Israel ataca tanques sírios para proteger drusos: tensão explode no sul da Síria

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Explosões e tiros transformaram Suwayda, cidade predominantemente drusa no sul da Síria, em um cenário de guerra civil nesta segunda-feira (14). O confronto, que opõe milícias drusas a tribos beduínas locais, deixou mais de 30 mortos e cerca de 100 feridos, disse o Ministério do Interior sírio. Fontes locais e o Observatório Sírio dos Direitos Humanos estimam até 99 vítimas, incluindo civis e combatentes de ambos os lados .

A escalada começou no domingo, após o sequestro de um comerciante druso por bandos beduínos na rodovia entre Damasco e Suwayda. A resposta drusa foi imediata: membros armados deste grupo cercaram bairros beduínos, dando início aos confrontos. Milhares de moradores foram surpreendidos pelos combates, com muitos obrigados a fugir da cidade.

A situação está muito ruim… fugimos com medo“, relatou uma residente.

O governo sírio tentou retomar o controle enviando forças militares e unidades de segurança em apoio aos grupos beduínos, e na tentativa de represália contra os drusos, mas a operação encontrou forte resistência e intensificou o confronto.

Preocupada com a comunidade drusa, Israel lançou ataques a tanques sírios em movimento na região. O Ministério da Defesa israelense afirmou que a medida visava impedir que forças hostis causassem novos ataques aos drusos e aos civis locais. O ministro Israel  Katz descreveu a ofensiva como um aviso claro ao regime sírio” de que não toleraria agressões. Segundo informações extraoficiais e imagens divulgadas, a informação divulgada até o momento é de que tanques sírios foram atingidos com sucesso .

O jornal Financial Times destacou que os ataques de Israel também visam manter um “cordão de segurança” sem presença militar síria ao sul de Damasco — zona considerada sensível à fronteira israelense.

A violência reacende tensões sectárias em uma região marcada por conflitos, como os assassinatos drusos no início de maio, quando forças de transição do governo sírio atacaram a comunidade com execuções extrajudiciais. No mês de fevereiro, incidentes em Jaramana, nos arredores de Damasco, também resultaram em troca de tiros entre drusos e forças de segurança, elevando o clima de instabilidade.

A situação em Suwayda evidencia a dificuldade do governo de transição, liderado por Ahmed  al‑Sharaa, em integrar grupos armados diversos ao novo Estado. A existência de um Conselho Militar druso, que começou a reunir ex-oficiais e milícias locais, agrava o quadro, pois fortalece a autonomia e resistência local.

A ONU expressou preocupação e pediu diálogo entre as partes para proteger os civis e evitar uma escalada sectária com efeitos em toda a região. Enquanto isso, Israel mantém vigilância e força militar preventiva em seu lado da fronteira.

A cidade de Suwayda tornou-se palco de um conflito que mistura tensões tribais e seitas, com múltiplos grupos armados — milícias drusas, tribos beduínas, forças do governo sírio e intervenção israelense. O episódio expõe a fragilidade das instituições de segurança da Síria pós-Assad e ameaça empurrar o país de volta ao ciclo de violência sectária. A incerteza segue elevada, e qualquer passo em falso pode arrastar todo o Levante para um novo colapso de estabilidade.

Fontes: Al Jazeera, Financial Times, AP

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