Ucrânia propõe nova rodada de negociações à Rússia

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky anunciou neste fim de semana que a Ucrânia propôs à Rússia uma nova rodada de negociações de paz, com foco na retomada do diálogo diplomático e na obtenção de um cessar-fogo duradouro. Segundo Zelensky, a proposta visa estabelecer um ambiente mínimo de segurança para negociações mais amplas, o que passa por um cessar-fogo de pelo menos 30 dias como condição preliminar. A iniciativa foi revelada durante uma coletiva de imprensa transmitida nacionalmente em Kyiv, e ocorre em meio a uma escalada da violência tanto no leste da Ucrânia quanto em regiões da Rússia afetadas por ataques ucranianos com drones. Zelensky afirmou que o convite foi feito formalmente ao Kremlin, e que o momento é oportuno para “restaurar algum grau de racionalidade no meio da guerra”. A última tentativa de negociação entre os dois países, realizada em Istambul, havia resultado apenas em trocas de prisioneiros, sem avanços concretos em relação a um armistício ou retirada de tropas. A nova proposta, segundo o governo ucraniano, inclui a realização de um encontro entre representantes de alto escalão e até mesmo um possível encontro direto entre Zelensky e Vladimir Putin, o que marcaria uma reaproximação inédita desde os primeiros meses da invasão russa iniciada em fevereiro de 2022. Do lado russo, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, confirmou que a proposta foi recebida e está em análise. No entanto, a Rússia reiterou suas exigências básicas para qualquer avanço nas negociações: o reconhecimento do controle russo sobre os territórios já ocupados, a garantia de neutralidade da Ucrânia em relação à OTAN e o fim das sanções ocidentais. Moscou também afirmou que “não aceitará ultimatos”, em resposta à pressão exercida pelos Estados Unidos, que vêm defendendo um novo pacote de sanções caso a Rússia não aceite um cessar-fogo até o fim de agosto. O presidente Donald Trump, que reassumiu o cargo em janeiro, impôs um prazo de 50 dias para a redução dos combates, ameaçando tarifas punitivas a países que mantiverem relações comerciais com Moscou se a guerra não for interrompida. Internamente, a Ucrânia tem intensificado seus ataques retaliatórios com drones, especialmente contra alvos em território russo. Na última semana, mais de 230 drones ucranianos atingiram regiões próximas a Moscou, forçando o fechamento temporário de aeroportos e gerando alarme entre a população civil russa. Em resposta, a Rússia aumentou os bombardeios nas regiões de Donetsk, Kharkiv e Sumy, mirando infraestrutura energética e zonas residenciais, o que agrava ainda mais o cenário humanitário no país. A comunidade internacional acompanha com atenção os desdobramentos. Países como França, Alemanha, Turquia e Vaticano já se colocaram à disposição para atuar como mediadores, enquanto a União Europeia busca manter um papel central nas negociações, contrariando o desejo dos Estados Unidos de concentrar o processo sob sua liderança. O grupo composto por França, Alemanha e Reino Unido reforçou que a Europa não deve ser marginalizada neste momento crítico. A nova proposta de Zelensky é vista por analistas como uma tentativa estratégica de reposicionar a Ucrânia como parte ativa na busca pela paz, após meses de impasse e desgaste militar. Ao propor um cessar-fogo e estabelecer como prioritária a proteção da população civil, o presidente ucraniano busca criar condições mínimas para uma negociação legítima. No entanto, sem garantias firmes de que Moscou aceitará interromper os ataques, o processo pode repetir o fracasso dos Acordos de Minsk, que, embora firmados, nunca foram verdadeiramente respeitados. Fontes: Reuters, Politico, New York Post
Mega acordo militar à vista: Trump e Zelensky negociam troca estratégica

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, revelou em entrevista recente que está negociando com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, um “mega acordo’ bilateral envolvendo tecnologia militar. Pelo acordo, os EUA comprariam drones ucranianos de longo alcance e, em contrapartida, forneceriam armamentos pesados a Kyiv — uma troca que Zelensky definiu como uma “situação ganha-ganha“. Segundo Zelensky, a proposta prevê que a Ucrânia forneça drones já testados em campo de batalha, muitos dos quais com alcance de até 1.800 quilômetros, ou seja, capazes de atingir alvos profundamente dentro do território russo. Em troca, Washington se comprometeria com o fornecimento de armas de uso estratégico para as forças ucranianas, embora os tipos exatos de armamentos ainda não tenham sido divulgados. “O povo americano precisa dessa tecnologia em seu arsenal“, afirmou Zelensky, destacando que o conhecimento adquirido por Kyiv durante a guerra com a Rússia é valioso para os EUA e seus aliados. “Essa é uma oportunidade única para ambas as nações.“ Zelensky também afirmou que está disposto a compartilhar a experiência ucraniana com outros parceiros ocidentais, como Alemanha, Noruega e Dinamarca, que já demonstraram interesse no modelo de inovação bélica ucraniana, sobretudo no campo dos drones. O presidente ucraniano reforçou que seu governo quer transformar a expertise adquirida no front em capital político e industrial, reforçando a posição da Ucrânia como polo tecnológico militar na Europa. Reversão de postura de Trump O anúncio acontece num momento em que Donald Trump revê sua posição anterior sobre a ajuda militar à Ucrânia. Após suspender o envio de armas em abril de 2025, o governo norte-americano voltou atrás e restabeleceu os repasses, inclusive impondo à Rússia um ultimato de cessar-fogo de 50 dias. Esse reposicionamento criou espaço político para o avanço da proposta de cooperação tecnológica. Durante visita a uma fábrica de drones na Ucrânia, o enviado especial dos EUA, Keith Kellogg, elogiou a velocidade de inovação do setor: “Eles estão liderando essa nova era de guerra. A capacidade de adaptação e reaproveitamento deles é impressionante“, escreveu em sua conta no X (antigo Twitter). Kellogg defendeu que a indústria de defesa americana aprenda com a experiência ucraniana, destacando que a tecnologia de drones se tornou peça central no conflito moderno. O acordo, se confirmado, representaria também um impulso vital para a indústria de drones da Ucrânia, que cresceu 900% desde o início da guerra, mas ainda enfrenta falta de contratos e financiamento. Em novembro de 2024, fabricantes ucranianos expressaram frustração com a ausência de compras governamentais, que limitavam a escala de produção mesmo com alta capacidade instalada. O cenário persistia até junho de 2025, segundo relatório da Business Insider. Agora, com a possibilidade de contratos internacionais, principalmente com os Estados Unidos, o setor pode finalmente atingir sua capacidade plena — transformando a Ucrânia de consumidora em fornecedora de tecnologia militar de ponta. O “mega acordo‘ ainda está em fase de negociação, mas já sinaliza um novo capítulo na relação estratégica entre Ucrânia e Estados Unidos, com potencial para redefinir a balança tecnológica da guerra e consolidar a posição ucraniana como potência emergente no setor de defesa. Fontes: New York Post, Business Insider, Kyiv Post
Putin acuado? Trump ameaça devastar economia russa com tarifa global

O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira (14) que imporá “tarifas secundárias” de até 100% a países que continuarem a negociar com a Rússia caso Moscou não assine um acordo de cessar-fogo na Ucrânia dentro de 50 dias. Paralelamente, um acordo sem precedentes foi fechado com o envio de sistemas de defesa aérea Patriot a parceiros da OTAN, cujo funcionamento será pago pelos próprios aliados. Essas medidas foram anunciadas durante evento na Casa Branca, com presença do secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, que reforçou o recado: “Se eu fosse Putin hoje, reconsideraria levar a sério as negociações“. O gesto marca uma guinada na política americana: Trump, que até então adotava tom mais favorável a Moscou, agora endurece o discurso, citando decepção com a continuidade dos bombardeios russos — “ele falava tão bem, e depois explodia prédios à noite“. A Rússia reagiu com cautela, com o ministro Lavrov afirmando que Moscou “sem dúvida suportará as novas sanções” e exigindo clareza sobre as motivações de Trump. Já o vice-ministro Ryabkov declarou que negociações podem seguir, mas “não sob ultimatos“. Enquanto isso, a ofensiva militar russa foi intensificada, com aumento expressivo de ataques aéreos na Ucrânia: drones e mísseis disparados em junho resultaram no maior número de vítimas civis dos últimos três anos, segundo a ONU. Em conjunto com o pacote de pressão econômica, Trump anunciou que sistemas Patriot fabricados nos EUA serão entregues a parceiros da OTAN — Alemanha, Finlândia, Dinamarca, Suécia, Noruega, Holanda e Canadá — para fortalecer a defesa ucraniana, com a própria Europa arcando com os custos. O secretário-geral da OTAN enfatizou a rapidez necessária na entrega: “Velocidade é essencial“. Líderes ucranianos celebram o suporte militar, mas criticam o prazo de 50 dias como muito lento, já que ele deixa espaço para mais destruição russa. Por sua vez, a Europa expressa preocupação com o impacto das sanções secundárias, especialmente em nações dependentes do gás russo. A pressão por restrições comerciais tem respaldo no Senado dos EUA: senadores Lindsey Graham e Richard Blumenthal propuseram tarifas de até 500% sobre importações de nações que mantêm relação econômica com Moscou. O projeto, já aprovado na Casa com forte apoio bipartidário, aguarda votação no Senado. Mas analistas alertam que Putin segue firme. Embora o Kremlin tenha apoiadores céticos quanto à eficácia das medidas, o presidente russo permanece determinado a continuar a guerra por concessões territoriais reais — neutralidade da Ucrânia, não ampliação da OTAN e reconhecimento de anexações. Mesmo com os indicadores econômicos russos sofrendo pressão, o Banco Central do país e empresas estatais seguem operando normalmente, apostando na resiliência financeira que a Rússia já demonstrou em sanções anteriores. Fontes: Wall Street Journal, India Today
EUA reestabelecem oficialmente a ajuda militar à Ucrânia contra a Rússia

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky informou nessa sexta-feira (11), em Roma, que a ajuda militar dos Estados Unidos foi oficialmente restabelecida, restaurando os envios após uma breve pausa que gerou apreensão em Kiev. A declaração ocorreu durante sua participação na Conferência de Recuperação da Ucrânia, onde Zelensky destacou que os sinais políticos vindos de Washington foram claros e favoráveis ao retorno dos suprimentos militares. A suspensão da assistência havia sido determinada de forma repentina pelo Pentágono, sem comunicação prévia ao presidente norte-americano, incluindo o corte de itens vitais como mísseis interceptadores Patriot e munições de 155mm para obuses. A medida, segundo fontes, surgiu por preocupações internas relacionadas ao esgotamento de estoques militares — uma decisão que surpreendeu Kiev e gerou críticas no Congresso dos EUA. Zelensky relatou que conversas com senadores Lindsey Graham e Richard Blumenthal resultaram em compromissos concretos para a retomada do apoio militar e ampliação dos sistemas de defesa aérea. Especialmente drones interceptadores, para conter o avanço dos frequentes ataques russos, que já somam centenas de drones e mísseis disparados contra a Ucrânia. Durante o encontro, Zelensky comentou também que anunciou acordos com Alemanha e Noruega para o envio de sistemas Patriot — com Berlim financiando duas baterias e Oslo, uma — reforçando uma rede coordenada de defesa ocidental. O presidente Trump confirmou que ordenou o reenvio de armas para Kiev, incluindo pacotes de equipamentos considerados críticos pela Ucrânia, e sinalizou que o custo total dessas entregas será coberto integralmente pelos países da OTAN. O pacote militar, ainda em definição, deve incluir sistemas Patriot, foguetes guiados GMLRS e munições de artilharia. Esta foi a primeira vez em seu mandato que Trump utilizou o poder presidencial para enviar armas diretamente aos ucranianos. A reviravolta no apoio americano se dá em meio à pior onda de bombardeios russos registrada desde o início da invasão. Na manhã de quinta-feira (11), a Ucrânia enfrentou uma série sem precedentes com 728 drones Shahed e 13 mísseis lançados contra o território, seguida por outro ataque massivo com 400 drones e 18 mísseis horas depois. Autoridades ucranianas confirmam que os sistemas de defesa interceptaram a grande maioria desses ataques, mas reforçam que o reabastecimento de munições e unidades de interceptação é urgente para evitar mais danos e vítimas civis. A retomada da ajuda também ganhou repercussão no Senado dos EUA, onde o Comitê de Serviços Armados aprovou US$ 500 milhões em assistência militar para 2026, reforçando o comprometimento legislativo com a Ucrânia. Zelensky expressou gratidão: “Recebemos todos os sinais políticos necessários. Agora temos detalhes e calendário para novas entregas. É essencial implementar isso rapidamente para proteger nosso povo e posições”. Fontes: Reuters, Reuters, CNN, The Times
Europa aposta alto: plano bilionário para reerguer a Ucrânia e frear influência russa

A União Europeia anunciou nesta quinta-feira (10), em Roma, um ambicioso plano bilionário para reconstrução da Ucrânia, reunindo apoio político e financeiro de países-membros, instituições europeias e setor privado para ajudar Kiev a resistir à guerra e preparar sua recuperação pós-conflito. No total, foram comprometidos mais de 10 bilhões de euros, conforme detalhado na quarta Conferência de Recuperação da Ucrânia. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou €2,3 bilhões inicialmente desbloqueados pela UE, capazes de atrair até €10 bilhões adicionais em investimentos públicos e privados para reconstrução de infraestrutura, saúde, energia e negócios. O Fundo Europeu para Reconstrução da Ucrânia, maior fundo de capital privado até hoje dedicado ao país, foi lançado com uma injeção de €220 milhões, com meta de elevar esse investimento para €500 milhões até 2026. A iniciativa faz parte do “Ukraine Facility”, que reúne uma previsão total superior a €50 bilhões para o período 2024‑2027, combinando empréstimos e subsídios. Participantes do evento incluíram o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, que classificou os ataques russos recentes como “terrorismo puro” e defendeu o uso de ativos congelados da Rússia para financiar a reconstrução. Zelensky reforçou ainda que a reconstrução da Ucrânia deve ser vista como investimento estratégico, destacando potencial de modernização para infraestrutura, energia e digitalização conectando o país à União Europeia . No evento, a primeira-ministra italiana enfatizou que as experiências da Itália e Alemanha após a Segunda Guerra Mundial demonstram que a reconstrução é possível mesmo em cenários adversos. Líderes como Emmanuel Macron, Keir Starmer e Friedrich Merz fortaleceram o compromisso europeu de apoio à Ucrânia, com Macron e Starmer pedindo sanções mais rigorosas à Rússia e suporte contínuo a Kiev. Contexto macroeconômico: a Ucrânia enfrenta um déficit orçamentário projetado de até US$ 19 bilhões em 2026, segundo relatório do FT. O Ukraine Facility foi estruturado para cobrir esse hiato, utilizando recursos da UE, do Banco Europeu de Investimento (EIB) e do Fundo Europeu para Desenvolvimento Sustentável Plus (EFSD+). Uma tranche de €2 bilhões em garantias já foi assinada com o EIB em março, focada em energia, transporte, habitação e infraestrutura urbana. Especialistas destacam que a abordagem de Reino Unido ‑ União Europeia ‑ Itália combina subsídios, empréstimos garantidos e capitais privados para acelerar a reconstrução e atrair investimento estrangeiro, sinalizando a definição de padrões de governança e transparência para futura adesão ao bloco. Críticos, porém, alertam que os valores anunciados ainda ficam aquém dos US$ 486 bilhões estimados pelo Banco Mundial como custo da reconstrução a longo prazo. Além disso, há desafios — violência contínua, acesso limitado à justiça, risco de corrupção e seguros para investidores — que exigem garantias robustas antes que capitais privados sejam liberados . Com a crise humanitária ainda presente e a guerra em curso, a iniciativa emerge como um marco — um “novo plano Marshall” europeu para a Ucrânia. O sucesso dependerá da execução eficaz, alinhamento com reformas do país, e capacidade de atrair investimento sustentável que aproxime Kiev de sua meta de aderir à União Europeia até 2030. Fontes: Financial Times, The Guardian, EU4Ukraine
Rússia recruta estrangeiros: a nova legião de Putin e os ecos da história militar europeia

Com mais de três anos de guerra intensa contra a Ucrânia, a Rússia enfrenta um dilema estratégico e político: como manter sua ofensiva sem provocar uma nova onda de mobilização interna que possa desestabilizar ainda mais o país? A resposta veio em julho de 2025, quando o presidente Vladimir Putin assinou um decreto que autoriza cidadãos estrangeiros a servirem no exército russo mesmo fora de estados de emergência ou lei marcial. A medida também permite que especialistas acima do limite de idade ingressem em agências como o FSB e o SVR, ampliando o escopo do recrutamento militar e de inteligência. Essa decisão não é apenas uma resposta ao desgaste humano da guerra — que já causou mais de um milhão de baixas entre soldados russos, segundo o Estado-Maior da Ucrânia — mas também uma tentativa explícita de evitar o custo político de uma nova mobilização nacional. O decreto de mobilização parcial de setembro de 2022, ainda em vigor, provocou o êxodo de mais de 261 mil russos, revelando o impacto social e psicológico da guerra. Ao invés de repetir esse trauma, o Kremlin aposta na internacionalização de suas forças armadas, oferecendo incentivos financeiros e a promessa de cidadania russa a estrangeiros dispostos a lutar. Entre abril de 2023 e maio de 2024, mais de 1.500 estrangeiros foram recrutados para combater na Ucrânia, segundo o Ministério da Defesa britânico. A maioria veio do Sul e do Leste da Ásia (771), seguida por cidadãos de ex-repúblicas soviéticas (523) e países africanos (72). Os principais atrativos são os bônus de assinatura e a possibilidade de obter cidadania russa — uma oferta que transforma Moscovo em um polo internacional de alistamento militar. Essa estratégia, embora adaptada ao contexto contemporâneo, tem raízes profundas na história militar europeia. Em 1831, a França criou a Legião Estrangeira como forma de reforçar suas campanhas coloniais sem comprometer o tecido social interno. Formada exclusivamente por estrangeiros — exilados políticos, mercenários e aventureiros — a Legião atuava fora do território metropolitano, especialmente na Argélia, permitindo à França expandir seu império sem agitar o cenário doméstico. Mais do que uma solução logística, a Legião era um instrumento de controle político e reforço imperial. A Espanha seguiu o mesmo caminho ao fundar, em 1920, o Tercio de Extranjeros, sua própria legião estrangeira. Enfrentando derrotas na Guerra do Rif, o país buscava tropas mais resilientes e motivadas. Inspirada na francesa, a Legião Espanhola recrutava voluntários estrangeiros para missões de alto risco no norte da África. Seu ethos heroico e sua independência em relação ao exército regular espanhol conferiram à unidade uma aura de elite e utilidade política em tempos turbulentos. A Rússia, ao permitir o alistamento de estrangeiros, parece reativar esse princípio com nova roupagem. A medida não apenas reforça o contingente militar, mas também sinaliza uma mudança de paradigma: o Kremlin reconhece que sua capacidade de mobilização interna está esgotada e que, para sustentar sua ofensiva, será preciso recorrer a soluções externas. Ao incluir especialistas acima do limite de idade em agências de segurança, a Rússia amplia ainda mais sua rede de recrutamento, buscando talentos que possam contribuir com inteligência, logística e operações especiais. Outros países também adotaram estratégias semelhantes. Os Estados Unidos têm uma longa tradição de recrutamento estrangeiro em suas forças armadas, especialmente durante os conflitos no Oriente Médio. A promessa de green card e cidadania funcionou como alavanca de recrutamento. Israel, durante sua Guerra de Independência, contou com voluntários da diáspora judaica e veteranos da Segunda Guerra Mundial. Mais recentemente, a Ucrânia criou sua própria Legião Internacional, atraindo estrangeiros para combater a invasão russa. Esses exemplos revelam uma constante histórica: quando a mobilização interna se torna politicamente arriscada ou inviável, os exércitos recorrem a recursos humanos externos. É uma forma de terceirização da guerra, que transfere o custo da defesa para mãos estrangeiras em troca de compensações materiais e promessas de pertencimento. A Rússia, portanto, não apenas reage às pressões da guerra na Ucrânia, mas também reposiciona sua política militar em sintonia com modelos consagrados — e polêmicos — da tradição europeia. Embora o impacto numérico dos estrangeiros no exército russo ainda seja limitado, o gesto tem peso simbólico e estratégico. Ele mostra que o Kremlin está disposto a adaptar sua política de defesa para evitar novos traumas sociais e políticos. Ao abrir seus quartéis aos estrangeiros, a Rússia confere à sua política de guerra um novo rosto — mais pragmático, mais internacional e menos dependente do consenso nacional. Essa “nova legião de Putin” não é apenas uma resposta ao desgaste da guerra. É uma tentativa de reinventar a máquina militar russa, inspirando-se em práticas históricas que permitiram a outras potências sustentar seus projetos imperiais sem sacrificar sua estabilidade interna. Em tempos de guerra prolongada, a História sempre retorna com novas fardas — e a Rússia, ao que tudo indica, está vestindo a sua.
Putin desafia Trump e OTAN com maior ataque aéreo da guerra na Ucrânia

Em uma ofensiva recorde, a Rússia lançou um massivo ataque aéreo sobre a Ucrânia entre os dias 9 e 10 de julho, mirando principalmente Kyiv e regiões do oeste do país. A artilharia aérea combinada incluiu 728 drones (em grande parte do modelo Shahed, de fabricação iraniana), além de mísseis hipersônicos Kinzhal e mísseis de cruzeiro Kh-101/Iskander-K. Entre a noite de quarta (9) e a madrugada de quinta (10), surgiram explosões intensas em diversos setores de Kyiv. O impacto foi profundo: pelo menos três lançadores de mísseis e uma clínica de saúde foram atingidos, gerando incêndios em edifícios residenciais, garagens e veículos. Duas pessoas morreram e outras 16 ficaram feridas, muitas atingidas por estilhaços. Diante da magnitude do ataque, os sistemas de defesa aérea de Kyiv interceptaram 296 drones e todos os sete mísseis de cruzeiro lançados, além de neutralizar centenas de drones por guerra eletrônica, em uma operação que evitou uma destruição ainda maior . Levando em conta seu sucesso defensivo, as Forças Armadas da Ucrânia concluíram que o ataque russo teve grande intensidade, mas não obteve o resultado esperado por Moscou. Mesmo assim, as autoridades relatam danos estruturais e feridos civis. A Rússia, que já vinha intensificando o uso de drones noturnos, ampliou a campanha aérea como uma ação coordenada com avanço terrestre em outras frentes. A operação e intensificação dos ataques russos busca não apenas ações militares, mas também impacto psicológico e enfraquecimento da moral civil e política da Ucrânia . O ataque ocorre logo após o presidente americano Donald Trump reafirmar o apoio defensivo aos ucranianos, criticando as promessas polêmicas de Vladimir Putin. Além disso, a OTAN mobilizou aeronaves na Polônia como medida preventiva, dado o risco de expansão das operações russas próximo à fronteira Polônia-Ucrânia. O secretário de defesa do Reino Unido também revisitou a necessidade de apoio contínuo à Ucrânia, enquanto o presidente Volodymyr Zelensky ressaltou a urgência de sanções mais rígidas à Rússia, especialmente contra sua indústria energética . O resultado imediato é claro: destruição significativa de infraestrutura, deslocamento de famílias e desgaste psicológico nas áreas urbanas atingidas. Contudo, o verdadeiro teste agora é diplomático e estratégico: até que ponto Moscou continuará sua campanha, e como responderá o Ocidente — tanto militar quanto politicamente. Com a escalada da violência, cresce também o foco internacional sobre o plano de sanções, a manutenção do apoio ucraniano e a pressão sobre a Rússia. O risco de confronto direto entre a OTAN e o Kremlin aumenta, uma vez que mais países da aliança estão adotando medidas de prontidão nas faixas fronteiriças. Fontes: The Sun, CNN
Trump volta atrás e anuncia envio de armas à Ucrânia

O presidente dos EUA, Donald Trump, surpreendeu a comunidade internacional ao anunciar o envio de mais armas defensivas à Ucrânia pouco após uma pausa inesperada na entrega de equipamentos militares críticos, como mísseis superfície-ar e sistemas de artilharia de precisão. A decisão reflete uma guinada em sua política, contrapondo a posição anterior do Pentágono. Na semana passada, o Pentágono suspendeu o envio de interceptores Patriot, mísseis Stinger e mísseis ar-ar AIM, citando preocupações com o esgotamento dos estoques militares. No entanto, a decisão foi tomada sem informar o presidente Trump — segundo fontes da CNN, nem o próprio recebeu aviso prévio. Em resposta, o mandatário afirmou que o Congresso e a imprensa precisam esclarecer a origem dessa pausa, já que, segundo ele, não deu nenhuma ordem nesse sentido. Logo depois, Trump reverteu a suspensão: autorizou a entrega de dez interceptores Patriot e manifestou a intenção de fornecer um novo sistema, caso necessário. Durante reunião no Salão Oval, o presidente criticou duramente o presidente russo Vladimir Putin, acusando-o de falar besteira demais diante de promessas diplomáticas vazias. Trump deixou claro que “Putin mata muita gente” e justificou a retomada das entregas como um imperativo para proteger vidas civis na Ucrânia. A intensificação dos bombardeios russos sobre cidades ucranianas, com uso de drones e mísseis, aumentou a demanda ucraniana por sistemas de defesa aérea. Autoridades ucranianas relataram mortos e dezenas de feridos civis, tornando urgente o envio de armamentos avançados O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky saudou o anúncio, afirmando que as entregas são essenciais para salvar vidas e conter a ofensiva russa. Entretanto, a reviravolta gerou críticas. O caso evidenciou falhas na coordenação entre Casa Branca e Ministério da Defesa, e especialistas alertam que a abordagem “America First” pode reduzir o apoio dos EUA aos parceiros, se decisões internas forem tomadas de forma unilateral. A Casa Branca comunicou que, sob comando de Trump, o Pentágono reiniciará o suporte em linha com os interesses de defesa dos EUA. Ainda está em análise a possível entrega de mais sistemas Patriot, reconhecendo a crescente pressão aérea russa sobre áreas estratégicas. Analistas apontam que o envio reforça a retórica de “paz por meio da força” de Trump, que também ameaçou retomar sanções a Moscou e impor tarifas elevadas sobre países que importam energia russa – uma clara mensagem a aliados como China e Índia. A reversão de Trump, de pausa surpreendente para apoio avançado à Ucrânia, destaca a volatilidade das decisões de política externa sob sua administração. A tensão com o Pentágono e a urgência dos pedidos ucranianos evidenciam os dilemas estratégicos dos EUA na atual fase da guerra — com riscos globais e pressões domésticas que prometem pesar nas conversas sobre futuro financiamento e apoio militar. Fontes: AP, The Times, Welt
Brasil divulga vídeo com território ucraniano incorporado à Rússia

Durante a cúpula do BRICS, realizada no Rio de Janeiro, um vídeo distribuído pela equipe oficial do governo brasileiro causou indignação e desconforto na equipe. Nas imagens, foi apresentada de forma gráfica, a anexação de territórios ucranianos atualmente ocupados pela Rússia, incluindo as regiões de Donetsk e Luhansk, anexadas em 2022 com validade jamais reconhecida internacionalmente. O conteúdo circulou nas redes sociais da presidência brasileira, mostrando mapas que incorporavam oficialmente partes do território ucraniano ao domínio da capital russa. Essa inserção explícita aconteceu num momento considerado inapropriado durante a reunião do bloco. A prática foi vista como uma tentativa de reforçar a narrativa de Moscou, sob o pretexto de defender os interesses de segurança legítimos agora estendidos aos membros do bloco. Antes, a Rússia já havia declarado anexações em setembro de 2022 em Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhia — referendos cujos resultados foram amplamente rejeitados por 143 países membros da ONU em declaração posterior. No entanto, a exibição do vídeo na cúpula marcou um salto retórico, transformando reivindicações não reconhecidas em parte da agenda visual e midiática do BRICS. O episódio pode servir para isolar ainda mais o bloco, enfraquecendo o apoio implícito às ações russas na Ucrânia. Por outro lado, também ressalta a abertura do BRICS como vitrine para a voz de potências revisionistas, mostrando sua fragilidade normativa frente a disputas militares contemporâneas. Para a diplomacia ocidental, a exibição de símbolos de anexação reflete que o Kremlin não recuou na sua estratégia territorial na Ucrânia. Ainda que a ferramenta usada tenha sido digital, o recado é real e preocupante: a Rússia busca consentimento de países emergentes, mesmo a toque de caixa, para dar contornos visíveis a uma guerra que continua em curso. Fonte: CNN
Guerra, corrupção e morte: ministro russo cai em desgraça e aparece morto em Moscou

O ministro russo dos Transportes, Roman Starovoit, foi encontrado morto nesta segunda-feira (07) em Odintsovo, subúrbio de Moscou, capital do país. Segundo o Comitê Russo de Investigação, principal órgão investigativo local, o corpo baleado de Starovoit foi encontrado em seu carro e uma arma foi achada próxima a ele. O caso está sendo tratado como um provável suicídio. Starovoit, de 53 anos, havia sido demitido por um decreto presidencial na manhã da própria segunda-feira, após pouco mais de um ano no cargo. O decreto não especificou o motivo da demissão, mas sua publicação veio após um fim de semana de caos aéreo na Rússia, com diversos voos cancelados e inúmeros aeroportos fechados em virtude da ameaça de drones ucranianos. Outras fontes na mídia russa, porém, alegam que a demissão pode ter relação com as suspeitas de envolvimento do ex-ministro com um suposto esquema de desvio de recursos públicos na região fronteiriça de Kursk, onde Starovoit foi governador antes de ser nomeado para a pasta de Transportes. Seu sucessor no governo regional, Alexei Smirnov, foi preso por corrupção em abril deste ano. O caso ganhou forte repercussão na Rússia por envolver o desvio de fundos alocados para a defesa militar da região. Em agosto de 2024, um ataque surpresa da Ucrânia rompeu as linhas defensivas locais, avançando com facilidade e fazendo milhares de prisioneiros pelo caminho. Foi a primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial em que o território russo foi ocupado. No último mês de maio, quase nove meses após a invasão, o exército russo anunciou a retomada de Kursk. As autoridades russas vem investigando diversos casos de corrupção entre funcionários do alto escalão civil e militar. Na última semana, Timur Ivanov, ex-vice ministro da Defesa, foi condenado a 13 anos de prisão. No mesmo dia, Viktor Strigunov, alto funcionário da Guarda Nacional, foi preso por corrupção e abuso de poder. E, por sua vez nesta segunda (07), Khalil Arslanov, ex-segundo no comando do Estado-Maior, recebeu pena de 17 anos pelos mesmos crimes. Fonte: The Times of Israel, Associated Press