The Economist: Lula sem aliados fortes no exterior e com rejeição em casa

No último domingo (29), a famosa revista britânica “The Economist”, que possui considerável visibilidade internacional, publicou um editorial com foco no presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e suas atuações. O artigo começa citando que o presidente Lula vive um momento delicado, tentando recuperar o protagonismo internacional, porém o que se observa é que o mesmo está cada vez mais isolado — tanto no exterior quanto dentro do próprio país. Comenta que o Brasil se posicionou contra os EUA após ataques ao Irã, rompendo com a linha diplomática de outras democracias ocidentais. O que reforça a imagem de que o Brasil, ao se alinhar a regimes como Irã, Rússia e China dentro dos BRICS, está se afastando do Ocidente. Em seguida, diz que Lula tenta se desvencilhar promovendo temas menos polêmicos na cúpula dos BRICS e evitando bater de frente com os americanos, especialmente com o presidente Trump, com quem nem sequer se encontrou. Enquanto isso, aproxima-se de Xi Jinping e busca expandir mercados na Europa e na Ásia. Mas os voos diplomáticos não têm rendido frutos sólidos: nem Putin o levou a sério quando ele se ofereceu como mediador da guerra na Ucrânia. Reforça que, na vizinhança — América Latina — a situação também é tensa. Lula não fala com o presidente da Argentina, se isolou após apoiar Maduro e ignora a tragédia no Haiti. O editorial afirma que seu papel de liderança na América Latina é “despreparado ou incapaz“. O artigo cita que, no front interno, o cenário é igualmente turbulento. Com popularidade em queda (apenas 28% aprovam seu governo), Lula enfrenta um Congresso que já começa a desafiá-lo abertamente, como no caso da rejeição de seu decreto de novos impostos — algo inédito em mais de três décadas — e que, enquanto isso, a direita se reorganiza. Mostra que o Brasil possui um déficit bilionário na balança comercial com os EUA, de cerca de $30 bilhões anuais — algo que agrada Trump. Cita que o Brasil parece hoje um ator coadjuvante, se mostrando “relativamente distante e inerte geopoliticamente“. Finaliza dizendo que Lula talvez precise descer do palco internacional e voltar os olhos para os problemas do próprio quintal.
Políticas de Trump ameaçam segurança alimentar dos EUA

O arrocho migratório implementado por Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, vem causando severos impactos na agricultura americana. Em algumas regiões da Califórnia, reportou a Reuters, mais da metade dos trabalhadores do setor já não comparece mais ao trabalho com medo das batidas do ICE, o Serviço de Imigração e Controle de Alfândega dos Estados Unidos. “Se eles forem ao trabalho, não sabem se verão suas famílias novamente“, afirmou um imigrante. As preocupações são ecoadas também por empresários do setor. “Se 70% da sua força de trabalho não aparece para trabalhar, 70% da sua plantação não vai ser colhida, e vai acabar estragando“, disse uma agricultora do condado de Ventura, comentando que “a maioria dos americanos não tem interesse nesse tipo de trabalho“, ela disse temer que muitos agricultores não consigam fechar as contas e quebrem. “É impossível tocar um negócio quando seus trabalhadores estão nesse nível de trauma“, comentou Rebbeca Shi, CEO da American Business Immigration Coaliton. A situação se repete pela Califórnia e mesmo em outros estados, com gerentes e empresários reportando casos em que equipes de 300 pessoas tentam dar conta do serviço com apenas 80 trabalhadores. Parcela significativa – próxima a 50% – dos trabalhadores rurais nos EUA é composta por imigrantes ilegais, e retirá-los do trabalho teria, segundo economistas e pesquisadores, efeitos disruptivos sobre as cadeias de suprimento e a segurança alimentar dos americanos. “Quando há uma investida do ICE, ela atrasa a produção, aumenta os custos e dificulta o planejamento“, lamentou Patrick Murphy, executivo do setor na Flórida. “Sequer sabemos como serão as regras no mês que vem.” O temor das operações do controle de fronteiras impacta até mesmo imigrantes legais. “Ninguém se sente seguro quando escuta a palavra ‘ICE’, nem mesmo aqueles com a documentação em dia“. Em post recente em sua rede social, Trump comentou a questão e admitiu preocupação com o impacto que as ações do ICE podem gerar. “Estão levando trabalhadores muito bons e muito antigos. Eles não são cidadãos, mas são ótimos“. O presidente prometeu mudanças para remediar a situação, mas nenhuma medida foi tomada até este momento. Fonte: reuters, abcnews
Cessar-fogo entre Congo e Ruanda mediado por EUA entra em vigor

O governo da República Democrática do Congo (RDC) e Ruanda chegaram a um acordo pós-conflito que estabelece uma trégua e o retorno de refugiados, mas especialistas e ativistas alertam que existe o risco real de transformar a guerra em exploração de recursos naturais. O documento, divulgado recentemente e analisado por especialistas, inclui cláusulas para desmilitarização de certas regiões no leste da RDC, repatriação de populações deslocadas e reorganização de forças armadas na província de Kivu. No entanto, a falta de garantias ambientais, sociais e econômicas levanta preocupação diante da histórica riqueza mineral da região. Pela carta, os grupos de resistência congoleses devem ser integrados às forças armadas (FARDC), enquanto as tropas ruandesas se retirarão gradualmente. O pacto prevê monitoramento por uma força neutra da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral e da União Africana. Embora o cessar-fogo tenha reduzido confrontos diretos, a estabilidade ainda é frágil e dependerá da implementação eficiente das cláusulas. A região oriental da RDC é estratégica devido a recursos como ouro, coltan, estanho e cobalto — minerais vitais para tecnologias modernas. Especialistas destacam que a reconstrução pós-conflito muitas vezes serve de porta de entrada para corporações e governos estrangeiros em busca de concessões. “Sem salvaguardas claras, essa ‘paz em troca de exploração’ pode abrir espaço para que atores externos se apoderem dos lucros sem beneficiar a população local”, alertou a pesquisadora Marie N’Doumba. O filósofo e analista congolês Jean-Marc Tshonda reforça a crítica: “O acordo abstrai o contexto econômico. A mineração sempre foi fonte de conflito — se não houver controle social, a violência será apenas substituída pelo extrativismo predatório”. Organizações civis apontam que a inclusão de regulamentações ambientais e sociais foi mínima. Embora exista menção à reparação e reintegração de populações, não há mecanismos robustos de supervisão ou módulos fiscais para garantir que a renda permaneça no país. O uso de pequenas empresas locais como guardas comunitárias foi proposto, mas carece de amparo legal ou financeiro. Representantes do governo ruandês disseram à imprensa que a retirada das forças militares busca criar condições de confiança mútua e permitir que a RDC retome sua soberania sobre o território e seus recursos. Já Kinshasa ressaltou que o acordo é uma primeira etapa, e que os detalhes de implementação — como a distribuição de títulos de exploração e medidas de governança — devem ser negociados em fóruns técnicos multilaterais com apoio financeiro de parceiros internacionais. A ONU manifestou apoio, classificando o acordo como “oportunidade histórica de restauração da paz e reestruturação econômica”. Porém, também expressaram cautela, vinculando evolução a compromissos claros com direitos humanos, transparência e combate à corrupção. Fato preocupante é a autonomia limitada dos governos locais em Kivu: prefeitos e administrativos ainda dependem de decisões tomadas em Kinshasa ou Kigali, o que pode comprometer o monitoramento em campo. Pesquisas da International Crisis Group e Human Rights Watch já documentaram violações nos campos de refugiados que ainda permanecem ativos, com denúncias de violência sexual e abandono. O arcabouço internacional incluiu um fundo de transição orçado em US$ 500 milhões, sob supervisão da SADC e da UA, destinado à integridade das operações de limpeza, reintegração e gestão sustentável dos recursos. Contudo, fontes diplomáticas afirmam que a liberação do fundo dependerá de relatórios trimestrais e auditorias, cujo mecanismo de aplicação ainda está em definição. Para a população local, esse acordo é uma via de esperança, mas também de incertezas. A paz sem controle, fiscalização e justiça social corre o risco de se transformar em exploração disfarçada de desenvolvimento. O momento tornou-se simbólico não apenas para a RDC e Ruanda, mas para toda a África, refletindo a tensão entre restauração da ordem e equidade econômica num continente rico em recursos naturais. Fonte: Al Jazeera, BBC
Suprema Corte dos EUA autoriza Carolina do Sul a cortar verba da Planned Parenthood

A Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu na quinta-feira (26) permitir que a Carolina do Sul, governada por republicanos, retire a Planned Parenthood do programa de saúde pública Medicaid. A decisão, por maioria conservadora, anulou uma ordem de tribunais inferiores que protegia o repasse de recursos à entidade. A Planned Parenthood, organização sem fins lucrativos, oferece serviços de saúde como exames de câncer e contracepção, mas também realiza abortos, o que gerou oposição de líderes republicanos no estado. Desde que a Suprema Corte derrubou a decisão Roe v. Wade, em 2022, vários estados passaram a restringir o aborto e a Planned Parenthood se tornou alvo de cortes de financiamento público. No caso da Carolina do Sul, o governador republicano Henry McMaster já havia determinado em 2017 que clínicas que ofereçam aborto não poderiam receber dinheiro do Medicaid, programa destinado a pessoas de baixa renda. Uma paciente atendida pela Planned Parenthood e a própria organização entraram na Justiça para tentar reverter a medida, alegando direito de escolher livremente o provedor médico. Após idas e vindas judiciais, a Suprema Corte agora decidiu a favor do estado, reforçando o direito dos governos estaduais de excluir provedores de aborto do financiamento público. Fonte: Al Jazeera
O jogo duplo da França: discurso sustentável, boicote por trás

Diversos estados-membros da União Europeia têm demonstrado desconforto com o que consideram “estratégias” do governo francês para atrasar as metas de sustentabilidade do bloco. A intenção de Paris seria propor, no próximo encontro de líderes do bloco, a separação da busca pelos objetivos firmados para 2035 e 2040. Segundo altos servidores do bloco, um pequeno grupo de países apoia as iniciativas, defendendo que primeiro devem ser tratados os objetivos de 2035, para então iniciar a discussão envolvendo as metas de 2040. Hungria e Polônia – esta a proponente inicial da ideia – estariam no grupo, mas, nas palavras do oficial, “La France lidera“. O debate gira em torno de objetivos previstos em normativos distintos. As metas para 2035 constam do Acordo de Paris, em que a ONU exige que, até setembro deste ano, os signatários apresentem seus alvos. Em momentos anteriores, o valor discutido na UE para este período girou em torno de 72,5% de redução de emissões. Por sua vez, os objetivos para 2040 estão previstos na Lei Europeia do Clima, cujo objetivo é levar o bloco à neutralidade climática até 2050. Pela lei, a UE deve apresentar metas para cada década, indicando o caminho até o chamado “net-zero“. Para 2040, a Comissão Europeia, braço executivo do bloco, pretende apresentar como meta a redução de 90%. Oficiais franceses, entre eles o ministro para Transição Ecológica e o representante oficial em Bruxelas, se apressaram a negar as acusações. “Desmembrar as metas de 2024 e 2025 não é o nosso objetivo“, afirmou o ministério da Ecologia. “Antes de correr para uma nova meta, vamos detalhar como atingi-la e dar suporte aos nossos agentes econômicos“, disse Benjamin Haddad, ministro francês para a Europa. As questões climáticas e seus reflexos na economia do bloco vêm se tornando um ponto cada vez mais contencioso para a UE. A mudança da composição do parlamento após as últimas eleições, com a ascensão de partidos à direita do espectro político, forçou a liderança do bloco a rever posições e fazer concessões. “A única coisa que Macron vai conseguir propondo o desmembramento no próximo encontro é fazer a UE parecer dividida“, lamentou um oficial. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, vem sofrendo ataques de ambos os lados, ora por privilegiar os objetivos sustentáveis previstos no “Green Deal“, ora por flexibilizá-los. A discussão em torno de manter ou desmembrar as metas vai na esteira dessa divisão. Fontes: Politico Europe, The New York Times
Aliança militar: Rússia receberá mais 6 mil soldados norte-coreanos

A Coreia do Norte planeja enviar um novo contingente de cerca de 6.000 soldados — incluindo 1.000 engenheiros de combate e 5.000 militares para reconstrução e desminagem — à região de Kursk, na Rússia, já em julho ou agosto de 2025, segundo relatórios desta quinta-feira (27), atribuindo a informação ao Serviço Nacional de Inteligência da Coreia do Sul (NIS). A movimentação acompanha o aprofundamento da aliança militar entre Pyongyang e Moscou, formalizada por um pacto de defesa mútua assinado em junho de 2024. Desde o final de 2024 e início de 2025, estima-se que a Coreia do Norte já enviou entre 10.000 e 12.000 tropas para a fronteira entre Rússia e Ucrânia, mais especificamente na região de Kursk. Em contrapartida, Moscou fornece armamento — mísseis, artilharia e tecnologia para satélites e orientação de foguetes —, além de apoio técnico à produção militar norte-coreana. A cooperação tem sido construída em bases sólidas: em junho de 2024, Putin e Kim Jong Un selaram o Tratado de Parceria Estratégica Abrangente, prevendo apoio recíproco em caso de conflito. Desde então, militares norte-coreanos lutam lado a lado com tropas russas na linha de frente, contando com suporte de drones e operações combinadas. Em abril, Pyongyang reconheceu oficialmente o envio de soldados para apoiar a retomada de Kursk, elogiando seu “heroísmo“, enquanto Moscou exaltava a determinação dos combatentes norte-coreanos. O revezamento de tropas tem sido intenso, com estimativas de até 4.700 militares mortos ou feridos somente entre janeiro e março, segundo dados da Coreia do Sul. Embora o novo grupo que será enviado em julho/agosto tenha perfil técnico — engenheiros e especialistas em desminagem —, o NIS destacou que eles atuam em território russo, e não em solo ucraniano. Ao mesmo tempo, o aprofundamento dessa colaboração preocupa aliados ocidentais, que alertam para a possibilidade de transferência de tecnologia nuclear, cibernética e de mísseis em troca do apoio militar. Além das tropas, o mundo mantém atenções voltadas para o uso de tecnologia russa — satélites e sistemas de orientação — fornecidos a Pyongyang em contrapartida ao envio de armas e munições a Moscou. Essa dinâmica é parte de uma aliança crescente que afeta não apenas o equilíbrio na guerra da Ucrânia, mas também pode repercutir em toda a Ásia Oriental e no programa nuclear norte-coreano. Tropas norte-coreanas em combate no ano passado Em meados de 2024, surgiram os primeiros indícios de que soldados da Coreia do Norte estavam combatendo junto às forças russas na região de Kursk. Inicialmente, estimou-se o envio de 10.000 a 12.000 combatentes, com operações significativas organizadas por especialistas do Exército russo, inclusive a formação do chamado “Storm Corps“. Durante o inverno de 2024, a BBC e a imprensa ocidental afirmaram que cerca de 11.000 soldados norte-coreanos estavam em Kursk, participando das ofensivas para retomar territórios ocupados pela Ucrânia. As tropas sofreram pesadas baixas devido ao uso de táticas obsoletas e resistência ucraniana reforçada por drones — estimando-se entre 4.000 e 6.000 baixas em poucos meses, embora as informações não tenham sido confirmadas por Rússia ou Coreia do Norte. A presença dessas tropas representou um marco significativo: foi a primeira vez que a Coreia do Norte reconheceu oficialmente sua intervenção militar em conflito estrangeiro desde a Guerra da Coreia, sinalizando uma estratégia de internacionalização de confrontos. Kiev afirmou que Moscou dependeu desse contingente para compensar sua carência de soldados, e as grandes perdas entre os norte-coreanos evidenciaram tanto a determinação quanto os limites de sua intervenção. O envio antecipado de tropas norte-coreanas em 2024, seguido pela nova leva de pessoal técnico agora em 2025, demonstra uma escalada sistemática entre Pyongyang e Moscou. A crescente participação da Coreia do Norte na guerra da Ucrânia não apenas intensifica o conflito, mas também provoca repercussões geopolíticas em várias regiões, da Europa ao Pacífico, reforçando a importância de vigilância internacional sobre os próximos passos dessa aliança militar. Fontes: AP, Wall Street Journal e Kyiv Independent
Sem acesso ao Ocidente, turistas russos devem passar férias em resort de Kim Jong Un

Coreia do Norte de olho em turistas russos para novo resort de praia, diz Seul. O resort deve abrir para visitantes domésticos em 1º de julho, disse a Agência Central de Notícias da Coreia. Em mais um movimento que escancara o aprofundamento dos laços entre Pyongyang e Moscou, a Coreia do Norte pretende abrir seu recém-concluído resort na zona costeira de Wonsan-Kalma, primeiro para visitantes domésticos e, em seguida, para turistas russos. A informação foi confirmada por autoridades sul-coreanas e sinaliza uma tentativa de Kim Jong Un de faturar em moeda estrangeira, driblando parte das restrições impostas por sanções internacionais. O megacomplexo turístico, capaz de abrigar até 20 mil hóspedes em hotéis e pousadas, foi apresentado à mídia estatal norte-coreana com pompa, em cerimônia na presença do próprio Kim Jong Un e de representantes da embaixada russa, convidados de honra. Não se trata de acaso: desde que a Coreia do Norte forneceu apoio militar à Rússia na guerra contra a Ucrânia, os dois regimes têm se aproximado de forma inédita, e a colaboração russa parece ter sido crucial para destravar as obras paralisadas do resort, retomadas apenas neste ano após anos de abandono e sanções sufocantes. Embora as autoridades de Seul admitam que o turismo individual, pago diretamente pelos visitantes, não infringe as sanções da ONU, qualquer operação que envolva transferências volumosas de recursos ou joint ventures com o regime de Kim pode, sim, violar restrições internacionais. Ainda assim, a presença destacada do embaixador russo na inauguração do resort levanta dúvidas sobre se haverá repasses ocultos de valores ao governo norte-coreano, potencialmente mascarados como pacotes turísticos de luxo. A Resolução 2270 do Conselho de Segurança da ONU proíbe a transferência de dinheiro em massa para a Coreia do Norte, e a Resolução 2375 proíbe todos os estados membros da ONU de criar novas joint ventures com entidades ou indivíduos norte-coreanos. O objetivo de Kim Jong Un é claro: aproveitar ao máximo a demanda russa, num momento em que Moscou busca parceiros dispostos a romper o cerco ocidental. Para a Coreia do Norte, a oportunidade é duplamente estratégica: além de gerar receitas em moeda forte, consolida a aliança militar e diplomática com Vladimir Putin, algo que incomoda o Ocidente e ameaça redesenhar o equilíbrio de forças no Pacífico. Apesar da retórica otimista de Pyongyang, analistas apontam que o fluxo real de turistas será limitado pela infraestrutura precária e pelas restrições logísticas — estima-se que, no máximo, 170 passageiros por dia possam chegar via Pyongyang a partir de Vladivostok, na Rússia. Ainda assim, o regime norte-coreano sinaliza estar disposto a apostar tudo nesse nicho russo, transformando a costa de Wonsan-Kalma em vitrine de uma aliança que pode ter consequências muito maiores do que meros banhos de mar. Fonte: www.straitstimes.com
Comoção global: bebê iraniano entra em coma após agressão brutal em aeroporto russo

Um ataque brutal ocorrido no Aeroporto Internacional de Sheremetyevo, em Moscou, na última terça-feira (24), gerou comoção internacional. Um bebê iraniano de 18 meses foi violentamente arremessado ao chão por um homem identificado como Vladimir Vitkov, de 31 anos, cidadão da Bielorrússia. A criança, que viajava com sua mãe grávida, ficou em estado grave e foi internada em coma, com fraturas no crânio e lesões na coluna. O incidente, captado por câmeras de segurança, ocorreu momentos após a família desembarcar de um voo proveniente do Irã. Segundo autoridades russas, a mãe estava pegando o carrinho do bebê na esteira de bagagens quando Vitkov se aproximou repentinamente, agarrou a criança em seus braços e a lançou violentamente ao chão, sem qualquer interação prévia ou provocação. A mãe da criança havia deixado o Irã poucos dias antes do ataque, fugindo de um cenário de crescente instabilidade e insegurança. O país vive uma escalada de tensões militares, com recentes bombardeios israelenses a instalações nucleares e o agravamento das relações com potências ocidentais. Em meio ao caos, milhares de civis — especialmente mulheres grávidas e crianças — têm deixado o território em busca de refúgio. A mulher, grávida e com o bebê nos braços, desembarcava em Moscou tentando escapar da violência iminente e da deterioração das condições de vida em seu país de origem. A criança agredida foi encaminhada imediatamente ao hospital, onde permanece em coma. Apesar do estado grave, médicos indicam que, até o momento, não há sinais de danos cerebrais permanentes. Segundo as autoridades russas, Vitkov havia retornado recentemente de uma viagem ao Egito e desembarcado em Moscou visivelmente alterado. Exames toxicológicos confirmaram a presença de cannabis e outras substâncias ilícitas em seu organismo, além de relatos de que teria consumido três garrafas de uísque e adquirido drogas antes do ataque. Ex-funcionário da construção civil, Vitkov foi demitido de um projeto de usina nuclear no exterior após reprovar em um exame toxicológico. Durante o interrogatório, ele confessou ter agido com a intenção de matar o bebê, sem oferecer qualquer justificativa coerente para o ato. A polícia investiga a possibilidade de motivação racista ou de distúrbios mentais, especialmente diante do fato de que o agressor tem uma filha da mesma idade da vítima. Ele foi preso em flagrante no local e responde por tentativa de homicídio qualificado. A defensora dos direitos da criança de Moscou, Olga Yaroshenko, classificou o agressor como um “monstro drogado‘ e exigiu punição exemplar. “Não podemos permitir que crimes de ódio ou atos de brutalidade covarde como esse fiquem impunes. Trata-se de um atentado contra a vida de um inocente e contra os valores humanitários básicos”, declarou. Organizações de direitos humanos no Irã e em outros países condenaram o ataque e cobraram maior proteção a refugiados e famílias em situação de vulnerabilidade em território russo. Diplomatas iranianos em Moscou também acompanham o caso de perto, mas até o momento não emitiram nota oficial. O ataque reacende o debate sobre segurança em aeroportos internacionais e o tratamento dispensado a refugiados e estrangeiros em trânsito, especialmente em contextos geopolíticos tensos. A investigação segue em andamento, enquanto Vladimir Vitkov permanece sob custódia preventiva à disposição da Justiça russa. A mãe da criança, ainda em estado de choque, acompanha de perto o quadro clínico do filho, que continua internado em coma e sob cuidados intensivos. O caso gerou repercussão global e a comunidade internacional observa com apreensão os desdobramentos jurídicos e humanitários dessa tragédia. Fonte: The Economic Times
Vietnã abole pena capital e bilionária corrupta é poupada

O parlamento do Vietnã ratificou nesta quarta-feira (25) alterações em seu código penal que dão fim à pena capital para uma série de crimes, entre eles enriquecimento ilícito, corrupção, fraude, espionagem, suborno e transporte de drogas. Com as mudanças, tais crimes passam a ter prisão perpétua como condenação máxima. As medidas, aprovadas por unanimidade pela Assembleia Nacional, têm como objetivo estimular a cooperação internacional de Hanói em suas iniciativas anti-corrupção. Em muitos casos, a previsão da pena impediu que outros países extradissem fugitivos vietnamitas. Luong Tam Quang, ministro da segurança pública do Vietnã, afirmou que “a estrutura da pena capital era problemática e, em alguns casos, incompatível com a evolução das condições socioeconômicas e da prevenção ao crime“. As novas regras passam a valer em 01 de julho deste ano, e todos os condenados aguardando execução terão suas penas automaticamente comutadas em prisão perpétua. O país não divulga dados oficiais de quantos presos estão nesta situação. Uma das principais beneficiárias da abolição será Truong My Lan, magnata do setor imobiliário. Condenada em 2024, Lan teria sido responsável por desviar mais de US$ 12 bilhões do Saigon Commercial Bank, lesando centenas de milhares de correntistas e provocando perdas superiores a US$ 27 bilhões. Lan foi condenada também a 30 anos de prisão em outro caso, envolvendo lavagem de dinheiro de aproximadamente US$ 12 bilhões. Organismos internacionais receberam as mudanças de forma comedida. A alteração é um “passo positivo, mas longe de suficiente“, ponderou Chiara Sangiorgio, assessora da Anistia Internacional. Lembrando que a previsão segue para 10 crimes, incluindo estupro e insurreição, ela concluiu dizendo esperar que a pena capital “seja abolida totalmente no Vietnã“. O Vietnã vem reduzindo gradativamente os crimes puníveis com execução, pena que já chegou a ser prevista no código penal local para 44 condutas. De forma a equilibrar as mudanças, a revisão aprovada na quarta-feira também aumentou as penas mínimas para diversos crimes ligados à corrupção, tráfico de drogas e meio ambiente. Fontes: New York Times, Al Jazeera, The Diplomat
Relatório da UE acusa Israel de possíveis violações de direitos humanos em Gaza

Em relatório a ser divulgado nesta semana, o Serviço Europeu para Ação Externa (SEAE), corpo diplomático da União Europeia, afirma que Israel pode ter violado obrigações de direitos humanos estabelecidas no Acordo de Associação UE-Israel. A análise foi uma exigência de diversos países-membros à Comissão Europeia, braço executivo do bloco, a fim de verificar possíveis repercussões do conflito em Gaza sobre os acordos firmados entre Bruxelas e Jerusalém. “Israel tem direito a se defender, mas o que estamos vendo em Gaza vai além da auto-defesa” e “enfraquece décadas de princípios humanitários“, disse Kaja Kallas, Alta Representante da União Europeia para Negócios Estrageiros e Política de Segurança, e principal diplomata do UE. O documento aponta uma “profunda falta de responsabilização e prestação de contas quanto a acusações de violação do direito internacional de ambos os lados“. Isso, segue o relatório, “levanta sérias dúvidas sobre a disposição e a capacidade das autoridades israelenses de conduzir investigações adequadas“. O ponto de vista europeu já tinha sido adiantado por António Costa. O presidente do Conselho Europeu afirmara, no início do mês, que “assistindo aos noticiários, não acho que seja difícil antecipar as conclusões a que o relatório chegará“. Israel não respondeu oficialmente, mas um funcionário comentou que o documento “demonstra a falta de coerência da UE em sua relação com Israel“. Organizações demandam suspensão do Acordo O Acordo de Associação UE-Israel foi firmado em 1996 e entrou em vigor em 2000. Seu objetivo é estreitar as relações econômicas e políticas entre o blobo, seus estados-membros, e o país asiático. Ele estabelece também uma área de livre comércio, com liberalização gradual da movimentação de serviços e capital entre as partes. Os resultados do relatório provocaram reações dentro e fora do bloco. Organizações internacionais como a Anistia Internacional e o Human Rights Watch (HRW) clamaram à UE pela suspensão do acordo com Israel. Para Claudio Francavilla, diretor em exercício da HRW na União Europeia, o bloco, como signatário da Convenção sobre Genocídio, tem a obrigação de “empregar todos os meios possíveis para fazer cessar as atrocidades israelenses“. “Nossa prioridade é mudar a situação em Gaza“, afirmou Kallas em coletiva de imprensa. “Caso as coisas não melhorem, aí sim poderemos tratar de novas medidas e retornar ao tema em julho“, concluiu, referindo-se ao próximo Conselho de Relações Exteriores da UE, a ser realizado no próximo mês. Países-membros, como Portugal, Finlândia e Espanha, têm feito pressão sobre a liderança do bloco para que tome atitudes concretas contra Israel, especialmente em relação ao comércio com territórios palestinos ocupados. A aplicação de sanções efetivas, no entanto, é vista como improvável, já que demandaria o voto unânime dos 27 membros. Fontes: Politico, Euronews, Human Rights Watch e Times of Israel