Sérgio Cabral quer anular sentenças da Lava Jato com Toffoli — a quem acusou em delação

Segundo O Bastidor, o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral protocolou no Supremo Tribunal Federal um pedido para que suas condenações na Operação Lava Jato sejam anuladas. A solicitação foi encaminhada diretamente ao ministro Dias Toffoli, que recentemente concedeu um benefício semelhante ao doleiro Alberto Youssef, um dos primeiros delatores da força-tarefa de Curitiba. A defesa de Cabral afirma que o ex-governador foi alvo de um processo conduzido por um juiz parcial — o ex-ministro da Justiça e atual senador Sergio Moro (União Brasil-PR). Os advogados sustentam que Cabral não teve garantidos o contraditório e a ampla defesa, e por isso, pedem que Toffoli estenda ao seu cliente a decisão que anulou os processos contra Youssef. Cabral foi condenado a mais de 425 anos de prisão por corrupção, peculato, lavagem de dinheiro e outros crimes ligados ao desvio de recursos públicos durante seu mandato no governo fluminense. Embora esteja em liberdade por força de decisões judiciais recentes, ele ainda busca a reversão formal de suas sentenças. O pedido de Cabral, porém, ganha contornos delicados. O ministro relator do caso, Dias Toffoli, foi citado pelo próprio Cabral em uma delação premiada. Segundo o ex-governador, Toffoli teria recebido ao menos R$ 4 milhões em propina para favorecer prefeitos do Rio de Janeiro com decisões judiciais. O ministro nega as acusações. A situação levanta questionamentos sobre um possível conflito de interesses, já que o próprio magistrado acusado pelo réu será responsável por decidir se o mesmo terá suas condenações anuladas. A petição reacende as críticas à condução dos processos da Lava Jato, agora sob forte revisão pelo Supremo Tribunal Federal. Com múltiplas decisões que enfraqueceram as sentenças da operação, cresce a percepção de que réus com poder político ou econômico estão encontrando caminhos jurídicos para escapar das penas já estabelecidas.
Israel inicia ofensiva terrestre sem precedentes na cidade de Gaza na tentativa de resgatar reféns

Em um movimento sem precedentes desde o início do atual confronto, tanques do Exército israelense avançaram, nesta segunda-feira (21), para as áreas sul e leste da cidade de Deir al‑Balah, no centro da Faixa de Gaza. Fontes militares afirmaram que o avanço visa resgatar possíveis reféns mantidos pelo grupo Hamas em instalações subterrâneas na região. Ordens de evacuação foram emitidas no domingo, determinando que civis deixassem a área antes da ofensiva terrestre, que marca um novo patamar na campanha lançada por Israel em outubro passado. Médicos em Gaza relataram que ao menos três palestinos foram mortos e diversos ficaram feridos em bombardeios de artilharia pesada, que atingiram oito residências e três mesquitas. Os ataques obrigaram dezenas de famílias, muitas das quais já desabrigadas por confrontos anteriores, a buscar refúgio a oeste, em direção à faixa costeira e ao setor vizinho de Khan Younis. Ainda na manhã desta segunda, um ataque aéreo israelense em Khan Younis deixou pelo menos cinco mortos — um homem, sua esposa e dois filhos — após o impacto de um míssil em uma tenda improvisada de refugiados. Não houve resposta imediata das Forças de Defesa de Israel (IDF) a respeito desse incidente, que exacerba o sofrimento da população civil. Em nota oficial, o Exército israelense destacou que, até então, não havia entrado nos distritos alvo da ordem de retirada e que suas operações continuam “com grande força para destruir capacidades inimigas e infraestrutura terrorista na área“. Fontes de segurança confirmaram que a hesitação inicial em avançar se deve à suspeita de que dezenas de reféns restantes ainda estariam sob custódia do Hamas no subsolo de Deir al‑Balah. Estima‑se que, dos cerca de 50 reféns ainda em cativeiro em Gaza, pelo menos 20 permaneçam vivos. Familiares dos reféns, amparados por organizações internacionais de direitos humanos, cobram explicações concretas sobre as medidas de proteção aos prisioneiros e criticam o risco elevado a que estariam expostos com a escalada dos combates. A incômoda possibilidade de um confronto urbano prolongado, em meio a túneis e construções densas, reforça o temor de perdas humanas entre civis e capturados. Paralelamente, a Agência de Saúde de Gaza alertou para um cenário de “mortes em massa” nas próximas horas, diante do agravamento da crise de fome que já vitimou 19 pessoas desde sábado (19). Hospitais operam com estoques críticos de combustível, alimentos e medicamentos; segundo Khalil Al‑Deqran, porta‑voz do Ministério da Saúde local, pacientes chegam clamando alívio da exaustão provocada pela falta de comida, enquanto equipes médicas sobrevivem a uma única refeição diária. No domingo (20), mais de 70 civis foram atingidos por disparos do Exército israelense enquanto aguardavam a entrada de caminhões de ajuda humanitária da ONU na Passagem de Rafah. As autoridades militares israelenses defenderam-se dizendo que efetuaram “tiros de advertência” contra uma multidão que representava “ameaça imediata” e negaram ter tido a intenção de atingir veículos ou beneficiários de ajuda. O novo capítulo de violência ocorre em meio a negociações de cessar‑fogo mediadas pelo Catar e pelo Egito, com apoio dos Estados Unidos. Fontes do Hamas afirmaram que o aumento do número de mortos e a fome aguda podem minar seriamente as tratativas, cuja continuidade já se mostra frágil diante do endurecimento das posições de ambos os lados. O atual conflito teve início em 7 de outubro de 2023, quando militantes do Hamas invadiram o território israelense, resultando na morte de 1.200 pessoas e no sequestro de 251 reféns, segundo estatísticas israelenses. Desde então, a contraofensiva de Israel em Gaza deixou um rastro de mais de 58 mil vítimas palestinas, deslocou quase toda a população e desencadeou uma das mais graves crises humanitárias recentes. A batalha em Deir al‑Balah, até então considerada um “reduto sensível” devido ao risco aos reféns, sinaliza uma intensificação drástica das operações terrestres israelenses, cujas consequências humanitárias e políticas prometem reverberar pelas próximas semanas, com impactos diretos sobre a já combalida população civil de Gaza e o futuro das negociações de paz. Fontes: CNN, Reuters, Reuters
Ucrânia propõe nova rodada de negociações à Rússia

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky anunciou neste fim de semana que a Ucrânia propôs à Rússia uma nova rodada de negociações de paz, com foco na retomada do diálogo diplomático e na obtenção de um cessar-fogo duradouro. Segundo Zelensky, a proposta visa estabelecer um ambiente mínimo de segurança para negociações mais amplas, o que passa por um cessar-fogo de pelo menos 30 dias como condição preliminar. A iniciativa foi revelada durante uma coletiva de imprensa transmitida nacionalmente em Kyiv, e ocorre em meio a uma escalada da violência tanto no leste da Ucrânia quanto em regiões da Rússia afetadas por ataques ucranianos com drones. Zelensky afirmou que o convite foi feito formalmente ao Kremlin, e que o momento é oportuno para “restaurar algum grau de racionalidade no meio da guerra”. A última tentativa de negociação entre os dois países, realizada em Istambul, havia resultado apenas em trocas de prisioneiros, sem avanços concretos em relação a um armistício ou retirada de tropas. A nova proposta, segundo o governo ucraniano, inclui a realização de um encontro entre representantes de alto escalão e até mesmo um possível encontro direto entre Zelensky e Vladimir Putin, o que marcaria uma reaproximação inédita desde os primeiros meses da invasão russa iniciada em fevereiro de 2022. Do lado russo, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, confirmou que a proposta foi recebida e está em análise. No entanto, a Rússia reiterou suas exigências básicas para qualquer avanço nas negociações: o reconhecimento do controle russo sobre os territórios já ocupados, a garantia de neutralidade da Ucrânia em relação à OTAN e o fim das sanções ocidentais. Moscou também afirmou que “não aceitará ultimatos”, em resposta à pressão exercida pelos Estados Unidos, que vêm defendendo um novo pacote de sanções caso a Rússia não aceite um cessar-fogo até o fim de agosto. O presidente Donald Trump, que reassumiu o cargo em janeiro, impôs um prazo de 50 dias para a redução dos combates, ameaçando tarifas punitivas a países que mantiverem relações comerciais com Moscou se a guerra não for interrompida. Internamente, a Ucrânia tem intensificado seus ataques retaliatórios com drones, especialmente contra alvos em território russo. Na última semana, mais de 230 drones ucranianos atingiram regiões próximas a Moscou, forçando o fechamento temporário de aeroportos e gerando alarme entre a população civil russa. Em resposta, a Rússia aumentou os bombardeios nas regiões de Donetsk, Kharkiv e Sumy, mirando infraestrutura energética e zonas residenciais, o que agrava ainda mais o cenário humanitário no país. A comunidade internacional acompanha com atenção os desdobramentos. Países como França, Alemanha, Turquia e Vaticano já se colocaram à disposição para atuar como mediadores, enquanto a União Europeia busca manter um papel central nas negociações, contrariando o desejo dos Estados Unidos de concentrar o processo sob sua liderança. O grupo composto por França, Alemanha e Reino Unido reforçou que a Europa não deve ser marginalizada neste momento crítico. A nova proposta de Zelensky é vista por analistas como uma tentativa estratégica de reposicionar a Ucrânia como parte ativa na busca pela paz, após meses de impasse e desgaste militar. Ao propor um cessar-fogo e estabelecer como prioritária a proteção da população civil, o presidente ucraniano busca criar condições mínimas para uma negociação legítima. No entanto, sem garantias firmes de que Moscou aceitará interromper os ataques, o processo pode repetir o fracasso dos Acordos de Minsk, que, embora firmados, nunca foram verdadeiramente respeitados. Fontes: Reuters, Politico, New York Post
Massacre em Suweida: Mais de 1.000 mortos em uma semana de terror na Síria

Aprovada como um passo rumo à estabilidade, a trégua anunciada ontem à noite pelo presidente interino sírio Ahmed al-Sharaa tenta conter a escalada de violência entre milícias drusas e tribos beduínas sunitas aliadas a forças do novo governo. Isso resultou em mais de 1.000 mortos em cerca de uma semana. Segundo o Syrian Observatory for Human Rights (SOHR), os mortos incluem cerca de 336 combatentes drusos e 262 civis drusos, dos quais ao menos 182 teriam sido executados sumariamente por forças do governo sírio. Do lado contrário, morreram 342 agentes de segurança do governo e cerca de 21 combatentes beduínos, incluindo três civis, que também teriam sido executados por drusos. Além disso, 15 militares sírios morreram em ataques aéreos israelenses. A onda de violência começou em torno de 13 de julho, com o sequestro de um comerciante druso por beduínos sunitas. O incidente desencadeou uma série de rixas, troca de sequestros e confrontos armados em diversas localidades de Suweida. Os conflitos migraram para dentro da cidade, e o número de vítimas rapidamente disparou. Uma trégua foi anunciada ontem (19), com mediação dos EUA e estados árabes. O Exército sírio chegou a se retirar da região, e líderes como Ahmed al‑Sharaa prometeram restaurar a ordem na região e conter as perseguições a minorias no país. Relatos apontam que forças do governo sírio teriam se aliado tacitamente aos combatentes beduínos, cometendo abusos e execuções extrajudiciais contra drusos. Em contrapartida, milícias drusas também são acusadas de ataques contra aldeias beduínas e execuções de civis e combatentes rendidos. O chefe espiritual druso Sheikh Hikmat al‑Hijri denunciou massacres e convocou para uma investigação internacional, afirmando que a confiança nas autoridades emergentes do país já se esgotou. O custo humano da onda de violência é devastador. Aproximadamente 80.000 pessoas foram deslocadas desde o início dos confrontos, das quais 20.000 somente em 17 de julho. A infraestrutura local entrou em colapso: falta de água, eletricidade, telecomunicações e combustível tornaram-se rotina. Hospitais superlotados passaram a armazenar corpos nos corredores e até mesmo nas ruas, enquanto equipamentos médicos deixaram de funcionar por falta de energia. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha classificou a situação como crítica. Israel entrou na crise, realizando ataques aéreos contra alvos militares sírios na província de Suweida e em Damasco, justificando as ações como proteção à minoria drusa na Síria. Os EUA, por sua vez, exigiram desarmamento e o cumprimento da trégua, apoiando a administração de Ahmed al‑Sharaa, que também é apoiada por potências do Oriente Médio, como Arábia Saudita e Catar. Entretanto, milícias drusas rechaçaram a presença armada externa e afirmaram que somente aceitariam desmilitarização em um cenário de reconciliação nacional — ainda utópico num país fragmentado por conflitos sectários. Esta ofensiva marca o maior surto de violência sectária na província de Suweida desde a queda de Bashar al‑Assad, e representa um teste crítico para o governo interino de Ahmed al‑Sharaa. A legitimidade do Estado sírio está em xeque, à medida que minorias como os drusos e alauítas questionam sua proteção dentro da nova ordem. A escalada das mortes, os relatos de massacres e a falha da trégua expõem uma Síria ainda longe da pacificação nacional, onde a reconciliação e o restabelecimento da ordem devem competir com ódios sectários, rivalidades locais e influências externas. Fontes: Middle East Eye, The Times of Israel, Al Mayadeen, Financial Times
Hezbollah bate de frente com os EUA e diz que só larga armas quando Israel recuar

O líder do Hezbollah, Naim Qassem, declarou que o grupo se recusará a entregar seu arsenal, rejeitando publicamente uma proposta dos Estados Unidos que condicionava o desarmamento à retirada de Israel do sul do Líbano. Em vídeo divulgado por mídias do Hezbollah, Qassem afirmou: “não vamos nos render ou entregar nossas armas ao israel; Israel não tomará nossas armas”. A proposta dos EUA, apresentada pelo enviado especial Thomas Barrack ao governo libanês no mês passado, oferecia apoio econômico e suspensão dos ataques israelenses em troca do desarmamento completo do Hezbollah até o final de 2025. O governo do Líbano respondeu com um documento de sete páginas, hipótese considerada por Barrack como “espetacular” e digna de “satisfação”. Já o primeiro-ministro libanês Nawaf Salam disse que o plano poderia ser viável se vinculado à retirada israelense do território libanês e ao cumprimento do cessar-fogo estabelecido em novembro de 2024. Desde o fim da guerra devastadora com Israel, entre 2023 e 2024, o Hezbollah vem sofrendo perdas significativas em lideranças e capacidade militar. O grupo iniciou uma revisão estratégica interna para ponderar uma possível redução de seu arsenal — embora não seu desmantelamento total —, visando manter apenas armas leves e mísseis antitanque para defesa, principalmente enquanto Israel mantiver ocupação militar e ataques a alvos libaneses. Fontes consultadas afirmam que o Hezbollah avalia entregar parte de seus estoques de mísseis e drones se Israel encerrar seus ataques e se retirar do sul do país. Contudo, mantém firme a decisão de manter um componente defensivo significativo, especialmente diante do avanço de grupos jihadistas sunitas na Síria e do sentimento popular entre sua base eleitoral de que o desarmamento seria suicídio político. Qassem posicionou-se mesmo antes ao rejeitar o desarmamento sob a justificativa de que seria “um presente para Israel” e justificou que a entrega de armas sem a retirada israelense equivale a ceder aos interesses de ocupação. Ele destacou que o Hezbollah não aceitará a proposta dos EUA nem a normalização com Israel até que as ameaças externas sejam removidas de forma substancial. A proposta dos EUA renovou o debate sobre a soberania libanesa e a consolidação do monopólio de armas pelo Estado, uma meta histórica desde os acordos de Taif em 1989. O presidente Joseph Aoun e o primeiro-ministro Salam reiteraram a intenção de exercer controle estatal sobre todas as armas dentro do país, porém reconhecem a recusa resistente do Hezbollah, que ainda detém força política expressiva. Apesar da pressão tanto interna quanto internacional, o Hezbollah insiste que sua existência armada é essencial contra a ocupação israelense, enquanto o governo libanês tenta equilibrar reconstrução, segurança e manutenção de sua autoridade legítima. Fontes: Al Jazeera, Reuters, Politico
Quem mandou matar Miguel Uribe? Sexto preso revela plano contra líderes da direita na Colômbia

A Procuradoria da Colômbia confirmou nesta sexta-feira a prisão de Cristian Camilo González Ardila, o sexto suspeito diretamente envolvido no brutal atentado contra o senador e pré-candidato presidencial Miguel Uribe Turbay, ocorrido no dia 7 de junho em Bogotá. Com um passado criminal marcado por tráfico de armas e roubos, González é acusado de ter dado suporte à fuga do autor material dos disparos: um adolescente de 15 anos que foi apreendido momentos após a tentativa de assassinato. A detenção de González representa um avanço crucial nas investigações de um caso que abalou profundamente o país e colocou a segurança política no centro do debate nacional. Segundo a Fiscalía, ele teria ajudado a remover o menor do local do crime, em um esquema cuidadosamente planejado, o que configura participação ativa em crime de tentativa de homicídio agravado, porte ilegal de armas e associação criminosa. Durante audiência realizada nesta sexta-feira, González se declarou inocente e não aceitou as acusações contra ele. Seu advogado alegou que ele “não tinha conhecimento pleno da gravidade da ação que se desenrolaria”, uma versão rejeitada pela promotoria, que sustentou a existência de provas materiais e testemunhais que o colocam no epicentro da operação criminosa. González detalhou a existência de um plano para atacar diversas figuras políticas importantes, principalmente da direita, em várias regiões da Colômbia. Durante o interrogatório, ele disse: “Se eu soubesse que era Miguel Uribe, teria cobrado mais”. O atentado que reacendeu fantasmas do passado Na manhã de 7 de junho, Miguel Uribe Turbay fazia um discurso em um ato de campanha no bairro Modelia, zona ocidental da capital colombiana, quando foi atingido por três tiros à queima-roupa: dois na cabeça e um na perna. A cena, gravada por câmeras de pessoas presentes, mostra o momento exato em que um jovem armado se aproxima e abre fogo contra o senador, em pleno espaço público. O ataque foi descrito por investigadores como “meticulosamente planejado”e “com intenção letal inequívoca”. Uribe Turbay, neto do ex-presidente Julio César Turbay e um dos principais nomes da oposição ao governo Gustavo Petro, foi levado às pressas para a Clínica Santa Fé. Sobreviveu após três cirurgias neurocirúrgicas de alto risco, mas ainda permanece internado com prognóstico neurológico reservado. Familiares informaram que ele segue sob sedação e respira com auxílio de aparelhos. Além de González e do menor de idade autor do ataque, outros quatro adultos foram presos nas últimas semanas. Entre eles está Elder José Arteaga Hernández, conhecido como “Costeño”, considerado o cérebro por trás da operação. Segundo fontes da inteligência policial, Costeño teria recebido ordens de fora do país e comandado a ação a partir de um conjunto de instruções logísticas que incluíam armas, rotas de fuga e dispersão dos envolvidos. A prisão de González reacende as dúvidas sobre as motivações reais do atentado. Apesar da ausência, até o momento, de reivindicação oficial por parte de grupos armados, o uso de um menor e a sofisticação do plano apontam para um modus operandi típico de organizações criminosas ou paramilitares. Autoridades não descartam que o atentado tenha sido encomendado com fins políticos ou como recado para desestabilizar o processo eleitoral de 2026. Fontes: DW, CNN, Reuters
Trump e Bukele fecham cerco a Maduro: resgate de americanos inclui Navy SEAL detido como “espião”

Em uma manobra diplomática incomum, o governo da Venezuela liberou nesta sexta-feira (18) 10 cidadãos dos EUA, incluindo residentes permanentes, em um acordo triangular envolvendo os Estados Unidos e El Salvador. Em troca, cerca de 250 venezuelanos deportados dos EUA para a prisão de segurança máxima de CECOT, em El Salvador, foram enviados de volta à Venezuela. No início de 2025, a administração Trump utilizou a Antiquíssima Alien Enemies Act (de 1798) para deportar 238 venezuelanos, acusados de pertencer à facção criminosa Tren de Aragua — mesmo sem provas, sendo enviados à prisão CECOT, conhecida por más condições. O detalhe financeiro foi revelador: os EUA pagaram cerca de US$ 6 milhões a El Salvador para manter os deportados na prisão. Organizações de direitos humanos criticaram duramente a operação, apontando violações de direitos básicos, ausência de julgamento justo e condições degradantes na prisão operada por Bukele. Trata-se de uma vitória diplomática para Trump, capaz de trazer cidadãos americanos de volta em meio a tensões internacionais. Para Maduro, foi um reforço político interno, mostrando habilidade de barganha, ao integrar a libertação de presos políticos. O acordo realça a prática cada vez mais comum de usar prisões em terceiros países como barganha — um instrumento difícil de defender mesmo do ponto de vista jurídico. Fonte: Axios, The Times e AP News
Patrimônio saqueado: Turquia reavê estátua romana contrabandeada por magnata dos EUA

Uma estátua que especialistas acreditam representar o imperador e filósofo romano Marco Aurélio será repatriada à Turquia após anos de batalhas judiciais. A figura faz parte do acervo do Museu de Arte de Cleveland, no estado americano de Ohio, desde 1986. “A história em seu devido lugar é linda, e nós vamos preservá-la“, comemorou o ministro da Cultura e Turismo turco, Mehmet Nuri Ersoy. Um voo fretado da Turkish Airlines levará a obra de volta a seu país nos próximos dias. Datada de aproximadamente 50 a 250 d.c., a peça mede 1,93m e tem sua identidade contestada por pesquisadores. Acadêmicos concordam tratar-se de uma representação romana, mas o fato de a estátua ter tido sua cabeça danificada dificulta a efetiva indicação do retratado. O próprio Museu demonstra incerteza, afirmando em nota recente que “sem cabeça ou inscrição, a identidade da estátua segue incerta“. O próprio recibo de aquisição – cercado de controvérsias – descrevia a estátua como “provavelmente Marco Aurélio“. Investigadores acreditam que a imagem fazia parte do sítio arqueológico de Sebasteion, na atual cidade de Burdur, no sudoeste da Turquia. O santuário, que abrigava diversas estátuas de dignatários romanos, teria sido soterrado por um terremoto e, então, saqueado por habitantes locais. Posteriormente, uma rede de tráfico internacional de obras de arte a adquiriu. Após passar por restaurações ilegais na Suiça e no Reino Unido, foi vendida a colecionadores, chegando, finalmente, aos Estados Unidos, onde o Museu de Arte Cleveland a comprou por US$ 1,86 milhão. Estima-se que, neste momento, seu valor de mercado já supere os US$ 20 milhões. Entre os supostos participantes da quadrilha envolvida em sua aquisição estaria Robert Hetch, milionário americano acusado repetidas vezes de tráfico de antiguidades. Entre os casos mais notórios, Hetch teria contrabandeado um vaso grego, posteriormente vendido por US$ 1 milhão de dólares, além de traficar obras de arte da Itália e moedas históricas turcas. Marco Aurélio liderou o Império Romano por aproximadamente 20 anos, entre 161 d.c. e 180 d.c. Ele foi um dos “Cinco Bons Imperadores“, período marcado por estabilidade, em que Roma atingiu seu ápice territorial. Sua morte marcou um ponto de virada no império, com conflitos e uma guerra civil eclodindo poucos anos depois. O retorno de obras de arte a seus países de origem tem ganhando força nos últimos anos, com instituições de renome devolvendo peças históricas supostamente adquiridas de modo ilegal. Em Nova Iorque, diversos museus concordaram em entregar 4.600 artefatos a seus donos e locais originais, em casos que envolvem de colonialismo a peças roubadas durante o Nazismo. No início deste ano, em caso celebrado como um marco, a Holanda retornou à Nigéria os Bronzes de Benin, que teriam sido expropriados durante a ocupação britânica da África. Fontes: AA, Smithsonian Magazine, New York Times, Al Jazeera
“Tarde demais”: mensagem do Departamento de Estado à embaixadora do Brasil

Segundo a CNN, numa tentativa de contato da embaixadora do Brasil em Washington, Maria Luiza Viotti, ao Departamento de Estado dos EUA, mas seu contato foi imediatamente rejeitado: “tarde demais.” No final desta sexta-feira (18), o secretário Marco Rubio publicou no X a decisão de retirar o visto de autoridades brasileiras envolvidas no julgamento de Bolsonaro. Entre elas, 8 ministros do STF e seus familiares. Segundo fontes, a resposta do Departamento de Estado foi “tarde demais”, indicando insatisfação com a falta de esforços anteriores do Brasil para estabelecer canais diplomáticos desde janeiro. Essa versão contrasta com as declarações do Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty), que afirma ter feito várias tentativas de diálogo, incluindo uma carta enviada em 16 de maio que nunca foi respondida.
Comissão Europeia apresenta orçamento com 101% de gastos e vira piada em Bruxelas

A proposta de orçamento de longo prazo apresentada pela Comissão Europeia nesta quarta-feira (16) rapidamente se tornou alvo de chacota em Bruxelas — e não sem motivo. Com um gráfico que somava 101% de alocação de recursos, um evento repleto de confusão e atrasos e ausência total de articulação política, o novo Quadro Financeiro Plurianual (MFF) foi descrito como um “show de horrores” por membros do próprio bloco. A reunião que deveria marcar o lançamento de um novo ciclo de investimentos da União Europeia — com cifras próximas a € 2 trilhões — resultou em críticas unânimes, inclusive de aliados próximos da presidente da Comissão, Ursula von der Leyen. Embaixadores participaram de reuniões sem ter acesso aos documentos, comissários foram informados pela imprensa e não por canais oficiais, e os próprios representantes da Comissão chegaram ao evento com quatro horas de atraso. “Eu não faço a menor ideia do que está acontecendo”, desabafou o eurodeputado Siegfried Mureșan, do mesmo partido de von der Leyen (EPP). Reuniões precisaram ser canceladas ao longo do dia por pura falta de organização. Um plano bilionário que não agradou ninguém Segundo o plano, € 1,82 trilhão seriam destinados a programas estratégicos da União, enquanto € 165 bilhões iriam para o pagamento de dívidas assumidas durante a pandemia da COVID-19. As maiores fatias seriam para programas nacionais e regionais (€ 895 bilhões) e para fortalecer a competitividade econômica (€ 589 bilhões) — este último com aumento de quase 50% em relação ao ciclo anterior. Von der Leyen classificou o plano como o “mais ambicioso, estratégico e transparente” já elaborado pela UE. Mas seu discurso otimista não resistiu ao bombardeio de críticas que veio a seguir. Agricultores em pé de guerra Um dos principais focos de indignação veio do setor agrícola. A proposta prevê um corte de mais de € 80 bilhões na Política Agrícola Comum, reduzindo os subsídios de € 386 bilhões para € 300 bilhões. A resposta foi imediata: protestos foram convocados, e líderes do setor acusaram a Comissão de “declarar guerra” aos agricultores. “Estão jogando fora 70 anos de história“, afirmou Massimiliano Giansanti, principal representante do setor agrícola. “Estamos prontos para reagir.“ Do lado político, Viktor Orbán, primeiro-ministro da Hungria, criticou duramente a destinação de recursos para a Ucrânia, acusando Bruxelas de abandonar os produtores europeus. Já Alemanha e Holanda rejeitaram o crescimento do orçamento e pediram mais eficiência no uso dos recursos. A batalha por recursos está apenas começando Apesar das promessas da Comissão de que a agricultura continuará protegida, a falta de confiança entre os estados-membros ficou evidente. O plano agora passará por uma longa rodada de negociações com os governos nacionais, que deve durar até dois anos. Somente após isso o MFF poderá entrar em vigor — com validade entre 2028 e 2034. No entanto, a desorganização da apresentação e a má recepção política colocaram em xeque não apenas o conteúdo do orçamento, mas também a liderança de Ursula von der Leyen à frente da Comissão. O episódio serviu como mais um sintoma da crescente instabilidade política dentro da União Europeia — e um sinal de alerta para o futuro do bloco. Fontes: Euractiv, Politico Europe, EU News