Investigação da PF aponta “pedágio” de até 12% em emendas e cita líder do governo Lula

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A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira a Operação Underhand, que revelou um sofisticado esquema de desvio de emendas parlamentares no Ceará, paralisando recursos federais e implicando prefeituras e políticos. Segundo os investigadores, prefeituras necessitavam pagar um “pedágio” de até 12% do valor da emenda para que os recursos fossem liberados — prática considerada uma corrupção institucionalizada.

O deputado federal Júnior Mano (PSB-CE) é apontado como articulador central da organização criminosa, operando em conluio com municípios que receberam verbas direcionadas para contratos superfaturados e empresas amigas. O esquema teria incluído o repasse a suas campanhas eleitorais em 2024, alimentado por execuções fraudulentas de obras e serviços.

Além de Júnior Mano, o inquérito cita parlamentares como José Guimarães (PT-CE) — líder do governo Lula na Câmara — Eunício Oliveira e Yuri do Paredão (MDB-CE), embora sem mandados contra eles.

A investigação baseia-se em áudios interceptados entre agentes do esquema, como o prefeito eleito de Choró, Bebeto Queiroz (PSB) — que agora está foragido — e operadores ligados ao deputado. Em um trecho citado pela PF, fala-se de uma emenda de R$ 1,5 milhão para a saúde em Choró, com previsão de 12% de “pedágio”, ou seja, cerca de R$ 180 mil desviados.

Outro áudio, do mesmo grupo, menciona negociações envolvendo José Guimarães. Embora seu nome seja citado, o líder do governo negou qualquer vínculo com o esquema ou com assessores suspeitos (Investidores Brasil).

A operação já resultou em buscas nos gabinetes de Brasília, residências oficiais e na cidade de Fortaleza, além de bloqueio de contas bancárias e afastamentos de servidores.

O ministro Gilmar Mendes, do STF, autorizou a investigação e, com base nos áudios, determinou que a PF deve aprofundar apurações, inclusive sobre parlamentares com foro privilegiado.

O inquérito integra uma frente nacional que já conta com mais de 40 investigações da PF sobre desvio e manipulação de emendas parlamentares, envolvendo bilhões em recursos federais distribuídos por meio de orçamentos secretos e com uso político das verbas.

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