O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, desembarcou em Pequim nesta semana para uma visita estratégica, cujo objetivo principal é de retomar o apoio militar da China, que se manteve distante do país durante a guerra dos 12 dias com Israel.
A viagem ocorre paralelamente à cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (SCO), que reúne os principais aliados e parceiros econômicos e de segurança da China. A presença diplomática de Araghchi em um momento tão crítico sinaliza a disposição do Irã em fortalecer laços com potências globais para contrabalançar o isolamento imposto por sanções ocidentais.
Durante o encontro com autoridades chinesas, o ministro iraniano buscou estabelecer um novo marco de cooperação militar entre Irã e China, que poderia incluir aquisição de equipamentos avançados e parceria em tecnologia militar. A decisão vem em um contexto onde o Irã precisa modernizar sua força de defesa, em especial seus sistemas antiaéreos e rotas de suprimento naval, em meio à crescente pressão dos EUA e aliados na região.
Fontes diplomáticas revelam que, além das negociações militares, Araghchi pretende discutir iniciativas comerciais consolidadas, incluindo um corredor econômico colaborativo envolvendo a China e o Paquistão. Essa proposta é considerada estratégica para fomentar alternativas comerciais ao golpe das sanções ocidentais e fortalecer a presença iraniana em rotas comerciais internacionais.
O fortalecimento da parceria entre Irã e China para fins militares ameaça reformular o atual equilíbrio de poder no Oriente Médio e no sul da Ásia. Negócios deste tipo podem incluir transferência de tecnologia de mísseis e programas de drones — sensíveis em termos de proliferação militar.
Os Estados Unidos e seus aliados, por sua vez, acompanham o desenrolar das negociações com preocupação, especialmente porque Pequim já demonstrou disposição em driblar embargos globais por meio de fornecimento de equipamentos militares alternativos. Qualquer suposto progresso poderá azedar ainda mais as relações diplomáticas com Washington, que já têm intensas tensões por causa do programa nuclear iraniano.
A viagem do ministro iraniano marca um momento decisivo na geopolítica regional e global. Caso a China aceite formalizar acordos militares com o Irã, isso poderá gerar uma resposta imediata dos EUA.
Entretanto, o país persa busca também expandir sua rede diplomática e econômica — apostando nas rotas comerciais asiáticas para diversificar mercados, contornar pressões ocidentais e consolidar uma posição estratégica na Eurásia. A colaboração com o Paquistão pode transformar-se em eixo logístico crucial, conectando cadeias de produção e rotas marítimas sensíveis.
Fonte: Jerusalem Post, China Daily