Bancos brasileiros se antecipam a possíveis sanções dos EUA e reforçam alerta no setor financeiro

Bancos e instituições financeiras no Brasil estão procurando escritórios de advocacia nos Estados Unidos para se prepararem frente à possibilidade de sanções financeiras unilaterais do governo Trump, segundo informou a Folhapress. As consultas se intensificaram após o anúncio da sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros exportados aos EUA, com início previsto para 1º de agosto, e também diante da decisão do governo Trump de banir a entrada do ministro Alexandre de Moraes e seus aliados nos EUA, o que inclui possíveis restrições bancárias. Entre os temores do setor estão: Um executivo ouvido pela reportagem, afirmou que os bancos buscam mapear possíveis restrições legais e elaborar planos de contingência para enfrentar o pior cenário. Apesar da tensão, representantes do setor consideram “impensável” a exclusão do Brasil do sistema Swift, a plataforma internacional de comunicação financeira sediada na Bélgica. O sistema é essencial para transferências e liquidações bancárias internacionais. A preocupação do setor se agravou com a abertura de uma investigação comercial pelo USTR (Escritório do Representante de Comércio dos EUA) contra o Brasil, na qual o Pix foi citado como possível prática desleal no mercado de pagamentos eletrônicos. Em resposta, a Febraban divulgou uma nota defendendo o Pix, destacando que se trata de uma infraestrutura pública, aberta, não comercial nem discriminatória, com participação de bancos, fintechs e instituições nacionais e estrangeiras. A entidade reiterou que não há restrições à entrada de novos participantes no sistema, desde que atuem no mercado nacional e operem em reais. Questionada pela Folhapress sobre as possíveis sanções, a Febraban respondeu que não comenta hipóteses. Enquanto isso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou que o governo brasileiro também está trabalhando em planos de contingência econômicos para lidar com os desdobramentos da nova postura comercial da gestão Trump. Fonte: Folhapress
Senador dos EUA alerta: Trump pode impor tarifa de 100% ao Brasil, China e Índia por compra de petróleo russo

Nas últimas horas, o senador Lindsey Graham (Republicano – Carolina do Sul) participou de uma entrevista na Fox News e fez um alerta contundente: o presidente Donald Trump pretende impor uma tarifa de 100% sobre países que continuem comprando petróleo russo com desconto – citando especificamente Brasil, China e Índia. Graham ressaltou que essas nações respondem por cerca de 80% do petróleo russo a preços reduzidos e afirma que essa compra sustenta a “máquina de guerra de Putin“. Ele chegou a declarar: “Vamos esmagar a economia de vocês” (“we’re going to crush your economy”), enfatizando que os EUA estão prontos para aplicar medidas comerciais drásticas contra os países que continuem a suportar financeiramente a Rússia. Em sua fala, o senador comparou Trump a um campeão esportivo, dizendo que ele está prestes a “dar uma surra” em Putin, remetendo ao estilo assertivo do ex-presidente. Além disso, segundo Graham, Trump teria concedido um prazo de 50 dias para que a Rússia aceite negociações de paz — caso contrário, estaria aberto a impor sanções secundárias e tarifas adicionais. Especialistas alertam que uma tarifa tão agressiva poderia disparar os preços globais do petróleo, provocar tensões diplomáticas internacionais e afetar o equilíbrio econômico de nações emergentes. Na prática, países como Brasil, China e Índia teriam de optar entre manter relações comerciais com os EUA ou continuar comprando petróleo russo. Por que isso é importante? Essa proposta, ainda que teórica, reflete um novo patamar na retórica americana de punição econômica. Se efetivada, pode alterar as dinâmicas de comércio global de energia e influenciar diretamente as decisões de política externa de grandes economias. Além disso, mostra o peso que operadores políticos, como Graham, podem exercer no uso de tarifas como instrumento geopolítico. Fontes: Indiatimes, NYpost, The economic times
Orbán defende Bolsonaro e diz que “mordaça digital” é “ferramenta de medo, não de justiça”

O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, usou suas redes sociais nesta segunda-feira (21) para prestar apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro, criticando duramente as medidas judiciais impostas pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes. Em um tuíte em inglês, Orbán escreveu: “Continue lutando, @jairbolsonaro! Ordens de silêncio, proibições de redes sociais e julgamentos com motivação política são ferramentas de medo, não de justiça. Você pode colocar uma tornozeleira eletrônica em um homem, mas não na vontade de uma nação! ⚖️✊” A publicação faz referência à mais recente decisão de Moraes, que proibiu Bolsonaro de dar entrevistas ou comentar investigações da operação Tempus Veritatis, com a ameaça de prisão preventiva até mesmo se o conteúdo for transmitido por terceiros. Apoio no exterior Viktor Orbán, líder de direita nacionalista e um dos mais antigos chefes de governo da Europa, tem se colocado como aliado internacional de políticos conservadores e críticos da atuação de cortes constitucionais. Ele é também defensor da tese de que a democracia liberal ocidental vem sendo usada como instrumento de repressão política seletiva. Seu apoio público a Bolsonaro ocorre num momento em que o ex-presidente brasileiro enfrenta uma série de restrições judiciais que, segundo seus aliados, configuram censura prévia e perseguição política. “Tornozeleira não cala uma nação” A frase final do tuíte — “Você pode colocar uma tornozeleira eletrônica em um homem, mas não na vontade de uma nação” — foi interpretada por analistas como uma crítica simbólica às tentativas de limitar a influência política de Bolsonaro, mesmo fora do poder. A metáfora sugere que restringir o líder não basta para conter seu apoio popular.
Eduardo Bolsonaro vira interlocutor exclusivo com governo Trump – Itamaraty é ignorado

Em meio ao agravamento das tensões diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) assumiu, na prática, o papel de principal interlocutor entre os dois países, em especial com o círculo próximo de Donald Trump. Ao lado do comentarista Paulo Figueiredo, Eduardo tem conduzido articulações paralelas que desautorizaram a diplomacia oficial brasileira e deixaram o Itamaraty à margem das decisões mais sensíveis da nova administração americana. Segundo a CNN, a embaixadora do Brasil em Washington, Maria Luísa Escorel, retornou às pressas de um período de férias para tentar restabelecer pontes com a Casa Branca. Procurou reuniões com membros do alto escalão do governo Trump, mas recebeu como resposta uma frase curta e simbólica do novo momento político: “É tarde demais“. O episódio marcou, segundo diplomatas ouvidos sob reserva, o esvaziamento da representação institucional do Brasil nos Estados Unidos, agora ofuscada pela atuação direta do filho do ex-presidente Jair Bolsonaro. Reportagem do Washington Post revelou que Eduardo Bolsonaro circulou durante semanas na Casa Branca, mantendo reuniões recorrentes com auxiliares do presidente americano. O objetivo declarado era pressionar o governo dos EUA a impor sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, usando como base a Lei Magnitsky, que permite punir autoridades estrangeiras acusadas de violar direitos humanos. Quatro fontes familiarizadas com as conversas confirmaram sua participação nas negociações, e duas delas afirmaram ter visto uma minuta de sanções já redigida no mês anterior, indicando que a ofensiva diplomática paralela avançou mais do que o Itamaraty imaginava. Eduardo não esteve sozinho nessas tratativas. Ao seu lado, Paulo Figueiredo — influenciador de direita e investigado por envolvimento no suposto plano de golpe de 2022 — atuou como conselheiro e interlocutor constante nas reuniões com autoridades americanas. Juntos, eles entregaram dossiês, fizeram lobby com congressistas republicanos e insistiram em medidas contra Moraes, retratado aos aliados de Trump como símbolo de autoritarismo judicial no Brasil. Segundo fontes próximas ao governo americano, a dupla esteve com funcionários da Casa Branca “mais vezes do que consigo contar”. A atuação dos dois causou perplexidade e frustração entre diplomatas brasileiros. Integrantes do Itamaraty afirmam que o governo Lula não foi consultado previamente sobre a revogação dos vistos de ministros do STF, tampouco recebeu qualquer notificação formal sobre eventuais sanções em estudo. A sensação entre os quadros da diplomacia é de que a estrutura institucional brasileira foi desconsiderada, substituída por uma rede informal de influência alinhada aos interesses políticos e ideológicos da família Bolsonaro. No Palácio do Planalto, o clima é de alerta. Embora o governo ainda não tenha se manifestado oficialmente sobre os últimos episódios, assessores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva já classificam o momento como uma ruptura inédita nas relações bilaterais com os Estados Unidos. Entre as medidas em discussão estão o retorno da embaixadora ao Brasil e uma reavaliação da política externa diante do novo cenário imposto pela interlocução direta entre Eduardo Bolsonaro e o governo Trump. Fonte: The Washington Post, CNN Brasil
Ucrânia propõe nova rodada de negociações à Rússia

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky anunciou neste fim de semana que a Ucrânia propôs à Rússia uma nova rodada de negociações de paz, com foco na retomada do diálogo diplomático e na obtenção de um cessar-fogo duradouro. Segundo Zelensky, a proposta visa estabelecer um ambiente mínimo de segurança para negociações mais amplas, o que passa por um cessar-fogo de pelo menos 30 dias como condição preliminar. A iniciativa foi revelada durante uma coletiva de imprensa transmitida nacionalmente em Kyiv, e ocorre em meio a uma escalada da violência tanto no leste da Ucrânia quanto em regiões da Rússia afetadas por ataques ucranianos com drones. Zelensky afirmou que o convite foi feito formalmente ao Kremlin, e que o momento é oportuno para “restaurar algum grau de racionalidade no meio da guerra”. A última tentativa de negociação entre os dois países, realizada em Istambul, havia resultado apenas em trocas de prisioneiros, sem avanços concretos em relação a um armistício ou retirada de tropas. A nova proposta, segundo o governo ucraniano, inclui a realização de um encontro entre representantes de alto escalão e até mesmo um possível encontro direto entre Zelensky e Vladimir Putin, o que marcaria uma reaproximação inédita desde os primeiros meses da invasão russa iniciada em fevereiro de 2022. Do lado russo, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, confirmou que a proposta foi recebida e está em análise. No entanto, a Rússia reiterou suas exigências básicas para qualquer avanço nas negociações: o reconhecimento do controle russo sobre os territórios já ocupados, a garantia de neutralidade da Ucrânia em relação à OTAN e o fim das sanções ocidentais. Moscou também afirmou que “não aceitará ultimatos”, em resposta à pressão exercida pelos Estados Unidos, que vêm defendendo um novo pacote de sanções caso a Rússia não aceite um cessar-fogo até o fim de agosto. O presidente Donald Trump, que reassumiu o cargo em janeiro, impôs um prazo de 50 dias para a redução dos combates, ameaçando tarifas punitivas a países que mantiverem relações comerciais com Moscou se a guerra não for interrompida. Internamente, a Ucrânia tem intensificado seus ataques retaliatórios com drones, especialmente contra alvos em território russo. Na última semana, mais de 230 drones ucranianos atingiram regiões próximas a Moscou, forçando o fechamento temporário de aeroportos e gerando alarme entre a população civil russa. Em resposta, a Rússia aumentou os bombardeios nas regiões de Donetsk, Kharkiv e Sumy, mirando infraestrutura energética e zonas residenciais, o que agrava ainda mais o cenário humanitário no país. A comunidade internacional acompanha com atenção os desdobramentos. Países como França, Alemanha, Turquia e Vaticano já se colocaram à disposição para atuar como mediadores, enquanto a União Europeia busca manter um papel central nas negociações, contrariando o desejo dos Estados Unidos de concentrar o processo sob sua liderança. O grupo composto por França, Alemanha e Reino Unido reforçou que a Europa não deve ser marginalizada neste momento crítico. A nova proposta de Zelensky é vista por analistas como uma tentativa estratégica de reposicionar a Ucrânia como parte ativa na busca pela paz, após meses de impasse e desgaste militar. Ao propor um cessar-fogo e estabelecer como prioritária a proteção da população civil, o presidente ucraniano busca criar condições mínimas para uma negociação legítima. No entanto, sem garantias firmes de que Moscou aceitará interromper os ataques, o processo pode repetir o fracasso dos Acordos de Minsk, que, embora firmados, nunca foram verdadeiramente respeitados. Fontes: Reuters, Politico, New York Post
Do agronegócio ao celular: saiba como o confronto ideológico com os EUA pode afetar sua vida

Enquanto o governo insiste em manter uma retórica de confronto com os Estados Unidos, os sinais de retaliação podem se concretizar — e os efeitos para o cidadão comum podem ser devastadores. O Brasil está à beira de um colapso geopolítico que atinge setores vitais como a agricultura, o sistema financeiro e até o funcionamento básico de serviços e tecnologias do dia a dia. O que aconteceria se o Brasil perdesse o acesso ao GPS americano? O GPS (Global Positioning System) é uma rede de satélites controlada pelos Estados Unidos, usada em escala global por aplicações civis e militares. Hoje, quase tudo no Brasil depende desse sistema: Embora ainda não haja confirmação de um bloqueio total, fontes ligadas ao Pentágono já admitem que o sinal civil pode ser degradado em regiões específicas — como forma de sanção “branca”. O recado é claro: há formas de estrangular o Brasil tecnologicamente sem disparar um único tiro. Sistema SWIFT: o isolamento financeiro O SWIFT é o sistema que conecta os bancos ao redor do mundo. É através dele que ocorrem remessas internacionais, pagamentos de exportações e importações, investimentos estrangeiros e até envio de dinheiro de brasileiros no exterior para suas famílias. Se o Brasil for excluído: A exclusão do SWIFT colocaria o país em estado de asfixia econômica, com escassez de produtos, alta do dólar e retração de mercados. O agronegócio e a bomba do desemprego Com as tarifas impostas pelos EUA já em vigor — e a ameaça de dobrá-las —, os produtores brasileiros perdem espaço competitivo nos principais mercados. Soja, milho, carnes, minério de ferro e café ficam mais caros para compradores americanos e europeus, abrindo espaço para concorrentes como Argentina, Austrália e Canadá. Consequências: 4. Efeitos para o cidadão comum O país está sendo arrastado para um isolamento que não traz nenhum benefício real. Nenhum mercado novo foi conquistado. Nenhum investimento relevante foi atraído. Nenhuma tecnologia substituta foi apresentada O que se vê é uma espiral de confrontos ideológicos sem retorno. E o custo disso será pago, como sempre, pelo cidadão comum.
Lei Magnitsky: origem, evolução e alvos de sanções contra violações de direitos humanos

Em 18 de julho, a Lei Magnitsky voltou ao centro das discussões internacionais devido a especulações sobre sua possível aplicação contra autoridades brasileiras, após o anúncio do Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, sobre a revogação de vistos de oito ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Procurador-Geral da República. Embora a medida tenha sido enquadrada na Lei de Imigração e Nacionalidade, a menção à Lei Magnitsky reacendeu o interesse por essa legislação americana que pune violações graves de direitos humanos e corrupção. Mas o que é a Lei Magnitsky, qual sua origem, como ela evoluiu e quem já foi sancionado por ela? Origem da Lei Magnitsky A Lei Magnitsky teve origem em um caso trágico de abuso de poder na Rússia. Sergei Magnitsky, um advogado russo, denunciou em 2008 um esquema de corrupção envolvendo altos funcionários do governo, que desviaram milhões de dólares em impostos. Em retaliação, Magnitsky foi preso e morreu em 2009, aos 37 anos, em uma prisão de Moscou, sob condições suspeitas de maus-tratos e negligência médica. Sua morte gerou indignação global e inspirou o ativista Bill Browder, ex-empregador de Magnitsky, a pressionar por justiça. Em 2012, o Congresso dos EUA aprovou a Sergei Magnitsky Rule of Law Accountability Act, uma legislação voltada inicialmente para sancionar autoridades russas envolvidas na morte de Magnitsky e em outras violações de direitos humanos. A lei permitia o congelamento de ativos financeiros nos EUA e a proibição de entrada no país para os alvos, como funcionários penitenciários, policiais e juízes russos. Evolução para a Lei Global Magnitsky Em 2016, a legislação foi ampliada com a Global Magnitsky Human Rights Accountability Act, que expandiu o alcance para qualquer indivíduo ou entidade, em qualquer país, acusado de: Sob a lei global, o Departamento do Tesouro, em coordenação com o Departamento de Estado, pode impor sanções como congelamento de ativos, proibição de transações com cidadãos ou empresas americanas e revogação de vistos. A lista de alvos é gerenciada pelo Office of Foreign Assets Control (OFAC), e as sanções têm impacto global devido à centralidade do sistema financeiro americano. Quem já foi sancionado? Desde sua criação, a Lei Magnitsky foi usada contra mais de 500 indivíduos e entidades em cerca de 40 países, segundo o Departamento do Tesouro até 2023. Exemplos notáveis incluem: Contexto Brasileiro em 2025 No caso brasileiro, rumores e reportagens de veículos como O Globo, Folha de S.Paulo e UOL (18-19 julho) especularam que a Lei Magnitsky poderia ser usada contra os ministros do STF (Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Flávio Dino, Cármen Lúcia, Edson Fachin e Gilmar Mendes) e Paulo Gonet, após Rubio anunciar a revogação de seus vistos. A Lei Magnitsky é uma ferramenta poderosa para responsabilizar violadores de direitos humanos e corruptos, mas sua aplicação é politicamente sensível, muitas vezes vista como ingerência por países alvos. No Brasil, a menção à lei reflete tensões entre o governo Trump e o STF. Fonte: U.S. Department of the Treasury, U.S. Department of State, Human Rights Watch, Congressional Research Service, BBC, Reuters, The Guardian
Crise silenciosa: migração na América do Sul intensifica após deportações de venezuelanos pelos EUA

O Brasil vive, em 2025, uma nova escalada migratória de venezuelanos, que coloca à prova as políticas nacionais de fronteira e a capacidade de resposta do Estado. Dados oficiais da Secretaria Nacional de Justiça (Senajus) revelam que, apenas em 2024, o país recebeu 94.726 venezuelanos, o equivalente à população de uma cidade de médio porte como Paracatu, em Minas Gerais. As projeções para 2025 indicam um novo crescimento desse fluxo, com fontes extraoficiais do Exército e da Operação Acolhida alertando que os números podem superar a marca dos 100 mil até o final do ano, especialmente com a intensificação das deportações de venezuelanos pelos Estados Unidos. América do sul Em abril, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, soou o alarme: uma possível deportação em massa promovida pelo governo norte-americano poderia causar o deslocamento de “milhões” de venezuelanos para os países da América do Sul. A advertência não foi exagerada. Segundo o site Caracas Chronicles, uma “emergência silenciosa” se desenrola na fronteira entre Colômbia e Venezuela, com milhares de pessoas cruzando diariamente em busca de condições mínimas de sobrevivência. Sem estrutura para absorver tamanha demanda, a Colômbia empurra parte dessa massa humana para outros destinos — e o Brasil, com sua política de portas abertas e sua fronteira vulnerável em Roraima, torna-se rota alternativa prioritária. . O número oficial de venezuelanos residindo no Brasil saltou de pouco mais de 2.800 em 2010 para mais de 271 mil em 2022, segundo o Censo do IBGE. Trata-se de um aumento de 9.364% em pouco mais de uma década, impulsionado por sucessivas ondas migratórias originadas pela degradação econômica, social e institucional do regime chavista. Os dados mais recentes, de junho de 2025, indicam que os pedidos de refúgio continuam em alta: somente no ano anterior foram 27.150 solicitações feitas por venezuelanos, representando 93% de todos os pedidos reconhecidos pelo governo federal. O Brasil, ao contrário de países como Chile, Peru e Argentina, que passaram a adotar políticas mais rígidas de entrada e permanência, segue oferecendo amplo acesso à residência temporária, refúgio e benefícios sociais. O epicentro dessa entrada continua sendo o estado de Roraima, especialmente as cidades de Pacaraima e Boa Vista. A chamada Operação Acolhida, coordenada pelas Forças Armadas com apoio de agências internacionais, tenta redistribuir parte dos migrantes para outras regiões do país, principalmente no Sul, mas enfrenta sérios limites logísticos e orçamentários. Em 2024, o programa contou com cerca de R$ 300 milhões para transporte, abrigamento e regularização de imigrantes, valor considerado insuficiente diante da demanda crescente. Enquanto isso, o governo federal mantém uma retórica de acolhimento humanitário que, segundo críticos, ignora o impacto social e econômico da entrada massiva de estrangeiros em municípios já sobrecarregados. Em Boa Vista, por exemplo, escolas e unidades de saúde relatam superlotação, aumento de conflitos sociais e crescimento do desemprego local. Em alguns bairros, a população imigrante já ultrapassa a brasileira. O debate sobre o controle de fronteiras, no entanto, segue sendo tratado como tabu nos meios oficiais, mesmo com os alertas da inteligência militar e da oposição parlamentar. O que se observa, portanto, é a formação de um corredor migratório que vai de Caracas até o interior do Brasil, passando por uma fronteira sem vigilância eficaz, sob a complacência de um governo que terceiriza à burocracia e às ONGs a gestão de um problema que é, essencialmente, de soberania nacional. A crise venezuelana, ao contrário do que se previa há alguns anos, não apenas se aprofundou como exporta seus efeitos em escala crescente, transformando a migração em instrumento de desestabilização silenciosa nos países vizinhos — com o Brasil na linha de frente. Fonte: www.caracaschronicles.com, www.infobae.com/colombia
Mega acordo militar à vista: Trump e Zelensky negociam troca estratégica

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, revelou em entrevista recente que está negociando com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, um “mega acordo’ bilateral envolvendo tecnologia militar. Pelo acordo, os EUA comprariam drones ucranianos de longo alcance e, em contrapartida, forneceriam armamentos pesados a Kyiv — uma troca que Zelensky definiu como uma “situação ganha-ganha“. Segundo Zelensky, a proposta prevê que a Ucrânia forneça drones já testados em campo de batalha, muitos dos quais com alcance de até 1.800 quilômetros, ou seja, capazes de atingir alvos profundamente dentro do território russo. Em troca, Washington se comprometeria com o fornecimento de armas de uso estratégico para as forças ucranianas, embora os tipos exatos de armamentos ainda não tenham sido divulgados. “O povo americano precisa dessa tecnologia em seu arsenal“, afirmou Zelensky, destacando que o conhecimento adquirido por Kyiv durante a guerra com a Rússia é valioso para os EUA e seus aliados. “Essa é uma oportunidade única para ambas as nações.“ Zelensky também afirmou que está disposto a compartilhar a experiência ucraniana com outros parceiros ocidentais, como Alemanha, Noruega e Dinamarca, que já demonstraram interesse no modelo de inovação bélica ucraniana, sobretudo no campo dos drones. O presidente ucraniano reforçou que seu governo quer transformar a expertise adquirida no front em capital político e industrial, reforçando a posição da Ucrânia como polo tecnológico militar na Europa. Reversão de postura de Trump O anúncio acontece num momento em que Donald Trump revê sua posição anterior sobre a ajuda militar à Ucrânia. Após suspender o envio de armas em abril de 2025, o governo norte-americano voltou atrás e restabeleceu os repasses, inclusive impondo à Rússia um ultimato de cessar-fogo de 50 dias. Esse reposicionamento criou espaço político para o avanço da proposta de cooperação tecnológica. Durante visita a uma fábrica de drones na Ucrânia, o enviado especial dos EUA, Keith Kellogg, elogiou a velocidade de inovação do setor: “Eles estão liderando essa nova era de guerra. A capacidade de adaptação e reaproveitamento deles é impressionante“, escreveu em sua conta no X (antigo Twitter). Kellogg defendeu que a indústria de defesa americana aprenda com a experiência ucraniana, destacando que a tecnologia de drones se tornou peça central no conflito moderno. O acordo, se confirmado, representaria também um impulso vital para a indústria de drones da Ucrânia, que cresceu 900% desde o início da guerra, mas ainda enfrenta falta de contratos e financiamento. Em novembro de 2024, fabricantes ucranianos expressaram frustração com a ausência de compras governamentais, que limitavam a escala de produção mesmo com alta capacidade instalada. O cenário persistia até junho de 2025, segundo relatório da Business Insider. Agora, com a possibilidade de contratos internacionais, principalmente com os Estados Unidos, o setor pode finalmente atingir sua capacidade plena — transformando a Ucrânia de consumidora em fornecedora de tecnologia militar de ponta. O “mega acordo‘ ainda está em fase de negociação, mas já sinaliza um novo capítulo na relação estratégica entre Ucrânia e Estados Unidos, com potencial para redefinir a balança tecnológica da guerra e consolidar a posição ucraniana como potência emergente no setor de defesa. Fontes: New York Post, Business Insider, Kyiv Post
Manda quem tem voto… corre atrás quem tem juízo

Ao longo da carreira, tive a oportunidade de participar de — poucas, que o bom Deus seja louvado — reuniões com representantes de alto escalão do poder público. Em uma dessas ocasiões, ao debater o eterno conflito entre técnica e política, um figurão foi cirúrgico: — “Nós entregamos a solução técnica“, ele disse calmamente, antes de concluir, “mas manda quem tem voto“. Anos-luz — e muitos bilhões de euros — separam uma humilde sala de prefeitura do suntuoso Berlaymont Building, onde os dignatários da Comissão Europeia dão expediente. Ainda assim, do búlgaro ao sueco, discurso semelhante já deve ter sido proferido pelos corredores em todas as 24 línguas oficiais da União Europeia (UE). Em semanas recentes, é provável que ainda mais. Na última quinta-feira (10), Ursula von der Leyen, presidente da Comissão, braço executivo da UE, sobreviveu sem dificuldades a uma moção de censura movida pela extrema-direita. A proposta teve como justificativa o “Pfizergate“, escândalo em que a dignatária alemã é acusada de beneficiar a farmacêutica Pfizer na compra de vacinas durante a pandemia do COVID-19. “Quando forças externas tentam nos desestabilizar, é nosso dever responder de acordo com nossos valores. Obrigada e vida longa à Europa“, — celebrou Ursula von der Leyen no X. Vitória de Pirro e sorriso amarelo Ainda que em nenhum momento o risco tenha sido real para von der Leyen, de todo o desenrolar até o voto — entre indiretas, acusações veladas e sabatinas públicas — era evidente a insatisfação dos aliados com as recentes mudanças de postura da Comissão em diversos temas sensíveis. “Eu sugiro à presidente que não considere a votação reconfortante. Muitos só foram contra porque a proposta partiu da extrema-direita“, Bas Eickhout, co-presidente do grupo dos Verdes, alertou. Um porta-voz do grupo Renovar Europa disse inclusive que diversos membros votariam contra “com o coração pesado“. Assumindo o cargo pela primeira vez em 2019 e reconduzida 5 anos depois, von der Leyen — previamente ministra da Defesa alemã — foi eleita em uma plataforma que prometia tornar a Europa o “primeiro continente com emissão zero até 2050“, lançando para isso um “Green Deal” nos 100 primeiros dias de gestão. Defendia também “fronteiras europeias humanizadas“, clamando por solidariedade e citando a história do refugiado sírio de 19 anos que recebera em sua própria casa, considerado por ela como “uma inspiração para todos“. O presente, porém, costuma ser o pior inimigo do passado, e o hoje da Europa foi cruel com o ontem de von der Leyen. Confrontada por mudanças significativas na opinião pública — refletida em reiterados resultados positivos para a direita e a extrema-direita a nível europeu e local —, a alemã não hesitou em se adaptar, flexibilizando sua postura em questões como sustentabilidade e imigração. Curva suave à direita Lá — tal qual cá, e deixo livre à criatividade do leitor encaixar exemplos concretos —, novos tempos pediram novos comportamentos, e a presidente acatou. E, gradativamente, afastou seu grupo, o Partido Popular Europeu (EPP), de sua base de apoio original, composta pelos grupos Socialistas e Democratas (S&D), Renovar Europa e Verdes, alinhados do centro à esquerda. Passou a contar cada vez mais com os grupos à direita para avançar suas propostas e, com isso, se viu forçada a ceder a eles campo em suas iniciativas. Em outubro de 2024, por exemplo, von der Leyen defendeu, em carta enviada aos líderes dos países-membros, a instalação de “centros de retorno” para deter imigrantes em países fora da União Europeia. Paralelamente, ventilou a criação de “centros de processamento” para que interessados protocolassem os pedidos de asilo ao bloco além de suas fronteiras, e debateu ainda a ampliação dos países considerados seguros para receber deportados. A guinada à direita ficou clara durante negociações preliminares sobre o orçamento de 2025, quando o EPP abandonou, no último momento, acordo prévio com partidos de esquerda e se aliou a grupos nacionalistas para tentar incluir dotação orçamentária para “barreiras físicas nas fronteiras externas do bloco” e “avaliar o desenvolvimento de centros de retorno“. Os debates fracassaram, e a mudança de postura gerou insatisfação interna, com um membro afirmando que “apesar de essa ter sido uma decisão do grupo, eu a considero errada“. Nas políticas climáticas, situação similar. Apesar de ser apontado pela presidente como uma de suas principais conquistas, o Green Deal não foi poupado. Abrangente, propõe reestruturar toda a economia europeia, da agricultura à indústria, de modo a compatibilizá-la com as necessidades sustentáveis de um mundo em transformação. Pressionada, porém, von der Leyen não teve opção a não ser apoiar Manfred Weber, presidente do EPP, em suas medidas de flexibilização do programa. Exigências de redução de emissões foram relaxadas, dotações foram redirecionadas e regras para empresas e indústrias foram simplesmente descartadas. Os aliados da alemã defendem que o coração do Green Deal segue intacto e afirmam que a presidente se mantém comprometida com ele. Admitem, porém, que, frente à nova realidade, ele precisa passar por “adaptações“. Em julho deste ano, o EPP novamente reafirmou sua posição, recusando dar suporte à iniciativa dos partidos de esquerda que impediria uma maior influência do grupo Patriotas da Europa sobre as discussões dos objetivos climáticos do bloco para 2040. Agora, o Patriotas, opositor expresso da agenda verde da UE, será o responsável por desenvolver a proposta e defendê-la em negociações com os países-membros. Para os Verdes, a recusa do EPP foi “escandalosa, irresponsável e imperdoável”. Amigos, amigos… votos à parte Como esperado, a mudança em 360° da Comissão Europeia, com von der Leyen no volante, não passou despercebido ou ileso pelos corredores políticos europeus. À esquerda, resignação, com o S&D resmungando que “o voto de hoje mostra claramente que o EPP prefere colaborar com a extrema-direita“. Do outro lado, comemoração e uma pitada de deboche. Enikő Győri, parlamentar do Fidesz, partido do húngaro Viktor Orban, avisou que “o EPP precisa aprender que sua única chance de corrigir os erros da política econômica europeia é ao nosso lado“. A questão é que aqui, novamente, a verdade surge de forma gritante. A democracia é um bicho curioso: suas