Trump dispara contra moeda do BRICS e declara apoio a Bolsonaro: recado direto ao Brasil de Lula

A cúpula dos BRICS realizada no Brasil no último domingo (06) se transformou, rapidamente, em palco de uma crise diplomática entre os Estados Unidos e o governo brasileiro. Em meio a uma pauta voltada para a criação de uma nova arquitetura financeira global e a proposta de uma moeda comum entre os países do bloco, o presidente norte-americano Donald Trump respondeu com retaliações comerciais e ataques políticos diretos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Domingo, 6 de julho – Trump anuncia tarifas adicionais Logo na abertura do encontro, Trump declarou que aplicará uma tarifa adicional de 10% sobre todas as importações provenientes dos países do BRICS — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — e seus novos integrantes, como Irã, Egito e Etiópia, caso avancem nas discussões sobre a criação de uma moeda alternativa ao dólar. A justificativa apresentada foi de que o bloco estaria promovendo políticas “antiamericanas” ao questionar o papel hegemônico do dólar nas transações internacionais. A medida foi interpretada como um ataque direto às ambições dos BRICS de reestruturar o sistema financeiro global, que historicamente privilegia os países do Norte Global. Segundo a Reuters e o Wall Street Journal, a resposta dos líderes do bloco foi de indignação, embora cautelosa. A iniciativa de Trump causou preocupação, em especial entre os países que mantêm laços comerciais profundos com os EUA, como Brasil e Índia. Leia mais: Sem China e Rússia, Cúpula do BRICS no Brasil perde a relevância almejada – Danuzio Reação dos BRICS e retórica moderada de Lula Em resposta, os países do BRICS divulgaram uma nota conjunta classificando como “extremamente preocupante” a adoção de barreiras unilaterais, reafirmando o compromisso com o multilateralismo e a reforma das instituições financeiras internacionais, como o FMI e o Banco Mundial. Lula, tentando manter uma postura diplomática, evitou ataques frontais. Em pronunciamento oficial, destacou que o Brasil “não nasceu para afrontar ninguém” e que os BRICS têm como objetivo fortalecer a cooperação Sul-Sul. Ainda segundo Lula, a proposta da nova moeda do BRICS não tem como intenção rivalizar com o dólar, mas apenas oferecer alternativas para os países em desenvolvimento lidarem com sanções e volatilidades cambiais. Fontes próximas ao Itamaraty indicaram que o governo brasileiro foi pego de surpresa pelo anúncio de Trump e tentou articular uma resposta conjunta entre os líderes do bloco, com pouca adesão dos países mais alinhados a Washington, como Índia e África do Sul. Segunda, 7 de julho – Lula rejeita interferência No dia seguinte, Trump endureceu ainda mais o tom, dizendo que as tarifas seriam suspensas apenas se os países do BRICS recuassem na “ameaça geopolítica” que representaria a moeda comum. A fala foi considerada por diplomatas brasileiros como chantagem econômica. Em resposta, Lula afirmou que o Brasil “não aceita tutelas de ninguém” e criticou o que chamou de “comportamento imperial” por parte de Washington. Trump defende Bolsonaro e intensifica confronto A tensão aumentou ainda mais quando Trump, em sua rede social Truth, comentou o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no” Brasil. O republicano chamou o processo judicial contra Bolsonaro de “caça às bruxas” e afirmou que o Brasil estava “perseguindo um patriota“. “Eles querem prender Bolsonaro por dizer a verdade. Isso é exatamente o que tentaram fazer comigo. Aconteceu comigo, vezes dez“, disse Trump, em referência às acusações criminais que enfrenta nos EUA. Ainda afirmou que o Brasil deveria “deixar Bolsonaro em paz“, criando mal-estar entre os dois governos. Lula reage com firmeza A fala de Trump sobre Bolsonaro foi interpretada no Planalto como uma grave interferência em assuntos internos do Brasil. Lula foi categórico ao rebater: “A defesa da democracia no Brasil é um tema que compete aos brasileiros. Somos um país soberano. Não aceitamos interferência ou tutela de quem quer que seja. Possuímos instituições sólidas e independentes. Ninguém está acima da lei“. Analistas políticos apontam que o impasse pode afetar a relação bilateral em diversas frentes. A aplicação de tarifas pode prejudicar setores-chave da economia brasileira, como o agronegócio e a indústria automotiva, fortemente dependentes do mercado norte-americano. O Brasil é hoje o terceiro maior exportador de produtos agrícolas para os EUA, atrás apenas do México e Canadá. Além disso, o ambiente de tensão pode comprometer o andamento de negociações comerciais e de investimentos, como o acordo Brasil-EUA para cooperação energética assinado no início do ano. A crise entre Brasil e Estados Unidos evidencia os limites da diplomacia brasileira diante de um cenário internacional cada vez mais fragmentado e polarizado. Com Trump adotando uma retórica agressiva e Lula buscando manter a autonomia diplomática do país, o conflito ameaça escalar — tanto no plano comercial quanto político. Se a retórica não for contida por ambos os lados, o risco é de que o incidente evolua para um impasse duradouro, comprometendo não apenas as relações bilaterais, mas a própria credibilidade do BRICS como alternativa global ao sistema liderado pelo Ocidente. Fontes: Revista Oeste, France 24, G1, BBC

Brasil monitora ameaça de Trump à taxação dos BRICS e reforça soberania comercial

Governo brasileiro avalia medidas jurídicas e diplomáticas diante da possível imposição de tarifas pelos EUA contra países do BRICS; lei de reciprocidade já permite resposta proporcional. O governo brasileiro afirmou nesta segunda-feira (07) que avalia “todas as ações possíveis” diante da ameaça do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar tarifas adicionais a países integrantes do grupo BRICS. A medida, segundo Trump, se aplicaria a nações “alinhadas a políticas antiamericanas“. Em nota, o Ministério das Relações Exteriores informou que acompanha “com atenção” os desdobramentos das declarações feitas por Trump e que “o Brasil buscará preservar seus interesses comerciais legítimos por todos os meios diplomáticos e legais disponíveis“. Lei permite reação tarifária Em abril deste ano, o Congresso Nacional aprovou, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou, a Lei de Reciprocidade Econômica (Lei nº 15.122/2025), que autoriza o país a retaliar comercialmente medidas unilaterais consideradas prejudiciais às exportações brasileiras. “O Brasil está preparado juridicamente para responder a qualquer medida que viole princípios do comércio internacional ou que prejudique sua competitividade.“—Fernando Haddad, ministro da Fazenda. A nova legislação permite, por exemplo, que o país aplique tarifas equivalentes contra produtos originários de nações que adotarem restrições arbitrárias contra o Brasil, com base nas normas da Organização Mundial do Comércio (OMC). Cúpula do BRICS abordou o tema O tema foi discutido durante a cúpula dos BRICS, realizada nesta semana no Rio de Janeiro. Sem citar diretamente os Estados Unidos, a declaração final assinada pelos líderes do grupo expressa “preocupação com medidas comerciais unilaterais” e defende “um sistema multilateral de comércio justo e baseado em regras“. Durante o evento, o presidente Lula afirmou: “Não nos interessa uma guerra comercial. Mas o Brasil defenderá seus interesses de forma soberana e responsável. Se houver taxação de produtos brasileiros, haverá uma reação dentro dos parâmetros legais e internacionais.” — Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil (CNN Brasil, 6/7/2025). Reações internacionais Outros países do BRICS também se manifestaram: Diante da possibilidade de que os Estados Unidos formalizem novas tarifas nos próximos dias, o governo brasileiro reiterou que continuará monitorando os desdobramentos e adotará, se necessário, as medidas cabíveis para resguardar os interesses nacionais, com base no direito internacional e nos princípios do comércio justo.

Israel volta a bombardear houthis no Iêmen e atinge radar em navio sequestrado

Israel lançou na madrugada de segunda-feira (08) uma série de ataques aéreos contra alvos controlados pelos Houthis no Iêmen, segundo o Exército israelense. As operações atingiram os portos de Hodeidah, Ras  Isa e Salif, além da usina de Ras  Qantib, situados na costa iemenita, marcando a primeira ofensiva israelense na região em quase um mês. Em comunicado oficial, o exército israelense afirmou que as ações foram uma resposta aos ataques contínuos dos Houthis contra Israel e navios comerciais no Mar Vermelho, considerados apoio solidário à causa palestina. Antes dos bombardeios, autoridades israelenses emitiram alerta para que civis evacuassem das áreas-alvo, na tentativa de reduzir danos colaterais. Além dos portos e da usina, Israel também atacou o navio Galaxy Leader, capturado pelos Houthis em 2023, que, segundo as Forças de Defesa de Israel (IDF), estava equipado com um radar que monitorava o tráfego marítimo internacional para fins militares. Os rebeldes Houthis, alinhados ao Irã, contra-atacaram poucas horas depois, lançando dois mísseis balísticos e drones em direção ao território israelense. Sirenes foram ativadas em Israel, mas não houve confirmação sobre o destino dos mísseis, se foram interceptados ou se atingiram alvos no país. Desde o início da guerra em Gaza, em outubro de 2023, os Houthis vêm intensificando ataques a navios no Mar Vermelho e mísseis contra alvos israelenses, citando apoio aos palestinos. Nesse período, centenas de drones e mísseis foram lançados, muitos interceptados pelas defesas aéreas israelenses, mas alguns chegaram a atingir navios e comunidades rurais. Israel sustenta que as bases, portos e a usina visados pelos ataques eram utilizados para transferência de armas fornecidas pelo Irã aos Houthis, para uso contra navios e território israelense. A ofensiva faz parte de uma série de respostas a esse que considera terrorismo patrocinado por Teerã. A situação no Mar Vermelho — rota de navegação estratégica essencial — se tornou tensa nos últimos meses. Os ataques Houthi já afetaram o transporte marítimo global e levaram à formação da Operação Prosperity Guardian, coalizão liderada pelos EUA para proteger navios civis no local. Analistas destacam que os ataques israelenses são parte de uma campanha para desencorajar intervenções houthi no conflito de Gaza, além de proteger as rotas comerciais. A capacidade militar empregada, com alertas prévios e mobilização aérea, demonstra como Israel está disposto a atacar profundamente fora de seu território para conter ameaças. A IDF avisou que continuará reagindo a qualquer ação dos Houthis, prometendo também bloqueio aéreo e naval caso os ataques persistam. Consequências para o conflito regional Essa escalada israelense no Iêmen amplia o palco da crise no Oriente Médio. O Iêmen, devastado por guerras internas e alvo de tentativas de negociações de paz, pode ser arrastado para um conflito ainda mais direto com Israel e aliados ocidentais, agravando a instabilidade na região. Além disso, isso pressiona países como Estados Unidos e Reino Unido, que participam de patrulhas no Mar Vermelho. Novos ataques podem resultar em envolvimento militar mais direto dessas nações. Para os Houthis, os ataques israelenses reforçam seu papel de braço militar do Irã e aliados de Hamas e Hezbollah, aumentando o risco de uma guerra indireta entre Teerã e Israel. Especialistas apontam que a dinâmica atual pode levar a confrontos regionais mais amplos, envolvendo marinha inimiga e potenciais ações contra navios estrangeiros. Fontes: Reuters, Forex Live

Trump ameaça o “antiamericano BRICS” com mais tarifas

Neste domingo (06), o presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, anunciou em sua rede social que aplicará tarifas adicionais de 10% sobre qualquer país que se alinhar às políticas do BRICS – bloco internacional cuja reunião está em andamento no Rio de Janeiro. “Qualquer país que se alinhar às políticas antiamericanas do BRICS será taxado com uma tarifa ADICIONAL de 10%“, ameaçou Trump no Truth Social, completando ainda que “não haverá exceções“. O post do líder americano vem em resposta à declaração conjunta apresentada na cerimônia de abertura do encontro do bloco, na qual os membros defenderam “uma ordem internacional mais justa e representativa e um sistema multilateral revigorado e reformado“. “Demonstramos sérias preocupações com a aplicação unilateral de tarifas e medidas não-tarifárias, que distorcem o comércio internacional e são inconsistentes com as regras da OMC“, criticou o comunicado. Formado originalmente por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o bloco viu expansões recentes e a inclusão de novos membros: Irã, Emirados Árabes Unidos, Egito e Etiópia. A Arábia Saudita está em processo de adesão, e outras 30 nações estudam também seguir caminho similar. Leia mais: Sem China e Rússia, Cúpula do BRICS no Brasil perde a relevância almejada – Danuzio Frente às dificuldades vistas nas relações recentes em fóruns como o G7 e o G20, o BRICS vem tentando se posicionar como alternativa para deliberações e busca de soluções a nível multilateral, com foco especial no chamado “Sul Global“, grupo de nações em desenvolvimento cujos interesses, segundo o bloco, tendem a ser preteridos nas cimeiras internacionais. “Se a governança internacional não reflete a realidade multipolar do século 21, cabe ao BRICS atualizá-la“, afirmou o presidente brasileiro, Luis Inácio Lula da Silva. Trump não foi claro sobre quais políticas defendidas pelo organismo multilateral considera como “antiamericanas“. Mas as divergências entre o dignatário e as medidas tomadas ou estudadas pelo BRICS já se desenrolam há tempos. Em ocasiões anteriores, o presidente norte-americano criticou a iniciativa do bloco de buscar alternativas ao dólar, seja criando uma moeda comum ou utilizando outra – como o renminbi chinês – como substituto. Leia mais: Cúpula dos BRICS esvaziada: Putin e Xi decidem não vir ao Brasil de Lula – Danuzio “Vamos exigir um compromisso desses países aparentemente hostis de que eles não criarão uma moeda do BRICS nem apoiarão o uso de outra moeda como alternativa ao dólar. Caso contrário, serão tarifados em 100%“, disse Trump em janeiro deste ano. Comentando as ameaças feitas ontem, o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores chinês disse que Pequim “aplicar tarifas de modo arbitrário não ajuda nenhuma das partes” e que se opõe ao uso de tarifas como “mecanismo de coerção”. O encontro dos BRICS, cujo tema é “Fortalecendo a cooperação do Sul Global para uma maior governança mais inclusiva e sustentável” será concluído hoje, 07 de junho. Fontes: Reuters, CNBC, BRICS

Irã usa o BRICS para tentar legitimar seu regime e desafiar o ocidente

O Irã chega à cúpula do BRICS, que começa neste domingo no Rio de Janeiro, buscando sinalizar ao mundo que não está tão isolado quanto seus adversários gostariam. Após 12 dias de bombardeios israelenses e norte-americanos contra instalações militares e nucleares em território iraniano, Teerã intensifica esforços diplomáticos para demonstrar que ainda conta com aliados de peso, mesmo enfrentando severas sanções e ameaças de novos ataques. Essa será a primeira participação do Irã em uma reunião de cúpula do bloco, que reúne Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e países que se uniram recentemente, como Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos. A entrada iraniana foi patrocinada principalmente por Rússia e China, que enxergam no BRICS uma oportunidade de enfraquecer a predominância dos Estados Unidos nas instituições financeiras e políticas globais. O contexto geopolítico tornou essa aproximação ainda mais relevante para Teerã. O governo iraniano confirmou que enviou uma delegação ao Brasil, representada pelo presidente do Parlamento Mohammad Bagher Ghalibaf, porém não divulgou se haverá encontros bilaterais à margem do evento. Analistas apontam que a simples presença do Irã é uma mensagem simbólica: apesar dos ataques contra seu programa nuclear, Teerã quer mostrar que tem apoio de potências que rivalizam com Washington. “O simbolismo de estar sentado à mesa do BRICS é enorme para o Irã agora“, explicou Sanam Vakil, diretora do programa para Oriente Médio e Norte da África do Chatham House. Na visão de Teerã, fazer parte do bloco reforça a narrativa de que o país não está isolado, mas inserido em um movimento global de contestação à ordem dominada pelo Ocidente. No entanto, a inclusão iraniana escancara as dificuldades internas do BRICS. Países como Índia, Brasil e África do Sul têm relações econômicas próximas aos EUA e se mostram reticentes em assumir uma postura mais agressiva contra Washington. Após os ataques americanos e israelenses, o BRICS divulgou apenas uma nota de “grave preocupação”, classificando as ofensivas como violações do direito internacional, mas sem condenações diretas. Segundo o especialista Oliver Stuenkel, da Fundação Getúlio Vargas, não há consenso real sobre a situação iraniana. “A solução foi emitir um comunicado muito brando“, avaliou. A cautela reflete os interesses díspares dos membros. Brasil, por exemplo, não quer comprometer relações com seu segundo maior parceiro comercial, os EUA. O presidente Lula resiste às pressões russas e chinesas para posicionar o BRICS como um bloco declaradamente antiocidental. Mesmo assim, Rússia e China aproveitaram o contexto para endurecer seus discursos. Moscou classificou os ataques como “agressão não provocada“, enquanto Pequim pediu “moderação” e defendeu negociações. Já Índia, África do Sul e Etiópia preferiram manter distância de qualquer retórica mais incisiva. Especialistas acreditam que o Irã vai insistir para incluir na declaração final um respaldo explícito contra novas agressões e um compromisso com mecanismos de cooperação que atenuem o impacto das sanções. Mas há dúvidas se o bloco conseguirá chegar a um texto mais forte. A ausência física dos presidentes Xi Jinping e Vladimir Putin também limita o peso político do encontro. Xi enviou o primeiro-ministro Li Qiang em seu lugar, e Putin participará por videoconferência devido ao mandado de prisão expedido pelo Tribunal Penal Internacional. Em meio a tantas divisões, a expectativa é que o Irã use o encontro principalmente como palco simbólico para afirmar que ainda possui aliados relevantes em sua disputa contra o Ocidente. Fontes: New York Times, Agência Brasil

Rússia quebra todas as regras: armas químicas viram tática oficial na guerra contra a Ucrânia

Agências europeias de inteligência soaram o alerta após descobrirem evidências de que forças russas estão recorrendo cada vez mais ao uso de armas químicas proibidas na Ucrânia. O ministro da Defesa da Holanda, Ruben Brekelmans, e o serviço de inteligência alemão BND confirmaram que Moscou está “normalizando” o emprego de agentes tóxicos — incluindo a substância asfixiante cloropicrina — para expulsar tropas ucranianas de trincheiras, utilizando drones e munições improvisadas como garrafas e lâmpadas. Brekelmans declarou à Reuters: “Podemos confirmar que a Rússia está intensificando seu uso de armas químicas… está se tornando mais padronizado e disseminado“. Ele ressaltou que ao menos três soldados ucranianos morreram, e mais de 2.500 relataram sintomas consistentes com exposição química. O chefe da inteligência militar holandesa, Peter Reesink, disse ao Parlamento que isso faz parte de um programa em larga escala e coordenado — muito além de uso pontual na linha de frente. Cloropicrina A cloropicrina, empregada pela primeira vez na Primeira Guerra Mundial, causa irritação severa na pele, nos olhos e no sistema respiratório, e pode ser fatal em espaços confinados. Seu uso é proibido pela Convenção sobre Armas Químicas. Embora autoridades russas e ucranianas tenham trocado acusações mútuas de guerra química, organismos internacionais como a Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) ainda não iniciaram uma investigação formal. Reportagem adicional do Politico Europe descreve que o cloro e outros agentes asfixiantes vêm sendo utilizados com frequência crescente, e que a inteligência confirma que Moscou “não hesita em empregar substâncias ainda mais potentes“. O uso intensificado de armas químicas levou a novos apelos por sanções mais duras e pelo afastamento da Rússia de órgãos internacionais. Brekelmans pediu que países considerem suspender Moscou do Conselho Executivo da OPAQ e que a Comissão Europeia aprove sanções contra 15 indivíduos e entidades envolvidas no programa químico russo. Essa revelação surge no contexto de um dos maiores ataques aéreos russos contra a Ucrânia, com mais de 500 drones iranianos e diversos mísseis lançados — evidenciando uma escalada brutal tanto no campo convencional quanto químico. A Ucrânia acusa a Rússia de ter cometido até 9.000 incidentes com armas químicas desde o início da guerra. As constatações das inteligências holandesa e alemã corroboram essas denúncias de Kiev, oferecendo confirmação independente. Enquanto isso, ciclos repetidos de ataques químicos provocam traumas generalizados entre militares e civis. Diante da situação, líderes globais renovam a pressão por medidas urgentes. Brekelmans destacou a importância simbólica e prática de isolar a Rússia diplomática e financeiramente. Ele advertiu que “se não esclarecermos e tornarmos público o que a Rússia está fazendo, é altamente provável que essas práticas continuem”. Por ora, a OPAQ permanece limitada por trâmites processuais — qualquer inquérito formal precisa ser solicitado pelos Estados-membros. No entanto, com a convergência de relatórios de inteligência e o aumento do consenso internacional, muitos analistas esperam uma pressão significativa por uma investigação na próxima reunião do Conselho Executivo da organização. Fontes: Reuters, Financial Times, Politico

Hamas sinaliza “resposta positiva” a cessar-fogo proposto por Trump

O grupo terrorista Hamas declarou nesta sexta-feira (5) ter dado uma “resposta positiva” à proposta de cessar-fogo de 60 dias apresentada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mas deixou claro que ainda quer negociar detalhes de implementação. O anúncio ocorre enquanto Israel segue realizando operações aéreas contra alvos terroristas em Gaza, atingindo inclusive áreas de apoio logístico do Hamas. Segundo informações divulgadas, o Hamas busca garantias de que uma trégua temporária resultará no fim definitivo do conflito — o que Israel já rechaçou no passado, ao considerar o desmantelamento total da organização terrorista como objetivo estratégico. Trump, que tem pressionado fortemente para um acordo, deve receber o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu na Casa Branca na próxima semana para discutir os próximos passos. Enquanto isso, ataques israelenses na manhã de sexta-feira deixaram ao menos 15 mortos em Gaza, segundo o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas. Outras 20 pessoas teriam morrido em tiroteios ao tentar chegar a locais de distribuição de alimentos — pontos que, de acordo com relatos da ONU, sofrem constantes interferências de grupos armados e até mesmo disparos de advertência das forças israelenses, que tentam conter multidões e saques. O Escritório de Direitos Humanos da ONU informou que mais de 600 palestinos morreram no último mês em situações ligadas à busca de ajuda humanitária, frequentemente em zonas militarizadas onde o Hamas se infiltra, usando civis como escudo para suas operações. Israel, por sua vez, afirma que revisa continuamente as regras de engajamento para minimizar vítimas civis, mas acusa o Hamas de se esconder em meio à população para tentar atrair condenação internacional. Trump, em declarações recentes, reiterou que Israel aceitou as condições essenciais para o cessar-fogo de 60 dias, mas cobrou que o Hamas pare de tentar transformar a trégua em salvo-conduto para se rearmar. “É hora de eles decidirem se querem viver em paz ou continuar usando mulheres e crianças como escudo“, declarou o presidente americano no Air Force One. O número de mortos em Gaza já passa de 57 mil desde o início do conflito em 2023, segundo dados do próprio ministério de saúde de Gaza — controlado pelo Hamas e, portanto, frequentemente contestados. Israel estima que mais de 860 de seus soldados caíram desde o começo da guerra, que explodiu após o massacre de 7 de outubro de 2023, quando terroristas do Hamas assassinaram cerca de 1.200 israelenses e sequestraram 250 civis. Com a visita de Netanyahu aos EUA, analistas acreditam que novas negociações podem emergir, mas há grande desconfiança sobre as “boas intenções” do Hamas, que historicamente utiliza cessar-fogos para se reagrupar e rearmar. Fonte: .reuters.com e apnews.com

Rússia lança maior ataque aéreo desde o início da guerra, horas após conversa entre Trump e Putin

A Rússia realizou na sexta-feira (4) a maior barragem aérea contra a Ucrânia desde o início da invasão, segundo a Força Aérea ucraniana. O ataque ocorreu poucas horas depois de um telefonema entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente russo, Vladimir Putin. De acordo com autoridades ucranianas, a ofensiva envolveu mísseis balísticos Kinzhal (Adaga), mísseis de cruzeiro e drones explosivos lançados em massa para tentar sobrecarregar os sistemas de defesa aérea de Kiev e de outras cidades. A Força Aérea informou que foram disparados ao menos um míssil Kinzhal, seis outros mísseis balísticos e quatro mísseis de cruzeiro, dos quais apenas dois mísseis de cruzeiro foram abatidos (CNN). O ataque deixou Kiev coberta por fumaça na manhã de sexta-feira. Vários bairros residenciais foram atingidos, danificando casas e prédios, e incêndios se espalharam após a queda de destroços. Segundo relatos, a seção consular da Embaixada da Polônia em Kiev também foi atingida, assim como o consulado da China em Odesa, no sul do país (Reuters). A sequência de ataques ocorreu pouco depois de Trump ter conversado com Putin, embora não haja evidências claras de relação direta entre o telefonema e o bombardeio. Trump disse à imprensa logo após a ligação que “não fez progresso” com o líder russo, e que a conversa foi “franca” (BBC). Posteriormente, Trump também telefonou para o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy, que confirmou a conversa e disse ter discutido o aumento da proteção do espaço aéreo ucraniano, sem detalhar se os EUA retomariam o envio de novos mísseis de defesa Patriot, cuja entrega havia sido suspensa nesta semana pelo governo Trump (Al Jazeera). A Ucrânia depende fortemente dos sistemas Patriot fornecidos pelos EUA para interceptar mísseis balísticos russos de alta velocidade, como o Kinzhal, mas conta ainda com sistemas europeus e armamentos de fabricação local para conter mísseis de cruzeiro e drones. A escalada dos ataques russos nos últimos meses evidencia uma estratégia de saturação, utilizando mísseis e drones em ondas simultâneas para tentar esgotar os estoques de defesa aérea ucranianos. Especialistas apontam que a ofensiva de sexta-feira representa um ponto de inflexão tático, ao combinar diferentes armas de forma coordenada contra centros urbanos e infraestrutura diplomática. Até o momento, não há informações confirmadas sobre vítimas fatais, mas as autoridades locais afirmaram que dezenas de pessoas ficaram feridas e centenas foram obrigadas a deixar suas casas devido aos danos e incêndios provocados pelos destroços. A audiência internacional aguarda mais detalhes da conversa entre Trump e Putin e, sobretudo, se Washington vai reconsiderar o envio de novos armamentos a Kiev nas próximas semanas. Fonte: ww.miamiherald.com

Cessar-fogo ou rendição? Israel discute soltar prisioneiros do Hamas sem garantias reais

As conversas para um novo cessar-fogo entre Israel e o Hamas continuam em ritmo intenso, mas ainda cercadas de incertezas e receios. O objetivo é alcançar uma trégua de 60 dias que permita a libertação de reféns israelenses mantidos em Gaza e a troca por prisioneiros palestinos, além de abrir espaço para negociações de reconstrução e ajuda humanitária. A proposta inicial do enviado americano Steve Witkoff incluía a libertação de 10 reféns vivos, além da devolução dos corpos de outros 18 reféns mortos, em troca de 125 presos palestinos condenados por assassinato e 1.111 gazenses detidos após os ataques de 7 de outubro de 2023 (Ynet). Também estava prevista a devolução de 180 corpos de palestinos mortos, em duas etapas. No entanto, a proposta atualizada apresentada nesta semana pelo Catar não detalhou quantidades nem proporções específicas, gerando apreensão entre autoridades israelenses. Questionados, negociadores cataris afirmaram que a proporção seria “semelhante” à versão americana, mas sem nenhuma garantia formal. Segundo fontes de Jerusalém, isso levanta o temor de que o Hamas tente renegociar a proporção de prisioneiros a serem libertados em troca dos reféns, o que pode levar a um impasse: “Se o Hamas aceitar, as negociações sobre os números serão duras, e não podemos descartar uma crise“, alertou um alto funcionário israelense. Do lado palestino, o Hamas indica disposição para negociar, mas insiste que qualquer acordo contemple um cessar-fogo permanente e a retirada completa das tropas israelenses de Gaza, antes de liberar todos os reféns. Enquanto isso, a situação humanitária na Faixa continua se agravando: no último dia 3 de julho, ao menos 59 palestinos morreram em ataques aéreos israelenses. Em meio a tantas exigências cruzadas, diplomatas alertam que a definição de prazos, garantias de monitoramento e a proporção real de prisioneiros libertados serão pontos críticos para evitar que o acordo naufrague nos próximos dias.

Israel aceita cessar-fogo em Gaza, Hamas ainda refuta os termos

Após dois anos e meio do início da guerra em Gaza, novas centelhas de esperança surgem no horizonte: o Hamas está analisando propostas de cessar-fogo de 60 dias, com condições potencialmente voltadas a um fim mais permanente ao conflito. A comunidade internacional observa com atenção redobrada, buscando uma pausa duradoura que alivie o sofrimento humano e reestruture o cenário político. Na quarta-feira (2), por meio de um comunicado oficial, o Hamas informou estar estudando propostas de cessar-fogo encaminhadas por Egito e Catar, países que estão mediando as negociações, junto com os EUA. A organização palestina enfatizou que qualquer acordo deve garantir o fim da guerra e a retirada das forças israelenses de Gaza. Este posicionamento representaria um passo simbólico: o reconhecimento de que, após quase 20 meses de conflito contínuo, é imperativo buscar uma solução diplomática. Essa movimentação ocorre logo após o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmar que Israel teria aceitado os requisitos necessários para formalizar uma trégua de 60 dias — e incentivando o Hamas a concordar, “antes que as condições piorem“. Trump também destacou o papel mediador dos governos do Catar e do Egito, que intensificaram esforços para criar um caminho viável ao consenso. Do lado israelense, o tom é mais cauteloso. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu reforçou que, ainda que Israel tenha concordado com a proposta de curto prazo, a agenda de sua administração exige a “eliminação do Hamas” em um Gaza pós-guerra. Essa dualidade revela um contraste entre a urgência humanitária — demandada por massivas destruições em Gaza — e o imperativo de segurança que tanto Netanyahu quanto a ala mais radical de seu governo partilham. O chanceler Gideon Saar afirmou que “há sinais positivos” nas conversas e que o país está “sério em buscar um acordo de reféns e cessar-fogo“. Isso sugere um alinhamento entre diplomacia oficial, esforços de mediação e a necessidade dos familiares por um desfecho para o conflito. Com base em negociações anteriores, o cessar-fogo proposto incluiria: trégua de 60 dias, liberação de prisioneiros e reféns, retirada das tropas israelenses e entrada de ajuda humanitária em larga escala. No entanto, o Hamas mantém firme sua exigência de que o acordo inclua o fim definitivo da guerra e a completa retirada de Israel de seu território. A situação sobre o terreno é crítica: nos últimos dias, cerca de 139 palestinos foram mortos, segundo autoridades de saúde da Faixa de Gaza, incluindo a morte de Marwan al-Sultan, diretor do Hospital Indonésio, em um ataque israelense. Explosões continuam atingindo civis, enquanto a crise humanitária se aprofunda com o colapso da infraestrutura de água, energia e saúde. A pressão internacional também pesa. O Conselho de Segurança da ONU, em resolução unânime, pediu cessar-fogo imediato e troca de reféns, reforçando que a violência diária é inaceitável. Médicos e jornalistas em Gaza clamam por um fim humanitário que cesse o derramamento de sangue. Com os interlocutores trabalhando por um acordo, as expectativas se concentram no encontro oficial entre Trump e Netanyahu, previsto para a próxima semana. Será esse o momento em que se formalizarão, de fato, os termos do cessar-fogo? Enquanto o ataque aéreo se intensifica, a suspensão temporária dos combates representa uma esperança frágil, mas real. Se o Hamas e Israel assinarem o acordo de 60 dias, o mundo talvez testemunhe não apenas uma trégua, mas o primeiro passo concreto rumo a uma resolução sustentável do conflito. Pressões internacionais, apoio popular dentro e fora da região e o amadurecimento dos mediadores têm potencial de viabilizar uma ponte entre a guerra e o diálogo. Cabe agora aos líderes transformarem oportunidades pontuais em paz duradoura. Fontes: Al Jazeera, Reuters

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