Hamas sinaliza “resposta positiva” a cessar-fogo proposto por Trump

O grupo terrorista Hamas declarou nesta sexta-feira (5) ter dado uma “resposta positiva” à proposta de cessar-fogo de 60 dias apresentada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mas deixou claro que ainda quer negociar detalhes de implementação. O anúncio ocorre enquanto Israel segue realizando operações aéreas contra alvos terroristas em Gaza, atingindo inclusive áreas de apoio logístico do Hamas. Segundo informações divulgadas, o Hamas busca garantias de que uma trégua temporária resultará no fim definitivo do conflito — o que Israel já rechaçou no passado, ao considerar o desmantelamento total da organização terrorista como objetivo estratégico. Trump, que tem pressionado fortemente para um acordo, deve receber o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu na Casa Branca na próxima semana para discutir os próximos passos. Enquanto isso, ataques israelenses na manhã de sexta-feira deixaram ao menos 15 mortos em Gaza, segundo o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas. Outras 20 pessoas teriam morrido em tiroteios ao tentar chegar a locais de distribuição de alimentos — pontos que, de acordo com relatos da ONU, sofrem constantes interferências de grupos armados e até mesmo disparos de advertência das forças israelenses, que tentam conter multidões e saques. O Escritório de Direitos Humanos da ONU informou que mais de 600 palestinos morreram no último mês em situações ligadas à busca de ajuda humanitária, frequentemente em zonas militarizadas onde o Hamas se infiltra, usando civis como escudo para suas operações. Israel, por sua vez, afirma que revisa continuamente as regras de engajamento para minimizar vítimas civis, mas acusa o Hamas de se esconder em meio à população para tentar atrair condenação internacional. Trump, em declarações recentes, reiterou que Israel aceitou as condições essenciais para o cessar-fogo de 60 dias, mas cobrou que o Hamas pare de tentar transformar a trégua em salvo-conduto para se rearmar. “É hora de eles decidirem se querem viver em paz ou continuar usando mulheres e crianças como escudo“, declarou o presidente americano no Air Force One. O número de mortos em Gaza já passa de 57 mil desde o início do conflito em 2023, segundo dados do próprio ministério de saúde de Gaza — controlado pelo Hamas e, portanto, frequentemente contestados. Israel estima que mais de 860 de seus soldados caíram desde o começo da guerra, que explodiu após o massacre de 7 de outubro de 2023, quando terroristas do Hamas assassinaram cerca de 1.200 israelenses e sequestraram 250 civis. Com a visita de Netanyahu aos EUA, analistas acreditam que novas negociações podem emergir, mas há grande desconfiança sobre as “boas intenções” do Hamas, que historicamente utiliza cessar-fogos para se reagrupar e rearmar. Fonte: .reuters.com e apnews.com

Cessar-fogo ou rendição? Israel discute soltar prisioneiros do Hamas sem garantias reais

As conversas para um novo cessar-fogo entre Israel e o Hamas continuam em ritmo intenso, mas ainda cercadas de incertezas e receios. O objetivo é alcançar uma trégua de 60 dias que permita a libertação de reféns israelenses mantidos em Gaza e a troca por prisioneiros palestinos, além de abrir espaço para negociações de reconstrução e ajuda humanitária. A proposta inicial do enviado americano Steve Witkoff incluía a libertação de 10 reféns vivos, além da devolução dos corpos de outros 18 reféns mortos, em troca de 125 presos palestinos condenados por assassinato e 1.111 gazenses detidos após os ataques de 7 de outubro de 2023 (Ynet). Também estava prevista a devolução de 180 corpos de palestinos mortos, em duas etapas. No entanto, a proposta atualizada apresentada nesta semana pelo Catar não detalhou quantidades nem proporções específicas, gerando apreensão entre autoridades israelenses. Questionados, negociadores cataris afirmaram que a proporção seria “semelhante” à versão americana, mas sem nenhuma garantia formal. Segundo fontes de Jerusalém, isso levanta o temor de que o Hamas tente renegociar a proporção de prisioneiros a serem libertados em troca dos reféns, o que pode levar a um impasse: “Se o Hamas aceitar, as negociações sobre os números serão duras, e não podemos descartar uma crise“, alertou um alto funcionário israelense. Do lado palestino, o Hamas indica disposição para negociar, mas insiste que qualquer acordo contemple um cessar-fogo permanente e a retirada completa das tropas israelenses de Gaza, antes de liberar todos os reféns. Enquanto isso, a situação humanitária na Faixa continua se agravando: no último dia 3 de julho, ao menos 59 palestinos morreram em ataques aéreos israelenses. Em meio a tantas exigências cruzadas, diplomatas alertam que a definição de prazos, garantias de monitoramento e a proporção real de prisioneiros libertados serão pontos críticos para evitar que o acordo naufrague nos próximos dias.

Trabalhadores humanitários foram executados em Gaza sob recompensa do Hamas

Um ataque brutal ocorrido no dia 12 de junho, que deixou pelo menos oito trabalhadores da Fundação Humanitária de Gaza (GHF) mortos, expôs de forma dramática a escalada de violência contra operações de ajuda no enclave palestino. A GHF, organização apoiada por Estados Unidos e Israel, culpou diretamente o Hamas pelo atentado que atingiu um ônibus com cerca de duas dezenas de funcionários humanitários a caminho de um centro de distribuição de alimentos no sul da Faixa de Gaza. Segundo a própria fundação, além dos oito mortos, vários outros trabalhadores ficaram feridos e alguns podem ter sido sequestrados. O diretor interino da GHF, John Acree, chegou a cogitar o fechamento das operações após a emboscada, mas optou por seguir atuando. “Decidimos que a melhor resposta aos assassinos covardes do Hamas era continuar entregando comida ao povo de Gaza que conta conosco“, declarou em comunicado. O ataque aconteceu em um contexto de caos crescente no território. No mesmo período, a autoridade de saúde local informou que 103 palestinos foram mortos e outros 400 ficaram feridos por ações militares israelenses em apenas 24 horas, incluindo 21 vítimas fatais nas imediações de centros de distribuição de ajuda da GHF. Recompensas para matar trabalhadores humanitários No último domingo, 30 de junho, a GHF fez outra denúncia grave: o Hamas estaria oferecendo recompensas em dinheiro para qualquer pessoa que ferisse ou matasse seus funcionários humanitários palestinos ou seguranças americanos. De acordo com a fundação, 12 trabalhadores locais já foram assassinados e outros sofreram torturas. “O Hamas colocou recompensas tanto para nosso pessoal de segurança americano quanto para trabalhadores humanitários palestinos“, afirmou a GHF em nota. “Os alvos da brutalidade do Hamas são heróis que tentam alimentar o povo de Gaza no meio de uma guerra.“ A organização ainda apontou que o Hamas tem pré-posicionado agentes armados perto de zonas humanitárias, numa tentativa deliberada de interromper o funcionamento do sistema de entrega de alimentos — considerado o único ainda em operação dentro do enclave. Conflito interno e disputas de poder Relatos de canais locais sugerem que o ônibus atacado no dia 12 transportava funcionários da GHF supostamente ligados a Yasser Abu Shabab, chefe de um grande clã rival do Hamas que estaria recebendo armas de Israel. Abu Shabab, por sua vez, acusou o Hamas de espalhar rumores e imagens falsas para intimidar a população e silenciar opositores. “Rumores de execuções e assassinatos estão sendo espalhados pelos corruptos, mercenários e criminosos do Hamas para semear medo nos corações daqueles que buscam libertação do terrorismo e da opressão“, escreveu Abu Shabab em uma rede social. A associação Ajuda Médica aos Palestinos (MAP) expressou preocupação com a segurança do Hospital Nasser e dos profissionais de saúde, diante do risco de ataques fecharem a instalação. Israel, que combate o Hamas há 20 meses após os ataques terroristas de 7 de outubro de 2023, tem reiterado que a única forma de encerrar a guerra é desmantelar completamente o grupo terrorista. Até o momento, todas as negociações para uma trégua fracassaram. Críticas ao modelo de ajuda Apesar do atentado contra seu ônibus, a GHF informou ter distribuído 2,6 milhões de refeições em apenas um dia — seu maior volume desde o início das operações no final de maio. Mesmo assim, organizações internacionais criticam o sistema atual. O chefe da UNRWA (agência de refugiados palestinos da ONU), Philippe Lazzarini, comparou a situação a uma distopia. “Este modelo não abordará o aprofundamento da fome. Os distópicos ‘Jogos Vorazes’ não podem se tornar a nova realidade“, declarou. Ele pediu que a ONU assuma novamente a liderança, acusando o atual esquema de ser ineficiente e inseguro. Israel, por sua vez, voltou a pedir o fim da UNRWA, alegando que a agência coopera com o Hamas — acusação que a organização nega. Apelo à ONU Diante do colapso, a GHF enviou uma carta ao secretário-geral da ONU, António Guterres, exigindo uma condenação pública contra os ataques a trabalhadores humanitários. No texto, o reverendo Johnnie Moore, presidente executivo da GHF, apelou por uma nova parceria para entregar alimentos diretamente às famílias palestinas e classificou a falha na ajuda humanitária como “estrutural“. “Chegou a hora de confrontar, sem eufemismo ou demora, o fracasso estrutural da entrega de ajuda em Gaza“, escreveu Moore. Mesmo em meio ao cerco, Israel também permitiu a entrada de 56 caminhões de mantimentos do Programa Mundial de Alimentos da ONU no norte de Gaza — primeiro comboio humanitário a acessar a região em meses — e autorizou a chegada de caminhões de farinha para as poucas padarias que ainda funcionam. Enquanto civis sofrem com a escassez, grupos terroristas mantêm a população refém de ameaças e violência. E, entre ataques, blecautes e barricadas, a esperança de um cessar-fogo ainda parece distante. Fonte: Reuters e The Jerusalem Post

Israel aceita cessar-fogo em Gaza, Hamas ainda refuta os termos

Após dois anos e meio do início da guerra em Gaza, novas centelhas de esperança surgem no horizonte: o Hamas está analisando propostas de cessar-fogo de 60 dias, com condições potencialmente voltadas a um fim mais permanente ao conflito. A comunidade internacional observa com atenção redobrada, buscando uma pausa duradoura que alivie o sofrimento humano e reestruture o cenário político. Na quarta-feira (2), por meio de um comunicado oficial, o Hamas informou estar estudando propostas de cessar-fogo encaminhadas por Egito e Catar, países que estão mediando as negociações, junto com os EUA. A organização palestina enfatizou que qualquer acordo deve garantir o fim da guerra e a retirada das forças israelenses de Gaza. Este posicionamento representaria um passo simbólico: o reconhecimento de que, após quase 20 meses de conflito contínuo, é imperativo buscar uma solução diplomática. Essa movimentação ocorre logo após o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmar que Israel teria aceitado os requisitos necessários para formalizar uma trégua de 60 dias — e incentivando o Hamas a concordar, “antes que as condições piorem“. Trump também destacou o papel mediador dos governos do Catar e do Egito, que intensificaram esforços para criar um caminho viável ao consenso. Do lado israelense, o tom é mais cauteloso. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu reforçou que, ainda que Israel tenha concordado com a proposta de curto prazo, a agenda de sua administração exige a “eliminação do Hamas” em um Gaza pós-guerra. Essa dualidade revela um contraste entre a urgência humanitária — demandada por massivas destruições em Gaza — e o imperativo de segurança que tanto Netanyahu quanto a ala mais radical de seu governo partilham. O chanceler Gideon Saar afirmou que “há sinais positivos” nas conversas e que o país está “sério em buscar um acordo de reféns e cessar-fogo“. Isso sugere um alinhamento entre diplomacia oficial, esforços de mediação e a necessidade dos familiares por um desfecho para o conflito. Com base em negociações anteriores, o cessar-fogo proposto incluiria: trégua de 60 dias, liberação de prisioneiros e reféns, retirada das tropas israelenses e entrada de ajuda humanitária em larga escala. No entanto, o Hamas mantém firme sua exigência de que o acordo inclua o fim definitivo da guerra e a completa retirada de Israel de seu território. A situação sobre o terreno é crítica: nos últimos dias, cerca de 139 palestinos foram mortos, segundo autoridades de saúde da Faixa de Gaza, incluindo a morte de Marwan al-Sultan, diretor do Hospital Indonésio, em um ataque israelense. Explosões continuam atingindo civis, enquanto a crise humanitária se aprofunda com o colapso da infraestrutura de água, energia e saúde. A pressão internacional também pesa. O Conselho de Segurança da ONU, em resolução unânime, pediu cessar-fogo imediato e troca de reféns, reforçando que a violência diária é inaceitável. Médicos e jornalistas em Gaza clamam por um fim humanitário que cesse o derramamento de sangue. Com os interlocutores trabalhando por um acordo, as expectativas se concentram no encontro oficial entre Trump e Netanyahu, previsto para a próxima semana. Será esse o momento em que se formalizarão, de fato, os termos do cessar-fogo? Enquanto o ataque aéreo se intensifica, a suspensão temporária dos combates representa uma esperança frágil, mas real. Se o Hamas e Israel assinarem o acordo de 60 dias, o mundo talvez testemunhe não apenas uma trégua, mas o primeiro passo concreto rumo a uma resolução sustentável do conflito. Pressões internacionais, apoio popular dentro e fora da região e o amadurecimento dos mediadores têm potencial de viabilizar uma ponte entre a guerra e o diálogo. Cabe agora aos líderes transformarem oportunidades pontuais em paz duradoura. Fontes: Al Jazeera, Reuters

Ajuda humanitária em Gaza: novo modelo rompe o controle do Hamas e provoca disputa política

A recente mudança no esquema de distribuição de ajuda humanitária na Faixa de Gaza vem gerando tensões entre grupos extremistas, organismos internacionais e entidades de direitos humanos. O novo sistema, que direciona alimentos e suprimentos diretamente à população civil, sem a intermediação do Hamas, conseguiu entregar cerca de 56 milhões de refeições em apenas um mês, segundo dados divulgados por organizações envolvidas no processo. O Hamas, que historicamente controlava a maior parte da ajuda humanitária, vinha confiscando alimentos e medicamentos para sustentar seus próprios combatentes, além de revender o restante à população faminta a preços abusivos. Há ainda relatos de que armas e equipamentos militares entravam disfarçados nos caminhões de ajuda, diante da fiscalização falha do sistema anterior. Agora, com a inspeção reforçada e a entrega feita diretamente aos civis, o grupo terrorista perde não apenas recursos, mas também sua capacidade de usar a fome como instrumento de controle político. É exatamente isso que tem gerado forte reação por parte do Hamas e de seus apoiadores, além de preocupações dentro de organizações como a ONU e algumas ONGs, que temem a lentidão e a burocracia do novo método. No entanto, especialistas afirmam que a demora provocada pela fiscalização rigorosa acaba salvando vidas, ao evitar que armas ou suprimentos militares sejam camuflados junto com a comida e destinados às milícias do Hamas. Para os civis, o modelo representa um alívio inédito, ao garantir que a ajuda chegue de fato a quem mais precisa. Conforme publicado pelo perfil oficial da Global Humanitarian Foundation, que coordena parte dessa operação, “eles nos odeiam porque nosso modelo está funcionando“. A fundação ainda destacou que o Hamas vem tentando sabotar o novo sistema e até ameaçar colaboradores, mas que não pretende recuar: “Pela primeira vez, a comida vai para os civis, não para organizações terroristas“. Nos bastidores diplomáticos, cresce a pressão de algumas agências internacionais para retomar o sistema antigo, porém analistas avaliam que essa mudança seria um retrocesso, recolocando o Hamas no centro do controle e prolongando ainda mais o sofrimento da população de Gaza.

Fontes dos EUA revelam que o Irã fez preparativos para minar o Estreito de Ormuz

Os militares iranianos carregaram minas navais em navios no Golfo Pérsico no mês passado, um movimento que intensificou as preocupações em Washington de que Teerã estava se preparando para bloquear o Estreito de Ormuz após os ataques de Israel em locais em todo o Irã, de acordo com duas autoridades dos EUA. Os preparativos não relatados anteriormente, que foram detectados pela inteligência dos EUA, ocorreram algum tempo depois que Israel lançou seu ataque inicial com mísseis contra o Irã em 13 de junho, disseram as autoridades, que pediram anonimato para discutir questões sensíveis de inteligência. O carregamento das minas, que não foram implantadas no estreito, sugere que Teerã pode ter levado a sério o fechamento de uma das rotas marítimas mais movimentadas do mundo, uma medida que teria escalado um conflito já em espiral e prejudicado severamente o comércio global. Cerca de um quinto dos embarques globais de petróleo e gás passam pelo Estreito de Ormuz e um bloqueio provavelmente teria aumentado os preços mundiais da energia. Os preços globais do petróleo caíram mais de dez por cento desde que os EUA atacaram as instalações nucleares do Irã, impulsionados em parte pelo alívio de que o conflito não desencadeou interrupções significativas no comércio de petróleo. Em 22 de junho, logo após os EUA bombardearem três das principais instalações nucleares do Irã em uma tentativa de paralisar o programa nuclear de Teerã, o parlamento do Irã apoiou uma medida para bloquear o estreito. Essa decisão não era vinculativa e cabia ao Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã tomar uma decisão final sobre o fechamento, disse a Press TV do Irã na época. Ao longo dos anos, o Irã ameaçou fechar o estreito, mas nunca cumpriu essa ameaça. As fontes não revelaram como os Estados Unidos determinaram que as minas foram colocadas nos navios iranianos, mas essa inteligência é normalmente coletada por meio de imagens de satélite, fontes humanas clandestinas ou uma combinação de ambos os métodos. Questionado sobre os preparativos do Irã, um funcionário da Casa Branca disse: “Graças à brilhante execução da Operação Midnight Hammer pelo presidente, à campanha bem-sucedida contra os houthis e à campanha de pressão máxima, o Estreito de Ormuz permanece aberto, a liberdade de navegação foi restaurada e o Irã foi significativamente enfraquecido.” As duas autoridades disseram que o governo dos EUA não descartou a possibilidade de que o carregamento das minas fosse um estratagema. Os iranianos poderiam ter preparado as minas para convencer Washington de que Teerã estava falando sério sobre o fechamento do estreito, mas sem a intenção de fazê-lo, disseram as autoridades. Os militares do Irã também poderiam estar simplesmente fazendo os preparativos necessários no caso de os líderes do Irã darem a ordem. O Estreito de Ormuz fica entre Omã e o Irã e liga o Golfo Pérsico ao Golfo de Omã ao sul e o Mar Arábico além. Tem 34 quilômetros de largura em seu ponto mais estreito, com a rota marítima de apenas duas milhas de largura em qualquer direção. Os membros da Opep, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Iraque exportam a maior parte de seu petróleo bruto pelo estreito, principalmente para a Ásia. O Catar, um dos maiores exportadores de gás natural liquefeito do mundo, envia quase todo o seu GNL pelo estreito. O Irã também exporta a maior parte de seu petróleo bruto pela passagem, o que, em teoria, limita o apetite de Teerã para fechar o estreito. Mas Teerã, no entanto, dedicou recursos significativos para garantir que possa fazê-lo, se julgar necessário. Em 2019, o Irã mantinha mais de 5.000 minas navais, que poderiam ser rapidamente implantadas com a ajuda de pequenos barcos de alta velocidade, estimou a Agência de Inteligência de Defesa dos EUA na época. A Quinta Frota dos EUA, com sede no Bahrein, é encarregada de proteger o comércio na região. A Marinha dos EUA normalmente mantém quatro navios de contramedidas de minas, ou navios MCM, no Bahrein, embora esses navios estejam sendo substituídos por outro tipo de embarcação chamada navio de combate litorânea, ou LCS, que também possui capacidades antiminas. Todos os navios antiminas foram temporariamente removidos do Bahrein nos dias que antecederam os ataques dos EUA ao Irã, em antecipação a um possível ataque retaliatório ao quartel-general da Quinta Frota. Fonte: thearabweekly.com

Frustração americana: Pentágono diz que ataques dos EUA atrasam programa nuclear do Irã em “um ou dois anos”

Nesta quarta-feira (02), o Pentágono anunciou que os ataques militares norte-americanos realizados em 22 de junho contra instalações nucleares iranianas atrasaram o progresso do programa nuclear de Teerã em até dois anos, sendo que a estimativa mais provável está mais próxima desse limite superior. Auxiliados por bombardeiros B‑2 equipados com munições bunker-buster de 13,6 toneladas e por mísseis de cruzeiro Tomahawk lançados por submarinos, as forças norte-americanas atingiram três locais estratégicos do programa nuclear iraniano — Fordow, Natanz e Isfahan. O porta-voz do Pentágono, Sean Parnell, disse que “todas as avaliações de inteligência sugerem que atrasamos o programa em um a dois anos, com estimativa oficial muito próxima de dois anos“. Esse cálculo representa uma revisão significativa em relação às estimativas iniciais, que previam apenas alguns meses de atraso, embora com baixa confiança. Já o presidente Donald Trump e o secretário de Defesa Pete Hegseth tinham afirmado publicamente que o programa havia sido “obliterado“. Apesar da confiança oficial do Pentágono, organismos internacionais e especialistas expressam dúvidas. O chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, informou que, mesmo com os danos às instalações, o Irã poderia retomar a produção de urânio enriquecido em poucos meses. Analistas também ressaltam que o Irã poderia ter deslocado estoques de urânio altamente enriquecido para locais subterrâneos ou não atingidos, especialmente antes do ataque ao Fordow, que tem características profundas de proteção — embora o secretário Hegseth tenha afirmado não haver inteligência indicando tal movimento. Em retaliação diplomática, o presidente iraniano Masoud Pezeshkian ordenou a suspensão da própria cooperação com a AIEA, citando segurança das instalações nucleares e dos cientistas envolvidos. Mesmo assim, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, afirmou que o país continua aberto ao diálogo — embora menos dependente das inspeções internacionais. Araqchi confirmou que o local de Fordow “sofreu danos sérios e pesados”, porém ressaltou que detalhes completos ainda não foram divulgados. A escalada militar e o impasse nuclear têm repercussões profundas no Oriente Médio. Entre as manobras em curso nos bastidores, foi apresentado ao Congresso dos EUA um projeto que autoriza a transferência de armas bunker-buster e bombardeiros B‑2 à Israel, como forma de fortalecer sua capacidade dissuasória frente a um Irã nuclear. Apesar do crescente isolamento diplomático iraniano, a questão permanece sensível. A suspensão da cooperação com a AIEA pode dificultar o monitoramento internacional, complicando negociações futuras sobre o programa nuclear iraniano. A declaração do Pentágono de que o programa nuclear iraniano foi atrasado em até dois anos marca um momento crítico nas tensões entre os EUA e Irã — uma resposta ostensivamente poderosa, porém ainda rodeada de incertezas e sem verificação independente. Seja como for, o desdém pelas inspeções da AIEA e a escalada militar criam um ambiente de tensão que pode perdurar no Oriente Médio. A capacidade real de Teerã de retomar o enriquecimento dependerá do grau de destruição efetiva dos sistemas centrais — e, por enquanto, isso continua sendo um ponto de debate. Fontes: The Times, Reuters, The Guardian

Maior fundo de pensão norueguês liquida investimento em empresas com negócios em Israel

O KLP, maior fundo de pensão da Noruega, com aproximadamente US$114 bilhões em ativos sob gestão, anunciou que não investirá mais em duas companhias, uma americana e uma alemã, por receio de que os equipamentos produzidos sejam utilizados no conflito em Gaza. “Em junho de 2024, chegou ao conhecimento da KLP que diversas empresas estavam fornecendo armas ou equipamentos ao exército israelense”, declarou à Al Jazeera a chefe de investimentos responsáveis do fundo, Kiran Aziz. Ela acusou as empresas de “falharem em sua obrigação de documentar ações de diligência para verificar potencial cumplicidade em violações de direitos humanos”. “Concluímos que as empresas desrespeitaram nossas regras de responsabilidade”, Aziz seguiu. “Por isso, decidimos excluí-las de nosso universo de investimentos”. As empresas afetadas são a fabricante de veículos americana Oshkosh, da qual US$1,8 milhão foi desaportado, e a gigante industrial alemã ThyssenKrupp, que perdeu aproximadamente US$1 milhão. Ambas foram excluídas de acordo com o critério de “venda de armamentos para estados em conflito, que as utilizam de formas que representam violações sérias e sistemáticas ao direito internacional”. A política de cortar relações com empresas suspeitas de envolvimento em questões controversas já é antiga e não se restringe à situação em Gaza. Em 2021, a KLP retirou aportes de companhias ligadas à junta no poder em Myanmar, por exemplo. Outras instituições europeias adotaram postura similar nos últimos meses. O Government Pension Fund, maior fundo soberano do mundo, também norueguês, reduziu recentemente investimentos em empresas estabelecidas em ou com ligação a Israel. Fundos de pensão na Dinamarca e no Reino Unido seguiram o mesmo caminho. Fonte: bloomberg, aljazeera, the times of israel

Novo governo sírio ligado a massacres contra alauítas

Após a queda de Bashar al‑Assad, o novo governo liderado por Ahmed al‑Sharaa assumiu uma postura de unificação nacional. No entanto, em março deste ano, a aliança entre ex-militares, milícias sunitas e grupos estrangeiros desencadeou uma onda sistemática de violência sectária contra a comunidade alauíta – historicamente vinculada ao regime anterior. Isso resultou em pelo menos 1.479 mortos em cerca de 40 locais, de acordo com levantamento da Reuters. Massacres Os massacres ocorreram entre 7 e 9 de março nas regiões costeiras de Latakia, Tartus e Hama, após um levante liderado por remanescentes pró‑Assad que deixou 200 agentes do governo mortos. A violência, segundo fontes oficializadas, foi uma retaliação brutal aos alauítas, com relatos de execuções sumárias, mutilações e pilhagens. Sobreviventes descrevem cenas de ataques realizados por organizações extremistas e milícias apoiadas pela Turquia, como a “Sultan Suleiman Shah Brigade” e a “Hamza Division“. Através de análises de vídeos postados pelos membros das brigadas na internet, foi possível confirmar a presença deles nos locais onde os assassinatos ocorreram. A investigação da Reuters identifica cinco grupos principais como responsáveis: unidades do HTS (antiga al‑Qaeda) – incluindo a “Unit 400” e a “Othman Brigade” –, milícias turcas, facções sunitas locais, combatentes estrangeiros (uzbeques, chechenos, turquistanos) e civis armados sunitas. Todos colaboraram em atrocidades contra civis. O total de vítimas varia conforme diferentes fontes: a Reuters confirma 1.479 mortos; a ONU e outros grupos como o SOHR e o SNHR documentaram entre 1.084 e 1.614 vítimas — a maioria civis desarmados e ex‑combatentes do antigo governo. Comissões de investigação Em resposta, o governo interino decretou a formação de comissões de investigação, prometendo responsabilização. “Ninguém está acima da lei“, declarou o porta-voz da comissão, Yasser Farhan. No entanto, até o momento, nenhuma punição concreta foi aplicada, nem contra violentos militantes nem contra lideranças das milícias envolvidas. Os ataques também suscitaram temor intergeracional. A ONU e comissões independentes relataram desaparecimentos de mulheres alauítas — 33 casos registrados apenas em junho — com sequestros e exigências de resgate, causando pânico na comunidade. Para a comunidade alauíta, eventos como o massacre em Arza e Baniyas, que registraram trezentas mortes, abriram feridas históricas. Os deslocados internos cruzaram para o Líbano, em busca de segurança, enquanto muitos permanecem escondidos nas comunidades vizinhas. A Comissão da ONU para a Síria, representada por Paulo Pinheiro, definiu os ataques como “extremamente perturbadores” e exigiu medidas imediatas de proteção às minorias religiosas, além de investigação aprofundada. Especialistas alertam que a inclusão de facções heterogêneas no novo exército contribuiu para a descoordenada implantação de forças no litoral, o que facilitou execuções e o recrutamento de brigadas milicianas com histórico sectário. A dependência desses grupos fragiliza o Estado, criando zonas de impunidade e ameaçando a unidade nacional. A violência desencadeada expõe a fragilidade da reconciliação em uma Síria fragmentada — minorias como os alauítas ainda vivem sob medo constante, com dignidade e futuro em jogo. O governo al‑Sharaa enfrenta agora a difícil missão de reconciliação sectária, probidade e justiça, antes que a democracia pretendida dê espaço ao retorno silencioso da estrutura autoritária que promete combater. Fontes: Reuters, Reuters, Times of Israel

Fome e desespero em Gaza: Israel endurece bloqueios à ajuda humanitária

Na última semana, um grupo de caminhões carregados com alimentos e suprimentos médicos entrou em Gaza, levando um vislumbre de esperança aos moradores do norte devastado pelo conflito – mas a alegria foi breve. Em poucos dias, Israel interrompeu novas entregas e fechou a principal rota de acesso, citando suspeitas de que o Hamas estaria desviando parte da ajuda humanitária. Entretanto, líderes tribais locais afirmam que foram eles, e não o grupo militante, que garantiram a segurança das cargas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) relatou que a última remessa trouxe suprimentos médicos vitais — incluindo bolsas de sangue e plasma — a primeira vez desde março, através do ponto de passagem de Kerem Abu Salem, no sul de Gaza. Já no norte, dezenas de caminhões entraram em uma operação independente organizada por clãs palestinos, resultando nas primeiras distribuições em quatro meses em locais como Jabalia. Mesmo diante do breve alívio, o fechamento da entrada de ajuda no norte intensificou os alertas da ONU sobre risco iminente de fome e colapso das condições de sobrevivência nos territórios sob bloqueio israelense. Dados da ONU indicam que apenas quatro centros de apoio estão operando, com uma queda drástica no fornecimento diário de refeições — em média, apenas 300 mil ao dia – diante de uma população estimada em 2,1 milhões. Há relatos de violência durante tentativas de coleta de alimentos: 23 palestinos foram mortos apenas no sul ao tentarem acessar ajuda nos pontos operados pelo Gaza Humanitarian Foundation (GHF), respaldado pelos EUA e Israel. Graves denúncias também apontam para mortes causadas por tiros, conforme informado por jornalistas e ONGs. O secretário-geral da ONU, António Guterres, criticou com severidade o modelo de distribuição conduzido pelos EUA, respaldado pelo GHF, classificando-o como “inseguro por excelência” e diretamente responsável por mortes de civis. Guterres exigiu uma revisão imediata do modelo e a abertura irrestrita de fronteiras humanitárias . A comunidade internacional, incluindo União Europeia, Reino Unido, França e Canadá, intensificou a pressão sobre Israel. A UE considera medidas punitivas caso não seja retomada com urgência a ajuda vital. Josep Borrell, ex-alto diplomata da UE, pediu ação mais firme do bloco, argumentando que a instituição não pode permanecer inerte diante da crise. Organizações humanitárias, como a International Rescue Committee (IRC) alertam que a escassez de acesso a alimentos, combustível e medicamentos ameaça causar desnutrição em massa, sobretudo entre crianças — uma geração pode estar à beira de um colapso físico e psicológico. Segundo o IRC, 1,9 milhão de palestinos já estão deslocados, e as remessas de comida foram reduzidas em mais de 70% desde abril. As consequências são profundas: doenças, colapso da rede médica e condições insalubres agravam a situação humanitária. Apesar das tensões, Israel mantém que o GHF é responsável por garantir entrega segura das cargas, desde que haja garantias de que o Hamas não interfere no processo. Já o clã palestino Mukhtar Salman Al Mughani negou qualquer envolvimento do grupo, afirmando que “os clãs garantem a segurança”. A realidade complexa de Gaza evidencia que, enquanto pequenos sinais de alívio surgem, a ajuda é frequentemente interrompida, insuficiente ou perigosa. A crise demanda uma resposta humanitária robusta, neutra e contínua, antes que o desaparecimento de vidas se transforme em um colapso generalizado. Fontes: The National, Financial Times, Reuters

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