Durante a cúpula do BRICS, realizada no Rio de Janeiro, um vídeo distribuído pela equipe oficial do governo brasileiro causou indignação e desconforto na equipe. Nas imagens, foi apresentada de forma gráfica, a anexação de territórios ucranianos atualmente ocupados pela Rússia, incluindo as regiões de Donetsk e Luhansk, anexadas em 2022 com validade jamais reconhecida internacionalmente.
O conteúdo circulou nas redes sociais da presidência brasileira, mostrando mapas que incorporavam oficialmente partes do território ucraniano ao domínio da capital russa. Essa inserção explícita aconteceu num momento considerado inapropriado durante a reunião do bloco.

A prática foi vista como uma tentativa de reforçar a narrativa de Moscou, sob o pretexto de defender os interesses de segurança legítimos agora estendidos aos membros do bloco.
Antes, a Rússia já havia declarado anexações em setembro de 2022 em Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhia — referendos cujos resultados foram amplamente rejeitados por 143 países membros da ONU em declaração posterior. No entanto, a exibição do vídeo na cúpula marcou um salto retórico, transformando reivindicações não reconhecidas em parte da agenda visual e midiática do BRICS.
O episódio pode servir para isolar ainda mais o bloco, enfraquecendo o apoio implícito às ações russas na Ucrânia. Por outro lado, também ressalta a abertura do BRICS como vitrine para a voz de potências revisionistas, mostrando sua fragilidade normativa frente a disputas militares contemporâneas.
Para a diplomacia ocidental, a exibição de símbolos de anexação reflete que o Kremlin não recuou na sua estratégia territorial na Ucrânia. Ainda que a ferramenta usada tenha sido digital, o recado é real e preocupante: a Rússia busca consentimento de países emergentes, mesmo a toque de caixa, para dar contornos visíveis a uma guerra que continua em curso.
Fonte: CNN