Brasil ingressa em ação contra Israel por genocídio na Corte de Haia

Lula x Netanyahu. edição com imagens cc e IA

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou que o Brasil ingressará oficialmente como parte na ação movida pela África do Sul contra Israel na Corte Internacional de Justiça (CIJ), em Haia, acusando o país de cometer genocídio na Faixa de Gaza. A decisão, confirmada pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, em entrevista à Al Jazeera durante a Cúpula do Brics, no Rio de Janeiro, marca uma guinada na política externa brasileira e intensifica ainda mais a crise diplomática com Israel. A ação, iniciada pela África do Sul em 2023, alega que as operações militares israelenses em Gaza, desencadeadas após o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, configuram violações à Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio de 1948. O Brasil, que já havia expressado apoio político à iniciativa em janeiro de 2024, agora formaliza sua participação como parte interessada no processo, a pedido da Autoridade Nacional Palestina. O chanceler Mauro Vieira destacou que a adesão reflete o compromisso do Brasil com o direito internacional e os direitos humanos. “Não podemos permanecer indiferentes ao genocídio praticado por Israel em Gaza“, afirmou o presidente Lula, reforçando críticas anteriores em que classificou as ações israelenses como “desproporcionais“. A decisão, no entanto, gerou reações negativas. A Confederação Israelita do Brasil (Conib) condenou a medida, chamando-a de “cínica e perversa” e afirmando que distorce a realidade do conflito. A formalização do ingresso ainda está em andamento, mas a postura brasileira já acirra tensões com Tel Aviv, que nega as acusações e argumenta que suas ações visam combater o terrorismo do Hamas. O governo Lula também adotou medidas como barrar a compra de blindados israelenses e recusar o aval para um novo embaixador de Israel em Brasília, sinalizando um distanciamento político e comercial. O presidente Lula passou a ser considerado por Israel como “persona non grata“, desde 2024, por ter comparado a ação militar israelense em Gaza ao holocausto judeu na Alemanha nazista. A Corte de Haia, principal órgão judicial da ONU, já emitiu ordens preliminares exigindo que Israel evite atos que possam configurar genocídio e garanta assistência humanitária em Gaza. Contudo, especialistas alertam que o julgamento final pode levar anos, e as decisões da CIJ, embora vinculativas, têm histórico de baixa efetividade em sua implementação. A adesão do Brasil ao processo tensionará, ainda mais, as relações com Israel e aliados como os Estados Unidos. Fontes: Pleno News, Estadão, Revista Forum, O Jornal Extra

Israel e Hamas mantêm posições inflexíveis e cessar-fogo continua distante

As negociações de um cessar-fogo de 60 dias entre Israel e Hamas, mediadas pelos EUA e realizadas em Doha, estão em risco por impasses críticos — sobretudo em relação à retirada das tropas israelenses da Faixa de Gaza, segundo fontes palestinas e israelenses com conhecimento direto do processo. As partes divergentes mantêm posições diametralmente opostas: o Hamas exige retirada completa das forças de Israel para as linhas do último cessar-fogo anterior à ofensiva de março. Já Israel, que aceitou inicialmente a proposta, busca garantir permanência em cerca de 40% do território, incluindo a região de Rafah — um importante corredor humanitário e fronteiriço. A disputa sobre o controle territorial e garantias de auxílio humanitário se manteve sem resolução, estagnando os esforços diplomáticos. O bloqueio nas conversas ocorre em paralelo à crise humanitária: pelo menos 17 pessoas foram mortas por soldados israelenses enquanto buscavam ajuda alimentícia em Rafah, elevando para quase 800 o número de vítimas em seis semanas relacionadas às distribuições de comida nos pontos apoiados pelos EUA. Além disso, os ataques aéreos em Gaza continuam intensos — ao menos 16 pessoas foram mortas em uma única ofensiva neste sábado (12), conforme dados médicos locais. Em incidentes distintos, um ataque atingiu uma clínica em Deir al-Balah, matando 10 crianças e seis adultos; o Exército israelense afirmou ter como alvo um militante e está investigando os danos colaterais. A ONU indica que a escassez de combustível em Gaza atinge níveis críticos, agravando a situação em hospitais, abrandando a distribuição de alimentos e água potável. Enquanto isso, as forças israelenses matam dezenas nos arredores de centros de assistência, incluindo ao menos 34 civis em uma fila de distribuição em Rafah, com tiros afirmados por testemunhas como disparos diretos, contrariando a alegação militar de que teriam sido apenas tiros de advertência. No campo diplomático, a Casa Branca afirmou que Steve Witkoff, enviado de Trump, irá a Doha para retomar as conversas. Autoridades israelenses indicam que, embora haja possibilidades de avanço num futuro próximo, um acordo ainda está distante, principalmente enquanto persistirem questões como retirada de tropas, assistência humanitária e libertação de reféns. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu manteve pressão por uma trégua acompanhada de desmilitarização do Hamas e da libertação completa dos reféns. Por sua vez, o grupo questiona os termos preliminares, especialmente a permanência das tropas israelenses após o cessar-fogo. A deterioração humanitária, com hospitais sem energia, reservas baixas de combustível e filas mortais por comida, amplia a urgência de um acordo. Ainda assim, o impasse sobre a retirada militar reflete a resistência de Israel em renunciar ao território, mesmo sob trégua, e a rejeição do Hamas a qualquer presença militar continuada. Enquanto isso, o presidente Trump e Netanyahu se esforçam para manter o avanço das negociações, angariando apoio internacional — incluindo do Catar, Egito e ONU — para superar o impasse. No entanto, a combinação de divergências territoriais, vítimas civis crescentes e violência persistente coloca sob ameaça o modelo de trégua negociada entre as partes. Fontes: Reuters, Reuters, AP

Tortura, execuções e enterros secretos: o arquivo mortal de Bashar al-Assad

Uma investigação em curso conduzida pelo New York Times e diversas organizações internacionais expõe a descoberta de extensas valas comuns nas regiões de Najha e de Qutayfah, nos arredores de Damasco — evidências devastadoras da repressão sistemática perpetrada pelo regime de Bashar al‑Assad ao longo de mais de uma década de guerra civil. Após a queda do regime em dezembro de 2024, bombeiros, voluntários e autoridades locais começaram a encontrar covas clandestinas com centenas de corpos em várias regiões do país. Uma das maiores dessas valas, registrada por imagens de satélite, abrange cerca de 40.000 m² e contém estimadas 100 mil vítimas, muitas identificadas por marcas de tortura. Investigadores do Wall Street Journal relataram entrevistas com sobreviventes de Saydnaya, a prisão-tortura símbolo da brutalidade do regime. Testemunhos confirmam execuções em massa, incluindo o assassinato de 600 detentos em apenas três noites durante março de 2023. Documentos do regime e relatos de operários escalados para enterrar os mortos confirmam o caráter burocrático e sistemático dos crimes. Grupos de direitos humanos como Human Rights Watch e Anistia Internacional alertam para a urgência em preservar esses locais e os arquivos do regime — muitos já saqueados ou destruídos — para garantir vestígios cruciais para investigações e julgamentos futuros. Representantes dessas ONGs instam o governo interino — incluindo a recém-criada Comissão Nacional para os Desaparecidos e Comissão de Justiça Transitória — a agir para desvendar os crimes cometidos pelo antigo governo sírio. A ONU também divulgou em janeiro de 2025 um relatório com base em mais de 2.000 testemunhas, denunciando padrão sistemático de detenções arbitrárias, tortura, execuções extrajudiciais e desaparecimentos como “matéria-prima para crimes contra a humanidade“. Stephen Rapp, ex-embaixador de crimes de guerra dos EUA, comparou a máquina de morte implementada por Assad à dos nazistas. Segundo ele, haveria mais de 100.000 pessoas desaparecidas e assassinadas, reforçando a legitimidade do pedido de justiça. As valas comuns encontradas em Najha datam de 2011 a 2014, e de Qutayfah de 2014 a 2019 e eram abastecidas regularmente por caminhões refrigerados. Testemunhas que trabalhavam no local descrevem corpos com marcas de tortura, indicando que muitos morreram nas prisões e hospitais militares, depois foram levados para enterros em locais ocultos. Apesar das evidências, operadores do regime também teriam removido parte dos corpos em 2019, possivelmente na tentativa de ocultar provas. Enquanto isso, civis tentam localizar entes desaparecidos, o que pode ameaçar ainda mais a preservação dos vestígios. A Comissão Nacional para os Desaparecidos, criada em 17 de maio de 2025, liderada por Mohammad Reda Jalkhi, e a Comissão de Justiça Transitória, presidida por Abdulbaset Abdullatif, são vistas como passos promissores para responsabilização, mas enfrentam desafios enormes, como institucionalização, acesso a arquivos e proteção dos locais. Ainda há apelos de entidades como a SNHR, que registra cerca de 136 mil desaparecidos sob o regime de Assad — apenas 31 mil foram libertados — e cujos números são considerados conservadores. Restam ao menos 100 mil mortos não identificados. Com o regime em colapso e a atual coalizão tentando restaurar instituições, sem ação imediata, os vestígios podem ser irremediavelmente perdidos. A preservação de valas, documentos e arquivos é vital não apenas para punir perpetradores, mas para dar dignidade aos desaparecidos, dar respostas às famílias e reconstituir a memória coletiva. À medida que a Síria tenta se reerguer, a tarefa de enfrentar o legado de atrocidades será decisiva para a reconciliação nacional e para que se evite o retorno do ciclo de impunidade. Fontes: New York Times, Wall Street Journal, ONU

Hamas no limite: 95% dos líderes mortos e Gaza entregue a grupos criminosos

Novas denúncias sugerem uma inquietante possibilidade: a liderança do Hamas em Gaza pode estar em colapso, enquanto milícias locais — algumas com apoio israelense — buscam ocupar o vazio de poder. As informações surgiram após uma entrevista exclusiva à BBC com um suposto tenente-coronel das forças de segurança da organização, feita no mesmo dia em que ocorria rodada de negociações de cessar-fogo em Doha, entre Israel e Hamas. De acordo com a fonte, o Hamas teria perdido cerca de 80% do seu controle territorial na Faixa de Gaza, incluindo a desintegração de sua estrutura de comando. Destaca-se que 95% de seus principais líderes teriam sido eliminados por ataques aéreos israelenses. Segundo o oficial, “o Hamas foi praticamente desintegrado e perdeu o controle sobre a população na Faixa de Gaza” — uma declaração forte, sugerindo que, embora ainda detenha 35% a 40% da área e controle cerca de 2 milhões de pessoas, a organização estaria desmoralizada e sem capacidade de manter uma administração coerente. Se isso for verdadeiro, surge a pergunta: por que o Hamas seguiria negociando em Doha com postura firme, exigindo liberação de prisioneiros palestinos em troca de reféns, interrupção das ofensivas israelenses e a facilitação de reconstrução em Gaza? E por que Israel não lançaria um avanço final, acreditando ter “vencido” o grupo? Yasser Abu Shabab A resposta pode estar na possível estratégia por detrás da declaração do tenente-coronel. Apesar do suposto colapso, o Hamas ainda controla regiões-chave — como a cidade de Gaza e acampamentos centrais —, onde Israel não ingressou devido ao risco de atingir reféns mantidos pelo grupo. Esse território pode estar servindo como “zona de segurança” para que a organização reagrupe forças. Além disso, o vazamento coincide com o surgimento de uma nova liderança emergente: Yasser Abu Shabab, identificado como chefe de milícia com ligação com a Autoridade Palestina, Egito e com o ex-líder de Gaza Mohammad Dahlan — este último apoiado pelos Emirados Árabes Unidos. Segundo relatos, ele estaria recebendo treinamento, armas e apoio logístico, inclusive de Israel, que enxerga a possibilidade de enfraquecer o Hamas com uma força mais alinhada aos seus interesses. Em sua declaração à BBC, o oficial descreveu Abu Shabab como figura que consolida milícias locais formando um conselho conjunto para derrubar o Hamas. Fontes diplomáticas confirmam que ao menos seis grupos armados já surgiram nos territórios onde o Hamas perdeu influência. “Gangues estão presentes por toda a área, e a sociedade está em colapso“, relatou o tenente-coronel, indicando que o vácuo de poder teria sido rapidamente ocupado por milícias locais. Porém, nem todos os analistas acreditam na narrativa de descontrole total. A diplomacia israelense não se pronuncia oficialmente sobre os rumores, embora tenha confirmado a provisão de apoio material a grupos como o de Abu Shabab. Por outro lado, o Hamas continua a negociar com firmeza em Doha, como se sua capacidade de pressão ainda fosse relevante. Aparentemente, Israel não consideraria útil atacar massivamente a área por temer consequências humanitárias, o que comprometeria sua imagem diplomática. A controvérsia gera um impasse: o Hamas estaria efetivamente enfraquecido, incapaz de governar, mas paradoxalmente fortalecido por permanecer ativo politicamente e manter controle sobre áreas estratégicas. Se sua autoridade — já seriamente comprometida — der lugar ao poder dessas novas facções, pode haver um processo de transição de regime em Gaza, com permissão tácita de Israel, Egito e Autoridade Palestina. Essa possível realocação de poder no terreno poderá ter impactos profundos. Por um lado, enfraqueceria uma liderança unificada responsável pelo sequestro de reféns e pelos atentados. Por outro lado, instabiliza ainda mais uma Palestina já fragmentada, podendo gerar confrontos internos e caos humanitário no pós-guerra, caso o cessar-fogo se concretize. Enquanto durar a guerra e o esperado cessar-fogo não se consolidar, a incerteza sobre quem realmente governa Gaza permanece — e o anúncio de colapso do Hamas pode representar, ao mesmo tempo, verdade amarga e jogada estratégica cuidadosamente orquestrada. Fontes: BBC, Jerusalem Post

O mesmo ódio de sempre, com nova roupagem

Quando falo de antissemitismo, a maioria pensa logo em Hitler e no Holocausto. Mas esse ódio é mais antigo e disfarçado — começa em piadas, memes e boatos como “judeus controlam o mundo” ou “são gananciosos”. Narrativas simples que transformam pessoas reais em monstros, abrindo caminho para expulsões, pogroms e câmaras de gás. Depois da Segunda Guerra, parecia que havíamos aprendido. “Nunca mais”, dizíamos. Mas, como lembra Deborah Lipstadt em Antisemitism: Here and Now, o antissemitismo não desapareceu — apenas mudou de fantasia: virou “antissionismo”. Criticar políticas de Israel é legítimo. Mas negar o direito de existir do único Estado judeu do mundo é o mesmo ódio de sempre, com nova roupagem. Hoje, o antissemitismo moderno troca “judeus mataram Cristo” por “Israel mata palestinos”. Kenneth L. Marcus alerta que, quando aplicamos a Israel padrões que não aplicamos a nenhum outro país, estamos diante do antissemitismo. Ruth Wisse lembra que, historicamente, transformar judeus em símbolos do mal foi o motor de perseguições. Eu vi isso de perto em Porto Alegre. Participei e denunciei manifestações que se chamavam de “pró‑Palestina”, mas eram palcos de ódio aos judeus e relativização do terrorismo islâmico. Ali, ouviu-se o grito de parlamentares de esquerda, de partidos como PT e PSOL, “do rio ao mar” — expressão banida na Alemanha e condenada internacionalmente, porque significa a destruição completa de Israel. É exatamente o que o estatuto do Hamas defende. O Hamas, fundado em 1987, é uma organização terrorista que busca eliminar Israel por meios violentos. Em 7 de outubro, assassinou, estuprou e sequestrou civis judeus. Relativizar ou defender isso não é crítica política. É propaganda antissemita. Ainda restam mais de 50 reféns israelenses nas mãos dos terroristas. Isso fica mais claro ao observar o comportamento de figuras públicas que deveriam ser autoridades na formulação de políticas públicas. Celso Amorim, ex-chanceler e assessor de Lula, escreveu o prefácio da versão brasileira do livro de Daud Abdullah, Engaging the World: The Making of Hamas’s Foreign Policy (2023), afirmando estar “muito encorajado” com a perspectiva de que, por meio de diálogo internacional, o Hamas poderia “restaurar os direitos palestinos”. O que Celso Amorim propõe não é diplomacia: é legitimação de uma organização terrorista. Em absoluto contraste com sua posição sobre o Hamas, Amorim defende que o Brasil mantenha relações mínimas com Israel — vetando inclusive a aprovação de um novo embaixador — e que ingresse na ação da África do Sul acusando Israel de genocídio na Corte Internacional de Justiça, argumentando que os ataques do Hamas foram “condenáveis’, mas os números dos mortos em Gaza são maiores. É uma inversão flagrante: relativiza o assassinato de judeus e amplifica a narrativa de que Israel é muito pior que um grupo terrorista. Isso é a representação do antissemitismo como política externa no Brasil hoje. Nas universidades, denunciei palestras na UFRGS e na Unisinos que compararam Israel ao nazismo. Para Yehuda Bauer, em Rethinking the Holocaust, isso banaliza o genocídio e torna o discurso antijudaico. O Brasil vive um momento crítico: há pichações antijudaicas, suásticas em muros, ataques a cemitérios judaicos, memes conspiratórios enviando “banqueiros judeus” no WhatsApp. Hannah Arendt ensinou: desumanizar é primeiro passo para a violência. David Nirenberg mostra: sociedades em crise sempre procuram um bode expiatório — e hoje, mais uma vez, são os judeus. A mais cruel hipocrisia é ver quem grita “antifascismo” relativizar o antissemitismo. Apoiam o Hamas, pedem o fim de Israel, levam pessoas aplaudirem livros que romantizam terroristas — e ainda se consideram do lado certo da história. Antissemitismo é crime. Tem que ser combatido com coragem, lucidez e ação — antes que famílias judaicas brasileiras se tornem alvo real. O “nunca mais” não é slogan de muro: é compromisso diário, em sala de aula, praça, protesto, rede social. Criticar Israel é legítimo; negar seu direito de existir e demonizar judeus, jamais pode ser permitido. Eu não sou judeu. Sou gaúcho, descendente de alemães. Carrego memórias de guerra e imigração dos meus antepassados — mas também a responsabilidade de não repetir erros. Por isso, quando me perguntam por que me importo se não sou judeu, respondo: exatamente por isso. Defender a dignidade humana é obrigação de quem quer ver uma sociedade saudável — sem ódio, sem exclusão, sem violência. Hoje, muitos nos acusam de nazistas ou fascistas por defendermos valores conservadores. Mas são os mesmos que relativizam o terror do Hamas, aplaudem discursos que clamam pela destruição de um povo. É a inversão total de papéis: quem deveria combater o mal abraça o ódio — e acusa quem denuncia de ser fascista. Recuso essa inversão. Combater o antissemitismo é um compromisso, pois acredito na liberdade, dignidade e justiça. Sei que esse ódio é o sintoma de uma sociedade doente. Se não defendermos os judeus hoje, amanhã podemos ser nós. Se queremos honrar o “nunca mais”, temos que agir agora. Quando ouvirmos discursos que transformam um povo inteiro em vilão, relativizam o terror ou clamam pela destruição de Israel, precisamos ter coragem de dizer não. Quem relativiza o terror e defende o fim de um povo não é antifascista — está do lado errado da história, mesmo que finja o oposto. Antissemitismo começa nas palavras e termina em violência. Se queremos que o “nunca mais” seja real, precisamos agir — juntos, agora.

Emboscada em Beit Hanun deixa 5 soldados israelenses mortos e 14 feridos

Beit Hanun, Faixa de Gaza – Na noite de segunda-feira, ocorreu uma emboscada complexa e letal realizada por militantes palestinos contra tropas das Forças de Defesa de Israel (FDI) em Beit Hanun, no norte da Faixa de Gaza. O ataque resultou na morte de cinco soldados e ferimentos em 14 militares, segundo fontes oficiais  . O ataque começou com a detonação de explosivos de alto poder colocados ao longo de uma estrada por onde passava uma patrulha do 97º Batallón Netzah Yehuda, da Brigada Kfir. As bombas foram detonadas com precisão, apontam as investigações preliminares, sugerindo acionamento remoto  . Após a explosão inicial, a equipe de resgate que chegou ao local foi alvo de disparos – uma tática semelhante já vista em incidentes anteriores na região, incluindo o ataque a um veículo blindado PUMA em Khan Younis que deixou sete soldados mortos  . As tropas de evacuação tiveram dificuldade para retirar os feridos, exigindo o envio de reforços e assistência aérea médica. As vítimas identificadas das forças israelenses são: sargento-primeiro Meir Shimon Amar (20), cabo Moshe Nissim Frech (20) e sargento-primeiro Noam Aharon Musgadian (20), todos de Jerusalém; sargento-primeiro Moshe Shmuel Noll (21), de Beit Shemesh; e sargento-primeiro Benyamin Asulin (28), de Haifa  . Dos 14 feridos, dois estão em estado grave e seis em estado moderado; os demais sofrem ferimentos leves  . Todos receberam atendimento em hospitais israelenses. A operação envolveu duas brigadas (a norte e a reserva 646), com o objetivo de limpar a região de militantes após o cerco de Beit Hanun desde sábado à noite  . No entanto, a emboscada destacou que, mesmo em áreas consideradas “limpas”, continuam existindo riscos significativos para a tropa. Em resposta, as Brigadas Al‑Qassam (braço militar do Hamas) afirmaram que o ataque constitui um “golpe adicional” contra o que chamam de ocupação, e previram que mais ações semelhantes ocorrerão enquanto persistir a ofensiva israelense  . O primeiro‑ministro Benjamin Netanyahu, em visita a Washington, enviou condolências às famílias e ressaltou que o sacrifício dos soldados reforça a determinação de derrotar o Hamas e garantir a libertação de reféns. Fonte: Euronews

EUA limpam a ficha do HTS: grupo terrorista agora é governo amigo na Síria

Nesta segunda-feira (07), o governo dos Estados Unidos anunciou a retirada da designação de organização terrorista estrangeira da Hayʼat Tahrir al‑Sham (HTS), movimento que governa a Síria e cuja liderança agora integra o governo de transição do país, após a deposição e consequente fuga de Bashar al Assad em dezembro de 2024. A decisão, oficializada por meio de um memorando do Departamento de Estado assinado em 23 de junho pelo secretário Marco Rubio, entra em vigor hoje. A medida representa uma mudança radical na postura de Washington em relação à Síria. Desde 2018, o HTS (antes conhecido como Frente al-Nusra, braço da Al-Qaeda na Síria) estava oficialmente listado como organização terrorista, com sanções severas e recompensas por seus líderes. O grupo cortou ligações com a Al-Qaeda em 2016 e, em janeiro deste ano, se dissolveu oficialmente e se integrou às instituições do Estado sírio, sob comando do presidente de transição e líder do grupo, Ahmed al‑Sharaa. A decisão faz parte de um pacote ampliado de flexibilizações, como a revogação de sanções à economia síria, assinada por Trump no dia 30 de junho. Rubio afirmou que a retirada da designação terrorista reconhece “ações positivas” do novo governo de transição, voltadas à estabilização da Síria e à reconstrução após 13 anos de guerra civil. Já o líder do HTS, al‑Sharaa, expressou vontade de combater o terrorismo de todos os tipos e substituir o regime de Assad por um governo mais inclusivo. A política do governo Trump na região vem ganhando forte impacto diplomático: ambos os Estados Unidos e parceiros como Arábia Saudita, Turquia e Reino Unido já vêm restabelecendo contato com a Síria – o Reino Unido anunciou no fim de semana o retorno de sua embaixada em Damasco. A expectativa em Washington é que a reabilitação do HTS facilite o acesso do país a créditos internacionais e investimentos para reconstrução, bem como acelere a integração da Síria ao comércio global. Entretanto, a decisão dividiu opiniões nos Estados Unidos e entre especialistas. Instituições como o Washington Institute alertaram que o HTS ainda carrega um histórico de abusos e questões relacionadas a direitos humanos, e que a retirada do grupo da lista deve ser condicionada a garantias concretas de transparência e moderação. No Reino Unido, ainda vigora cautela: autoridades afirmaram que o HTS só poderá ser retirado da lista de terroristas se demonstrar compromisso com inclusão política e respeito a minorias. Além disso, o embaixador dos EUA em Damasco ressaltou que a remoção da designação terrorista não anula a vigilância sobre possíveis retomadas das redes extremistas, e que órgãos como o Departamento do Tesouro e o Congresso ainda analisarão detalhes jurídicos. Para o regime sírio, o gesto sinaliza o fim de um isolamento internacional de longa data. A retomada de relações com a Arábia Saudita e a Turquia, aliada ao alívio parcial das sanções, pode acelerar uma reestruturação turística e comercial em áreas bombardeadas, além de permitir parcerias em reconstrução vitalícia, como infraestrutura e abastecimento de água. Por fim, a retirada do HTS da lista de organizações terroristas marca uma redefinição das relações entre Washington e Damasco, abrindo espaço para uma nova era de engajamento diplomático e econômico. Essa transição pode favorecer uma estabilização regional, mas dependerá das garantias de moderação política e reforma institucional prometidas pelo governo de transição sírio — medidas que ainda serão avaliadas nos bastidores por americanos e europeus. Fontes: CNN, The Times of Israel, Al Jazeera, Washington Post

Israel volta a bombardear houthis no Iêmen e atinge radar em navio sequestrado

Israel lançou na madrugada de segunda-feira (08) uma série de ataques aéreos contra alvos controlados pelos Houthis no Iêmen, segundo o Exército israelense. As operações atingiram os portos de Hodeidah, Ras  Isa e Salif, além da usina de Ras  Qantib, situados na costa iemenita, marcando a primeira ofensiva israelense na região em quase um mês. Em comunicado oficial, o exército israelense afirmou que as ações foram uma resposta aos ataques contínuos dos Houthis contra Israel e navios comerciais no Mar Vermelho, considerados apoio solidário à causa palestina. Antes dos bombardeios, autoridades israelenses emitiram alerta para que civis evacuassem das áreas-alvo, na tentativa de reduzir danos colaterais. Além dos portos e da usina, Israel também atacou o navio Galaxy Leader, capturado pelos Houthis em 2023, que, segundo as Forças de Defesa de Israel (IDF), estava equipado com um radar que monitorava o tráfego marítimo internacional para fins militares. Os rebeldes Houthis, alinhados ao Irã, contra-atacaram poucas horas depois, lançando dois mísseis balísticos e drones em direção ao território israelense. Sirenes foram ativadas em Israel, mas não houve confirmação sobre o destino dos mísseis, se foram interceptados ou se atingiram alvos no país. Desde o início da guerra em Gaza, em outubro de 2023, os Houthis vêm intensificando ataques a navios no Mar Vermelho e mísseis contra alvos israelenses, citando apoio aos palestinos. Nesse período, centenas de drones e mísseis foram lançados, muitos interceptados pelas defesas aéreas israelenses, mas alguns chegaram a atingir navios e comunidades rurais. Israel sustenta que as bases, portos e a usina visados pelos ataques eram utilizados para transferência de armas fornecidas pelo Irã aos Houthis, para uso contra navios e território israelense. A ofensiva faz parte de uma série de respostas a esse que considera terrorismo patrocinado por Teerã. A situação no Mar Vermelho — rota de navegação estratégica essencial — se tornou tensa nos últimos meses. Os ataques Houthi já afetaram o transporte marítimo global e levaram à formação da Operação Prosperity Guardian, coalizão liderada pelos EUA para proteger navios civis no local. Analistas destacam que os ataques israelenses são parte de uma campanha para desencorajar intervenções houthi no conflito de Gaza, além de proteger as rotas comerciais. A capacidade militar empregada, com alertas prévios e mobilização aérea, demonstra como Israel está disposto a atacar profundamente fora de seu território para conter ameaças. A IDF avisou que continuará reagindo a qualquer ação dos Houthis, prometendo também bloqueio aéreo e naval caso os ataques persistam. Consequências para o conflito regional Essa escalada israelense no Iêmen amplia o palco da crise no Oriente Médio. O Iêmen, devastado por guerras internas e alvo de tentativas de negociações de paz, pode ser arrastado para um conflito ainda mais direto com Israel e aliados ocidentais, agravando a instabilidade na região. Além disso, isso pressiona países como Estados Unidos e Reino Unido, que participam de patrulhas no Mar Vermelho. Novos ataques podem resultar em envolvimento militar mais direto dessas nações. Para os Houthis, os ataques israelenses reforçam seu papel de braço militar do Irã e aliados de Hamas e Hezbollah, aumentando o risco de uma guerra indireta entre Teerã e Israel. Especialistas apontam que a dinâmica atual pode levar a confrontos regionais mais amplos, envolvendo marinha inimiga e potenciais ações contra navios estrangeiros. Fontes: Reuters, Forex Live

Hamas sinaliza “resposta positiva” a cessar-fogo proposto por Trump

O grupo terrorista Hamas declarou nesta sexta-feira (5) ter dado uma “resposta positiva” à proposta de cessar-fogo de 60 dias apresentada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mas deixou claro que ainda quer negociar detalhes de implementação. O anúncio ocorre enquanto Israel segue realizando operações aéreas contra alvos terroristas em Gaza, atingindo inclusive áreas de apoio logístico do Hamas. Segundo informações divulgadas, o Hamas busca garantias de que uma trégua temporária resultará no fim definitivo do conflito — o que Israel já rechaçou no passado, ao considerar o desmantelamento total da organização terrorista como objetivo estratégico. Trump, que tem pressionado fortemente para um acordo, deve receber o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu na Casa Branca na próxima semana para discutir os próximos passos. Enquanto isso, ataques israelenses na manhã de sexta-feira deixaram ao menos 15 mortos em Gaza, segundo o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas. Outras 20 pessoas teriam morrido em tiroteios ao tentar chegar a locais de distribuição de alimentos — pontos que, de acordo com relatos da ONU, sofrem constantes interferências de grupos armados e até mesmo disparos de advertência das forças israelenses, que tentam conter multidões e saques. O Escritório de Direitos Humanos da ONU informou que mais de 600 palestinos morreram no último mês em situações ligadas à busca de ajuda humanitária, frequentemente em zonas militarizadas onde o Hamas se infiltra, usando civis como escudo para suas operações. Israel, por sua vez, afirma que revisa continuamente as regras de engajamento para minimizar vítimas civis, mas acusa o Hamas de se esconder em meio à população para tentar atrair condenação internacional. Trump, em declarações recentes, reiterou que Israel aceitou as condições essenciais para o cessar-fogo de 60 dias, mas cobrou que o Hamas pare de tentar transformar a trégua em salvo-conduto para se rearmar. “É hora de eles decidirem se querem viver em paz ou continuar usando mulheres e crianças como escudo“, declarou o presidente americano no Air Force One. O número de mortos em Gaza já passa de 57 mil desde o início do conflito em 2023, segundo dados do próprio ministério de saúde de Gaza — controlado pelo Hamas e, portanto, frequentemente contestados. Israel estima que mais de 860 de seus soldados caíram desde o começo da guerra, que explodiu após o massacre de 7 de outubro de 2023, quando terroristas do Hamas assassinaram cerca de 1.200 israelenses e sequestraram 250 civis. Com a visita de Netanyahu aos EUA, analistas acreditam que novas negociações podem emergir, mas há grande desconfiança sobre as “boas intenções” do Hamas, que historicamente utiliza cessar-fogos para se reagrupar e rearmar. Fonte: .reuters.com e apnews.com

Cessar-fogo ou rendição? Israel discute soltar prisioneiros do Hamas sem garantias reais

As conversas para um novo cessar-fogo entre Israel e o Hamas continuam em ritmo intenso, mas ainda cercadas de incertezas e receios. O objetivo é alcançar uma trégua de 60 dias que permita a libertação de reféns israelenses mantidos em Gaza e a troca por prisioneiros palestinos, além de abrir espaço para negociações de reconstrução e ajuda humanitária. A proposta inicial do enviado americano Steve Witkoff incluía a libertação de 10 reféns vivos, além da devolução dos corpos de outros 18 reféns mortos, em troca de 125 presos palestinos condenados por assassinato e 1.111 gazenses detidos após os ataques de 7 de outubro de 2023 (Ynet). Também estava prevista a devolução de 180 corpos de palestinos mortos, em duas etapas. No entanto, a proposta atualizada apresentada nesta semana pelo Catar não detalhou quantidades nem proporções específicas, gerando apreensão entre autoridades israelenses. Questionados, negociadores cataris afirmaram que a proporção seria “semelhante” à versão americana, mas sem nenhuma garantia formal. Segundo fontes de Jerusalém, isso levanta o temor de que o Hamas tente renegociar a proporção de prisioneiros a serem libertados em troca dos reféns, o que pode levar a um impasse: “Se o Hamas aceitar, as negociações sobre os números serão duras, e não podemos descartar uma crise“, alertou um alto funcionário israelense. Do lado palestino, o Hamas indica disposição para negociar, mas insiste que qualquer acordo contemple um cessar-fogo permanente e a retirada completa das tropas israelenses de Gaza, antes de liberar todos os reféns. Enquanto isso, a situação humanitária na Faixa continua se agravando: no último dia 3 de julho, ao menos 59 palestinos morreram em ataques aéreos israelenses. Em meio a tantas exigências cruzadas, diplomatas alertam que a definição de prazos, garantias de monitoramento e a proporção real de prisioneiros libertados serão pontos críticos para evitar que o acordo naufrague nos próximos dias.

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