Não, o Brasil não é o Canadá. Um boicote não beneficiará Lula

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O Brasil foi dormir na noite de 9 de julho com um gosto amargo na boca — e provavelmente teve uma insônia terrível provocada pelo anúncio de Donald J. Trump. A carta enviada ao presidente Lula trazia como informação principal uma taxação de 50% sobre o Brasil, tornando o país aquele com a maior tarifa imposta na guerra comercial declarada por Trump.

A manhã de 10 de julho já começou com o anúncio de que o governo Lula aplicaria a lei da reciprocidade, retaliando os Estados Unidos com uma taxação equivalente. A resposta do presidente americano veio rapidamente: caso fosse retaliado, ele dobraria a tarifa.

Brasil taxado em 50%: “Entenda como isso é bom”

Antes que você encontre algo de bom na taxação, deixo claro: o texto entre aspas no subtítulo é uma referência a uma economista famosa, de uma grande rede de televisão aberta, que consegue ver benefícios até na falência do país. O fato é que temos um problema sério a resolver — e não há nada de bom nisso.

Uma das justificativas apresentadas por Trump para impor a taxa de 50% sobre produtos brasileiros seria o “equilíbrio do comércio exterior com o Brasil“. Isso mais parece um erro na redação da carta, já que o Brasil importa mais do que exporta. Mas isso não significa que não teremos problemas — ou que eles serão pequenos o suficiente para passarmos incólumes.

Apesar dos discursos coléricos de Lula após a taxação, nos quais tenta atribuir a culpa ao ex-presidente Bolsonaro e a seu filho Eduardo — que está nos Estados Unidos expondo informações sobre arbitrariedades cometidas pelo Judiciário brasileiro —, é possível, com muita tranquilidade, responsabilizar o próprio presidente Lula pela medida. Trump tem reiterado que qualquer tentativa de substituir o dólar em negociações internacionais seria respondida com taxações destinadas a impedir esses países de comercializarem com os Estados Unidos.

Aparentemente, ignorando as falas do presidente americano, Lula resolveu atacar o dólar na última reunião dos Brics, ocorrida em 6 e 7 de julho no Rio de Janeiro. A taxação veio e a responsabilidade aparentemente é apenas uma consequência de um aviso que foi feito por Trump antes de Lula atacar a hegemonia do dólar. O curioso é que países do BRICS que foram taxados não partiram para o embate pura e simplesmente, mas sim buscaram na negociação uma forma de amenizar os danos. Lula, por sua vez, disse que ele tinha conhecimento deste fato trazido por uma jornalista durante a reunião na capital carioca.

Não, o Brasil não é o Canadá. Um boicote não beneficiará Lula

O Canadá, país também taxado por Trump, tomou uma atitude diferente em relação a outros países. Apesar de ter se sentado à mesa para uma negociação, decidiu inflamar o país em torno de um boicote aos produtos americanos. Este sentimento nacionalista floresceu e a população canadense passou a substituir produtos importados dos Estados Unidos, fazendo com que o movimento na fronteira entre Canadá e EUA caísse 23%. A província de Ontário rescindiu um contrato de US$ 68 milhões com a Starlik, do bilionário Elon Musk, aliado de Trump à época.

Será que o Brasil conseguiria fazer algo parecido que pudesse gerar algum dano à economia americana? Certamente não. E a promessa de Trump ainda se confirmou nesta sexta-feira (11), situação em que o Canadá foi taxado em 35%, sendo avisado que qualquer retaliação com taxas, a mesma taxa será somada aos 35%.

O Brasil vive um momento em que os próprios tentáculos do governo se entrelaçam, inviabilizando cada vez mais a administração do país e, segundo o próprio presidente, se não fosse o STF, ele não conseguiria governar. É vivendo este turbilhão que Lula decide responder à tarifa de Trump, informando que a lei de reciprocidade será aplicada. O Brasil envia muitos produtos para os americanos, dentre eles aviões e suas peças, óleos, café e outros. A taxação desses produtos prejudicará gravemente as exportações, inviabilizando negócios e causando danos à estrutura interna do Brasil. Empresas poderão ser forçadas a encerrar contratos, demitir funcionários e, em alguns casos, até fechar as portas.

Além disso, a menor entrada de dólares na economia brasileira elevará a cotação da moeda norte-americana, encarecendo a maioria dos produtos e gerando um efeito inflacionário difícil de controlar. Resta torcer por uma solução via negociação — pois, se Lula colocar o regime acima dos interesses do país, o Brasil poderá enfrentar um período de grandes dificuldades.

Eu sou Felipe Santos, Oficial R/2 do Exército Brasileiro, formado pela Fundação Getúlio Vargas, Universidade da Califórnia e Universidade de São Paulo, atuo no mercado financeiro desde 2008. Experiente em diversas áreas no mercado, professor de Finanças Pessoais e Investimentos da Escola de Geopolítica e Atualidades Danuzio Neto e criador da Mentoria de Investimento Ágil, ajudo pessoas a investir em apenas 30 dias com segurança e praticidade.

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