“Eleição não é democracia”, diz Lula e agita cenário político

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Durante evento internacional realizado neste domingo (21) em Santiago, no Chile, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o atual modelo de eleições periódicas “não garante, por si só, a democracia”. A declaração, feita durante um fórum sobre governança e participação popular, gerou reações imediatas no cenário político brasileiro e abriu espaço para interpretações sobre os planos do governo para o futuro do sistema político do país.

Não basta votar a cada quatro anos para dizer que há democracia. A democracia real exige participação constante do povo nas decisões“, disse Lula, ao lado de outros chefes de Estado latino-americanos. O discurso ressaltou a importância de mecanismos de controle social, conselhos populares e formas alternativas de representação, como instrumentos para “revitalizar a democracia“.

No entanto, o tom da fala causou apreensão entre analistas políticos e opositores. Alguns interpretaram a declaração como um indicativo de que o governo pode buscar mudanças no modelo atual, o que reacendeu o debate sobre a possibilidade de extensão de mandatos ou alterações institucionais que favoreçam a permanência de Lula no poder, caso seja reeleito em 2026.

A oposição reagiu com críticas duras. Parlamentares do PL, Novo e Republicanos acusaram Lula de preparar o terreno para concentrar mais poder e enfraquecer o modelo republicano. “Esse discurso é típico de líderes que desejam relativizar a alternância de poder“, afirmou o deputado Marcel van Hattem (Novo-RS).

Assessores do Planalto, por outro lado, negaram qualquer intenção de reforma que afete a duração dos mandatos ou os ciclos eleitorais. Em nota, a Secretaria de Comunicação da Presidência afirmou que o presidente “reforçou a importância da participação popular na democracia” e que não há nenhum estudo em curso para alterar as regras eleitorais ou constitucionais.

Analistas ouvidos por veículos como CNN Brasil e Folha de S.Paulo apontam que, embora não haja proposta concreta, o discurso pode ser explorado politicamente por aliados e adversários nas eleições municipais de 2024 e na corrida presidencial de 2026. O cientista político Cláudio Couto avalia que ” o presidente quis provocar uma discussão teórica, mas precisa calibrar melhor suas palavras em um ambiente de desconfiança institucional“.

O episódio também repercutiu no exterior. Em editorial publicado nesta segunda-feira (22), o jornal chileno La Tercera destacou que as palavras de Lula “soaram ambíguas em um momento em que a América Latina enfrenta desafios crescentes à democracia”.

Fonte: CNN Brasil e Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom)

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