Um grave erro médico ocorrido no Hospital Santa Cruz, em Canoinhas, no Planalto Norte de Santa Catarina, ganhou repercussão nacional. Entre os dias 9 e 11 de julho, 11 recém-nascidos receberam, por engano, doses de soro antibotrópico, usado contra picadas de cobras como a jararaca. Isso ocorreu no lugar da vacina contra hepatite B, que deve ser aplicada nas primeiras horas de vida, conforme o Calendário Nacional de Imunização. O caso foi confirmado pela unidade hospitalar na terça-feira (15) e está sob investigação.
Segundo a direção do hospital, o erro pode ter sido causado pela semelhança entre os frascos do soro e da vacina, ambos produzidos pelo mesmo laboratório. A dose administrada, de 0,5 ml, é significativamente menor que a quantidade utilizada em casos de envenenamento por cobra (30 a 120 ml), o que minimiza os riscos à saúde dos bebês. Até o momento, nenhuma reação adversa foi registrada, e todas as crianças estão estáveis, sendo monitoradas pela equipe da Vigilância Epidemiológica municipal. A orientação é que os bebês sejam observados por até 30 dias.
A Secretaria Municipal de Saúde de Canoinhas foi informada do ocorrido na segunda-feira (14) pela Regional de Saúde de Mafra e afirmou que a responsabilidade pela aplicação é do hospital, já que o erro ocorreu na maternidade. As famílias foram comunicadas imediatamente e recebem suporte técnico e acompanhamento. A vacina contra hepatite B, essencial para prevenir infecções hepáticas graves, como cirrose e câncer de fígado, será aplicada nos bebês dentro do prazo de 30 dias, junto com a vacina BCG.
A prefeita Juliana Maciel determinou a contratação de uma auditoria externa para investigar os procedimentos do hospital, que é filantrópico e recebe cerca de R$ 1 milhão mensais do município para atendimentos pelo SUS. A diretora do hospital, Karin Adur, classificou o caso como um “incidente sem dano”, destacando a transparência na condução do caso e o acompanhamento contínuo das crianças. Uma sindicância interna também foi instaurada para apurar se o erro foi intencional ou decorrente de falha humana, como a falta de verificação dos rótulos.
O caso reacende debates sobre a segurança em protocolos hospitalares, especialmente em unidades que atendem públicos vulneráveis, como recém-nascidos, e reforça a importância de rigor na administração de medicamentos.