O governador do estado do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), anunciou que solicitará o apoio das Forças Armadas e da Polícia Federal para retomar áreas dominadas por organizações criminosas ligadas ao tráfico de drogas. A medida, que será formalizada junto ao governo federal até 15 de outubro, integra um plano de segurança exigido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, conhecida como “ADPF das Favelas”. A expectativa é que as operações comecem ainda nesse ano.
Segundo o secretário de Segurança Pública, Victor dos Santos, o plano prevê ações coordenadas entre forças estaduais e federais, com foco inicial em comunidades de “baixa criticidade”, como Cidade de Deus, algumas áreas de São Gonçalo, Vila Kennedy, Antares e Mangueirinha. Regiões como o Complexo do Alemão, consideradas de alta complexidade, demandariam estratégias mais robustas. A solicitação incluirá a implementação da Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que viabiliza legalmente a atuação das Forças Armadas, incluindo o uso de veículos blindados para superar barricadas e enfrentar o arsenal bélico dos criminosos.
A GLO é uma operação que permite o emprego das Forças Armadas em apoio às forças de segurança pública, em situações de grave perturbação da ordem. Com o objetivo de preservar a integridade da população e garantir o funcionamento regular das instituições, a GLO é empregada de forma pontual, restrita a uma área e por tempo determinado.
Em abril, o STF determinou a elaboração de um plano amplo para reocupação de territórios controlados pelo tráfico, com o objetivo de reduzir a letalidade policial e restabelecer a presença do poder público nas comunidades. “O poder público não pode se fazer presente apenas com polícia. As forças de segurança devem estar integradas para devolver o território à população”, afirmou Santos. O plano incluirá cronogramas, metas e indicadores de desempenho, visando uma governança compartilhada entre os entes federal, estadual e municipal, independentemente de disputas políticas.
“Existe um comércio explorado por essas organizações criminosas: internet, gás, energia elétrica. O tráfico aprendeu com a milícia no passado e, hoje, não é só a droga que se vende. A luta é pelo território, que é sinônimo de receita” – Victor dos Santos, Secretário de Segurança Pública
Críticas nas mídias sociais destacam que, sem um plano de longo prazo, os traficantes tendem a retornar após a saída das forças de segurança. O governo estadual assegura que o plano será estruturado para evitar impactos das disputas eleitorais de 2026, buscando uma solução definitiva para a segurança pública no Rio.