Cúpula dos BRICS esvaziada: Putin e Xi decidem não vir ao Brasil de Lula

Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da China, Xi Jinping, não estarão presentes pessoalmente na 17ª cúpula do BRICS, agendada para os dias 6 e 7 de julho no Rio de Janeiro, segundo comunicados oficiais e fontes internacionais. Um assessor do Kremlin, Yuri Ushakov, confirmou que Putin permanecerá na Rússia devido a uma ordem de prisão expedida pela Corte Penal Internacional (CPI) em 2023, por supostos crimes de guerra envolvendo deportação de crianças ucranianas. Como o Brasil é signatário do Estatuto de Roma, que rege a CPI, não poderia garantir imunidade ao presidente russo. Assim, Putin participará remotamente por videoconferência, enquanto o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, representará a Rússia presencialmente. Essa não é a primeira vez que Putin evita uma cúpula do BRICS em países signatários da CPI. Em 2023, ele também não compareceu ao encontro em Joanesburgo, travado por questões similares. Do lado chinês, a ausência de Xi Jinping pode marcar sua primeira ausência em uma cúpula do BRICS em mais de doze anos. Fontes indicam que Xi não participará por motivos de agenda interna, sendo substituído pelo Premier Li Qiang. Essa decisão pode refletir também tensões diplomáticas entre Pequim e Brasília, sobretudo após o Brasil recusar participar da Iniciativa do Cinturão e Rota da China, proposta considerada central por Xi . A ausência dos dois líderes, pilares do grupo ao lado da Índia, Brasil e África do Sul, representa um importante desgaste para o evento. A participação virtual de Putin destaca o peso da ordem judicial internacional sobre o cenário político global, enquanto a ausência de Xi pode prejudicar a coesão diplomática do bloco . Mesmo assim, o encontro em Brasília deverá reunir líderes da Argélia, Egito, Etiópia, Irã, Indonésia e Emirados Árabes como novos membros do grupo, além de observadores como Colômbia, México e Uruguai. A diplomacia brasileira, representada pelo presidente Lula, enfrenta o desafio de garantir a legitimidade e relevância da cúpula sem os principais chefes de Estado. Segundo um conselheiro do Itamaraty, o governo apostará em agenda econômica com foco em infraestrutura, cooperação Sul-Sul e fortalecimento de um sistema financeiro alternativo ao ocidental, conforme discurso recente de Celso Amorim. Analistas destacam que as ausências podem enfraquecer as iniciativas multilaterais do bloco, como o recém-lançado “sistema de pagamentos BRICS Bridge” liderado pela Rússia, que enfrenta resistência diplomática e técnica. Além disso, a falta de Xi pode prejudicar acordos bilaterais, como investimentos em infraestrutura e alinhamento estratégico entre China e Brasil. Por outro lado, a Índia confirmou a presença de Narendra Modi, o que deve manter a relevância do fórum. Modificações na diplomacia do BRICS também refletem as rixas entre os membros: o Brasil, por exemplo, vetou a entrada da Venezuela em 2024 e, por ora, busca manter o grupo enxuto e pragmático. O fato marca um ponto de reflexão para o futuro dos BRICS: enquanto cresce o desafio de consolidar a expansão com novos membros, os protagonistas históricos adotam posturas mais cautelosas. Com a China e a Rússia ausentes, o compromisso real do bloco será testado: será a cúpula no Rio apenas protocolar ou resultará em avanços concretos? Fontes: India Today, The New Voice of Ukraine, India Today
Novo front russo na Ucrânia: 65 mil soldados posicionados ao longo da fronteira de Sumy

A ofensiva russa avança mais profundamente na região de Sumy, no nordeste da Ucrânia, transformando o que antes era uma zona tampão em uma linha de frente ativa, segundo análises da mídia e do monitoramento militar. Desde janeiro de 2025, tropas russas cruzaram a fronteira em pequenos grupos móveis — muitas vezes em ATVs ou motocicletas — rumo às vilas de Basivka, Novenke, Zhuravka e outras comunidades fronteiriças. O controle russo agora abrange cerca de 100 km² na região, enquanto as forças ucranianas mantêm resistência firme, especialmente em setores estratégicos como Loknyá, Kindrativka e Yunakivka. O presidente Vladimir Putin sinalizou que esse avanço visa criar uma “zona de buffer” a leste de Kursk, protegendo território russo e minando a capacidade ofensiva ucraniana a partir da linha de frente de Sumy. No Fórum Econômico de São Petersburgo, Putin declarou que “toda a Ucrânia é nossa” e indicou a possibilidade de avançar até a cidade de Sumy, embora a captura direta ainda não tenha sido confirmada. As ações russas têm sido metódicas e cumulativas. Em fevereiro, a vila de Basivka foi tomada, seguida por Novenke em março e Kindrativka em junho — todas confirmadas por imagens geolocalizadas e confirmação das autoridades locais. O Instituto para o Estudo da Guerra (ISW) relata que cerca de 62 000 a 65 000 soldados russos, incluindo a 76ª Divisão de Paraquedistas e unidades de Spetsnaz, estão posicionados ao longo da fronteira de Sumy. A resposta ucraniana tem sido combativa. O presidente Volodymyr Zelensky alertou que “mais de 50 000 tropas russas estão mobilizadas” e destacou ações ativas de defesa e contra-ataque, como a captura de prisioneiros perto de Tyotkino, na fronteira com Kursk. Tropas ucranianas utilizam drones, fortificações e artilharia para conter avanços e proteger áreas urbanas, incluindo a cidade de Sumy, onde abrigos antiaéreos foram instalados e parte da população considerou evacuar após ataques de foguetes que deixaram mortos e feridos. Enquanto os combates prosseguem, Moscou intensifica o uso de drones conectados por fibra óptica, capazes de operar nas proximidades de Sumy e Donetsk — um avanço tecnológico destacado como crucial para a ofensiva de maio, a maior desde novembro de 2024. Autoridades locais confirmaram que as forças russas agora controlam um grupo de quatro vilas — Novenke, Basivka, Veselivka e Zhuravka — com combates ainda no entorno de Kindrativka, Vodolaha e Volodymyrivka. A região está sob intensas operações combinadas: artilharia, ataques aéreos, drones e operações terrestres, causando deslocamentos de civis e destruição de infraestrutura. Analistas da OTAN, no entanto, avaliam que, apesar do avanço, não há evidências de preparação para uma ofensiva em larga escala contra a cidade de Sumy, simulando que o objetivo principal continua sendo a consolidação de uma zona tampão. O monitoramento aliado também aponta que a destruição de pontes russas dificultou a capacidade logística de Moscou, retardando possíveis avanços maiores. O comandante local da 117ª Brigada ucraniana, identificado pelo apelido “Beaver“, relata que, apesar dos ataques constantes, as defesas resistem e alertou para a necessidade de preparação permanente contra novas incursões, sobretudo com o uso de drones e guerra eletrônica. No plano humanitário, milhares de civis foram deslocados, especialmente após o bombardeio em abril no centro da cidade, que matou quatro pessoas e feriu outras trinta. As autoridades ucranianas reforçam a urgência de apoio internacional para socorro e resiliência local. Em suma, o que começou como uma zona neutra ao longo da fronteira evoluiu rapidamente para a abertura de um novo front prioritário para Moscou. A pesquisa sugere que o intuito estratégico de Putin é fragilizar as defesas ucranianas e forçar Kiev a redistribuir tropas para o norte, impactando seu esforço de recuperação territorial, especialmente após as ofensivas no sul e leste da Ucrânia. As próximas semanas serão decisivas para saber até onde os russos conseguirão avançar sem deflagrar uma ofensiva em larga escala. No entanto, a criação dessa zona tampão já redefine a geografia militar do conflito, trazendo implicações diretas para a segurança regional e os esforços diplomáticos em curso. Fontes: Kyiv Independent, Reuters, The New Voice of Ukraine
Irã desafia o Ocidente e ameaça retomar programa nuclear sem supervisão

O parlamento iraniano aprovou nesta quarta-feira (25) um projeto de lei que suspende a cooperação do país com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão da ONU responsável pela fiscalização nuclear. A decisão, tomada por unanimidade, ainda depende da aprovação do Conselho de Guardiães, entidade ligada ao Supremo Líder. A medida prevê interromper inspeções, retirar câmeras de vigilância nos locais nucleares e suspender relatórios regulares à AIEA, até que seja garantida “a segurança das instalações nucleares iranianas“, conforme divulgado por fontes parlamentares. O presidente do parlamento, Mohammad Baqer Qalibaf, acusou o órgão de ter comprometido sua credibilidade internacional ao não condenar os ataques israelenses e americanos contra os sítios nucleares de Natanz, Fordow e Isfahan. Os ataques ocorreram nos últimos dias, com mísseis e bombas de precisão lançados por Israel, seguido por bombardeios dos EUA, que afirmaram ter “obliterado” as instalações. No entanto, os dados de inteligência sugerem que os danos teriam sido moderados, atrasando o programa nuclear apenas por alguns meses. AIEA Essa ação do Irã ocorre em meio a um cessar-fogo instável com Israel e à apreensão global provocada pelo episódio. A AIEA, por meio do diretor-geral Rafael Grossi, criticou o escopo reduzido de inspeções e alertou para riscos de proliferação nuclear sem monitoramento externo. Grossi declarou que “é prioridade reintegrar inspetores nas instalações nucleares iranianas para avaliar os estoques de urânio enriquecido“, estimados em cerca de 400 kg com pureza de até 60%, próximo ao nível de armas atômicas. Ele ressaltou que, embora o Irã afirme ter protegido materiais antes dos bombardeios, somente a inspeção presencial pode confirmar essa informação. O Ministério das Relações Exteriores do Irã, por sua vez, alegou que o ambiente após os ataques é hostil e que ajustes “em seu posicionamento em relação ao regime de não-proliferação” serão necessários, mas que não foi definido em que sentido. Especialistas em não proliferação alertam que a suspensão da cooperação ameaça desestabilizar o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), vigente desde 1970 e ratificado pelo Irã em 1970, mas fragilizado por esta decisão. O abandono dos protocolos compromete a capacidade de detectar eventuais desvios de material nuclear, levando a um cenário de incerteza e tensão global. Reações internacionais foram rápidas: a União Europeia, Rússia, China e outros membros do Conselho de Segurança da ONU manifestaram preocupação, afirmando que a retirada da fiscalização representa um “sinal de alerta preocupante” e conclamam ambas as partes a retomar o diálogo. Na OTAN, fontes indicaram que o cessar-fogo com Israel permanece tenso e que o Irã está sendo observado de perto pelos serviços de inteligência ocidentais. O secretário-geral, Mark Rutte, mencionou que o Irã não deve ser autorizado a desenvolver capacidade nuclear ofensiva — meta que os aliados ocidentais vêem como clara. Internamente, o Irã reforçou o discurso patriótico. Houve gritos de “Morte à América” e “Morte a Israel” no parlamento após a votação, segundo vídeos registrados no plenário. O resultado indicou que a meta é clara: avançar mais rápido no programa nuclear civil, sob proteção ampliada. A AIEA, por sua vez, debate no momento se irá acionar o procedimento para restaurar sanções da ONU, que foram suspensas após o acordo de 2015 (JCPOA). O órgão já havia adotado uma resolução contra o Irã por descumprimento das obrigações há semanas. Este giro marca um ponto crítico na crise nuclear iraniana. O Irã avança com seu programa com menos fiscalização externa, aumentando as tensões internacionais e colocando em xeque a arquitetura global de não proliferação. O cenário permanece incerto, mas a lição é clara: a desconfiança mútua elevou o risco de descontrole nuclear, exigindo respostas diplomáticas urgentes — ou o mundo poderá enfrentar uma nova era de insegurança nuclear. Fontes: TIME, Reuters e Investing
EUA passarão a monitorar redes sociais de candidatos a visto de estudante

Nesta quarta-feira (25), a Embaixada dos EUA no Brasil anunciou a ampliação da triagem e da verificação de indivíduos que solicitarem o visto de estudante para o ingresso no país, o que incluirá o monitoramento de perfis em redes sociais. No comunicado, é informado que o Departamento de Estado está comprometido em proteger a nação americana e seus cidadãos. E que o processo de concessão de vistos estudantis exigirá padrões de segurança nacional e pública mais altos. “Obter um visto para os EUA é um privilégio, não um direito.” Citação retirada do comunicado da Embaixada e Consulados dos EUA no Brasil Segundo o comunicado, quem quiser obter o visto de estudante deverá configurar seus perfis, em plataformas de mídias sociais, no modo aberto ao público, com o intuito de poderem ser verificados de forma “abrangente e minuciosa“. A decisão é válida para solicitações de vistos estudantis nas categorias F, M e J: F: visto de estudante com pretensão de estudos em instituições acadêmicas, tais como universidades e faculdades. M: visto de estudante com pretensão de estudos em instituições vocacionais ou não acadêmicas. J: visto de estudante para participação de programas de intercâmbios educacionais ou culturais, incluindo professores, estagiários e pesquisadores. “Utilizamos todas as informações disponíveis durante a triagem e verificação de vistos para identificar solicitantes inadmissíveis aos EUA, especialmente aqueles que representam uma ameaça à segurança nacional. (…) Para viabilizar essa verificação, todos os solicitantes de visto de estudante (F, M e J) deverão ajustar as configurações de privacidade de seus perfis de mídias sociais para o modo ‘público’” E finaliza comunicando que cada decisão sobre a concessão de visto é, acima de tudo, uma decisão de segurança nacional. E que todos os solicitantes devem comprovar de forma credível sua elegibilidade para o tipo de visto solicitado, o que inclui a intenção de participar, exclusivamente, de atividades compatíveis com os termos de admissão. O comunicado na íntegra pode ser acessado aqui. Fonte: usembassy.gov
Espanha diz que elevar gastos com defesa para 5% é “irracional”

Na última quinta-feira (19), o governo espanhol afirmou não poder se comprometer com um percentual específico de gastos com defesa a ser firmado hoje, no encontro dos membros em Haia, na Holanda. A recusa foi informada em carta endereçada ao secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, assinada pelo primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez. “O compromisso de 5% do PIB não é apenas irracional, mas também contraproducente“, afirmou Sánchez, explicando que a iniciativa “distanciaria a Espanha do investimento eficiente” e “seria incompatível com a visão de mundo” do país. O líder espanhol reafirmou o “comprometimento integral da Espanha com a OTAN“, mas defendeu uma “fórmula mais flexível” de atingir os objetivos de investimento. Em 2024, a Espanha foi o membro da aliança que menos gastou em defesa e segurança, direcionando menos de 2% de seu PIB para despesas do tipo. A reunião dos países-membros foi iniciada ontem (24) e será nesta quarta, 25 de junho. Em breve comunicado, os membros reforçaram seu comprometimento com a “defesa coletiva“, destacaram a “ameaça russa de longo prazo à segurança euro-atlântica” e lembraram que “a defesa da Ucrânia contribui para a defesa da OTAN“. Ao tratar do compromisso de incremento de despesas até 5% do PIB, o comunicado menciona somente “membros“, e não “todos os membros“. Fontes: Associated Press e El Pais
Pentágono admite: bombardeios atrasaram, mas não destroem programa nuclear iraniano

Um relatório preliminar da Defense Intelligence Agency (DIA), braço de inteligência do Pentágono, revela que os ataques americanos às instalações nucleares iranianas — Fordow, Natanz e Isfahan — não conseguiram eliminar o programa atômico de Teerã. Segundo a avaliação, os bombardeios atrasaram o cronograma nuclear do Irã apenas por alguns meses, diferentemente das afirmações oficiais de completa destruição, como dito por Trump, JD Vance e Pete Hegseth. De acordo com fontes familiarizadas com o relatório confidencial, o Irã foi capaz de remover estoques de urânio altamente enriquecido antes dos ataques. Além disso, as centrífugas em Natanz e Isfahan permanecem “em grande parte intactas”. Em Fordow, apenas as entradas foram comprometidas, sem danos significativos às estruturas subterrâneas. O documento indica que as operações militares atrasaram parcialmente o programa, mas deixam intacta a capacidade técnica de retomada após algumas semanas de recuperação. O impacto da bomba especializada GBU‑57 Massive Ordnance Penetrator, usada pelos bombardeiros B‑2, parece ter sido limitado. Apesar de terem atingido instalações profundas, a espessa estrutura de concreto reforçado sobre Fordow pode ter reduzido a eficácia das armas anti-bunker. A Casa Branca rejeitou veementemente as conclusões do DIA, classificando o vazamento como “completamente errado” e motivado por interesses políticos. A secretária de imprensa Karoline Leavitt afirmou que as bombas detonadas “arrasaram completamente” os locais iranianos, desqualificando a avaliação como um “ataque infundado” contra pilotos e a missão militar. O presidente Donald Trump e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, reafirmaram a narrativa de sucesso total. Trump afirmou que os alvos haviam sido completamente destruídos e que o Irã jamais se recuperaria. Netanyahu, por sua vez, definiu a operação como uma vitória histórica e reforçou que o programa nuclear iraniano foi neutralizado por enquanto. A situação gerou tensão política. Uma audiência no Congresso, prevista para ontem, foi adiada, alimentando especulações de que o governo buscava evitar explicações embaraçosas. O senador Chuck Schumer e o deputado Hakeem Jeffries exigiram transparência, cobrando informações detalhadas sobre os danos reais, citando o atraso como possível desculpa para encobrir falhas. Especialistas em não proliferação atômica destacam que ataques aéreos isolados dificilmente são suficientes para desmantelar um programa nuclear espalhado por múltiplas instalações. A agência internacional IAEA já estimou haver cerca de 30 pontos de enriquecimento no Irã, incluindo um novo complexo subterrâneo em construção próximo a Natanz, fora do alcance dos bombardeios. Esse cenário coloca em xeque a estratégia militar adotada. Enquanto os EUA proclamam vitória absoluta, os analistas apontam que o país perdeu, no máximo, alguns meses no desenvolvimento nuclear iraniano. A necessidade de operação terrestre, com custos altos e riscos elevados, se torna evidente caso a meta seja eliminar toda a infraestrutura. O governo iraniano declarou que retomará o enriquecimento de urânio sem interrupção e que construirá novas instalações subterrâneas. No domingo, parlamentares iranianos aprovaram fechar o Estreito de Ormuz caso mais ataques sejam feitos, movimento que pode impactar significativamente o mercado global de energia. A conclusão inicial do relatório do DIA deverá provocar debates intensos no Congresso norte-americano sobre autorização e a veracidade das informações divulgadas na mídia. Enquanto isso, o DIA continua analisando outras fontes de inteligência, e o cenário permanece volátil. A escalada diplomática e militar segue sob os holofotes, com futuras estratégias de contenção ou confronto nas mãos da Casa Branca e aliados. Fontes: CNN e Washington Post
Alemanha anuncia salto histórico nos gastos de defesa e infraestrutura para frear ameaça russa

A Alemanha anunciou nesta terça-feira (24) um orçamento robusto — de €115,7 bilhões em investimentos para 2025, com previsão de alcançar €123,6 bilhões em 2026 — destinado a impulsionar a economia e reforçar a defesa nacional. O plano, aprovado pelo gabinete do chanceler Friedrich Merz e anunciado pelo ministro das Finanças Lars Klingbeil, representa uma guinada estratégica após dois anos de estagnação econômica. O aspecto mais notável do orçamento é a elevação dos gastos militares para 3,5 % do Produto Interno Bruto até 2029, acelerando impulsos históricos no Arsenal da República. O orçamento militar passará de €95 bilhões em 2025 para cerca de €153 bilhões em 2029. A iniciativa busca cumprir futuras metas da OTAN, que planeja elevar o patamar mínimo de compensações militares para cerca de 5 % do PIB (3,5 % em Defesa convencional e 1,5 % em infraestrutura de uso civil e segurança cibernética). Klingbeil defendeu a mudança como “uma virada de paradigma” — equivalente a assumir responsabilidade frente à deterioração global de segurança e pressão por parte dos EUA e da OTAN. Ele ressaltou que os recursos serão aplicados com rigor, priorizando eficiência e cooperação na aquisição de equipamentos junto a parceiros europeus. Esse salto substancial só foi possível graças à flexibilização da “frenagem do endividamento” alemã, regra constitucional que previamente limitava o déficit público. A mudança, aprovada em março, permite empréstimos expressivos para despesas militares acima de 1% do PIB e para um fundo de €500 bilhões destinado à infraestrutura. O endividamento adicional programado entre 2025 e 2029 chega a €847 bilhões — o que reflete a ampliação decisiva do escopo fiscal do Estado. A previsão é de que os juros decorrentes desses créditos avancem significativamente nos próximos anos, alcançando impacto fiscal expressivo, embora a equipe econômica confie que o investimento gerará retorno sustentável. A decisão não se limita ao rearmamento. Um fundo de €500 bilhões em infraestrutura será empregado ao longo de 12 anos, voltado à modernização de rodovias, ferrovias, pontes, redes de energia e tecnologia — inclusive para proteção contra ameaças digitais. A medida tem como meta estimular o crescimento econômico, corrigir deficiências históricas e preparar o país para cenários de crise. Na arena geopolítica, o direcionamento da Defesa também atende à urgência trazida pela guerra na Ucrânia e à instabilidade causada pela Rússia, bem como à crescente pressão dos EUA por parte do presidente Donald Trump, que pressiona os aliados da OTAN a concentrarem 5 % do PIB em gastos militares. O pacote foi apresentado justamente antes da reunião da OTAN em Haia, onde líderes devem apoiar oficialmente a meta de 5% do PIB em defesa. A proposta pretende assegurar que os Estados Unidos não cancelem o apoio à articulação transatlântica, enquanto enfrentam custos geopolíticos, desde a guerra na Ucrânia até possíveis choques com o Irã. O secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, enfatizou a necessidade de ação e saudou o empenho alemão. A Espanha abriu exceção, não se comprometendo com a meta, mas a maioria das nações se compromete a seguir a proposta. Apesar do otimismo oficial, analistas apontam riscos: o uso maciço de crédito público pode elevar juros, agravar a dívida e reduzir espaço para políticas sociais e fiscais futuras. Além disso, a manutenção de crescimento após o impulso dependerá de reformas mais profundas, como estímulo à indústria, vantagem fiscal e aprimoramento institucional. Para o economista Salomon Fiedler, do Berenberg Bank, investimentos e reformas devem ocorrer em paralelo: “Se não houver reformas significativas, a economia pode cair novamente depois do impulso“. Com este orçamento ambicioso, a Alemanha tenta corrigir décadas de subinvestimento e responder a uma conjuntura internacional volátil. Resta ver se a estratégia será bem executada — e se os custos de endividamento não comprometerão o crescimento a longo prazo. Fontes: New York Times, Politico, Reuters
As crianças de Moçambique: escravizadas, treinadas e forçadas a matar

Nesta terça (24), a Human Rights Watch, ONG internacional dedicada à defesa e promoção dos direitos humanos, divulgou um alerta informando que cerca de 120 crianças ou mais foram sequestradas em Cabo Delgado, norte de Moçambique, pelo grupo terrorista e jihadista Al-Shabab, ligado ao Estado Islâmico. As crianças estariam sendo usadas para o transporte de bens saqueados, trabalhos forçados, e em alguns casos, como crianças-soldado ou forçadas a se casarem. Desde 2017, Moçambique tem lutado contra uma insurgência islâmica em Cabo Delgado e conta com o auxílio de tropas da África do Sul, Ruanda e outros países vizinhos. Em 2020, extremistas jihadistas islâmicos, realizaram um ataque que resultou em mais de 50 decapitações, incluindo de crianças, mulheres sequestradas, aldeias saqueadas e incendiadas, na mesma região. Testemunhas afirmam que crianças sequestradas foram utilizadas em ataques posteriores. A ONU estima que o conflito na região já tenha deslocado mais de 600 mil pessoas e que já se espalhou para províncias vizinhas. “Nos últimos dias, 120 ou mais crianças foram sequestradas“, disse Abudo Gafuro, diretor executivo da Kwendeleya, uma organização nacional que monitora ataques e fornece apoio às vítimas. Quando os combatentes do Al-Shabab “entram ou atacam determinadas áreas, tendem a sequestrar crianças“, disse Augusta Iaquite, coordenadora da Associação de Mulheres em Carreiras Jurídicas em Cabo Delgado. “Eles os levam para treiná-los e depois os transformam em seus próprios combatentes.“ “O governo de Moçambique precisa tomar medidas concretas para proteger as crianças e impedir que grupos armados as usem como ferramentas de conflito“, disse Budoo-Scholtz, vice-diretor da Human Rights Watch para a África. Fonte: HRW, APNews
A região mais volátil do mundo para conflitos armados

Um novo relatório do Global Peace Index 2025 revela que a África Subsaariana tornou-se a região mais volátil do mundo em termos de conflitos armados. Segundo o Instituto de Economia e Paz (IEP), mais da metade dos 44 países africanos avaliados teve piora nos indicadores de militarização. Isso se deve ao aumento dos orçamentos de defesa, envolvimento em conflitos transfronteiriços e à queda drástica nos investimentos em construção da paz. Conflitos em países como República Democrática do Congo, Sudão do Sul, Etiópia e Burkina Faso estão entre os mais propensos a escalarem globalmente. Esses países compartilham diversos fatores de risco, como fragilidade estatal, instabilidade política, presença de milícias e influência estrangeira. As tensões no Sahel, por exemplo, têm sido reinterpretadas como jihadistas, o que atrai apoio externo e armamento, agravando os confrontos. A militarização vem crescendo: 23 países aumentaram o gasto militar em proporção ao PIB. Burkina Faso e Mali romperam com a CEDEAO e reforçaram parcerias com a Rússia e a nova Aliança dos Estados do Sahel, gerando acusações de violações de direitos humanos e repressão à sociedade civil. Observa-se uma mudança de influência ocidental (EUA e França) para potências como Rússia e China, especialmente na área econômica. Além disso, tropas africanas estão sendo cada vez mais enviadas ao exterior em nome das missões de paz, mas especialistas alertam que essa projeção militar pode ocultar interesses estratégicos. Exemplo disso é Ruanda, com presença militar em Moçambique, República Centro-Africana e Benim. A RDC superou o Afeganistão como o quarto país menos pacífico do mundo, devido à atuação do grupo M23, à interferência externa (inclusive com denúncias contra Ruanda) e ao fracasso dos esforços regionais de paz. Já o Sudão vive um colapso humanitário após o conflito entre as Forças Armadas e as Forças de Apoio Rápido. Apesar do aumento militar, os investimentos globais em construção da paz representam apenas 0,52% dos gastos com defesa, uma queda de 26% desde 2008. A crise da dívida africana compromete ainda mais a capacidade dos Estados em investir em programas sociais, juventude e reconciliação. O relatório conclui que a paz global vem se deteriorando nos últimos 17 anos, sendo a África responsável por parcela crescente desse declínio. O IEP apela por um retorno ao conceito de “Paz Positiva”, baseada em governança eficaz, acesso à informação e fortalecimento do capital humano. Fonte: The Africa Report
Ataque russo contra Kiev mata 7 pessoas

Um intenso ataque russo envolvendo mísseis e drones atingiu diversos distritos de Kiev durante a madrugada, causando ao menos sete mortes e dezenas de feridos. Os disparos destruíram a entrada de um prédio residencial na área de Shevchenkivskyi, onde moradores ficaram presos sob os escombros. Incêndios e destruição também ocuparam outras seis zonas da capital, atingindo até saídas de metrô usadas como abrigos, segundo autoridades ucranianas. No subúrbio, uma mulher de 68 anos foi morta e oito pessoas ficaram feridas. Com sirenes ativadas em toda a cidade, equipes de resgate trabalharam freneticamente no resgate de uma gestante e outros civis soterrados. Autoridades ucranianas criticaram veementemente a Rússia por atacar áreas densamente povoadas, acusando-a de “mirar onde há civis“. Desde o início da guerra, em fevereiro de 2022, o número de vítimas civis em Kiev já ultrapassa centenas, e este ataque se soma a uma longa sequência de bombardeios que têm provocado destruição sistemática e elevado o temor da população. O ataque russo realizado nesta noite, segundo o Ministério da Defesa da Ucrânia, envolveu 352 drones e 16 mísseis, dos quais 146 drones Shahed foram interceptados e vários mísseis balísticos neutralizados. Ucrânia ainda mantém presença em Kursk. Enquanto a Rússia intensifica os ataques contra a Ucrânia, forças ucranianas ainda mantêm uma presença militar na região russa de Kursk. O comandante‑chefe ucraniano, Oleksandr Syrskyi, disse que cerca de 10 000 soldados russos estão engajados naquele setor, onde os ucranianos ainda controlam aproximadamente 90 km². Essa operação, iniciada em 6 de agosto de 2024, sinalizou uma mudança de estratégia por parte de Kiev: ocupar território russo para criar uma zona tampão, reduzir pressão sobre o leste ucraniano e atrapalhar o planejamento militar de Moscou. Apesar dos relatos russos de expulsão das tropas ucranianas, a Ucrânia afirma manter posições avançadas na região e continuar as ofensivas pressionando a fronteira. O movimento atraiu reforços russos — estimados entre 30 000 a 50 000 soldados, incluindo tropas da Coreia do Norte — que ajudaram na expulsão dos soldados ucranianos em pontos estratégicos com uso intensivo de drones e artilharia, segundo relatórios. A Rússia reivindicou vitória, mas Kiev contesta e ressalta que sua incursão obrigou Moscou a desviar tropas do front ucraniano. O ataque massivo a Kiev reforça duas preocupações centrais: a vulnerabilidade urbana diante da artilharia russa e a dependência de defesa aérea limitada. A presença ucraniana em Kursk também complica futuros eventuais cessar-fogos, pois agora qualquer acordo precisará lidar com questões de soberania e retirada obrigatória, enquanto Kiev reforça sua posição nas negociações. Com o conflito adentrando o quarto ano, tanto Ucrânia como Rússia demonstram determinação. No entanto, também deslizam perigosamente em um terreno onde a escalada da violência sem contrapartida diplomática ampliará os danos humanitários e arrastará a Europa para a iminência de um conflito continental mais profundo. Fontes: Reuters, BBC, BBC