Israel inicia ofensiva terrestre sem precedentes na cidade de Gaza na tentativa de resgatar reféns

Em um movimento sem precedentes desde o início do atual confronto, tanques do Exército israelense avançaram, nesta segunda-feira (21), para as áreas sul e leste da cidade de Deir al‑Balah, no centro da Faixa de Gaza. Fontes militares afirmaram que o avanço visa resgatar possíveis reféns mantidos pelo grupo Hamas em instalações subterrâneas na região. Ordens de evacuação foram emitidas no domingo, determinando que civis deixassem a área antes da ofensiva terrestre, que marca um novo patamar na campanha lançada por Israel em outubro passado. Médicos em Gaza relataram que ao menos três palestinos foram mortos e diversos ficaram feridos em bombardeios de artilharia pesada, que atingiram oito residências e três mesquitas. Os ataques obrigaram dezenas de famílias, muitas das quais já desabrigadas por confrontos anteriores, a buscar refúgio a oeste, em direção à faixa costeira e ao setor vizinho de Khan Younis. Ainda na manhã desta segunda, um ataque aéreo israelense em Khan Younis deixou pelo menos cinco mortos — um homem, sua esposa e dois filhos — após o impacto de um míssil em uma tenda improvisada de refugiados. Não houve resposta imediata das Forças de Defesa de Israel (IDF) a respeito desse incidente, que exacerba o sofrimento da população civil. Em nota oficial, o Exército israelense destacou que, até então, não havia entrado nos distritos alvo da ordem de retirada e que suas operações continuam “com grande força para destruir capacidades inimigas e infraestrutura terrorista na área“. Fontes de segurança confirmaram que a hesitação inicial em avançar se deve à suspeita de que dezenas de reféns restantes ainda estariam sob custódia do Hamas no subsolo de Deir al‑Balah. Estima‑se que, dos cerca de 50 reféns ainda em cativeiro em Gaza, pelo menos 20 permaneçam vivos. Familiares dos reféns, amparados por organizações internacionais de direitos humanos, cobram explicações concretas sobre as medidas de proteção aos prisioneiros e criticam o risco elevado a que estariam expostos com a escalada dos combates. A incômoda possibilidade de um confronto urbano prolongado, em meio a túneis e construções densas, reforça o temor de perdas humanas entre civis e capturados. Paralelamente, a Agência de Saúde de Gaza alertou para um cenário de “mortes em massa” nas próximas horas, diante do agravamento da crise de fome que já vitimou 19 pessoas desde sábado (19). Hospitais operam com estoques críticos de combustível, alimentos e medicamentos; segundo Khalil Al‑Deqran, porta‑voz do Ministério da Saúde local, pacientes chegam clamando alívio da exaustão provocada pela falta de comida, enquanto equipes médicas sobrevivem a uma única refeição diária. No domingo (20), mais de 70 civis foram atingidos por disparos do Exército israelense enquanto aguardavam a entrada de caminhões de ajuda humanitária da ONU na Passagem de Rafah. As autoridades militares israelenses defenderam-se dizendo que efetuaram “tiros de advertência” contra uma multidão que representava “ameaça imediata” e negaram ter tido a intenção de atingir veículos ou beneficiários de ajuda. O novo capítulo de violência ocorre em meio a negociações de cessar‑fogo mediadas pelo Catar e pelo Egito, com apoio dos Estados Unidos. Fontes do Hamas afirmaram que o aumento do número de mortos e a fome aguda podem minar seriamente as tratativas, cuja continuidade já se mostra frágil diante do endurecimento das posições de ambos os lados. O atual conflito teve início em 7 de outubro de 2023, quando militantes do Hamas invadiram o território israelense, resultando na morte de 1.200 pessoas e no sequestro de 251 reféns, segundo estatísticas israelenses. Desde então, a contraofensiva de Israel em Gaza deixou um rastro de mais de 58 mil vítimas palestinas, deslocou quase toda a população e desencadeou uma das mais graves crises humanitárias recentes. A batalha em Deir al‑Balah, até então considerada um “reduto sensível” devido ao risco aos reféns, sinaliza uma intensificação drástica das operações terrestres israelenses, cujas consequências humanitárias e políticas prometem reverberar pelas próximas semanas, com impactos diretos sobre a já combalida população civil de Gaza e o futuro das negociações de paz. Fontes: CNN, Reuters, Reuters
Massacre em Suweida: Mais de 1.000 mortos em uma semana de terror na Síria

Aprovada como um passo rumo à estabilidade, a trégua anunciada ontem à noite pelo presidente interino sírio Ahmed al-Sharaa tenta conter a escalada de violência entre milícias drusas e tribos beduínas sunitas aliadas a forças do novo governo. Isso resultou em mais de 1.000 mortos em cerca de uma semana. Segundo o Syrian Observatory for Human Rights (SOHR), os mortos incluem cerca de 336 combatentes drusos e 262 civis drusos, dos quais ao menos 182 teriam sido executados sumariamente por forças do governo sírio. Do lado contrário, morreram 342 agentes de segurança do governo e cerca de 21 combatentes beduínos, incluindo três civis, que também teriam sido executados por drusos. Além disso, 15 militares sírios morreram em ataques aéreos israelenses. A onda de violência começou em torno de 13 de julho, com o sequestro de um comerciante druso por beduínos sunitas. O incidente desencadeou uma série de rixas, troca de sequestros e confrontos armados em diversas localidades de Suweida. Os conflitos migraram para dentro da cidade, e o número de vítimas rapidamente disparou. Uma trégua foi anunciada ontem (19), com mediação dos EUA e estados árabes. O Exército sírio chegou a se retirar da região, e líderes como Ahmed al‑Sharaa prometeram restaurar a ordem na região e conter as perseguições a minorias no país. Relatos apontam que forças do governo sírio teriam se aliado tacitamente aos combatentes beduínos, cometendo abusos e execuções extrajudiciais contra drusos. Em contrapartida, milícias drusas também são acusadas de ataques contra aldeias beduínas e execuções de civis e combatentes rendidos. O chefe espiritual druso Sheikh Hikmat al‑Hijri denunciou massacres e convocou para uma investigação internacional, afirmando que a confiança nas autoridades emergentes do país já se esgotou. O custo humano da onda de violência é devastador. Aproximadamente 80.000 pessoas foram deslocadas desde o início dos confrontos, das quais 20.000 somente em 17 de julho. A infraestrutura local entrou em colapso: falta de água, eletricidade, telecomunicações e combustível tornaram-se rotina. Hospitais superlotados passaram a armazenar corpos nos corredores e até mesmo nas ruas, enquanto equipamentos médicos deixaram de funcionar por falta de energia. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha classificou a situação como crítica. Israel entrou na crise, realizando ataques aéreos contra alvos militares sírios na província de Suweida e em Damasco, justificando as ações como proteção à minoria drusa na Síria. Os EUA, por sua vez, exigiram desarmamento e o cumprimento da trégua, apoiando a administração de Ahmed al‑Sharaa, que também é apoiada por potências do Oriente Médio, como Arábia Saudita e Catar. Entretanto, milícias drusas rechaçaram a presença armada externa e afirmaram que somente aceitariam desmilitarização em um cenário de reconciliação nacional — ainda utópico num país fragmentado por conflitos sectários. Esta ofensiva marca o maior surto de violência sectária na província de Suweida desde a queda de Bashar al‑Assad, e representa um teste crítico para o governo interino de Ahmed al‑Sharaa. A legitimidade do Estado sírio está em xeque, à medida que minorias como os drusos e alauítas questionam sua proteção dentro da nova ordem. A escalada das mortes, os relatos de massacres e a falha da trégua expõem uma Síria ainda longe da pacificação nacional, onde a reconciliação e o restabelecimento da ordem devem competir com ódios sectários, rivalidades locais e influências externas. Fontes: Middle East Eye, The Times of Israel, Al Mayadeen, Financial Times
Hezbollah bate de frente com os EUA e diz que só larga armas quando Israel recuar

O líder do Hezbollah, Naim Qassem, declarou que o grupo se recusará a entregar seu arsenal, rejeitando publicamente uma proposta dos Estados Unidos que condicionava o desarmamento à retirada de Israel do sul do Líbano. Em vídeo divulgado por mídias do Hezbollah, Qassem afirmou: “não vamos nos render ou entregar nossas armas ao israel; Israel não tomará nossas armas”. A proposta dos EUA, apresentada pelo enviado especial Thomas Barrack ao governo libanês no mês passado, oferecia apoio econômico e suspensão dos ataques israelenses em troca do desarmamento completo do Hezbollah até o final de 2025. O governo do Líbano respondeu com um documento de sete páginas, hipótese considerada por Barrack como “espetacular” e digna de “satisfação”. Já o primeiro-ministro libanês Nawaf Salam disse que o plano poderia ser viável se vinculado à retirada israelense do território libanês e ao cumprimento do cessar-fogo estabelecido em novembro de 2024. Desde o fim da guerra devastadora com Israel, entre 2023 e 2024, o Hezbollah vem sofrendo perdas significativas em lideranças e capacidade militar. O grupo iniciou uma revisão estratégica interna para ponderar uma possível redução de seu arsenal — embora não seu desmantelamento total —, visando manter apenas armas leves e mísseis antitanque para defesa, principalmente enquanto Israel mantiver ocupação militar e ataques a alvos libaneses. Fontes consultadas afirmam que o Hezbollah avalia entregar parte de seus estoques de mísseis e drones se Israel encerrar seus ataques e se retirar do sul do país. Contudo, mantém firme a decisão de manter um componente defensivo significativo, especialmente diante do avanço de grupos jihadistas sunitas na Síria e do sentimento popular entre sua base eleitoral de que o desarmamento seria suicídio político. Qassem posicionou-se mesmo antes ao rejeitar o desarmamento sob a justificativa de que seria “um presente para Israel” e justificou que a entrega de armas sem a retirada israelense equivale a ceder aos interesses de ocupação. Ele destacou que o Hezbollah não aceitará a proposta dos EUA nem a normalização com Israel até que as ameaças externas sejam removidas de forma substancial. A proposta dos EUA renovou o debate sobre a soberania libanesa e a consolidação do monopólio de armas pelo Estado, uma meta histórica desde os acordos de Taif em 1989. O presidente Joseph Aoun e o primeiro-ministro Salam reiteraram a intenção de exercer controle estatal sobre todas as armas dentro do país, porém reconhecem a recusa resistente do Hezbollah, que ainda detém força política expressiva. Apesar da pressão tanto interna quanto internacional, o Hezbollah insiste que sua existência armada é essencial contra a ocupação israelense, enquanto o governo libanês tenta equilibrar reconstrução, segurança e manutenção de sua autoridade legítima. Fontes: Al Jazeera, Reuters, Politico
Irã está pronto para responder a qualquer novo ataque militar, afirma aiatolá Khamenei

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, declarou na quarta-feira (16) que o país está preparado para responder a qualquer novo ataque militar, após semanas de tensões com Israel e os Estados Unidos. Em discurso transmitido pela televisão estatal, Khamenei afirmou que Teerã é capaz de desferir um golpe ainda mais significativo do que o realizado durante o conflito de 12 dias com Israel, encerrado por um cessar-fogo em junho. “O fato de nossa nação estar pronta para enfrentar o poder dos Estados Unidos e seu cão na coleira, o regime sionista [Israel], é muito louvável“, disse o líder, segundo a agência Reuters. A declaração ocorre em um contexto de pressão internacional para que o Irã retome as negociações nucleares com os EUA, com um prazo estipulado até o final de agosto por Washington e países europeus, como França, Alemanha e Reino Unido. Caso não haja progresso, o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noël Barrot, alertou que sanções internacionais podem ser reaplicadas por meio de um mecanismo da ONU. Khamenei, no entanto, rejeitou qualquer ideia de rendição, afirmando que o Irã age “com as mãos ocupadas e não em uma posição de fraqueza” tanto no campo diplomático quanto no militar. O líder também fez referência ao ataque iraniano à base americana de Al Udeid, no Catar, em retaliação aos bombardeios dos EUA contra instalações nucleares iranianas em junho. “A base atacada era uma instalação regional americana extremamente sensível. Um golpe ainda maior poderia ser infligido“, declarou Khamenei, sugerindo a possibilidade de escalada em caso de novos conflitos. O Parlamento iraniano reforçou a postura do líder, afirmando que não haverá retomada das negociações nucleares enquanto “pré-condições” não forem atendidas, como garantias contra novos ataques. O ministro das Relações Exteriores, Abbas Araqchi, destacou a necessidade de segurança para avançar nas tratativas. A comunidade internacional observa com cautela, enquanto analistas alertam que uma resposta mal calibrada do Irã pode intensificar o conflito na região, afetando desde o fornecimento global de petróleo até a estabilidade no Oriente Médio. Fonte: InfoMoney, Veja, CNN, Reuters
Após bombardeios israelenses, exército sírio abandona ofensiva contra drusos

O presidente interino da Síria, Ahmed al-Sharaa, afirmou nesta quarta-feira (16), em pronunciamento oficial, que a proteção da comunidade drusa, majoritária na província de Suweida, é uma prioridade para seu governo. A declaração ocorre em meio à intensificação dos combates entre milícias drusas locais e forças do governo, que resultaram na morte de centenas de pessoas nos últimos quatro dias. Durante um pronunciamento transmitido pela TV estatal, al-Sharaa destacou a importância da “unidade nacional” e disse que sua administração não tolerará ameaças à integridade do país ou à segurança das comunidades minoritárias. Segundo ele, o governo busca um “equilíbrio entre a manutenção da ordem pública e o respeito às especificidades culturais e religiosas” dos drusos. A fala do presidente ocorre após o cessar-fogo em Suweida, intermediado pelo governo norte-americano, e após pesados bombardeios israelenses à capital Damasco e a soldados do exército sírio que avançavam em direção ao sul. Os combates têm como pano de fundo reivindicações da comunidade drusa por maior autonomia política e insatisfação com a crescente presença militar em áreas civis. Al-Sharaa também pediu que os líderes locais retomem o diálogo com representantes do governo central, afirmando que “não há solução duradoura fora da mesa de negociações”. Ele defendeu uma abordagem “descentralizada e pragmática” para lidar com as tensões locais, mas deixou claro que o governo “não permitirá a criação de enclaves armados ou paralelos à autoridade nacional”. Internamente, a resposta do governo à crise em Suweida tem gerado divisões. Enquanto líderes militares defendem uma ofensiva mais dura para retomar o controle total da província, setores civis da administração pressionam por um acordo político que envolva líderes religiosos drusos e representantes comunitários. A comunidade internacional acompanha a situação com apreensão. A ONU já emitiu alertas sobre o risco de deterioração humanitária, e entidades de direitos humanos relataram o uso excessivo da força por parte do Exército sírio em operações urbanas. Organizações locais denunciam ainda a prisão de líderes comunitários e o cerco a áreas civis por forças estatais, bem como execuções sumárias contra famílias inteiras. A continuidade dos confrontos pode comprometer a estabilidade da região sul da Síria, onde a relativa calma dos últimos anos havia permitido certo nível de reconstrução e normalidade. O futuro da província dependerá da capacidade do governo de equilibrar repressão e diálogo — algo que, até agora, tem se mostrado instável e arriscado. Fonte: Reuters
Netanyahu pressionado por cessar-fogo em Gaza. Novo mapa de retirada das IDF apresentado ao Hamas

Na noite de terça-feira (15), o gabinete de segurança de Israel se reuniu para avaliar os desdobramentos das negociações em andamento com o Hamas, mediadas em Doha, que buscam viabilizar um cessar-fogo duradouro e a libertação dos reféns ainda em poder do grupo palestino. Fontes envolvidas nas tratativas afirmaram que houve “avanços significativos, mas ainda não um rompimento do impasse“. O principal ponto de fricção continua sendo o mapa de retirada das Forças de Defesa de Israel (IDF) da Faixa de Gaza, cuja versão atualizada foi apresentada pelos negociadores israelenses, mas ainda não recebeu aceitação do outro lado. Segundo as mesmas fontes, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu concedeu maior autonomia à equipe de negociação, permitindo mais flexibilidade para buscar um acordo. A medida representa uma mudança de postura em relação às fases anteriores do processo, marcadas por forte centralização e rigidez. Outro tema central da reunião foi o polêmico plano de construção de uma cidade humanitária em Rafah, proposta por Netanyahu como alternativa para proteger civis palestinos durante operações militares contínuas. O chefe do Estado-Maior das IDF, Eyal Zamir, apresentou um novo modelo mais enxuto, prático e de custo reduzido, após críticas anteriores do próprio Netanyahu, que exigia cronogramas mais realistas. Apesar da revisão, o plano continua gerando tensões. Segundo fontes do gabinete, Netanyahu teria demonstrado frustração com avaliações militares que considerou excessivamente pessimistas, e há suspeitas de que a IDF teria apresentado uma proposta deliberadamente inviável para minar o projeto. O custo estimado da cidade humanitária varia entre 10 a 15 bilhões de shekels, e a responsabilidade financeira recairia quase inteiramente sobre o governo israelense. O general Zamir tem travado embates com o premiê e com o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, alegando que o desvio de recursos para esse plano compromete os objetivos militares principais: enfrentar o Hamas e garantir o retorno dos reféns. Apelo por urgência Enquanto isso, o presidente israelense Isaac Herzog visitou o Kibutz Kfar Aza, símbolo dos ataques de outubro de 2023, e fez um apelo emocionado pela libertação imediata dos reféns. Herzog declarou que o país vive dias críticos e que não há mais justificativa para adiamentos: “Cada refém é um caso humanitário. Tragam todos para casa. Pressionem até que o acordo seja alcançado.“ As próximas horas são consideradas decisivas. Embora nenhum anúncio formal tenha sido feito, o avanço nas negociações e o alívio nas exigências israelenses aumentam a expectativa de um possível acordo nas próximas semanas. Fonte: YnetNews
Netanyahu encurralado: TPI rejeita apelo e sustenta mandado de prisão

Nesta quarta-feira (16), o Tribunal Penal Internacional (TPI) rejeitou formalmente o pedido de Israel para cancelar os mandados de prisão contra o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o ex-ministro da Defesa Yoav Gallant, além de recusar a suspensão da investigação sobre eventuais crimes em territórios ocupados palestinos. O pedido havia sido protocolado por Israel em 9 de maio de 2025, exigindo tanto o arquivamento dos mandados expedidos em 21 de novembro de 2024 — por supostos crimes de guerra e crimes contra a humanidade durante o recente conflito em Gaza — quanto a suspensão de todo o processo investigativo no enquadramento territorial ocupado. O TPI manteve sua jurisdição ativa, reiterando que o caso segue em andamento. O tribunal reafirmou ainda que, embora Israel não seja signatário do Estatuto de Roma, sua jurisdição se estende aos líderes envolvidos, pois a investigação foi iniciada com base na adesão da Palestina — reconhecida como Estado vassalo desde fevereiro de 2021, autorizando o TPI a atuar em Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental. O apelo israelense argumentava ter sido abalado por uma decisão preliminar da câmara de apelações, em abril, mas o tribunal refutou essa alegação, afirmando que o desafio à jurisdição segue sendo analisado e não invalida os mandados enquanto não houver decisão definitiva. No momento, não há prazo para o julgamento desse recurso. Ainda na mesma decisão, o TPI rejeitou uma solicitação de Israel para impedir que a Palestina fosse ouvida sobre o caso, alegando que já há informações suficientes nos autos. Contexto dos mandados e pressão internacional Em 21 de novembro de 2024, o TPI emitiu mandados de prisão relacionados à suposta implicação de Netanyahu e Gallant em crimes como uso da fome como método de guerra e ataques deliberados contra civis. Inicialmente, também foi emitido mandado contra o líder do Hamas, Mohammed Deif, posteriormente cancelado após confirmação de sua morte. O TPI sofreu forte reação de Israel e de seus aliados. Em junho, os Estados Unidos impuseram sanções a quatro juízes do tribunal, incluindo dois envolvidos na decisão atual — uma retaliação sem precedentes contra a jurisdição da Corte. Além disso, houve ameaças e intimidações dirigidas ao procurador-chefe Karim Khan. Relatos apontam que uma figura ligada ao entorno de Netanyahu teria afirmado que Khan seria “destruído” caso não cancelasse os mandados. Com os mandados mantidos, qualquer país signatário do Estatuto de Roma que receber visitas de Netanyahu ou Gallant terá obrigação legal de efetuá-los, caso isso ocorra. A apelação de Israel contra a jurisdição segue em curso, sem previsão de conclusão. Enquanto isso, o tribunal continuará com a investigação sobre as alegações de crimes de guerra e crimes contra a humanidade, inclusive monitorando as consequências humanitárias em Gaza. Em meio a tensões políticas e diplomáticas globais — especialmente com sanções dos EUA e retórica agressiva de Israel — o TPI reafirma sua postura independente e seu compromisso com o cumprimento do Direito Internacional, mesmo diante de pressões de alto nível. Fontes: Reuters, Anadolu, Al Jazeera
Emirados assumem porto sírio de Tartus em acordo bilionário e mira retomada econômica

Em 13 de julho de 2025, a Autoridade Geral de Portos Terrestres e Marítimos da Síria celebrou um acordo no valor de US$ 800 milhões com a empresa dos Emirados Árabes Unidos — DP World — visando a modernização do porto de Tartus, na costa mediterrânea síria. O pacto acontece poucos meses após a assinatura de um memorando de entendimento em maio, reforçando a cooperação entre os dois países em infraestrutura logística e atuação portuária. A cerimônia de assinatura, transmitida pela agência estatal SANA, contou com a presença do presidente interino sírio Ahmed al-Sharaa, demonstrando o alto nível de compromisso político com o projeto. O acordo engloba a construção de um terminal portuário multipropósito em Tartus, expandindo a capacidade de movimentação de cargas, com foco em contêineres, grãos e produtos industriais. Além disso, está prevista a implantação de zonas industriais e zonas de livre comércio — iniciativas estratégicas que visam fomentar a economia local, atrair investimentos estrangeiros e gerar empregos diretos e indiretos. Para a Síria, marcada por 14 anos de guerra civil, esse passo representa um marco significativo rumo à reconstrução econômica e reabilitação das suas infraestruturas principais. O porto de Tartus, tradicionalmente ligado à Marinha e à importação de combustíveis, ganhará nova relevância como hub logístico e comercial na região. O acordo com a DPWorld surge num momento em que a Síria começa a reverter seu isolamento internacional. Em junho, o presidente dos EUA, Donald Trump, assinou uma ordem executiva que suspende um programa de sanções econômicas à Síria, abrindo caminhos para sua reinserção no sistema financeiro global. A decisão visa facilitar a ajuda humanitária, impulsionar o comércio externo e o investimento internacional, e está diretamente ligada à retomada da economia devastada pelo conflito. Por sua vez, a DPWorld — divisão da Dubai World — reforça sua posição como uma das principais operadoras portuárias do mundo, com presença em mais de 70 portos globalmente. A parceria com a Síria representa tanto um risco — devido ao ambiente pós-guerra e riscos regulatórios — quanto uma oportunidade estratégica de ingressar num mercado emergente com baixo custo de entrada e significativo potencial de crescimento. Apesar do otimismo, o projeto enfrenta desafios. A infraestrutura local sofreu extensos danos durante o conflito; muitos acessos terrestres, sistemas de armazenagem e equipamentos portuários estão obsoletos ou destruídos. A reconstrução exigirá não apenas o aporte financeiro do acordo, mas também a mobilização de competências técnicas, quadros de engenharia e conformidade com padrões internacionais de operação portuária eficiente. Além disso, a estabilidade política e a segurança nacional continuam sendo fatores determinantes para o sucesso do investimento. O envolvimento ativo de autoridades sírias, como evidenciado pela presença do presidente al-Sharaa, pode reforçar a confiança externa e sinalizar comprometimento do Estado na continuidade do projeto. A modernização do porto de Tartus pode transformar a logística síria e estimular o crescimento econômico, catalisando investimentos adicionais em transporte, indústrias pesadas e agronegócio. As zonas econômicas associadas devem facilitar a instalação de empresas internacionais, criação de empregos e fortalecimento das cadeias de valor locais. Para a população, o impacto pode se traduzir em melhores oportunidades de trabalho, aumento da arrecadação pública e serviços urbanos mais estruturados. Já para a Síria, no plano internacional, trata-se de um movimento simbólico de reabilitação institucional e confiança de investidores estrangeiros, elementos essenciais para retomar uma trajetória de desenvolvimento sustentável. O acordo de US$ 800 milhões entre Síria e DP World marca o início de uma nova era para o porto de Tartus — com potencial para revitalizar a infraestrutura, gerar emprego, atrair investimentos e redefinir a posição da Síria no comércio mediterrâneo pós-guerra. Fontes: Al Jazeera, Reuters
Israel ataca tanques sírios para proteger drusos: tensão explode no sul da Síria

Explosões e tiros transformaram Suwayda, cidade predominantemente drusa no sul da Síria, em um cenário de guerra civil nesta segunda-feira (14). O confronto, que opõe milícias drusas a tribos beduínas locais, deixou mais de 30 mortos e cerca de 100 feridos, disse o Ministério do Interior sírio. Fontes locais e o Observatório Sírio dos Direitos Humanos estimam até 99 vítimas, incluindo civis e combatentes de ambos os lados . A escalada começou no domingo, após o sequestro de um comerciante druso por bandos beduínos na rodovia entre Damasco e Suwayda. A resposta drusa foi imediata: membros armados deste grupo cercaram bairros beduínos, dando início aos confrontos. Milhares de moradores foram surpreendidos pelos combates, com muitos obrigados a fugir da cidade. “A situação está muito ruim… fugimos com medo“, relatou uma residente. O governo sírio tentou retomar o controle enviando forças militares e unidades de segurança em apoio aos grupos beduínos, e na tentativa de represália contra os drusos, mas a operação encontrou forte resistência e intensificou o confronto. Preocupada com a comunidade drusa, Israel lançou ataques a tanques sírios em movimento na região. O Ministério da Defesa israelense afirmou que a medida visava impedir que forças hostis causassem novos ataques aos drusos e aos civis locais. O ministro Israel Katz descreveu a ofensiva como um “aviso claro ao regime sírio” de que não toleraria agressões. Segundo informações extraoficiais e imagens divulgadas, a informação divulgada até o momento é de que tanques sírios foram atingidos com sucesso . O jornal Financial Times destacou que os ataques de Israel também visam manter um “cordão de segurança” sem presença militar síria ao sul de Damasco — zona considerada sensível à fronteira israelense. A violência reacende tensões sectárias em uma região marcada por conflitos, como os assassinatos drusos no início de maio, quando forças de transição do governo sírio atacaram a comunidade com execuções extrajudiciais. No mês de fevereiro, incidentes em Jaramana, nos arredores de Damasco, também resultaram em troca de tiros entre drusos e forças de segurança, elevando o clima de instabilidade. A situação em Suwayda evidencia a dificuldade do governo de transição, liderado por Ahmed al‑Sharaa, em integrar grupos armados diversos ao novo Estado. A existência de um Conselho Militar druso, que começou a reunir ex-oficiais e milícias locais, agrava o quadro, pois fortalece a autonomia e resistência local. A ONU expressou preocupação e pediu diálogo entre as partes para proteger os civis e evitar uma escalada sectária com efeitos em toda a região. Enquanto isso, Israel mantém vigilância e força militar preventiva em seu lado da fronteira. A cidade de Suwayda tornou-se palco de um conflito que mistura tensões tribais e seitas, com múltiplos grupos armados — milícias drusas, tribos beduínas, forças do governo sírio e intervenção israelense. O episódio expõe a fragilidade das instituições de segurança da Síria pós-Assad e ameaça empurrar o país de volta ao ciclo de violência sectária. A incerteza segue elevada, e qualquer passo em falso pode arrastar todo o Levante para um novo colapso de estabilidade. Fontes: Al Jazeera, Financial Times, AP
“Eles tentaram, sim… mas falharam”: presidente iraniano confirma ferimento em ataque israelense

O presidente iraniano Masoud Pezeshkian sofreu ferimentos leves na perna após um ataque aéreo israelense ter atingido um bunker subterrâneo em Teerã no dia 15 de junho, durante uma reunião da Suprema Comissão de Segurança Nacional do país, afirmou um alto funcionário iraniano à Al Jazeera. Segundo o veículo, o objetivo da ofensiva era eliminar os líderes dos três poderes iranianos — executivo, legislativo e judiciário — que estavam reunidos no local. Seis mísseis foram disparados, atingindo as entradas, saídas e o sistema de ventilação do edifício. A explosão cortou a energia, mas Pezeshkian e os demais participantes escaparam por um túnel de emergência. Durante a fuga, o presidente iraniano feriu levemente a perna, segundo a fonte. Em entrevista ao ex-âncora da Fox News, Tucker Carlson, o presidente iraniano confirmou que ouviu explosões e pediu desculpas aos moradores de Teerã por provocarem medo nas vizinhanças. “Eles tentaram, sim… mas falharam“, declarou Pezeshkian. O Fars, agência ligada à Guarda Revolucionária, caracterizou o ataque como um “esforço assassino“ que replicava o estilo da operação israelense que eliminou o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, em 2024, bloqueando saídas e sufocando o edifício para assegurar a morte dos alvos. Fontes iranianas afirmam que, além de Pezeshkian, estavam presentes figuras-chave, como o presidente do parlamento, Mohammad Bagher Ghalibaf, e o chefe da Justiça, Mohseni Ejei, o que reforça a tese de tentativa de assassinato contra as lideranças do país. A investigação interna do Irã foi instigada pela precisão do ataque, sugerindo que Israel pode ter contado com informações de agentes infiltrados dentro de Teerã. O ataque ocorreu durante a operação “Rising Lion“, com vídeos e evidências corroborando explosões no local e na área de Shahrak-e Gharb, oeste de Teerã. Em resposta, o gabinete de segurança nacional iraniano declarou que “Israel terá que pagar o preço” por essa tentativa, e que o país reforçará suas medidas de contrainformação. Enquanto isso, fontes militares israelenses confirmaram que o alvo principal do ataque foi o comando do IRGC — braço armado revolucionário iraniano —, e não o presidente diretamente. A justificativa foi que a ofensiva visava desestruturar a capacidade militar iraniana durante a escalada do conflito de 12 dias com Israel. O incidente ocorreu pouco antes de uma esperada retomada das negociações nucleares entre Teerã e Washington, intensificando a tensão regional. Desde o início do conflito em 13 de junho, Israel matou dezenas de altos comandantes iranianos e cientistas nucleares, e o Irã retaliou com centenas de mísseis e drones, enquanto os EUA realizaram ataques adicionais em instalações nucleares em Fordow e Natanz. O presidente Pezeshkian, embora tenha declarado estar fisicamente bem, afirmou que o atentado falhou, e que o Irã agora investiga profundamente a origem da informação vazada. A repercussão política interna tem sido imediata: o governo lançou uma série de prisões, detendo mais de 700 pessoas por suposta cumplicidade, e intensificou medidas repressivas contra redes de informantes, temendo infiltrações israelenses. Fontes: Al Jazeera, The Times of Israel, New York Post