “Achar que a atuação de Eduardo Bolsonaro e do ex-presidente implicaria negociar com governo estrangeiro a agressão ao país é brincadeira. Não é sério” – Marco Aurélio Mello Ele também questionou a competência do STF para julgar Bolsonaro, argumentando que ex-presidentes deveriam ser julgados na primeira instância, como ocorreu com Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Moraes, por sua vez, alega que Bolsonaro e Eduardo cometeram “atos hostis” ao buscar apoio do governo dos EUA para interferir em decisões do STF. A decisão foi motivada, em parte, pelo anúncio do presidente norte-americano Donald Trump, em 9 de julho, de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, em resposta à “perseguição” contra Bolsonaro, réu por tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Alguns especialistas classificaram a interpretação de Moraes como “elástica” e questionam sua adequação. Mello alertou para o “desgaste terrível” do STF e cobrou maior equilíbrio nas ações judiciais, destacando a necessidade de “temperança” em tempos de tensão política. A defesa de Bolsonaro classificou as medidas como “severas”. Fonte: Poder360, Gazeta do Povo, Pleno News
Damares e Malta: A pauta do Senado será o impeachment de Alexandre de Moraes

Em uma coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (21) na Câmara dos Deputados, a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) anunciou que o impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes será a “pauta única” da oposição no Senado. A Senadora Damares Alves pediu a fala durante a coletiva de imprensa: “Decidimos que a pauta do Senado será o impeachment do senhor ministro do Supremo Tribunal, Alexandre de Moraes. Será a pauta que a oposição vai trabalhar nos próximos dias. Foi por culpa dele que nós estamos sendo tarifados. Todas as decisões dele já estão comprovadas que violaram direitos humanos.” Após a fala impactante, Damares lembra que 2 idosas voltaram para a prisão. Uma de 71 anos e outra de 74 anos de idade. E questiona: “É ou não é, violação de direitos humanos? Como é que o mundo está vendo as decisões do ministro Alexandre?” E continou: “O Senado entende que as decisões do ministro Alexandre provocaram perplexidade em todo o mundo. O mundo inteiro está olhando que está vendo uma violação de direitos humanos jamais visto na história do Brasil, na última República. Então, o Senado decide que a pauta única da oposição será a votação imediata do impeachment do ministro Alexandre de Moraes, para que assim possamos salvar a economia do Brasil e para que a nação possa ter aí um sossego nos próximos anos. Porque a culpa de tudo, com certeza, é Alexandre de Moraes e presidente Lula.” Em seguida, o Senador Magno Malta convoca que os Senadores venham ao encontro de sua fala para “se redimirem diante da omissão, do medo, da covardia do Senado da República.” Em seguida, o Senador Magno Malta convoca que os Senadores venham ao encontro de sua fala para “se redimirem diante da omissão, do medo, da covardia do Senado da República.” “Se hoje existe um monstro chamado Alexandre de Moraes, a culpa é do Senado. Alexandre de Moraes é um estelionato, é uma falsidade ideológica, é uma mentira. E o Senado da República o sabatinou. O Senado da República ouviu o que ele disse. Isso tá gravado. O Senado da República o recomendou no plenário e não tem forças. Deixou que esse monstro, que os seus tentáculos fossem tomando contornos que nós não podemos calcular. E hoje nós botamos na conta de Alexandre Moraes aquilo que está na conta de todos.” Malta continua, dizendo que assinou, na semana passada, o impeachment de Cármem Lúcia e o impeachment de Gilmar Mendes. Lembrado que Gilmar disse que “sem o Supremo não haveria Lula”. “Eles tiraram um condenado da prisão e colocaram na presidência. Esse mesmo ministro foi quem disse: [No Brasil existe uma cleptocracia. – Gilmar Mendes]. Ele tirou o cleptocrata da prisão e hoje, alinhado ao eixo do mal, a sua ideologia sentada no Palácio do Planalto, se alinhou ao eixo do mal, o Irã, a China, a Rússia. E a mim me parece que ele é muito mais um laranja da China.” Em seguida, lembra que o Chanceler russo disse que não foram eles que propuseram uma moeda única do BRICS, mas o presidente do Brasil. Que o que temos no Brasil “é um conluio do STF com os ideológicos que hoje dirigem o país.” “Que que nós temos que fazer ao Senado? Nós temos que impeachmar o Alexandre de Moraes”. Logo após, relembra a frase de Cármen Lúcia sobre o Brasil ter 213 milhões de pequenos tiranos e que ela seria a tirana e também deve ser impeachmada. “O Brasil está pagando por ter um ideológico, um comunista no poder e que tem um nanismo diplomático. Se alinnhou ao eixo do mal, verbaliza o que quer o eixo do mal e o brasileiro vai pagar, nós vamos pagar. E eles estão mentindo, tentando colocar na conta de um inocente”. “O Brasil está pagando por ter um ideológico, um comunista no poder e que tem um nanismo diplomático. Se alinnhou ao eixo do mal, verbaliza o que quer o eixo do mal e o brasileiro vai pagar, nós vamos pagar. E eles estão mentindo, tentando colocar na conta de um inocente”. E finalizou: “Encerro dizendo, nós chegamos no limite. Nós não temos mais como voltar. É viver ou viver. Porque se eu dissesse a palavra morrer ou morrer, seria tudo distorcido. É viver ou viver. Nós vamos usar todos os mecanismos e a minha palavra a este tirano da toga chamado Alexandre de Moraes. Põe a mão nele (Jair Bolsonaro), põe a mão nele e tenta a sorte. Bem, porque o azar você já tem.” A íntegra das falas pode ser acessada aqui. As declarações de Damares e Malta, que refletem a insatisfação de parlamentares com decisões recentes do magistrado, marcam uma escalada na tensão entre o Legislativo e o Judiciário.
Moraes bloqueia conta e Pix de Eduardo Bolsonaro, que reage à decisão

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o bloqueio das contas bancárias e da chave Pix do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). A medida foi tomada no contexto das investigações sobre uma possível articulação internacional envolvendo o parlamentar após as recentes declarações e sanções diplomáticas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo fontes ligadas ao inquérito, o bloqueio tem como objetivo impedir a movimentação de recursos que, segundo os investigadores, poderiam estar sendo usados para financiar manifestações antidemocráticas ou repassar valores a outros alvos das investigações. A decisão foi encaminhada ao Banco Central e às instituições financeiras associadas ao parlamentar. A medida gerou forte reação de Eduardo Bolsonaro nas redes sociais. Em uma publicação nesta segunda-feira (21), o deputado classificou a decisão como “arbitrária e ilegal”, acusando Moraes de usar o Judiciário como instrumento de perseguição política. “Querem nos calar pelo bolso. Essa é a nova ditadura do Supremo. Mas não vamos recuar”, escreveu ele. Nos bastidores, aliados de Eduardo afirmam que a defesa já prepara um recurso para tentar reverter o bloqueio, argumentando que não há provas de uso irregular das contas e que o parlamentar está sendo punido sem direito à ampla defesa. A decisão de Moraes ocorre dias após Trump declarar publicamente apoio a Jair Bolsonaro e prometer sanções diplomáticas contra membros do governo brasileiro e do STF, caso a “perseguição política” contra a oposição não seja encerrada. O gesto do presidente norte-americano reacendeu tensões entre os Poderes no Brasil e tem sido usado por parlamentares da base bolsonarista como justificativa para ampliar protestos contra o Supremo. O Palácio do Planalto ainda não se manifestou oficialmente sobre o caso. Já o STF, por meio de sua assessoria, declarou que as medidas cautelares determinadas pelo ministro Moraes seguem o rito legal e visam proteger a integridade das investigações em andamento. Fontes: Metrópoles, Assessoria do STF, G1 – Política, CNN Brasil – Justiça e Poder360
Bolsonaro desafia censura, mostra tornozeleira e critica medidas do STF: “Máxima humilhação”

Apesar das restrições impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente Jair Bolsonaro concedeu entrevista nesta segunda-feira (21), na qual mostrou publicamente a tornozeleira eletrônica e afirmou que está sendo alvo de perseguição política. A medida, que faz parte das cautelares determinadas pelo STF, proíbe Bolsonaro de se manifestar sobre a investigação da operação Tempus Veritatis, sob risco de prisão preventiva. Desafio direto à decisão de Moraes A fala de Bolsonaro desafia frontalmente a decisão judicial, que o proíbe de dar entrevistas ou se manifestar, direta ou indiretamente, sobre o conteúdo da investigação. Mesmo sob risco de prisão, o ex-presidente insistiu em falar publicamente, o que aliados interpretam como um gesto de resistência à censura que consideram inconstitucional. Na decisão da última sexta-feira (18), Moraes também determinou o uso da tornozeleira eletrônica, a apreensão do celular do ex-presidente, o recolhimento domiciliar noturno (das 19h às 7h) e integral aos finais de semana, além da proibição de contato com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), seu filho, que atualmente está nos Estados Unidos. “Símbolo de humilhação” A tornozeleira, exibida por Bolsonaro ao vivo durante o pronunciamento, tornou-se para ele símbolo da perseguição política, segundo suas palavras. A imagem do ex-presidente usando o equipamento causou forte comoção entre seus apoiadores, que consideram as ações do STF excessivas e desproporcionais. Bolsonaro é investigado por suposta tentativa de golpe de Estado e por tramar, junto ao chamado “núcleo 1”, uma reação ao resultado das eleições de 2022. Ele também é acusado de tentar obstruir a Justiça e atentar contra a soberania nacional. Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), as medidas foram solicitadas para evitar interferências no processo e prevenir novas articulações. Contudo, especialistas em direito constitucional têm questionado a extensão das restrições, especialmente a censura prévia e o bloqueio de redes sociais. Fonte: Band
“Mordaça digital” de Moraes: entenda como a decisão contra Bolsonaro pode atingir até quem não é investigado

Nesta segunda-feira (21), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), impôs novas e severas restrições à liberdade de expressão do ex-presidente Jair Bolsonaro. A decisão, que integra o inquérito da operação Tempus Veritatis, proíbe Bolsonaro de realizar qualquer manifestação pública sobre o caso, inclusive por meio de entrevistas ou postagens em redes sociais — suas ou de terceiros. O descumprimento pode levar à prisão preventiva. Proibição vai além do próprio Bolsonaro De acordo com o despacho, não apenas Bolsonaro está impedido de se manifestar, mas também qualquer outra pessoa que, de alguma forma, viabilize a sua fala em canais digitais. A decisão abrange: Isso significa que o ex-presidente pode ser punido até se sua imagem ou voz for transmitida por outra pessoa — configurando uma forma de censura que, segundo especialistas, pode atingir até quem não está sendo investigado. Censura prévia, seletiva e retroativa? Juristas e parlamentares têm classificado a medida como “censura prévia“, o que vai contra a Constituição Federal de 1988. O ministro não apenas impede Bolsonaro de se manifestar sobre um tema específico, mas estende a restrição a terceiros, veículos de imprensa e plataformas de redes sociais. A decisão não determina o bloqueio das redes de Bolsonaro, mas impõe que ele não as utilize nem permita que outros o façam em seu nome. Isso, segundo o advogado e especialista em liberdade de expressão André Marsiglia, cria uma zona de incerteza jurídica: qualquer conteúdo que mencione o ex-presidente pode ser interpretado como infração à ordem judicial. Além disso, o despacho não esclarece se entrevistas antigas ou trechos arquivados também seriam proibidos, levantando questionamentos sobre possível censura retroativa. O STF, inclusive, já havia considerado inconstitucional impedir entrevistas do então preso Lula, em 2018, o que mostra incoerência no critério adotado agora. Liberdade de imprensa em xeque O texto da decisão determina que nenhuma fala de Bolsonaro — mesmo autorizada, gravada ou mediada por jornalista — pode ser publicada ou veiculada nas redes, incluindo por veículos de imprensa. Isso gera preocupação quanto à liberdade jornalística, que também se vê limitada ao abordar figuras públicas envolvidas em investigações. Advogados da defesa classificaram o despacho como “flagrantemente inconstitucional” e afirmam que ele “viola o devido processo legal e os princípios básicos da liberdade de expressão garantidos pela Constituição“. Precedente perigoso A medida gerou reações imediatas de opositores e juristas, que enxergam na decisão um precedente perigoso para o Estado de Direito. Parlamentares ligados à oposição falam em “mordaça digital” com motivações políticas, visando isolar Bolsonaro de sua base eleitoral e limitar sua atuação em ano pré-eleitoral. A decisão de Moraes foi motivada por entrevistas recentes de Bolsonaro, nas quais o ex-presidente comentou o andamento das investigações sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado. O ministro alegou que essas declarações poderiam “intimidar testemunhas” e interferir nas apurações — embora não tenha apresentado provas concretas de que isso de fato ocorreu. A defesa do ex-presidente deve recorrer ao plenário do STF e também avalia levar o caso a organismos internacionais de direitos humanos, alegando cerceamento de liberdades fundamentais. Enquanto isso, o clima entre Judiciário, Executivo e setores da oposição segue cada vez mais tensionado, com o STF no centro de decisões com alto impacto político
Quem mandou matar Miguel Uribe? Sexto preso revela plano contra líderes da direita na Colômbia

A Procuradoria da Colômbia confirmou nesta sexta-feira a prisão de Cristian Camilo González Ardila, o sexto suspeito diretamente envolvido no brutal atentado contra o senador e pré-candidato presidencial Miguel Uribe Turbay, ocorrido no dia 7 de junho em Bogotá. Com um passado criminal marcado por tráfico de armas e roubos, González é acusado de ter dado suporte à fuga do autor material dos disparos: um adolescente de 15 anos que foi apreendido momentos após a tentativa de assassinato. A detenção de González representa um avanço crucial nas investigações de um caso que abalou profundamente o país e colocou a segurança política no centro do debate nacional. Segundo a Fiscalía, ele teria ajudado a remover o menor do local do crime, em um esquema cuidadosamente planejado, o que configura participação ativa em crime de tentativa de homicídio agravado, porte ilegal de armas e associação criminosa. Durante audiência realizada nesta sexta-feira, González se declarou inocente e não aceitou as acusações contra ele. Seu advogado alegou que ele “não tinha conhecimento pleno da gravidade da ação que se desenrolaria”, uma versão rejeitada pela promotoria, que sustentou a existência de provas materiais e testemunhais que o colocam no epicentro da operação criminosa. González detalhou a existência de um plano para atacar diversas figuras políticas importantes, principalmente da direita, em várias regiões da Colômbia. Durante o interrogatório, ele disse: “Se eu soubesse que era Miguel Uribe, teria cobrado mais”. O atentado que reacendeu fantasmas do passado Na manhã de 7 de junho, Miguel Uribe Turbay fazia um discurso em um ato de campanha no bairro Modelia, zona ocidental da capital colombiana, quando foi atingido por três tiros à queima-roupa: dois na cabeça e um na perna. A cena, gravada por câmeras de pessoas presentes, mostra o momento exato em que um jovem armado se aproxima e abre fogo contra o senador, em pleno espaço público. O ataque foi descrito por investigadores como “meticulosamente planejado”e “com intenção letal inequívoca”. Uribe Turbay, neto do ex-presidente Julio César Turbay e um dos principais nomes da oposição ao governo Gustavo Petro, foi levado às pressas para a Clínica Santa Fé. Sobreviveu após três cirurgias neurocirúrgicas de alto risco, mas ainda permanece internado com prognóstico neurológico reservado. Familiares informaram que ele segue sob sedação e respira com auxílio de aparelhos. Além de González e do menor de idade autor do ataque, outros quatro adultos foram presos nas últimas semanas. Entre eles está Elder José Arteaga Hernández, conhecido como “Costeño”, considerado o cérebro por trás da operação. Segundo fontes da inteligência policial, Costeño teria recebido ordens de fora do país e comandado a ação a partir de um conjunto de instruções logísticas que incluíam armas, rotas de fuga e dispersão dos envolvidos. A prisão de González reacende as dúvidas sobre as motivações reais do atentado. Apesar da ausência, até o momento, de reivindicação oficial por parte de grupos armados, o uso de um menor e a sofisticação do plano apontam para um modus operandi típico de organizações criminosas ou paramilitares. Autoridades não descartam que o atentado tenha sido encomendado com fins políticos ou como recado para desestabilizar o processo eleitoral de 2026. Fontes: DW, CNN, Reuters
O Brasil é dos Brasileiros? O crescente abismo entre a política e o povo
Após o tarifaço de Trump ao Brasil, a esquerda experimentou um raro sopro de popularidade nas redes, com o discurso de defesa da soberania nacional. Entusiasmado, o governo estuda a mudança do slogan “União e Reconstrução“, e já tem usado frases como “O Brasil é dos Brasileiros” e “Meu Partido é o Brasil“. Aposta-se no marketing para resolver os problemas reais. A proposta revela uma dificuldade da esquerda em se conectar com a população, ao explorar até um slogan da direita (Meu Partido é o Brasil), já usado por Jair Bolsonaro na campanha de 2018. De todo modo, o assunto tende a perder relevância conforme inflação, segurança e escândalos se imponham no dia a dia do brasileiro. Enquanto isso, o Congresso Nacional aumenta o número de deputados em um país que não tem como pagar as próprias contas, aprova pauta-bomba de R$30 bilhões em aumento de gastos e aprova o chamado PL da Devastação, afrouxando a proteção ambiental. Os interesses nacionais viram bandeira política, mas parecem cada vez mais distantes dos interesses do povo. Tarifaço de Trump Ao impor tarifas de 50% ao Brasil, o presidente americano Donald Trump esperava negociar melhores condições comerciais para os Estados Unidos, como tem feito com a União Europeia, China, Índia e todo o mundo. Ao mesmo tempo, conseguiria exercer pressão sobre o governo brasileiro, exortando que se pare a perseguição ao ex-presidente Jair Bolsonaro e chamando o seu julgamento pelo STF (Supremo Tribunal Federal) de caça às bruxas. Em uma reviravolta inesperada, as tarifas foram percebidas pelo público em geral como uma tentativa de interferência dos Estados Unidos em assuntos internos brasileiros. E o governo foi rápido em rechaçar qualquer ingerência externa, sob o discurso de defesa da soberania nacional. Também foram apontadas inconsistências da carta de Trump, que cita déficits comerciais dos EUA com o Brasil, mas na verdade, as trocas são desfavoráveis ao Brasil. O governo buscou atrelar a Bolsonaro a responsabilidade pelas tarifas, como se os interesses nacionais estivessem sendo sacrificados pelo interesse pessoal de Bolsonaro para não ser julgado. No entanto, seguidas declarações de autoridades americanas dão conta de que os Estados Unidos vêem um cenário mais amplo de deterioração da liberdade de expressão no Brasil e de ataques aos interesses comerciais americanos, a exemplo da defesa de Lula por uma alternativa ao dólar em reunião dos Brics e a compra de petróleo russo pelo Brasil, o que ainda pode causar sanções secundárias ao país, já que a Rússia é alvo de inúmeras sanções dos países ocidentais após a invasão da Ucrânia. Esse contexto mais amplo foi tratado pela mídia americana e por autoridades como o próprio Donald Trump, o secretário de Estado Marco Rubio, seu assessor Darren Beattie, além do secretário-geral da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) Mark Rutte, dentre outros. Representantes do Rumble, do X e da Trump Media, empresas americanas que questionam medidas do STF sobre o controle de postagens e contra cidadãos americanos, também têm se manifestado sobre a liberdade de expressão no Brasil. Impulso da Esquerda Nas últimas semanas, o PT e outros partidos de esquerda têm utilizado uma campanha de marketing explorando a luta de classes, no embate “nós contra eles” ou “pobres contra ricos”. A defesa da soberania nacional também criou um óbvio apelo inicial nas redes sociais, enquanto o contexto das tarifas de Trump não estava totalmente desenhado. Tudo isso trouxe fôlego a um governo que se presumia combalido após a derrota do IOF imposta pelo Congresso. Como efeito, a popularidade do governo Lula 3 aumentou nas últimas pesquisas. Pesquisa da AtlasIntel para a Bloomberg (divulgada em 15 de julho), mostra que 60,2% aprovam a política externa do governo, enquanto 38,9% desaprovam, em sondagem após as tarifas de Trump. Na mesma pesquisa, 49,9% aprovam o governo, contra 47,3% em junho; e 50,3% desaprovam, contra 51,8% no mês passado. Já segundo a Genial/Quaest (pesquisa divulgada em 16 de julho), os que aprovam o governo petista subiram de 40% em maio para 43% agora, enquanto os que desaprovam caíram de 57% para 53% nesses 2 meses. Piora da economia Mais do que os números em si, a importância de uma pesquisa está na tendência que é revelada. Institutos diferentes mostram uma tendência de recuperação na popularidade do governo, o que é coerente com o maior alcance das campanhas de marketing nas redes sociais, com vídeo de cachorrinhos ricos e pobres do Ministério da Fazenda e a defesa da soberania. No entanto, uma análise mais acurada permite verificar que o cenário não é tão favorável ao governo. Na mesma pesquisa Genial/Quaest, 80% acham que as tarifas prejudicariam suas vidas. E, pela primeira vez, os brasileiros estão mais pessimistas do que otimistas com relação ao futuro da economia. Para 43%, a economia tende a piorar nos próximos 12 meses, enquanto apenas 35% acreditam que irá melhorar. Dessa forma, o ganho de popularidade aparenta ser apenas momentâneo. O marketing do governo conseguiu ter algum sucesso, mas os que desaprovam o governo permanecem resilientemente acima de 50%, tornando difícil qualquer candidato conseguir uma reeleição nesse patamar. Além disso, a percepção sobre a economia está piorando. A economia tende a ser o fator mais decisivo em uma eleição, e a população não deve encontrar alívio no curto prazo, segundo os últimos indicadores. O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), divulgado pelo Banco Central do Brasil em 14 de julho, mostrou uma retração de 0,7% em maio, em comparação com o mês anterior. O número é visto como uma prévia do PIB (Produto Interno Bruto) do país, e essa é a primeira retração em 2025. Já a inflação subiu para 5,35% em junho, no acumulado de 12 meses, estourando o teto da meta de 4,5% para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) em 2025. E, com o aumento da Selic para 15% no mês passado, os juros se encontram no maior patamar desde 2006, o que tende a diminuir ainda mais a atividade econômica. Os gastos do governo, com déficit fiscal, também pressionam para cima tanto