Lula vai recorrer a Organização Mundial do Comércio após tarifas impostas por Trump

Compartilhe:

O presidente Donald Trump elevou a disputa em torno do BRICS a um novo patamar ao anunciar nesta quarta-feira (09) a imposição de tarifas de 50% sobre todos os produtos importados do Brasil, válidas a partir de 1º de agosto. A medida, justificada por ele como retaliação ao que chamou de “indefinições brasileiras” e ao que considera uma perseguição política ao ex-presidente Jair Bolsonaro, marca uma escalada inédita na guerra tarifária.

Trump acusa o Brasil de realizar uma “caça às bruxas” contra Bolsonaro, além de aplicar restrições à liberdade de expressão e impor controles às redes sociais — incluindo plataformas como X, de Elon Musk. A tarifa também é apresentada como parte de uma “investigação do Artigo 301” por práticas comerciais supostamente desleais, segundo carta enviada a Lula.

Para o Brasil, a resposta foi imediata. O Palácio do Planalto anunciou que acionará a Organização Mundial do Comércio (OMC) como forma de contestar a legalidade da medida, amparado pela Lei de Reciprocidade Econômica aprovada pelo Congresso Nacional. Lula também prometeu retaliar com tarifas equivalentes sobre produtos norte-americanos, abrindo potencial para uma guerra tarifária bilateral.

O impacto econômico se fez sentir de forma brusca: o real desvalorizou-se em 2,8%, num dos piores dias do mercado desde abril, e a bolsa de São Paulo foi afetada, com queda de papéis de empresas como Petrobras, Itaú Unibanco e Embraer. 

Enquanto isso, Lula ressaltou que o país “não aceitará tutelas políticas nem chantagens”. Ele afirmou que “as decisões do Judiciário brasileiro são soberanas e imunes à interferência internacional“.

O BRICS, por sua vez, emitiu um comunicado oficial condenando os novos tarifários e outras retaliações unilaterais durante a cúpula no Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo, Trump lançou ameaças semelhantes contra outros países do bloco, classificando-os como promotores de políticas “antiamericanas“.

Analistas em Brasília avaliam que as consequências comerciais, políticas e eleitorais da medida serão profundas. No setor agrícola, estima-se que produtos como café, suco de laranja e carne tenham aumento imediato de custo nos EUA. Já no meio político, Lula pode usar a retórica antidólar e anti-imperial para galvanizar apoio doméstico, sobretudo em campanha para 2026.

O Brasil deve formalizar as queixas na OMC nas próximas semanas, enquanto mantém a ameaça de retaliação econômica direta. Em paralelo, analistas recomendam buscar diversificação de mercados, focando na União Europeia e na Ásia. O desenrolar dessa disputa dependerá do ritmo jurídico na OMC, do comportamento dos mercados globais e da capacidade de Brasília responder com rapidez e firmeza.

Fontes: El Pais, Reuters, CNN, AP

Compartilhe:

Leia Também

plugins premium WordPress