Israel lançou na madrugada de segunda-feira (08) uma série de ataques aéreos contra alvos controlados pelos Houthis no Iêmen, segundo o Exército israelense. As operações atingiram os portos de Hodeidah, Ras Isa e Salif, além da usina de Ras Qantib, situados na costa iemenita, marcando a primeira ofensiva israelense na região em quase um mês.
Em comunicado oficial, o exército israelense afirmou que as ações foram uma resposta aos ataques contínuos dos Houthis contra Israel e navios comerciais no Mar Vermelho, considerados apoio solidário à causa palestina. Antes dos bombardeios, autoridades israelenses emitiram alerta para que civis evacuassem das áreas-alvo, na tentativa de reduzir danos colaterais.
Além dos portos e da usina, Israel também atacou o navio Galaxy Leader, capturado pelos Houthis em 2023, que, segundo as Forças de Defesa de Israel (IDF), estava equipado com um radar que monitorava o tráfego marítimo internacional para fins militares.
Os rebeldes Houthis, alinhados ao Irã, contra-atacaram poucas horas depois, lançando dois mísseis balísticos e drones em direção ao território israelense. Sirenes foram ativadas em Israel, mas não houve confirmação sobre o destino dos mísseis, se foram interceptados ou se atingiram alvos no país.
Desde o início da guerra em Gaza, em outubro de 2023, os Houthis vêm intensificando ataques a navios no Mar Vermelho e mísseis contra alvos israelenses, citando apoio aos palestinos. Nesse período, centenas de drones e mísseis foram lançados, muitos interceptados pelas defesas aéreas israelenses, mas alguns chegaram a atingir navios e comunidades rurais.
Israel sustenta que as bases, portos e a usina visados pelos ataques eram utilizados para transferência de armas fornecidas pelo Irã aos Houthis, para uso contra navios e território israelense. A ofensiva faz parte de uma série de respostas a esse que considera terrorismo patrocinado por Teerã.
A situação no Mar Vermelho — rota de navegação estratégica essencial — se tornou tensa nos últimos meses. Os ataques Houthi já afetaram o transporte marítimo global e levaram à formação da Operação Prosperity Guardian, coalizão liderada pelos EUA para proteger navios civis no local.
Analistas destacam que os ataques israelenses são parte de uma campanha para desencorajar intervenções houthi no conflito de Gaza, além de proteger as rotas comerciais. A capacidade militar empregada, com alertas prévios e mobilização aérea, demonstra como Israel está disposto a atacar profundamente fora de seu território para conter ameaças.
A IDF avisou que continuará reagindo a qualquer ação dos Houthis, prometendo também bloqueio aéreo e naval caso os ataques persistam.
Consequências para o conflito regional
Essa escalada israelense no Iêmen amplia o palco da crise no Oriente Médio. O Iêmen, devastado por guerras internas e alvo de tentativas de negociações de paz, pode ser arrastado para um conflito ainda mais direto com Israel e aliados ocidentais, agravando a instabilidade na região.
Além disso, isso pressiona países como Estados Unidos e Reino Unido, que participam de patrulhas no Mar Vermelho. Novos ataques podem resultar em envolvimento militar mais direto dessas nações.
Para os Houthis, os ataques israelenses reforçam seu papel de braço militar do Irã e aliados de Hamas e Hezbollah, aumentando o risco de uma guerra indireta entre Teerã e Israel. Especialistas apontam que a dinâmica atual pode levar a confrontos regionais mais amplos, envolvendo marinha inimiga e potenciais ações contra navios estrangeiros.
Fontes: Reuters, Forex Live