Europa aposta alto: plano bilionário para reerguer a Ucrânia e frear influência russa

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A União Europeia anunciou nesta quinta-feira (10), em Roma, um ambicioso plano bilionário para reconstrução da Ucrânia, reunindo apoio político e financeiro de países-membros, instituições europeias e setor privado para ajudar Kiev a resistir à guerra e preparar sua recuperação pós-conflito.

No total, foram comprometidos mais de 10 bilhões de euros, conforme detalhado na quarta Conferência de Recuperação da Ucrânia. A presidente da Comissão Europeia, Ursula  von  der  Leyen, anunciou €2,3 bilhões inicialmente desbloqueados pela UE, capazes de atrair até €10 bilhões adicionais em investimentos públicos e privados para reconstrução de infraestrutura, saúde, energia e negócios.

O Fundo Europeu para Reconstrução da Ucrânia, maior fundo de capital privado até hoje dedicado ao país, foi lançado com uma injeção de €220 milhões, com meta de elevar esse investimento para €500 milhões até 2026. A iniciativa faz parte do “Ukraine Facility”, que reúne uma previsão total superior a €50 bilhões para o período 2024‑2027, combinando empréstimos e subsídios.

Participantes do evento incluíram o presidente ucraniano Volodymyr  Zelensky, que classificou os ataques russos recentes como “terrorismo puro” e defendeu o uso de ativos congelados da Rússia para financiar a reconstrução. Zelensky reforçou ainda que a reconstrução da Ucrânia deve ser vista como investimento estratégico, destacando potencial de modernização para infraestrutura, energia e digitalização conectando o país à União Europeia .

No evento, a primeira-ministra italiana enfatizou que as experiências da Itália e Alemanha após a Segunda Guerra Mundial demonstram que a reconstrução é possível mesmo em cenários adversos. Líderes como Emmanuel Macron, Keir Starmer e Friedrich Merz fortaleceram o compromisso europeu de apoio à Ucrânia, com Macron e Starmer pedindo sanções mais rigorosas à Rússia e suporte contínuo a Kiev.

Contexto macroeconômico: a Ucrânia enfrenta um déficit orçamentário projetado de até US$ 19 bilhões em 2026, segundo relatório do FT. O Ukraine Facility foi estruturado para cobrir esse hiato, utilizando recursos da UE, do Banco Europeu de Investimento (EIB) e do Fundo Europeu para Desenvolvimento Sustentável Plus (EFSD+). Uma tranche de €2 bilhões em garantias já foi assinada com o EIB em março, focada em energia, transporte, habitação e infraestrutura urbana.

Especialistas destacam que a abordagem de Reino Unido ‑ União Europeia ‑ Itália combina subsídios, empréstimos garantidos e capitais privados para acelerar a reconstrução e atrair investimento estrangeiro, sinalizando a definição de padrões de governança e transparência para futura adesão ao bloco.

Críticos, porém, alertam que os valores anunciados ainda ficam aquém dos US$ 486 bilhões estimados pelo Banco Mundial como custo da reconstrução a longo prazo. Além disso, há desafios — violência contínua, acesso limitado à justiça, risco de corrupção e seguros para investidores — que exigem garantias robustas antes que capitais privados sejam liberados .

Com a crise humanitária ainda presente e a guerra em curso, a iniciativa emerge como um marco — um “novo plano Marshall” europeu para a Ucrânia. O sucesso dependerá da execução eficaz, alinhamento com reformas do país, e capacidade de atrair investimento sustentável que aproxime Kiev de sua meta de aderir à União Europeia até 2030.

Fontes: Financial Times, The Guardian, EU4Ukraine

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