Esquema de “barriga de aluguel” vira caso de polícia: 21 crianças resgatadas de possível tráfico humano

Recentemente, as autoridades do Condado de Los Angeles assumiram a custódia de 21 crianças que estavam sob responsabilidade de Silvia Zhang, 38 anos, e Guojun Xuan, 65, após uma investigação revelar possíveis irregularidades em contratos de gestação por substituição, popularmente conhecida como “barriga de aluguel“. A operação teve início após uma denúncia de agressão infantil e revelou um possível esquema envolvendo múltiplas gestações intermediadas por uma empresa supostamente gerida pelo casal. A apuração teve início em maio de 2025, quando um bebê de dois meses foi hospitalizado com lesões na cabeça e sinais de trauma físico. Imagens de câmeras de segurança mostraram a babá Chunmei Li agredindo a criança. O casal, no entanto, esperou dois dias antes de buscar atendimento médico. Chunmei está foragida e teve mandado de prisão emitido. Durante as diligências, 14 outras crianças foram encontradas na mesma residência. Em ações complementares, mais seis menores foram localizados em imóveis ligados ao casal. Ao todo, o Departamento de Crianças e Família do Condado de Los Angeles (DCFS) acolheu 21 crianças, com idades entre dois meses e 13 anos — a maioria com menos de três. Zhang e Xuan foram presos em 16 de maio, acusados preliminarmente de negligência e risco à integridade física de menores. Ambos foram liberados sob fiança — US$ 60 mil para Zhang e US$ 30 mil para Xuan — e seguem em liberdade condicional, com os passaportes confiscados. Embora ainda não tenham sido formalmente acusados de crimes federais, o caso está sob análise do FBI, que investiga fraude contratual, falsificação de documentos e possíveis violações da legislação federal sobre tráfico de pessoas. As investigações apontam que Zhang e Xuan eram os responsáveis pela Mark Surrogacy Investment LLC, empresa registrada no mesmo endereço da residência em Arcadia, Califórnia. Encerrada em junho de 2025, a empresa atuava como intermediadora de gestações por substituição. Segundo os investigadores, as gestantes contratadas não sabiam que Zhang e Xuan eram os beneficiários finais dos contratos — o que levanta sérios questionamentos sobre transparência e conflitos de interesse. Curiosamente, as certidões de nascimento listam Zhang como mãe legal de todas as crianças, mas testes genéticos preliminares indicam vínculo biológico com apenas uma ou duas. Uma das gestantes, Kayla Elliott, do Texas, relatou à emissora ABC7 que acreditava estar ajudando um casal infértil a ter um único filho. “Disseram que era só uma criança. Nunca soube que eles eram os donos da agência“, contou. Kayla deu à luz em março de 2025 e agora busca judicialmente a guarda da criança. Outras mães relataram experiências semelhantes. As autoridades avaliam se houve omissão de informações durante o recrutamento, o que pode configurar violação contratual e engano doloso. FBI investiga possível esquema de tráfico humano O FBI, em cooperação com autoridades locais, investiga: A promotoria analisa a possibilidade de novas acusações, inclusive de natureza federal, à medida que surgem mais elementos. Apesar de a Califórnia permitir contratos de gestação por substituição com fins comerciais, o caso reacendeu o debate sobre a falta de fiscalização sobre empresas intermediadoras — especialmente quando operadas pelos próprios contratantes. Segundo Kallie Fell, diretora do Center for Bioethics and Culture: “Ter tantas crianças nascidas de diferentes mães e sob custódia de um único casal, em um curto período de tempo, levanta preocupações legítimas que precisam ser investigadas.“ As 21 crianças seguem sob custódia do DCFS, sendo acompanhadas por equipes multidisciplinares. Nenhuma delas foi devolvida ao casal investigado. A investigação continua em andamento e o caso é monitorado por autoridades estaduais e federais. Novas atualizações devem ser divulgadas nos próximos dias.

Vai sair ou viajar? Feche as portas internas da casa — isso pode salvar seu patrimônio (e sua vida)

Muita gente se preocupa em trancar portas e janelas ao sair de casa ou ao viajar — e está certo. Mas um hábito simples, muitas vezes esquecido, pode fazer toda a diferença em caso de incêndio: fechar as portas internas da casa, principalmente de quartos, cozinha, sala e áreas com equipamentos elétricos. Segundo o Firefighter Safety Research Institute, portas fechadas ajudam a conter o fogo e a fumaça, reduzindo os danos e aumentando as chances de que bombeiros consigam agir a tempo. Em testes reais, uma porta fechada pode reduzir a temperatura de um ambiente em chamas de 500 °C para menos de 40 °C, além de impedir que o fogo se espalhe rapidamente para outros cômodos. Por que fechar portas internas ao sair? Veja o vídeo do bombeiro de Minas Gerais explicando numa maquete o que acontece quando acontece um foco de incêncdio numa casa fechada, com portas fechadas e abertas. Se for viajar, combine esse hábito com outras práticas: Fechar portas internas pode parecer algo pequeno, mas em situações extremas, ganhar tempo é ganhar vidas e patrimônio. Incêndios domésticos acontecem com mais frequência do que se imagina — e prevenção é sempre a melhor estratégia.

Pressionado, Lula recua e desiste de impor taxas em resposta a Trump

Em reunião nesta terça-feira (15) com empresários em Brasília, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou claro que não pretende aplicar a Lei de Reciprocidade Econômica para retaliar o aumento de tarifas imposto pelos Estados Unidos, mesmo com possível entrada em vigor da alíquota de 50% em agosto. A Lei de Reciprocidade, aprovada em abril e regulamentada por decreto de Lula no dia 14 de julho, permite que o Brasil responda com contramedidas proporcionais a medidas unilaterais de outros países. Ainda assim, ministros como Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil) e Geraldo Alckmin (Indústria e Comércio) sinalizaram que o uso da lei não foi sequer considerado no encontro com o setor produtivo. Por que o governo recuou? O presidente da ABIMAQ, José Velloso, explicou que o recado foi objetivo: evitar uma retaliação brusca que poderia inviabilizar o comércio com os EUA. “Perder o mercado norte-americano é algo muito difícil de recuperar“, afirmou. O governo optou por priorizar a via diplomática e o diálogo com setores afetados — como manufatura, agronegócio e empresas de tecnologia — estimulando o entendimento entre exportadores brasileiros e importadores americanos. Tudo começou quando o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, alegando vínculos à forma como o Brasil conduz o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. O acréscimo tarifário substituiria a antiga alíquota de 10% e entraria em vigor a partir de 1º de agosto. Em resposta, Lula firmou decreto que torna operacional a Lei de Reciprocidade, preparando o terreno para eventuais contramedidas. No entanto, o Executivo sinalizou que só recorrerá à lei se as negociações com Washington não avançarem e os danos à economia brasileira se agravarem. Especialistas alertam para o alto risco de escalada: retaliações comerciais podem causar efeitos rebote, elevando custos de importação e prejudicando a competitividade de produtos brasileiros nos EUA. Além disso, a dependência de mercados externos torna o Brasil vulnerável a ações protecionistas. Caso o governo brasileiro mantenha o recuo, a estratégia agora será pressionar o governo Trump por meio do setor privado, envolver câmaras bilaterais e buscar avaliações junto ao Congresso americano, visando reverter ou ao menos mitigar o impacto da tarifa de 50%. O recuo adotado pelo Planalto reflete uma decisão estratégica: evitar confrontos imediatos e apostar no diálogo com Washington, protegendo temporariamente setores exportadores cruciais ao país. Fontes: Revista Oeste, DW, CNN, Agência Brasil

Receita tupiniquim com tempero americano: a batalha de Trump contra o presidente do Banco Central dos EUA

Um projeto de reforma bilionário se tornou a mais recente arma na batalha entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), o banco central americano. “Jerome Powell é muito ruim para o nosso país“, disparou Trump no último domingo (13). “Nós deveríamos ter a menor taxa de juros do mundo, mas não temos. E, enquanto isso, Powell está gastando US$ 2,5 bilhões reformando a sede do Fed“. A controvérsia gira em torno do projeto de renovação de dois prédios históricos que a instituição utiliza como sede. O Fed afirma que a reforma vai reduzir despesas no futuro ao consolidar suas operações. Os custos das obras, porém, seguem em franca expansão, passando de US$ 1,9 bilhão em 2023 para os US$ 2,5 bilhões estimados no orçamento deste ano. Segundo os documentos, os aumentos são fruto de gastos maiores com prestadores de serviço de eletricidade, encanamento e mecânica. Críticos, porém, afirmam que as cifras crescem em virtude de “extravagâncias” do chefe do Fed, apelidando o projeto de “Taj Mahal no National Mall“, em referência ao icônico parque da capital americana, onde se localizam os prédios. Um membro – recém-empossado por Trump – da agência federal que analisa projetos como o do Fed afirmou que requererá em breve uma análise da reforma e uma visita ao local das obras. Aliados de Trump sugerem demissão por justa causa Aproveitando a oportunidade, uma série de aliados de Donald Trump investiram contra Powell e a gestão atual do Fed, a quem acusam de “imprimir dinheiro à vontade e jogar fora de qualquer jeito“. “É ultrajante“, afirmou Kevin Warsh, ex-membro do Fed cotado para substituir Powell em uma eventual saída. “Quem sabe uma nova pintura, ou alguns terminais novos para nos ajudar a cuidar da política monetária. A meu ver, precisamos de mudança de gestão no Fed. Não é só o presidente, é todo um grupo de pessoas“. Outros foram além, acusando Powell de ter mentido em uma audiência no congresso para tratar das reformas em andamento. Para Bill Pulte, diretor da agência responsável por administrar financiamentos imobiliários federais, o comportamento de Powell justificaria até mesmo sua demissão por justa causa. Batalha por juros desde o início do mandato De maneira bastante similar ao já visto em outras regiões do planeta, Donald Trump trava, desde o primeiro dia de mandato, batalha ferrenha com Jerome Powell centrada na condução da política monetária americana. Trump defende redução dos juros, o que, em sua visão, aceleraria a atividade econômica americana e daria mais fôlego ao país em seus conflitos comerciais e tarifários. Powell, por sua vez, não se deixa abalar, limitando-se a dizer que as decisões do Fed “seguem os dados disponíveis“. “Eu espero que ele renuncie“, disse Trump, que já afirmou em diversas ocasiões que não pretende demitir Powell – medida juridicamente controversa. “Ele deveria renunciar“. Reservado, o presidente do Fed comentou apenas que não tem “qualquer intenção de renunciar“. Uma possível saída antecipada de Powell – seja voluntária ou não – teria severas implicações sobre o mercado. George Saravelos, diretor no Deutsche Bank, aponta que o movimento seria interpretado como uma clara redução na independência do Fed. “As evidências apontam que, nessa situação, tanto a moeda quanto os títulos podem colapsar, e as expectativas de inflação disparariam em virtude da erosão da credibilidade“, explicou o economista. “No geral, o prêmio de risco vai aumentar“. O mandato de Powell como presidente se encerra no início de 2026. Ele terá, porém, ainda mais 2 anos como membro do conselho de governadores, deixando o banco central americano efetivamente apenas em 2028. Historicamente, no entanto, os presidentes tendem a sair junto ao fim de seus termos de direção. Até que saia, porém, seja em 2026, 2028 ou mesmo antes, é improvável que Trump e seus aliados reduzam a pressão. Russel Vought, chefe da agência reguladora que analisa os gastos do governo federal, foi direto: “A atitude patriótica de Powell seria renunciar“. Fontes: Yahoo Finance, Bloomberg, The Hill

Após pedido de prisão de Bolsonaro, Gonet vira alvo da fúria de Trump

A diplomacia entre Brasil e Estados Unidos vive um momento de tensão aguda: o governo de Donald Trump cogita impor sanções ao procurador-geral da República, Paulo Gonet, após ele pedir a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de liderar um golpe de Estado. O impasse coloca em xeque as relações entre as duas potências e eleva o nível de disputa política internacional. O Ministério Público apresentou, em julho de 2025, um documento de 517 páginas recomendando a condenação de Bolsonaro por crimes como “formação de organização criminosa” e “tentativa de abolir por via violenta a ordem democrática”. A acusação aponta que Bolsonaro incitou insurreição e que mantinha um esquema conspiratório com aliados para impedir a posse de Lula após as eleições de 2022. Em paralelo, Trump — forte aliado de Bolsonaro — classificou o processo como uma “caça às bruxas” e anunciou tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, vinculando diretamente a decisão judicial ao comércio bilateral. A reação brasileira foi rápida: o Itamaraty classificou a medida como interferência “inaceitável” nos assuntos internos e que iria retaliar usando a Lei da Reciprocidade. Fontes próximas à administração Trump afirmam que o veto pode ir além das tarifas comerciais, incluindo restrições pessoais ao procurador Gonet — como congelamento de bens, proibição de vistos ou limitação generalizada de intercâmbios com o sistema de justiça dos EUA. Embora a Casa Branca não tenha confirmado oficialmente, diplomatas indicam que medidas punitivas ao nível institucional estão sendo avaliadas, principalmente se o STF mantiver o pedido de prisão preventiva de Bolsonaro. Se confirmadas, as sanções podem agravar seriamente as relações entre ambos os países. Para o Brasil, repercutem como pressão direta sobre sua independência judicial. Já Trump reforça sua narrativa de “protetor dos líderes conservadores globais“, voltando a defender aliados como Bolsonaro, Marine Le Pen e Benjamin Netanyahu. Economicamente, empresas brasileiras já sofrem com tarifas previstas para entrar em vigor em 1º de agosto, afetando os setores de agronegócio e manufatura, além de reverberar no câmbio. O real já cedeu terreno, e há temores de escalada da crise econômica. Fontes: Metrópoles, AP

Emirados assumem porto sírio de Tartus em acordo bilionário e mira retomada econômica

Em 13 de julho de 2025, a Autoridade Geral de Portos Terrestres e Marítimos da Síria celebrou um acordo no valor de US$ 800 milhões com a empresa dos Emirados Árabes Unidos — DP World — visando a modernização do porto de Tartus, na costa mediterrânea síria. O pacto acontece poucos meses após a assinatura de um memorando de entendimento em maio, reforçando a cooperação entre os dois países em infraestrutura logística e atuação portuária. A cerimônia de assinatura, transmitida pela agência estatal SANA, contou com a presença do presidente interino sírio Ahmed al-Sharaa, demonstrando o alto nível de compromisso político com o projeto. O acordo engloba a construção de um terminal portuário multipropósito em Tartus, expandindo a capacidade de movimentação de cargas, com foco em contêineres, grãos e produtos industriais. Além disso, está prevista a implantação de zonas industriais e zonas de livre comércio — iniciativas estratégicas que visam fomentar a economia local, atrair investimentos estrangeiros e gerar empregos diretos e indiretos. Para a Síria, marcada por 14 anos de guerra civil, esse passo representa um marco significativo rumo à reconstrução econômica e reabilitação das suas infraestruturas principais. O porto de Tartus, tradicionalmente ligado à Marinha e à importação de combustíveis, ganhará nova relevância como hub logístico e comercial na região. O acordo com a DPWorld surge num momento em que a Síria começa a reverter seu isolamento internacional. Em junho, o presidente dos EUA, Donald Trump, assinou uma ordem executiva que suspende um programa de sanções econômicas à Síria, abrindo caminhos para sua reinserção no sistema financeiro global. A decisão visa facilitar a ajuda humanitária, impulsionar o comércio externo e o investimento internacional, e está diretamente ligada à retomada da economia devastada pelo conflito. Por sua vez, a DPWorld — divisão da Dubai World — reforça sua posição como uma das principais operadoras portuárias do mundo, com presença em mais de 70 portos globalmente. A parceria com a Síria representa tanto um risco — devido ao ambiente pós-guerra e riscos regulatórios — quanto uma oportunidade estratégica de ingressar num mercado emergente com baixo custo de entrada e significativo potencial de crescimento. Apesar do otimismo, o projeto enfrenta desafios. A infraestrutura local sofreu extensos danos durante o conflito; muitos acessos terrestres, sistemas de armazenagem e equipamentos portuários estão obsoletos ou destruídos. A reconstrução exigirá não apenas o aporte financeiro do acordo, mas também a mobilização de competências técnicas, quadros de engenharia e conformidade com padrões internacionais de operação portuária eficiente. Além disso, a estabilidade política e a segurança nacional continuam sendo fatores determinantes para o sucesso do investimento. O envolvimento ativo de autoridades sírias, como evidenciado pela presença do presidente al-Sharaa, pode reforçar a confiança externa e sinalizar comprometimento do Estado na continuidade do projeto. A modernização do porto de Tartus pode transformar a logística síria e estimular o crescimento econômico, catalisando investimentos adicionais em transporte, indústrias pesadas e agronegócio. As zonas econômicas associadas devem facilitar a instalação de empresas internacionais, criação de empregos e fortalecimento das cadeias de valor locais. Para a população, o impacto pode se traduzir em melhores oportunidades de trabalho, aumento da arrecadação pública e serviços urbanos mais estruturados. Já para a Síria, no plano internacional, trata-se de um movimento simbólico de reabilitação institucional e confiança de investidores estrangeiros, elementos essenciais para retomar uma trajetória de desenvolvimento sustentável. O acordo de US$ 800 milhões entre Síria e DP World marca o início de uma nova era para o porto de Tartus — com potencial para revitalizar a infraestrutura, gerar emprego, atrair investimentos e redefinir a posição da Síria no comércio mediterrâneo pós-guerra. Fontes: Al Jazeera, Reuters

Toffoli anula todos os atos da Lava Jato contra doleiro Alberto Youssef

Nesta terça-feira (15), o ministro Dias  Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a nulidade de todos os atos da Operação Lava Jato praticados contra o doleiro Alberto  Youssef, marcando mais uma mudança expressiva na jurisprudência referente à maior investigação anticorrupção da história recente do Brasil. Para Toffoli, houve um conluio institucional envolvendo a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e o então juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba. Segundo o ministro, essa articulação coordenada comprometeu o direito ao contraditório e à ampla defesa de Youssef, viciando todo o processo judicial. “Revela-se incontestável o quadro de conluio processual entre acusação e magistrado em detrimento de direitos fundamentais do requerente“, escreveu Toffoli, ao decretar a nulidade. Um dos pontos-chave da decisão foi a gravação clandestina de conversas nas celas onde Youssef estava preso em Curitiba, em 2014 – 11 dias de monitoramento sem autorização legal. Esse episódio, segundo o ministro, evidenciou o desequilíbrio entre acusação e julgamento. Toffoli também utilizou trechos das mensagens reveladas na Operação Spoofing — que mostrou comunicações entre procuradores e Moro — como prova de irregularidades graves no desenrolar processual. Apesar de anular todos os atos e sentenças judiciais contra Youssef, o ministro não decretou a nulidade do acordo de delação premiada firmado por ele, que continua válido. Esse acordo, considerado um dos mais relevantes para a Lava Jato, permanece válido e pode gerar efeitos jurídicos futuros. A anulação dos atos de Youssef segue uma série de decisões similares proferidas por Toffoli nos últimos meses, incluindo casos de Nelson Freitas, Nelson Meurer, Antonio Palocci e Marcelo Odebrecht. O ministro tem criticado o que chama de “abuso de poder” na Lava Jato, especialmente em Curitiba, e aponta um padrão de interferência que fere garantias constitucionais. No caso de Youssef, o impacto é significativo: todos os processos, prisões, bloqueios patrimoniais e demais restrições foram anulados, abrindo caminho para possíveis recuperações de bens e revisões de outras condenações que dependeram das provas derivadas da sua colaboração. Defensores do doleiro afirmam que a decisão representa o “fim da Lava Jato”, questionando agora a validade de investigações baseadas em suas delações. Entre os possíveis beneficiários dessa medida, cita-se o ex-presidente Fernando Collor, cuja condenação contém menções às informações fornecidas por Youssef. A decisão de Toffoli deverá ser analisada pelas demais instâncias do STF e pode abrir precedentes para uma enxurrada de recursos e solicitações de revisão de processos ligados à Lava Jato. A força-tarefa e o MPF devem se rearticular para contestar entendimentos judiciais e definir novas estratégias jurídicas. A discussão agora se desloca dos métodos aplicados à validade e consequências dos acordos de delação e provas colhidas no âmbito da operação. Fontes: CNN, Revista Oeste

Variantes Genéticas podem ter influenciado no agravamento da Covid-19, revela estudo da Fiocruz

DNA Corona Virus. Imagem CC

Um estudo conduzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em colaboração com outras instituições científicas, revelou que variantes genéticas podem estar associadas ao agravamento de casos de Covid-19. Publicado no dia 2 de julho, o trabalho analisou o genoma de pacientes infectados pelo SARS-CoV-2, identificando mutações em genes ligados à resposta imune que parecem influenciar a severidade da doença. A descoberta abre novas perspectivas para a medicina personalizada no combate à pandemia. A pesquisa envolveu a análise genômica de 161 voluntários, com idades entre 18 e 60 anos. Foram incluídos no corte apenas indivíduos com infecção confirmada para Covid-19, que precisaram de internação hospitalar em UTI, sem histórico de doenças crônicas e que não tinham sido vacinados. A amostra conseguiu representar características genéticas de pessoas pertencentes às cinco regiões do país. Os cientistas identificaram alterações em genes responsáveis pela regulação do sistema imunológico, que, em alguns indivíduos, podem desencadear uma resposta inflamatória exagerada, conhecida como “tempestade de citocinas”. Esse fenômeno está associado a complicações graves, como insuficiência respiratória. “Essas variantes genéticas podem explicar por que algumas pessoas desenvolvem quadros mais severos, mesmo sem fatores de risco aparentes”, explicou um dos coordenadores do estudo. Os resultados destacam a importância de fatores genéticos na variabilidade das respostas ao vírus, complementando o conhecimento sobre outros fatores, como idade e comorbidades. A pesquisa também sugere que testes genéticos podem, no futuro, identificar pacientes com maior risco de complicações, permitindo intervenções precoces e tratamentos mais direcionados. Além disso, o estudo reforça a relevância de abordagens personalizadas na medicina, que considerem o perfil genético de cada indivíduo. A Fiocruz enfatiza que os achados ainda requerem validação em populações maiores e mais diversas, mas representam um avanço significativo na compreensão da Covid-19. “Esses dados podem guiar o desenvolvimento de terapias mais eficazes e estratégias de prevenção”, afirmou um dos pesquisadores. A descoberta reforça a importância da pesquisa científica no enfrentamento de pandemias e destaca o papel da genômica na saúde pública. O imunologista Roberto Zeballos levantou hipóteses sobre a Covid-19 que, embora criticadas na época da pandemia, ecoavam nas discussões internacionais e desafiavam o consenso científico. Desde 2020, em vídeos e entrevistas, Zeballos sugeriu que “predisposições genéticas” poderiam explicar casos graves da doença, associando-as à “tempestade de citocinas”. Essa ideia alinhava-se a estudos como os da COVID-19 Host Genetics Initiative (Nature, 2020), que investigavam genes ligados à resposta imune. O estudo da Fiocruz (2025) está em vias de confirmar que variantes genéticas raras, como em genes MUC5AC e IFNA10, aumentam o risco de quadros severos, validando as questões levantadas por Zeballos. Se você gostou dessa notícia, peço que considere a leitura sobre: “Astrazeneca é condenada a pagar R$ 3,75 milhões por morte de promotora grávida no RJ após ser vacinada contra Covid-19”. Como podemos observar, a verdadeira Ciência exige liberdade para questionar. O consenso científico, ao descartar hipóteses, erra e limita o debate. A reavaliação dessa hipótese em 2025 reforça que a ciência deve evitar dogmas, politicagens, estardalhaços midiáticos e reconhecer erros. O caso, destaca a importância de manter a ciência aberta a indagações, sem mordaças, para que novas evidências possam corrigir o curso do conhecimento. Referências: Fiocruz, Nature, Nature II, Danuzio News, Unicamp

Escravas de luxo: PF desmantela rede que vendia brasileiras por até €1.000 na Europa

A Polícia Federal (PF) deflagrou, na manhã desta terça-feira (15), uma operação para apurar um esquema de tráfico internacional de mulheres brasileiras para exploração sexual na Europa. A investigação, iniciada em maio de 2024, revelou um esquema criminoso sofisticado, voltado ao aliciamento de mulheres — especialmente aquelas com perfil de modelos — por meio de redes sociais e aplicativos de mensagens. As vítimas eram seduzidas com promessas de altos rendimentos, passagens aéreas e hospedagem gratuita. Contudo, ao chegarem ao destino europeu, eram submetidas a uma realidade brutal: condições degradantes de moradia, jornadas exaustivas de exploração sexual, retenção de documentos, ameaças, agressões físicas, chantagens emocionais e violência psicológica contínua. Os relatos apontam que algumas chegavam a atender até 20 clientes por dia. Nesta etapa da operação, a PF cumpre quatro mandados de busca e apreensão no Distrito Federal e em São Paulo, além de um mandado de prisão preventiva. Também foi determinado o sequestro e bloqueio de bens e valores de investigados, totalizando até R$ 6,6 milhões. Quatro passaportes foram apreendidos, e as respectivas investigadas estão impedidas de deixar o país. O inquérito policial teve início a partir de elementos reunidos durante diligências e do depoimento de uma das vítimas, que conseguiu retornar ao Brasil e forneceu detalhes cruciais sobre o funcionamento da rede criminosa. As investigações também revelaram que o grupo operava com uma “tabela de preços” padronizada para os serviços sexuais forçados. Os valores cobrados variavam entre €100 e €1000, dependendo da duração e do tipo de atendimento. A tabela previa, por exemplo, €100 por 30 minutos de sexo, €120 por 45 minutos e €150 por uma hora completa. Já para uma noite inteira, o valor poderia chegar a €1000. A meta imposta às vítimas era gerar pelo menos €1000 por dia. Toda a organização financeira era controlada pela cafetina-chefe dos prostíbulos. Ela ficava responsável por agendar o maior número possível de programas e reter integralmente os valores arrecadados, repassando às mulheres apenas pequenas quantias, sob regime de total dependência e vigilância. O caso se soma a uma série de operações recentes que evidenciam a atuação de redes brasileiras e internacionais de tráfico humano, que utilizam promessas de luxo, beleza e sucesso como fachada para um sistema de escravidão sexual travestido de glamour. A PF segue aprofundando as investigações para identificar outros envolvidos e possíveis ramificações da quadrilha em território nacional e no exterior. Fonte: Metrópoles e Metrópoles

Para inglês ver? Não! Para europeu ver: União Europeia afrouxa combate à corrupção e perde €120 Bi ao ano

Projeto obtido pelo portal Euractiv mostra que a União Europeia (UE) reduziu deliberadamente sua estratégia anticorrupção para os próximos anos. Agora, em lugar das reformas estruturais originalmente aventadas, apenas requisitos mínimos e “intenções de mudanças” serão exigidos. O documento deve ser apresentado aos comissários do bloco junto à proposta de Orçamento Multianual (MFF), ainda este mês. “Estamos apenas administrando a tensão, não lidando com ela“, admitiu um alto servidor da Comissão Europeia, órgão executivo do bloco. “Se queremos pedir a nossos cidadãos que aceitem disciplina orçamentária, a primeira coisa que devíamos fazer era mostrar que o dinheiro não está sendo roubado“, disse outro. Ursula von der Leyen, presidente da Comissão, prometeu em 2024 iniciar campanha ferrenha contra a fraude orçamentária. Estimativas apontam que as perdas por corrupção custam ao bloco em torno de € 120 bilhões por ano. No caso de desvios ligados diretamente ao orçamento, as cifras anuais superam € 1 bilhão. Pressionada, porém, a presidente – ela própria respondendo no Parlamento por suposto conluio com a americana Pfizer para facilitar a compra de vacinas durante a pandemia da COVID-19 – parece ter preferido a cautela burocrática, empurrando as mudanças para 2026. No centro do debate está a indefinição de competências entre as duas agências responsáveis por garantir a integridade do orçamento do bloco. A OLAF, de cunho administrativo e ligada diretamente à Comissão, investiga e determina a reposição dos fundos desviados. Já a segunda, EPPO, de âmbito judicial, é independente e é quem efetivamente pode confiscar os recursos roubados. Servidores confidenciam que, para evitar desgastes com um lado ou outro, a Comissão se esquiva de lidar com o problema. “Assim, acabamos com um status quo que não satisfaz ninguém“, afirmou um deles. “Gates” em série assolam UE Escândalos estão longe de serem casos isolados no dia a dia da UE. De fraudes orçamentárias a nepotismo, passando pelo constante entra e sai de servidores para empresas e consultorias e chegando a relações espúrias com governos estrangeiros, a sensação de impunidade é disseminada em Bruxelas. Além do já conhecido “Pfizergate“, outras casos similares – ou “gates” como acabaram conhecidos – ficaram célebres, como o “Catargate“, em que o país árabe ofereceu vantagens financeiras a parlamentares em troca de influência política; e o “Huaweigate“, em que a empresa chinesa subornou executivos do bloco. Outra situação de destaque envolveu a nomeação por parte da presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, de seu cunhado como chefe de gabinete. “O descaso com a ética e a falta de prestação de contas das instituições da UE reduz a confiança da população e ainda serve de munição para adversários dentro e fora do bloco“, apontou Alberto Alemanno, professor de direito europeu da universidade HEC Paris. Envolvendo valores superiores a € 1,2 trilhão, o MFF ditará os compromissos financeiros da UE pelos próximos 7 anos. Para Gilles Boyer, parlamentar do grupo Renovar Europa, o enfraquecimento das medidas contra fraudes expõe o bloco. “A luta contra o desperdício é essencial, indispensável, para garantir a integridade e a eficiência das finanças públicas“. Fontes: Euractiv, Politico Europe

plugins premium WordPress