PCC no coração das finanças: mercado mapeia o risco do crime organizado

O avanço do Primeiro Comando da Capital (PCC) sobre setores da economia formal começou a entrar no radar de fundos de investimento, bancos e consultorias que atuam na Faria Lima, principal polo financeiro do Brasil. Gestoras de patrimônio e analistas de risco passaram a incluir, em relatórios e estudos sobre projetos na região Sudeste, indicadores de influência do crime organizado sobre cadeias produtivas, comércio e até operações logísticas. Esse movimento é inédito em termos de metodologia de avaliação de risco no mercado financeiro brasileiro. Tradicionalmente, variáveis como estabilidade política, segurança jurídica, inflação e câmbio dominavam o cálculo de cenários de investimento. No entanto, episódios recentes envolvendo ações violentas, interceptações de cargas e denúncias de extorsão e lavagem de dinheiro têm pressionado empresas a revisitar seus modelos de compliance e as projeções sobre retorno de ativos. As preocupações se intensificaram após investigações do Ministério Público e operações da Polícia Federal revelarem conexões entre facções criminosas e negócios supostamente legais, como transportadoras, redes varejistas, construtoras e empresas de logística portuária. O PCC, em particular, é apontado por autoridades como responsável por movimentar recursos bilionários por meio de atividades ilícitas e por expandir sua influência em cidades estratégicas próximas ao Porto de Santos, a principal porta de entrada e saída do comércio exterior brasileiro. Grupos de crime organizado, como PCC e CV, expandiram seus métodos de atuação após a pandemia de COVID-19. Informações apontam que os grupos se infiltraram nos ramos imobiliário, de transporte público, clínicas odontológicas, e também no refino e venda de combustíveis, por meio do contrabando de matérias-primas. Consultorias que assessoram investidores estrangeiros relatam que fundos internacionais, sobretudo norte-americanos e europeus, começaram a incluir perguntas específicas sobre segurança e risco criminal em suas diligências antes de aprovar aportes em setores como agronegócio, transporte de alto valor e infraestrutura. Esse tipo de risco, há poucos anos restrito a avaliações qualitativas de reputação, hoje influencia decisões sobre alocação de capital e pode até aumentar o custo do dinheiro captado por empresas brasileiras. Especialistas ressaltam que a percepção do crime organizado como ameaça ao ambiente de negócios não é nova, mas se tornou mais tangível com os relatórios oficiais que apontam vínculos entre facções e empresas de fachada. Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o PCC expandiu sua atuação em pelo menos 22 estados e já exerce influência direta sobre cadeias logísticas fundamentais para exportação de commodities. O tema também tem impacto político. Governadores e prefeitos da região Sudeste vêm sendo pressionados a demonstrar capacidade de conter o avanço das facções. Em São Paulo, maior base de operações do PCC, empresas de transporte e logística têm reportado aumento nos custos com escolta armada e seguros. A insegurança afeta o valor de ativos e amplia a percepção de risco Brasil. Analistas que acompanham fundos de private equity e de crédito privado afirmam que, além de prejuízos diretos com roubo de cargas e ameaças, há preocupação com a infiltração de recursos ilícitos no sistema financeiro. A possibilidade de sanções e danos reputacionais faz com que gestoras e bancos passem a exigir provas mais robustas de controles internos e relatórios de compliance antes de liberar financiamentos. Enquanto isso, representantes do mercado alertam que o crescimento da economia paralela alimentada pelo crime organizado prejudica a competitividade do setor produtivo, distorce concorrência e compromete o ambiente de negócios no médio e longo prazo. Para conter essa tendência, advogados especializados em lavagem de dinheiro defendem que a fiscalização de transações suspeitas seja aprimorada e que as agências reguladoras atuem em parceria com autoridades judiciais. O governo federal ainda não apresentou uma estratégia articulada para lidar com o impacto econômico da atuação do PCC, mas reconhece que a dimensão do problema requer cooperação internacional e medidas que ultrapassem o âmbito exclusivamente policial. Fonte: Folha de São Paulo
Fome e desespero em Gaza: Israel endurece bloqueios à ajuda humanitária

Na última semana, um grupo de caminhões carregados com alimentos e suprimentos médicos entrou em Gaza, levando um vislumbre de esperança aos moradores do norte devastado pelo conflito – mas a alegria foi breve. Em poucos dias, Israel interrompeu novas entregas e fechou a principal rota de acesso, citando suspeitas de que o Hamas estaria desviando parte da ajuda humanitária. Entretanto, líderes tribais locais afirmam que foram eles, e não o grupo militante, que garantiram a segurança das cargas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) relatou que a última remessa trouxe suprimentos médicos vitais — incluindo bolsas de sangue e plasma — a primeira vez desde março, através do ponto de passagem de Kerem Abu Salem, no sul de Gaza. Já no norte, dezenas de caminhões entraram em uma operação independente organizada por clãs palestinos, resultando nas primeiras distribuições em quatro meses em locais como Jabalia. Mesmo diante do breve alívio, o fechamento da entrada de ajuda no norte intensificou os alertas da ONU sobre risco iminente de fome e colapso das condições de sobrevivência nos territórios sob bloqueio israelense. Dados da ONU indicam que apenas quatro centros de apoio estão operando, com uma queda drástica no fornecimento diário de refeições — em média, apenas 300 mil ao dia – diante de uma população estimada em 2,1 milhões. Há relatos de violência durante tentativas de coleta de alimentos: 23 palestinos foram mortos apenas no sul ao tentarem acessar ajuda nos pontos operados pelo Gaza Humanitarian Foundation (GHF), respaldado pelos EUA e Israel. Graves denúncias também apontam para mortes causadas por tiros, conforme informado por jornalistas e ONGs. O secretário-geral da ONU, António Guterres, criticou com severidade o modelo de distribuição conduzido pelos EUA, respaldado pelo GHF, classificando-o como “inseguro por excelência” e diretamente responsável por mortes de civis. Guterres exigiu uma revisão imediata do modelo e a abertura irrestrita de fronteiras humanitárias . A comunidade internacional, incluindo União Europeia, Reino Unido, França e Canadá, intensificou a pressão sobre Israel. A UE considera medidas punitivas caso não seja retomada com urgência a ajuda vital. Josep Borrell, ex-alto diplomata da UE, pediu ação mais firme do bloco, argumentando que a instituição não pode permanecer inerte diante da crise. Organizações humanitárias, como a International Rescue Committee (IRC) alertam que a escassez de acesso a alimentos, combustível e medicamentos ameaça causar desnutrição em massa, sobretudo entre crianças — uma geração pode estar à beira de um colapso físico e psicológico. Segundo o IRC, 1,9 milhão de palestinos já estão deslocados, e as remessas de comida foram reduzidas em mais de 70% desde abril. As consequências são profundas: doenças, colapso da rede médica e condições insalubres agravam a situação humanitária. Apesar das tensões, Israel mantém que o GHF é responsável por garantir entrega segura das cargas, desde que haja garantias de que o Hamas não interfere no processo. Já o clã palestino Mukhtar Salman Al Mughani negou qualquer envolvimento do grupo, afirmando que “os clãs garantem a segurança”. A realidade complexa de Gaza evidencia que, enquanto pequenos sinais de alívio surgem, a ajuda é frequentemente interrompida, insuficiente ou perigosa. A crise demanda uma resposta humanitária robusta, neutra e contínua, antes que o desaparecimento de vidas se transforme em um colapso generalizado. Fontes: The National, Financial Times, Reuters
Cessar-fogo entre Congo e Ruanda mediado por EUA entra em vigor

O governo da República Democrática do Congo (RDC) e Ruanda chegaram a um acordo pós-conflito que estabelece uma trégua e o retorno de refugiados, mas especialistas e ativistas alertam que existe o risco real de transformar a guerra em exploração de recursos naturais. O documento, divulgado recentemente e analisado por especialistas, inclui cláusulas para desmilitarização de certas regiões no leste da RDC, repatriação de populações deslocadas e reorganização de forças armadas na província de Kivu. No entanto, a falta de garantias ambientais, sociais e econômicas levanta preocupação diante da histórica riqueza mineral da região. Pela carta, os grupos de resistência congoleses devem ser integrados às forças armadas (FARDC), enquanto as tropas ruandesas se retirarão gradualmente. O pacto prevê monitoramento por uma força neutra da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral e da União Africana. Embora o cessar-fogo tenha reduzido confrontos diretos, a estabilidade ainda é frágil e dependerá da implementação eficiente das cláusulas. A região oriental da RDC é estratégica devido a recursos como ouro, coltan, estanho e cobalto — minerais vitais para tecnologias modernas. Especialistas destacam que a reconstrução pós-conflito muitas vezes serve de porta de entrada para corporações e governos estrangeiros em busca de concessões. “Sem salvaguardas claras, essa ‘paz em troca de exploração’ pode abrir espaço para que atores externos se apoderem dos lucros sem beneficiar a população local”, alertou a pesquisadora Marie N’Doumba. O filósofo e analista congolês Jean-Marc Tshonda reforça a crítica: “O acordo abstrai o contexto econômico. A mineração sempre foi fonte de conflito — se não houver controle social, a violência será apenas substituída pelo extrativismo predatório”. Organizações civis apontam que a inclusão de regulamentações ambientais e sociais foi mínima. Embora exista menção à reparação e reintegração de populações, não há mecanismos robustos de supervisão ou módulos fiscais para garantir que a renda permaneça no país. O uso de pequenas empresas locais como guardas comunitárias foi proposto, mas carece de amparo legal ou financeiro. Representantes do governo ruandês disseram à imprensa que a retirada das forças militares busca criar condições de confiança mútua e permitir que a RDC retome sua soberania sobre o território e seus recursos. Já Kinshasa ressaltou que o acordo é uma primeira etapa, e que os detalhes de implementação — como a distribuição de títulos de exploração e medidas de governança — devem ser negociados em fóruns técnicos multilaterais com apoio financeiro de parceiros internacionais. A ONU manifestou apoio, classificando o acordo como “oportunidade histórica de restauração da paz e reestruturação econômica”. Porém, também expressaram cautela, vinculando evolução a compromissos claros com direitos humanos, transparência e combate à corrupção. Fato preocupante é a autonomia limitada dos governos locais em Kivu: prefeitos e administrativos ainda dependem de decisões tomadas em Kinshasa ou Kigali, o que pode comprometer o monitoramento em campo. Pesquisas da International Crisis Group e Human Rights Watch já documentaram violações nos campos de refugiados que ainda permanecem ativos, com denúncias de violência sexual e abandono. O arcabouço internacional incluiu um fundo de transição orçado em US$ 500 milhões, sob supervisão da SADC e da UA, destinado à integridade das operações de limpeza, reintegração e gestão sustentável dos recursos. Contudo, fontes diplomáticas afirmam que a liberação do fundo dependerá de relatórios trimestrais e auditorias, cujo mecanismo de aplicação ainda está em definição. Para a população local, esse acordo é uma via de esperança, mas também de incertezas. A paz sem controle, fiscalização e justiça social corre o risco de se transformar em exploração disfarçada de desenvolvimento. O momento tornou-se simbólico não apenas para a RDC e Ruanda, mas para toda a África, refletindo a tensão entre restauração da ordem e equidade econômica num continente rico em recursos naturais. Fonte: Al Jazeera, BBC
Perseguição religiosa continua na Síria, com sequestros de mulheres alauítas

Desde o fim do regime de Bashar al‑Assad, em dezembro de 2024, a minoria alauíta passou por um aumento alarmante de sequestros e desaparecimentos. A Reuters revelou que pelo menos 33 mulheres alauítas, entre 16 e 39 anos, desapareceram nos últimos meses nas regiões de Tartous, Latakia e Hama — regiões costeiras onde essa comunidade concentra-se. Uma das vítimas, Abeer Suleiman, de 29 anos, foi raptada na cidade de Safita. A família recebeu exigências de resgate de quase US$ 15.000, transferidos em pequenas quantias a bancos situados na cidade turca de Izmir. Em contato telefônico com a família, Abeer mencionou que o acento árabe que ela ouviu sugeria estar fora da Síria, embora não pudesse dar maiores informações. Esse caso é apenas parte de um padrão que, segundo famílias entrevistadas, mostra frequentes pedidos de resgate entre US$ 1.500 e US$ 100.000. A polícia síria, entretanto, investiga pouco e não oferece respostas satisfatórias. Perfis compilados com 16 famílias afetadas indicam que sete desses desaparecimentos envolvem sequestros confirmados, alguns com provas de que as mulheres foram levadas para fora do país. Embora quase metade tenha sido encontrada posteriormente, muitos retornaram em circunstâncias duvidosas e com receio de comentar o ocorrido. Esses casos ocorrem num contexto de escalada de violência brutal contra os alauítas na costa síria. Em março, ataques sectários causaram mais de mil mortes, e houve massacres e represálias de militantes xiitas e sunitas, que acusavam alauítas de serem cúmplices do agora deposto regime de Assad. Grupos armados teriam invadido aldeias, executado famílias com perguntas sobre afiliação religiosa e forçado famílias a abandonarem suas casas sem aviso prévio. Na falta de respostas internas, a Comissão de Inquérito da ONU iniciou investigação formal sobre os sequestros de mulheres alauítas, já documentando ao menos seis casos graves neste ano. O relatório revela que as investigações locais não avançaram e que as famílias continuam desamparadas. Em Tartous, um jornalista local acusou que muitos desaparecimentos são atribuídos a problemas familiares, uma versão contestada pelos relatos e provas documentais, como gravações, transferências bancárias e testemunhos. A inação das autoridades reforça a percepção de impunidade. Grupos de direitos humanos alertam que esses ataques podem representar uma forma de “genocídio cultural“. O analista Sami Kayal classificou os sequestros como “instrumentos sistemáticos para destruir a coesão social alauíta“, comparando-os à violência sexual usada como arma por extremistas. ONGs como Human Rights Watch apontam que os sequestradores, muitas vezes, agem com financiamento ou apoio de milícias sunitas alinhadas ao novo governo. As motivações seriam misturadas: ganhos financeiros, vingança, coerção religiosa e limpeza demográfica. A resposta internacional está aumentando. A ONU condenou os sequestros e o massacre de civis alauítas, e o Escritório de Direitos Humanos exigiu ações urgentes para proteger minorias e seus locais sagrados. Ainda assim, o governo interino sírio, liderado por uma coalizão sunita, afirma que a maioria dos desaparecimentos se deve à fuga ou disputas familiares, contradizendo denúncias de sequestros dirigidos. Enquanto isso, as famílias das vítimas vivem entre esperança e desespero. Muitas limitam-se a esperar por qualquer notícia, receosas de novas represálias caso falem publicamente. A atmosfera de medo se torna ainda mais tensa. O silêncio das ruas costeiras reflete um trauma profundo e o desmoronar da confiança na proteção estatal. O aumento desses crimes marca um preocupante retrocesso no processo de reconstrução da Síria, aprofundando divisões sectárias e minando qualquer proposta de reconciliação nacional. Para essas mulheres e comunidades, a queda de Assad, que prometia um novo começo, transformou-se em tempestade de horror e insegurança, sem garantias de retorno ou justiça. A Síria se vê diante de um dilema: permitir que o trauma sectário se enraíze ou buscar mecanismos urgentes para garantir proteção, verdade e reparação para todos. Fontes: Reuters e Qantara
Teerã retoma a rotina em meio a ruínas: iranianos voltam para casa temendo nova guerra

Após 12 dias de conflito entre Irã e Israel, Teerã vive um retorno cauteloso à normalidade — cafés e bazares abriram, serviços públicos funcionam novamente e milhares de residentes deslocados retornam à capital. No entanto, para muitos, a sensação de segurança ainda parece distante. Ashraf Barghi, enfermeira, resumiu bem: “Não confiamos que a guerra tenha terminado“. O êxodo começou após os bombardeios israelenses em 13 de junho, que visaram instalações nucleares, bases do IRGC e até a prisão de Evin. Centenas morreram, inclusive mulheres e crianças, e quase meio milhão de pessoas abandonaram Teerã, muitas em direção às províncias do norte, como Mazandaran, Gilan, Alborz e áreas costeiras do Mar Cáspio. Nika, 33 anos, grávida, refugiou-se por 11 dias em Zanjan. Sua volta à casa foi descrita como “chegar ao paraíso“. Mas ela mesma admite: “Não sei se o cessar-fogo vai durar”. Mesmo com esse regresso tímido, a atmosfera é marcada por tensão. A conectividade voltou, mas a internet ainda é instável e o silêncio das ruas, antes habitadas e vibrantes, continua estranho. Checkpoints de segurança, prisão de supostos espiões e rumores de novos ataques circulam entre a população. A guerra trouxe efeitos devastadores além das mortes. Supermercados enfrentam escassez de alimentos, remédios, combustível e até papel higiênico. O racionamento de combustível é rigoroso e caixas eletrônicos estão vazios. A economia, já fragilizada por sanções e má gestão, enfrenta nova crise. Muitos teimaram em permanecer. Mahin, 47 anos, disse ao The New Arab que “confiava na precisão israelense” até o impacto se aproximar de sua casa e o fogo sobreviver nos arredores. Ela relata ter fugido com medo real por sua vida. Autoridades reconheceram danos materiais: prédios residenciais, estações de TV, fábricas, postos de segurança, redes elétricas e até centros nucleares foram atingidos. Muitos desses locais ainda estão em colapso, com grande parte da população voltando para um lar parcialmente destruído. Intensificação da repressão Já no front político, crescem os receios. A intensificação da repressão é vista por muitos como inevitável. A turbulência econômica aumenta o descontentamento, com protestos reprimidos violentamente em anos anteriores, e a ameaça de nova onda autoritária se torna real. No momento, a trégua permanece instável. Israel relatou violações do cessar-fogo, e o Irã denunciou novos ataques após o anúncio do armistício. Enquanto isso, os iranianos voltam para casa, carregando escombros físicos e emocionais, cautelosos quanto ao futuro do país. Apesar da atmosfera de incerteza, muitos expressam alívio por voltar para perto do que ainda chamam de lar. Eles sabem que os desafios irão se estender, das relações internacionais aos direitos domésticos e ao sustento econômico, mas apostam na resiliência da sociedade iraniana, determinada a reconstruir. Fontes: Al Jazeera, Reuters
EUA e Irã mantêm conversas secretas sobre programa nuclear

Em meio à recente ofensiva militar contra três instalações nucleares iranianas, os Estados Unidos seguem engajados em conversas com Teerã sobre seu programa nuclear. Segundo a CNN, o enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, e autoridades iranianas têm mantido diálogos secretos, inclusive após o bombardeio ordenado pelo presidente Trump, sinalizando disposição para retornar à mesa de negociações. De acordo com quatro fontes consultadas pela emissora, os EUA ofereceram uma proposta abrangente: entre US$ 20 bilhões e US$ 30 bilhões em investimentos para um programa nuclear civil sem enriquecimento, e potencial desbloqueio de US$ 6 bilhões em ativos iranianos congelados. A proposta inclui também que aliados do Golfo possam financiar a reconstrução da usina de Fordow, convertida, sob supervisão internacional, em uma instalação puramente civil. Essa postura pragmática ocorre mesmo após Trump afirmar na cúpula da OTAN que “um novo acordo nuclear talvez não seja necessário“. Ainda assim, ele confirmou que conversas estão sendo agendadas para a próxima semana, sem data definida. Por outro lado, o Irã resiste às negociações. O Ministro das Relações Exteriores Abbas Araghchi afirmou que ainda não há “nenhum acordo, promessa ou data“ para retomar o diálogo e que os ataques americanos complicaram significativamente qualquer retomada das conversações. Fontes da ONU e diplomatas europeus relatam que, apesar das dificuldades, o cenário permanece volátil: o cessar‑fogo entre Israel e Irã, intermediado pelos EUA, reabriu canais com europeus, que têm conduzido conversas paralelas com Teerã em Genebra, embora sem avanços significativos até o momento. O impacto geopolítico é evidente. A Europa, representada pelas nações do E-3 (França, Alemanha e Reino Unido), vem pressionando para que o Irã se comprometa com a suspensão total do enriquecimento de urânio, como base para qualquer retorno aos tratados nucleares. O enviado britânico ao Conselho de Segurança da ONU alertou que, se não houver progresso até o verão, sanções da ONU poderão ser impostas ao país. A conjuntura atual é tensa: os EUA e Israel realizaram ataques militares que, embora tenham causado “danos significativos” a instalações como Fordow, Natanz e Isfahan, não eliminaram o potencial nuclear do Irã, e segundo relatórios, as centrifugas permanecem operacionais e parte do urânio acumulado foi realocado. Mesmo assim, o presidente Trump defendeu no Fórum da OTAN que a reconstrução civil supervisionada é viável, condicionando a retomada das negociações ao fim do enriquecimento de urânio e à segurança regional. O diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, alertou que a única forma de avaliar o real estado das instalações é por meio de inspeções diretas. Ele lembrou que, sem o acesso dos inspetores, não é possível confirmar se o material foi removido ou se o programa nuclear se restabelece. Analistas de segurança consideram que os EUA tentam equilibrar a dissuasão militar com uma reconexão diplomática, usando incentivos econômicos como contrapartida. Mas advertem: sem garantias jurídicas que impeçam o Irã de retomar o enriquecimento, qualquer acordo será apenas temporário. A ambiguidade prevalece também porque Trump enfrenta pressões internas, membros do Partido Republicano exigem garantias de proibição total do programa nuclear, enquanto setores do movimento “America First” preferem evitar envolvimento militar prolongado no Oriente Médio. Embora os passos sejam cautelosos, a abertura de canais diplomáticos paralelos aos ataques marca uma nova fase nesta crise: os EUA buscam converter as tensões e os ataques em alavancas para um acordo mais estável, ainda que o Irã se mantenha reticente. O futuro das negociações dependerá tanto da capacidade norte-americana de oferecer garantias credíveis quanto da disposição iraniana de aceitar limitações reais ao seu programa nuclear. Fontes: CNN, The Daily Beast
Irã pediu que Hezbollah não atacasse Israel

Apesar da escalada militar entre Irã e Israel nas últimas semanas, o grupo libanês Hezbollah permaneceu surpreendentemente inativo, sustentado por uma combinação de fatores domésticos, regionais e militares. Fontes dos Estados Unidos apontam que uma mistura de limitações internas e advertências externas resultou na decisão de evitar o envolvimento direto na guerra. Hezbollah, fundado nos anos 1980 com apoio dos Guardas Revolucionários do Irã, consolidou-se como força militar e política dominante no Líbano, frequentemente descrita como um “Estado dentro do Estado”. No entanto, após o conflito prolongado com Israel em 2024, o grupo sofreu perdas severas, incluindo a destruição de infraestrutura, eliminação de líderes e enfraquecimento de comando. Segundo um alto oficial norte-americano, o Hezbollah “recebeu ordens claras de Teerã para não entrar na briga, evitando uma resposta militar que aceleraria o risco de retaliação israelense e ameaçaria sua capacidade remanescente”. O discurso retórico em apoio ao Irã foi intenso, mas restrito a declarações públicas, sem ação militar real no sul do Líbano. Israel bombardeou posições do Hezbollah Mesmo com o cessar-fogo entre Israel e Hezbollah em vigor, o sul do Líbano continua sendo bombardeado pelas Forças de Defesa de Israel. No ataque mais recente realizado na manhã de hoje (27), as IDF visaram redes de túneis e infraestrutura do grupo no entorno da cidade de Nabatieh. Uma pessoa foi morta e 11 ficaram feridas após os ataques atingirem um edifício na cidade. Israel não divulgou se esse ataque visava algum alvo específico. Internamente, a milícia enfrenta restrições significativas. O governo libanês, com apoio americano e francês, exige agora o monopólio do uso de armas dentro das fronteiras nacionais. O Exército do Líbano (LAF) removeu gradualmente armas e posições do Hezbollah do sul do país, com cerca de 80% das metas de desarmamento já alcançadas sob supervisão militar e inteligência israelense. Hezbollah está enfraquecido O apoio da própria base política e social do Hezbollah está enfraquecido. A devastação causada pelo conflito de 2024 aumentou a desilusão entre seus principais apoiadores xiitas, que agora exigem prioridade na reconstrução civil, não em novos confrontos militares. Lideranças políticas, como o presidente Joseph Aoun e o premiê Nawaf Salam, reforçam a necessidade de neutralidade para evitar uma queda ainda maior no Líbano, abalado por colapso estatal, economia em ruínas e crise humanitária. Até o momento, a postura cautelosa do Hezbollah tem sido reforçada por coalizões internacionais focadas em limitar o envolvimento libanês no conflito. EUA e França encorajaram o grupo a permanecer à margem da escalada, oferecendo ao governo libanês apoio militar se ele assumisse a segurança interna. A situação geopolítica atual coloca o Hezbollah em um ponto de inflexão. Embora mantenha um arsenal significativo de mísseis, inclusive de alcance médio e longo, e a capacidade de projetar poder, a destruição de armas e infraestrutura, a queda de líderes como Hassan Nasrallah e a imposição de limites domésticos tornaram seu retorno ao confronto arriscado. Autopreservação Após o ataque de Hamas a Israel em outubro de 2023, Hezbollah lançou uma segunda frente no Líbano, marcando um prolongado período de combates, destruição e mais de mil mortes. Contudo, ao longo do conflito, tornou-se evidente que o grupo estava fisicamente limitado, especialmente após a morte de lideranças-chave e a perda de uma quantidade substancial de seu arsenal. Hoje, embora retórica, solidariedade simbólica e apoio diplomático ainda façam parte de sua estratégia, o Hezbollah optou por preservar sua capacidade, evitando a devastação de um novo confronto em guerra aberta. Essa postura reflete uma lição aprendida à força: depois de ter ficado quase irreconhecível, a organização prioriza sua sobrevivência em vez de impulsionar nova escalada. Fontes: The National News, Oxford Analytica, ABC
Aliança militar: Rússia receberá mais 6 mil soldados norte-coreanos

A Coreia do Norte planeja enviar um novo contingente de cerca de 6.000 soldados — incluindo 1.000 engenheiros de combate e 5.000 militares para reconstrução e desminagem — à região de Kursk, na Rússia, já em julho ou agosto de 2025, segundo relatórios desta quinta-feira (27), atribuindo a informação ao Serviço Nacional de Inteligência da Coreia do Sul (NIS). A movimentação acompanha o aprofundamento da aliança militar entre Pyongyang e Moscou, formalizada por um pacto de defesa mútua assinado em junho de 2024. Desde o final de 2024 e início de 2025, estima-se que a Coreia do Norte já enviou entre 10.000 e 12.000 tropas para a fronteira entre Rússia e Ucrânia, mais especificamente na região de Kursk. Em contrapartida, Moscou fornece armamento — mísseis, artilharia e tecnologia para satélites e orientação de foguetes —, além de apoio técnico à produção militar norte-coreana. A cooperação tem sido construída em bases sólidas: em junho de 2024, Putin e Kim Jong Un selaram o Tratado de Parceria Estratégica Abrangente, prevendo apoio recíproco em caso de conflito. Desde então, militares norte-coreanos lutam lado a lado com tropas russas na linha de frente, contando com suporte de drones e operações combinadas. Em abril, Pyongyang reconheceu oficialmente o envio de soldados para apoiar a retomada de Kursk, elogiando seu “heroísmo“, enquanto Moscou exaltava a determinação dos combatentes norte-coreanos. O revezamento de tropas tem sido intenso, com estimativas de até 4.700 militares mortos ou feridos somente entre janeiro e março, segundo dados da Coreia do Sul. Embora o novo grupo que será enviado em julho/agosto tenha perfil técnico — engenheiros e especialistas em desminagem —, o NIS destacou que eles atuam em território russo, e não em solo ucraniano. Ao mesmo tempo, o aprofundamento dessa colaboração preocupa aliados ocidentais, que alertam para a possibilidade de transferência de tecnologia nuclear, cibernética e de mísseis em troca do apoio militar. Além das tropas, o mundo mantém atenções voltadas para o uso de tecnologia russa — satélites e sistemas de orientação — fornecidos a Pyongyang em contrapartida ao envio de armas e munições a Moscou. Essa dinâmica é parte de uma aliança crescente que afeta não apenas o equilíbrio na guerra da Ucrânia, mas também pode repercutir em toda a Ásia Oriental e no programa nuclear norte-coreano. Tropas norte-coreanas em combate no ano passado Em meados de 2024, surgiram os primeiros indícios de que soldados da Coreia do Norte estavam combatendo junto às forças russas na região de Kursk. Inicialmente, estimou-se o envio de 10.000 a 12.000 combatentes, com operações significativas organizadas por especialistas do Exército russo, inclusive a formação do chamado “Storm Corps“. Durante o inverno de 2024, a BBC e a imprensa ocidental afirmaram que cerca de 11.000 soldados norte-coreanos estavam em Kursk, participando das ofensivas para retomar territórios ocupados pela Ucrânia. As tropas sofreram pesadas baixas devido ao uso de táticas obsoletas e resistência ucraniana reforçada por drones — estimando-se entre 4.000 e 6.000 baixas em poucos meses, embora as informações não tenham sido confirmadas por Rússia ou Coreia do Norte. A presença dessas tropas representou um marco significativo: foi a primeira vez que a Coreia do Norte reconheceu oficialmente sua intervenção militar em conflito estrangeiro desde a Guerra da Coreia, sinalizando uma estratégia de internacionalização de confrontos. Kiev afirmou que Moscou dependeu desse contingente para compensar sua carência de soldados, e as grandes perdas entre os norte-coreanos evidenciaram tanto a determinação quanto os limites de sua intervenção. O envio antecipado de tropas norte-coreanas em 2024, seguido pela nova leva de pessoal técnico agora em 2025, demonstra uma escalada sistemática entre Pyongyang e Moscou. A crescente participação da Coreia do Norte na guerra da Ucrânia não apenas intensifica o conflito, mas também provoca repercussões geopolíticas em várias regiões, da Europa ao Pacífico, reforçando a importância de vigilância internacional sobre os próximos passos dessa aliança militar. Fontes: AP, Wall Street Journal e Kyiv Independent
Oficial chavista pode expor elo entre o narcotráfico e governos de esquerda na América Latina e Europa

O ex-diretor de inteligência militar da Venezuela, Major-Brigadeiro Hugo Armando Carvajal Barrios, conhecido como “El Pollo“, declarou-se culpado nesta quarta-feira (25), em tribunal federal de Manhattan, por quatro acusações criminais, incluindo conspiração para importar cocaína e narcoterrorismo. A confissão ocorreu uma semana antes do início previsto do seu julgamento nos Estados Unidos e poderá resultar em prisão perpétua. Carvajal, de 65 anos, era um dos oficiais mais influentes durante os governos de Hugo Chávez e Nicolás Maduro. Ele liderou a Inteligência Militar (DIM) entre 2004 e 2011 e novamente em 2013, antes de colaborar com o regime chavista desde dentro das Forças Armadas. Sua trajetória incluiu um papel no levantamento militar de 1992, que lançou Chávez ao estrelato. Em declarações feitas em 2021, logo após ser preso na Espanha, Carvajal afirmou que os governos de Chávez e Maduro financiaram outros governos de esquerda na América Latina e Europa. Entre os países que receberam esse dinheiro, estariam o Brasil, através de Lula e PT, Bolívia com Evo Morales, e Argentina, com Nestor Kirchner. Segundo Carvajal, os envios de dinheiro teriam acontecido pelo menos durante 15 anos. O governo dos EUA acusa Carvajal de chefiar, em conjunto com altos oficiais venezuelanos, o chamado Cartel de los Soles — ramificação do narcotráfico na cúpula militar, criada para inundar o mercado estadunidense com cocaína produzida em parceria com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). Em 2006, ele estaria envolvido em um carregamento de 5,6 toneladas de cocaína para o México; em 2011, coordenou, segundo a Justiça, 5.600 kg em um jato DC‑9 — remessas que incluíam milhões de dólares em propinas. Segundo o Departamento de Justiça e a DEA, a aliança com as FARC incluiu fornecimento de armas, logística e proteção armada para garantir o transporte das drogas. O procurador Jay Clayton destacou:”Carvajal e outros oficiais usaram cocaína como arma para prejudicar os EUA“, e a DEA complementou que ele “explorou seu cargo e abandonou sua responsabilidade para prejudicar os estadunidenses”. Carvajal foi preso pela primeira vez em 2019, em Aruba, mas escapou alegando imunidade diplomática venezuelana. Em 2021, foi capturado em um apartamento em Madri, Espanha, e extraditado aos Estados Unidos em julho de 2023, após vencida a resistência judicial. Agora, diante da confissão, pode ser condenado a pelo menos 50 anos de prisão, ou mesmo prisão perpétua. O acordo de confissão não inclui uma negociação de pena antecipada, mas especialistas avaliam que Carvajal pode estar negociando cooperação futura. Ele é visto como fonte valiosa para expor redes globais de narcoterrorismo, espionagem e lavagem de dinheiro, envolvendo grupos como Tren de Aragua e governos aliados a Nicolás Maduro, incluindo Cuba, Rússia, China e Irã. Hugo Carvajal também se tornou um opositor do governo Maduro ao se declarar a favor de Juan Guaidó, líder reconhecido por Washington como presidente interino durante a crise de 2019. Em um comunicado gravado, ele conclamou as Forças Armadas venezuelanas à rebelião, ato que provocou retaliações oficiais e motivou sua fuga à Espanha. A data da sentença está marcada para 29 de outubro de 2025. Advogados de Carvajal, como Robert Feitel, argumentam que os EUA perderam oportunidade ao não buscar cooperação antes da acusação formal. Eles defendem que sua informação pode ser tão útil para a segurança nacional quanto prejudicial em sua postura criminal. O caso de Carvajal exemplifica o fenômeno do narcoterrorismo estatal na Venezuela, com redes organizadas sob o poder político e militar, direcionadas externamente e protegidas internamente, tema de alertas anteriores que apontam o país como uma ameaça transnacional crescente. Aos olhos do governo dos EUA, punir Carvajal reforça o compromisso em responsabilizar oficiais estrangeiros que usam o poder estatal para devastar comunidades com drogas. Para analistas, a confissão abre janela para investigações sobre a extensão do narcotráfico militar venezuelano, mais do Cartel de los Soles e suas conexões, um ponto de inflexão no combate ao narcoterrorismo na América Latina. Fontes: Reuters, AP e United States Attorney’s Office
Cúpula dos BRICS esvaziada: Putin e Xi decidem não vir ao Brasil de Lula

Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da China, Xi Jinping, não estarão presentes pessoalmente na 17ª cúpula do BRICS, agendada para os dias 6 e 7 de julho no Rio de Janeiro, segundo comunicados oficiais e fontes internacionais. Um assessor do Kremlin, Yuri Ushakov, confirmou que Putin permanecerá na Rússia devido a uma ordem de prisão expedida pela Corte Penal Internacional (CPI) em 2023, por supostos crimes de guerra envolvendo deportação de crianças ucranianas. Como o Brasil é signatário do Estatuto de Roma, que rege a CPI, não poderia garantir imunidade ao presidente russo. Assim, Putin participará remotamente por videoconferência, enquanto o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, representará a Rússia presencialmente. Essa não é a primeira vez que Putin evita uma cúpula do BRICS em países signatários da CPI. Em 2023, ele também não compareceu ao encontro em Joanesburgo, travado por questões similares. Do lado chinês, a ausência de Xi Jinping pode marcar sua primeira ausência em uma cúpula do BRICS em mais de doze anos. Fontes indicam que Xi não participará por motivos de agenda interna, sendo substituído pelo Premier Li Qiang. Essa decisão pode refletir também tensões diplomáticas entre Pequim e Brasília, sobretudo após o Brasil recusar participar da Iniciativa do Cinturão e Rota da China, proposta considerada central por Xi . A ausência dos dois líderes, pilares do grupo ao lado da Índia, Brasil e África do Sul, representa um importante desgaste para o evento. A participação virtual de Putin destaca o peso da ordem judicial internacional sobre o cenário político global, enquanto a ausência de Xi pode prejudicar a coesão diplomática do bloco . Mesmo assim, o encontro em Brasília deverá reunir líderes da Argélia, Egito, Etiópia, Irã, Indonésia e Emirados Árabes como novos membros do grupo, além de observadores como Colômbia, México e Uruguai. A diplomacia brasileira, representada pelo presidente Lula, enfrenta o desafio de garantir a legitimidade e relevância da cúpula sem os principais chefes de Estado. Segundo um conselheiro do Itamaraty, o governo apostará em agenda econômica com foco em infraestrutura, cooperação Sul-Sul e fortalecimento de um sistema financeiro alternativo ao ocidental, conforme discurso recente de Celso Amorim. Analistas destacam que as ausências podem enfraquecer as iniciativas multilaterais do bloco, como o recém-lançado “sistema de pagamentos BRICS Bridge” liderado pela Rússia, que enfrenta resistência diplomática e técnica. Além disso, a falta de Xi pode prejudicar acordos bilaterais, como investimentos em infraestrutura e alinhamento estratégico entre China e Brasil. Por outro lado, a Índia confirmou a presença de Narendra Modi, o que deve manter a relevância do fórum. Modificações na diplomacia do BRICS também refletem as rixas entre os membros: o Brasil, por exemplo, vetou a entrada da Venezuela em 2024 e, por ora, busca manter o grupo enxuto e pragmático. O fato marca um ponto de reflexão para o futuro dos BRICS: enquanto cresce o desafio de consolidar a expansão com novos membros, os protagonistas históricos adotam posturas mais cautelosas. Com a China e a Rússia ausentes, o compromisso real do bloco será testado: será a cúpula no Rio apenas protocolar ou resultará em avanços concretos? Fontes: India Today, The New Voice of Ukraine, India Today