Rússia quebra todas as regras: armas químicas viram tática oficial na guerra contra a Ucrânia

Agências europeias de inteligência soaram o alerta após descobrirem evidências de que forças russas estão recorrendo cada vez mais ao uso de armas químicas proibidas na Ucrânia. O ministro da Defesa da Holanda, Ruben Brekelmans, e o serviço de inteligência alemão BND confirmaram que Moscou está “normalizando” o emprego de agentes tóxicos — incluindo a substância asfixiante cloropicrina — para expulsar tropas ucranianas de trincheiras, utilizando drones e munições improvisadas como garrafas e lâmpadas. Brekelmans declarou à Reuters: “Podemos confirmar que a Rússia está intensificando seu uso de armas químicas… está se tornando mais padronizado e disseminado“. Ele ressaltou que ao menos três soldados ucranianos morreram, e mais de 2.500 relataram sintomas consistentes com exposição química. O chefe da inteligência militar holandesa, Peter Reesink, disse ao Parlamento que isso faz parte de um programa em larga escala e coordenado — muito além de uso pontual na linha de frente. Cloropicrina A cloropicrina, empregada pela primeira vez na Primeira Guerra Mundial, causa irritação severa na pele, nos olhos e no sistema respiratório, e pode ser fatal em espaços confinados. Seu uso é proibido pela Convenção sobre Armas Químicas. Embora autoridades russas e ucranianas tenham trocado acusações mútuas de guerra química, organismos internacionais como a Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) ainda não iniciaram uma investigação formal. Reportagem adicional do Politico Europe descreve que o cloro e outros agentes asfixiantes vêm sendo utilizados com frequência crescente, e que a inteligência confirma que Moscou “não hesita em empregar substâncias ainda mais potentes“. O uso intensificado de armas químicas levou a novos apelos por sanções mais duras e pelo afastamento da Rússia de órgãos internacionais. Brekelmans pediu que países considerem suspender Moscou do Conselho Executivo da OPAQ e que a Comissão Europeia aprove sanções contra 15 indivíduos e entidades envolvidas no programa químico russo. Essa revelação surge no contexto de um dos maiores ataques aéreos russos contra a Ucrânia, com mais de 500 drones iranianos e diversos mísseis lançados — evidenciando uma escalada brutal tanto no campo convencional quanto químico. A Ucrânia acusa a Rússia de ter cometido até 9.000 incidentes com armas químicas desde o início da guerra. As constatações das inteligências holandesa e alemã corroboram essas denúncias de Kiev, oferecendo confirmação independente. Enquanto isso, ciclos repetidos de ataques químicos provocam traumas generalizados entre militares e civis. Diante da situação, líderes globais renovam a pressão por medidas urgentes. Brekelmans destacou a importância simbólica e prática de isolar a Rússia diplomática e financeiramente. Ele advertiu que “se não esclarecermos e tornarmos público o que a Rússia está fazendo, é altamente provável que essas práticas continuem”. Por ora, a OPAQ permanece limitada por trâmites processuais — qualquer inquérito formal precisa ser solicitado pelos Estados-membros. No entanto, com a convergência de relatórios de inteligência e o aumento do consenso internacional, muitos analistas esperam uma pressão significativa por uma investigação na próxima reunião do Conselho Executivo da organização. Fontes: Reuters, Financial Times, Politico
Israel aceita cessar-fogo em Gaza, Hamas ainda refuta os termos

Após dois anos e meio do início da guerra em Gaza, novas centelhas de esperança surgem no horizonte: o Hamas está analisando propostas de cessar-fogo de 60 dias, com condições potencialmente voltadas a um fim mais permanente ao conflito. A comunidade internacional observa com atenção redobrada, buscando uma pausa duradoura que alivie o sofrimento humano e reestruture o cenário político. Na quarta-feira (2), por meio de um comunicado oficial, o Hamas informou estar estudando propostas de cessar-fogo encaminhadas por Egito e Catar, países que estão mediando as negociações, junto com os EUA. A organização palestina enfatizou que qualquer acordo deve garantir o fim da guerra e a retirada das forças israelenses de Gaza. Este posicionamento representaria um passo simbólico: o reconhecimento de que, após quase 20 meses de conflito contínuo, é imperativo buscar uma solução diplomática. Essa movimentação ocorre logo após o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmar que Israel teria aceitado os requisitos necessários para formalizar uma trégua de 60 dias — e incentivando o Hamas a concordar, “antes que as condições piorem“. Trump também destacou o papel mediador dos governos do Catar e do Egito, que intensificaram esforços para criar um caminho viável ao consenso. Do lado israelense, o tom é mais cauteloso. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu reforçou que, ainda que Israel tenha concordado com a proposta de curto prazo, a agenda de sua administração exige a “eliminação do Hamas” em um Gaza pós-guerra. Essa dualidade revela um contraste entre a urgência humanitária — demandada por massivas destruições em Gaza — e o imperativo de segurança que tanto Netanyahu quanto a ala mais radical de seu governo partilham. O chanceler Gideon Saar afirmou que “há sinais positivos” nas conversas e que o país está “sério em buscar um acordo de reféns e cessar-fogo“. Isso sugere um alinhamento entre diplomacia oficial, esforços de mediação e a necessidade dos familiares por um desfecho para o conflito. Com base em negociações anteriores, o cessar-fogo proposto incluiria: trégua de 60 dias, liberação de prisioneiros e reféns, retirada das tropas israelenses e entrada de ajuda humanitária em larga escala. No entanto, o Hamas mantém firme sua exigência de que o acordo inclua o fim definitivo da guerra e a completa retirada de Israel de seu território. A situação sobre o terreno é crítica: nos últimos dias, cerca de 139 palestinos foram mortos, segundo autoridades de saúde da Faixa de Gaza, incluindo a morte de Marwan al-Sultan, diretor do Hospital Indonésio, em um ataque israelense. Explosões continuam atingindo civis, enquanto a crise humanitária se aprofunda com o colapso da infraestrutura de água, energia e saúde. A pressão internacional também pesa. O Conselho de Segurança da ONU, em resolução unânime, pediu cessar-fogo imediato e troca de reféns, reforçando que a violência diária é inaceitável. Médicos e jornalistas em Gaza clamam por um fim humanitário que cesse o derramamento de sangue. Com os interlocutores trabalhando por um acordo, as expectativas se concentram no encontro oficial entre Trump e Netanyahu, previsto para a próxima semana. Será esse o momento em que se formalizarão, de fato, os termos do cessar-fogo? Enquanto o ataque aéreo se intensifica, a suspensão temporária dos combates representa uma esperança frágil, mas real. Se o Hamas e Israel assinarem o acordo de 60 dias, o mundo talvez testemunhe não apenas uma trégua, mas o primeiro passo concreto rumo a uma resolução sustentável do conflito. Pressões internacionais, apoio popular dentro e fora da região e o amadurecimento dos mediadores têm potencial de viabilizar uma ponte entre a guerra e o diálogo. Cabe agora aos líderes transformarem oportunidades pontuais em paz duradoura. Fontes: Al Jazeera, Reuters
Frustração americana: Pentágono diz que ataques dos EUA atrasam programa nuclear do Irã em “um ou dois anos”

Nesta quarta-feira (02), o Pentágono anunciou que os ataques militares norte-americanos realizados em 22 de junho contra instalações nucleares iranianas atrasaram o progresso do programa nuclear de Teerã em até dois anos, sendo que a estimativa mais provável está mais próxima desse limite superior. Auxiliados por bombardeiros B‑2 equipados com munições bunker-buster de 13,6 toneladas e por mísseis de cruzeiro Tomahawk lançados por submarinos, as forças norte-americanas atingiram três locais estratégicos do programa nuclear iraniano — Fordow, Natanz e Isfahan. O porta-voz do Pentágono, Sean Parnell, disse que “todas as avaliações de inteligência sugerem que atrasamos o programa em um a dois anos, com estimativa oficial muito próxima de dois anos“. Esse cálculo representa uma revisão significativa em relação às estimativas iniciais, que previam apenas alguns meses de atraso, embora com baixa confiança. Já o presidente Donald Trump e o secretário de Defesa Pete Hegseth tinham afirmado publicamente que o programa havia sido “obliterado“. Apesar da confiança oficial do Pentágono, organismos internacionais e especialistas expressam dúvidas. O chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, informou que, mesmo com os danos às instalações, o Irã poderia retomar a produção de urânio enriquecido em poucos meses. Analistas também ressaltam que o Irã poderia ter deslocado estoques de urânio altamente enriquecido para locais subterrâneos ou não atingidos, especialmente antes do ataque ao Fordow, que tem características profundas de proteção — embora o secretário Hegseth tenha afirmado não haver inteligência indicando tal movimento. Em retaliação diplomática, o presidente iraniano Masoud Pezeshkian ordenou a suspensão da própria cooperação com a AIEA, citando segurança das instalações nucleares e dos cientistas envolvidos. Mesmo assim, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, afirmou que o país continua aberto ao diálogo — embora menos dependente das inspeções internacionais. Araqchi confirmou que o local de Fordow “sofreu danos sérios e pesados”, porém ressaltou que detalhes completos ainda não foram divulgados. A escalada militar e o impasse nuclear têm repercussões profundas no Oriente Médio. Entre as manobras em curso nos bastidores, foi apresentado ao Congresso dos EUA um projeto que autoriza a transferência de armas bunker-buster e bombardeiros B‑2 à Israel, como forma de fortalecer sua capacidade dissuasória frente a um Irã nuclear. Apesar do crescente isolamento diplomático iraniano, a questão permanece sensível. A suspensão da cooperação com a AIEA pode dificultar o monitoramento internacional, complicando negociações futuras sobre o programa nuclear iraniano. A declaração do Pentágono de que o programa nuclear iraniano foi atrasado em até dois anos marca um momento crítico nas tensões entre os EUA e Irã — uma resposta ostensivamente poderosa, porém ainda rodeada de incertezas e sem verificação independente. Seja como for, o desdém pelas inspeções da AIEA e a escalada militar criam um ambiente de tensão que pode perdurar no Oriente Médio. A capacidade real de Teerã de retomar o enriquecimento dependerá do grau de destruição efetiva dos sistemas centrais — e, por enquanto, isso continua sendo um ponto de debate. Fontes: The Times, Reuters, The Guardian
Ucrânia cria polo de armas para fortalecer Europa e contornar falta de apoio dos EUA

A Ucrânia anunciou uma guinada estratégica em sua postura defensiva no momento em que os Estados Unidos suspendem temporariamente o envio de sistemas de defesa aérea. O governo norte-americano decidiu interromper o fornecimento dos sistemas Patriot e de outros armamentos críticos — como os mísseis Hellfire e Stinger — devido à escassez desses equipamentos nos próprios estoques. A medida reforça a prioridade dada pelos EUA à sua prontidão militar diante de ameaças globais, especialmente na China e no Oriente Médio. Campanha aérea russa intensa Para Kiev, porém, a medida chega em momento crítico. A Ucrânia enfrenta uma campanha aérea russa intensificada que agrava a necessidade de reforço de defesa antiaérea. Autoridades veem a decisão com preocupação e já alertaram para o risco de falta de mísseis Patriot, essenciais para neutralizar ataques de mísseis balísticos e drones russos. Diante desse contexto, o ministro da Defesa ucraniano, Rustem Umerov, anunciou um ambicioso programa de produção armamentista conjunta com países da coalizão Ramstein. O plano foi revelado durante reunião do Ukraine Defense Contact Group, em que participam cerca de 57 nações, incluindo membros da OTAN e União Europeia. A proposta prevê a instalação de linhas de produção licenciadas para drones, mísseis, munições e sistemas eletrônicos, em território ucraniano e também em países aliados, mas com destino exclusivo às forças ucranianas. Diversas empresas europeias já estariam envolvidas no projeto. O presidente Volodymyr Zelenskyy reforçou a urgência da iniciativa no mesmo encontro, afirmando que a Ucrânia precisa aumentar em ao menos 50% o volume de produção conjunta para suprir a demanda urgente de equipamentos. Já o vice-ministro Serhiy Boyev ressaltou a necessidade de investimento dos lucros oriundos de ativos congelados da Rússia para expandir essas capacidades industriais. A tensão entre o congelamento temporário do apoio americano e a mobilização internacional pelo fortalecimento da base produtiva reflete uma estratégia dupla de Kiev: lidar com os desafios imediatos de segurança e construir uma autonomia militar mais sólida a longo prazo. Ao mesmo tempo em que busca socorro urgente, a Ucrânia aposta na integração de sua indústria à rede ocidental de defesa, reduzindo a dependência de sistemas caros e de fornecimento limitado. Enquanto os EUA restringem o envio de armas sofisticadas por conta de sua mudança de conduta em relação à ajuda enviada, a Ucrânia avança em sua ambição de se tornar um polo de armamento na Europa. Isso exige coordenação entre aliados para enfrentar o dilema entre urgência e sustentabilidade militar. Fontes: Wall Street Journal, Kyiv Independent, Kyiv Independent, RBC-Ukraine
2 espiões chineses presos nos EUA por tentativa de recrutar soldados

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos formalizou nesta terça-feira (01) acusações contra dois cidadãos chineses, Yuance Chen e Liren “Ryan” Lai, por atuarem como agentes do Ministério de Segurança do Estado da China (MSS) e tentarem recrutar militares americanos. Segundo a investigação, Chen, que vivia legalmente no Oregon desde 2015, e Lai, que entrou nos EUA com visto de turista em abril deste ano, montaram um esquema de espionagem que incluía pagamentos em dinheiro em locais públicos para os cidadãos norte-americanos recrutados. Em janeiro de 2022, por exemplo, eles organizaram um “dead drop“, técnica clássica de espionagem na qual US$10 mil foram deixados em um centro recreativo na Califórnia como pagamento por informações confidenciais sobre membros da Marinha. O caso ganhou repercussão porque Chen chegou a fotografar bases navais, centros de recrutamento e coletar dados pessoais de militares, como nomes, cidades de origem e histórico familiar. Tudo era enviado a contatos ligados ao governo chinês. De acordo com o procurador-geral Pam Bondi, essa operação faz parte de um esforço agressivo do Partido Comunista Chinês para infiltrar agentes no sistema de defesa dos EUA. O diretor do FBI, Kash Patel, disse que, mesmo usando métodos aparentemente rudimentares, como dinheiro trocado em armários, os dois agiam com alto grau de planejamento e dissimulação. Chen foi preso em Oregon e Lai acabou detido em Houston, no Texas. Eles já compareceram perante tribunais federais e podem pegar até 10 anos de prisão e multas que chegam a US$250 mil. O Departamento de Justiça também revelou que os suspeitos mantinham contato constante com operativos chineses por aplicativos criptografados. Fontes como Associated Press e Houston Chronicle confirmaram que os alvos principais eram militares da Marinha que, em tese, poderiam fornecer informações logísticas e de segurança sobre operações navais sensíveis. Este episódio ocorre em meio a uma sequência de ações do governo norte-americano contra atividades clandestinas de Pequim. Em 2023, dois marinheiros foram indiciados por fornecer segredos à China. No ano seguinte, outros cinco suspeitos foram presos ao fotografar exercícios militares em Michigan, indicando um padrão consistente de tentativas de espionagem. Em paralelo, casos como o do engenheiro Ji Chaoqun, condenado em 2023 por espionagem industrial, reforçam os sinais de que Pequim vem usando cidadãos aparentemente integrados à sociedade americana como agentes de coleta de dados confidenciais. O governo chinês ainda não divulgou comentários oficiais sobre o caso, mas autoridades norte-americanas interpretam a operação como parte de uma estratégia mais ampla de Pequim para obter inteligência militar crítica. O momento é delicado: relações bilaterais seguem pressionadas por acusações mútuas de espionagem, restrições comerciais e disputas sobre tecnologia. Especialistas em segurança alertam que esse modelo híbrido de espionagem, combinando agentes locais e estrangeiros com operações cibernéticas, tende a se intensificar, mesmo com repressões severas. Os promotores afirmam que as detenções demonstram o compromisso dos EUA em proteger suas Forças Armadas e o povo norte-americano, e enviar um recado claro a adversários estrangeiros. Apesar das prisões, esse tipo de infiltração continuará sendo uma ameaça constante e exigirá reforço contínuo da contrainteligência. Fontes: US Department of Justice, CNN, Reuters
“Gilmarpalooza” realizado em Lisboa em meio a críticas e pouca transparência sobre despesas

O encontro jurídico promovido em Portugal pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), intitulado informalmente de “Gilmarpalooza”, reunirá mais de 150 autoridades brasileiras, incluindo ministros do STF, parlamentares e dezenas de assessores. O evento, sediado em Lisboa nos dias 2, 3 e 4 de julho, ocorre anualmente e mistura debates jurídicos com articulações políticas e institucionais de alto nível. No entanto, a edição de 2025 chamou atenção não apenas pela quantidade de autoridades presentes, mas também pelo momento político delicado e pelo uso de recursos públicos em meio à contenção de gastos no Brasil. A repercussão do evento tem sido intensa nas redes sociais e na imprensa. Parte da opinião pública questiona a real necessidade da presença de tantos representantes dos Três Poderes em um evento fora do país, especialmente diante das dificuldades orçamentárias enfrentadas por várias instituições no Brasil. Segundo a Folha de S.Paulo, os gastos com passagens, diárias e deslocamentos não foram esclarecidos de forma transparente por diversos órgãos envolvidos, e muitos dos participantes evitaram fornecer detalhes sobre os custos arcados pelos cofres públicos. Entre os presentes estão os ministros do STF Flávio Dino, Alexandre de Moraes, André Mendonça e Luiz Carlos Barroso, o presidente da Câmara Hugo Motta, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, além de membros do TCU, do STJ e de outras esferas do Judiciário. A ausência de informações sobre os valores gastos por cada poder — Executivo, Legislativo e Judiciário — gerou críticas, inclusive de parlamentares da oposição, que cobraram maior transparência e responsabilização. No exterior, o evento também gerou reações. O partido português Chega, de direita populista, anunciou que pretende investigar a influência e os efeitos do “Gilmarpalooza” em solo português. Segundo o jornal digital Poder360, o partido, que ganhou força nas últimas eleições, questiona se há interferência indevida de autoridades estrangeiras nos assuntos internos de Portugal e se os encontros em Lisboa podem representar um canal informal de influência brasileira na política e no Judiciário local. O líder do Chega, André Ventura, afirmou que o partido vai solicitar informações formais ao governo português sobre os custos, apoios institucionais e natureza dos encontros jurídicos promovidos por Gilmar Mendes e outras figuras do Judiciário brasileiro em território português. Ventura argumenta que há “um rastro de relações que precisam ser escrutinadas, especialmente quando se fala em encontros recorrentes de autoridades estrangeiras com vínculos políticos e judiciais”. Apesar das críticas, defensores do evento ressaltam que a conferência tem caráter acadêmico e é uma oportunidade legítima de estreitar laços jurídicos e institucionais entre Brasil e Portugal, promovendo o intercâmbio de ideias e o diálogo entre sistemas de justiça. Gilmar Mendes, que também é professor da Universidade de Lisboa, defende o evento como parte de sua contribuição ao debate jurídico internacional. A polêmica, no entanto, está longe de se encerrar. No Brasil, parlamentares já articulam pedidos de informação formais aos tribunais e ministérios participantes do evento. Há também movimentações para convocar audiências públicas a fim de discutir o uso de recursos públicos em eventos internacionais de natureza não estritamente oficial. Já em Portugal, a pressão do Chega pode abrir uma frente política de investigações e tensionar as relações entre os dois países, ao menos no campo diplomático e institucional. Gilmarpalooza em números: Fontes: Folha de São Paulo, Poder360
Putin anuncia corte do orçamento militar para 2026

O presidente Vladimir Putin declarou recentemente que a Rússia planeja reduzir seus gastos militares a partir do ano que vem, encerrando um ciclo de crescimento impulsionado pela guerra na Ucrânia. A afirmação foi feita durante uma coletiva de imprensa em Minsk, onde Putin criticou o aumento exponencial dos orçamentos de defesa da OTAN, afirmando que os países ocidentais estão se preparando para ações “agressivas” e fortalecendo a indústria bélica norte-americana. Em 2025, o governo russo elevou em 25% o gasto com defesa, o que representa 6,3% do PIB — o maior patamar desde o fim da Guerra Fria — e cerca de 32% do orçamento federal. O investimento de cerca de 13,5 trilhões de rublos (aproximadamente US$ 145 bilhões) reforçou a capacidade militar em meio ao conflito prolongado e à mobilização em larga escala. Putin afirmou que cortes progressivos são esperados ao longo de um horizonte de três anos, embora nenhum acordo formal entre os ministérios de Defesa, Finanças e Economia tenha sido especificado. “Estamos planejando reduzir os gastos de defesa”, disse. “Enquanto a Europa segue o caminho contrário.” Ceticismo Apesar do otimismo oficial, analistas ocidentais e até do próprio Kremlin veem o anúncio com ceticismo. A Rússia ainda enfrenta uma guerra não resolvida na Ucrânia, e um relatório da SIPRI aponta que, mesmo com o aumento recorde em 2025, os gastos russos somaram em torno de 7,2% do PIB — ou cerca de 15,5 trilhões de rublos. A escalada das despesas militares parece estar esgotando os recursos do Estado. A inflação permanece alta, acima de 8%, e o Tesouro russo revisou o déficit previsto para 2025 para 1,7% do PIB, ante a previsão inicial de 0,5%. O Ministério da Economia admite risco de recessão, enquanto o Banco Central reconhece que os “recursos livres estão se esgotando“. A SIPRI estima que o orçamento militar planejado para 2025 seja 3,4% maior do que em 2024, mas alerta para a crescente dificuldade de financiar esse modelo de economia de guerra, que já representa um terço das despesas federais. Isso ocorre enquanto Moscou também arca com custos fora do orçamento oficial, por meio de empréstimos privilegiados e fundos de contingência para sustentar o esforço bélico na Ucrânia, estimados em mais de US$ 200 bilhões. A discrepância entre o discurso otimista de redução e a realidade financeira complexa ressalta a tensão entre manter capacidades militares essenciais, especialmente em um conflito que se arrasta, e a necessidade de aliviar pressões inflacionárias e socioeconômicas. A menção de Putin ao presidente dos EUA, Donald Trump, como um agente de pacificação, foi pouco convincente para observadores, que apontam que a produção militar russa continua em ritmo elevado. Por outro lado, a OTAN segue ampliando seu arsenal. Em junho, seus líderes aprovaram uma nova meta de gasto de até 5% do PIB até 2035, sendo 3,5% em defesa e 1,5% em infraestrutura e cibersegurança — uma iniciativa que Putin usou como justificativa, afirmando que sua proposta de corte é mais segura e econômica. Para muitos analistas, a vitória política do Kremlin será convencer a população a aceitar eventuais cortes no orçamento militar sem reduzir substancialmente o apoio à guerra. O próximo orçamento federal, previsto para o outono russo, será o termômetro dessa pressão. Fontes: Reuters, Reuters, SIPRI
Canadá cede à pressão de Trump e suspende taxação de serviços digitais

O governo do Canadá anunciou neste domingo (29) a retirada de última hora do imposto sobre serviços digitais (Digital Services Tax – DST) que seria aplicado a empresas dos EUA, antes mesmo de sua entrada em vigor. O objetivo é destravar negociações comerciais estagnadas com os Estados Unidos e atender ao prazo estabelecido no recente encontro entre o premiê Mark Carney e o presidente Donald Trump, que prevê a conclusão de um novo acordo até 21 de julho. O DST, aprovado em 2024 e retroativo a 2022, previa a cobrança de 3% sobre a receita no Canadá de grandes empresas de tecnologia, como a Amazon, Apple, Google, Meta e outras, com faturamento anual acima de US$ 20 milhões no país. A proposta, apresentada em 2020 para fechar brechas tributárias e pressionar por um acordo multilateral, caiu como uma bomba diplomática: Trump classificou a medida como “um ataque flagrante“, interrompeu as conversas comerciais e ameaçou impor novas tarifas sobre produtos canadenses. Em reação, o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, saudou o revés canadense: “Obrigado, Canadá, por remover o imposto que poderia sufocar a inovação americana e comprometer qualquer acordo comercial“, declarou via X. O anúncio foi feito horas antes de o imposto entrar em vigor. O ministro das Finanças canadense, François-Philippe Champagne, comprometeu-se a encaminhar uma legislação para revogar formalmente o Digital Services Tax Act em breve. A expectativa é que isso coloque o comércio bilateral nos trilhos e evite mais atritos com Washington. O Canadá foi o maior comprador de produtos dos EUA em 2024 (US$ 349 bilhões) e o segundo maior destino para exportações americanas (US$ 413 bilhões). Analistas afirmam que a suspensão do DST foi essencial para restaurar a confiança e permitir a retomada das negociações comerciais nos moldes do USMCA (Estados Unidos‑México‑Canadá). O mercado reagiu com otimismo. Nas bolsas asiáticas, os índices Nikkei (Japão) e Kospi (Coreia do Sul) registraram ganhos, à medida que as expectativas sobre o fortalecimento do comércio entre os EUA e o Canadá amenizavam o apetite por ativos de risco. Os futuros da Nasdaq e S&P subiram, enquanto o dólar cedia frente a outras moedas à medida que aumentava a possibilidade de um corte nas taxas de juros americanas. Apesar do alívio, o governo de Ottawa reconhece que o DST fazia parte de uma estratégia global, e que o país continua empenhado em buscar uma abordagem multilateral para tributação digital. Porém, a prioridade do momento é “garantir um ambiente propício para as negociações bilaterais, que agora contam com um prazo definido”, reforçou Champagne em nota oficial. A resposta dos EUA foi rápida: Trump confirmou que as conversações haviam sido retomadas e sinalizou que até mesmo novas tarifas poderiam ser evitadas, desde que haja progresso. O prazo final, 21 de julho, foi acordado no encontro dos líderes ocorrido durante a cúpula do G7, em junho. O movimento também reverberou nos bastidores dos EUA: republicanos passaram a apoiar o plano após a retirada do imposto e o clima político tornou-se mais propício ao avanço de uma reforma comercial mais ampla, incluindo aspectos de segurança e cooperação econômica, conforme pauta emergente no norte do continente. Entretanto, críticas surgem no Canadá. A Canadian Chamber of Commerce alertou que a desistência do imposto cancelou uma oportunidade de arrecadação e reduziu a pressão sobre a OCDE para propor padrões globais mais justos. Outros temem que o país continue vulnerável a pressões externas e dependa excessivamente do mercado americano. À beira de um acordo que poderia fortalecer a cooperação econômica e reduzir tensões, Canadá e EUA entram agora na reta final de negociações com apostas elevadas: para Ottawa, equilibra-se entre proteger seus interesses fiscais; para Washington, restabelecer a confiança entre os vizinhos após meses de atrito. Fonte: Reuters, Reuters, New York Post
Novo governo sírio ligado a massacres contra alauítas

Após a queda de Bashar al‑Assad, o novo governo liderado por Ahmed al‑Sharaa assumiu uma postura de unificação nacional. No entanto, em março deste ano, a aliança entre ex-militares, milícias sunitas e grupos estrangeiros desencadeou uma onda sistemática de violência sectária contra a comunidade alauíta – historicamente vinculada ao regime anterior. Isso resultou em pelo menos 1.479 mortos em cerca de 40 locais, de acordo com levantamento da Reuters. Massacres Os massacres ocorreram entre 7 e 9 de março nas regiões costeiras de Latakia, Tartus e Hama, após um levante liderado por remanescentes pró‑Assad que deixou 200 agentes do governo mortos. A violência, segundo fontes oficializadas, foi uma retaliação brutal aos alauítas, com relatos de execuções sumárias, mutilações e pilhagens. Sobreviventes descrevem cenas de ataques realizados por organizações extremistas e milícias apoiadas pela Turquia, como a “Sultan Suleiman Shah Brigade” e a “Hamza Division“. Através de análises de vídeos postados pelos membros das brigadas na internet, foi possível confirmar a presença deles nos locais onde os assassinatos ocorreram. A investigação da Reuters identifica cinco grupos principais como responsáveis: unidades do HTS (antiga al‑Qaeda) – incluindo a “Unit 400” e a “Othman Brigade” –, milícias turcas, facções sunitas locais, combatentes estrangeiros (uzbeques, chechenos, turquistanos) e civis armados sunitas. Todos colaboraram em atrocidades contra civis. O total de vítimas varia conforme diferentes fontes: a Reuters confirma 1.479 mortos; a ONU e outros grupos como o SOHR e o SNHR documentaram entre 1.084 e 1.614 vítimas — a maioria civis desarmados e ex‑combatentes do antigo governo. Comissões de investigação Em resposta, o governo interino decretou a formação de comissões de investigação, prometendo responsabilização. “Ninguém está acima da lei“, declarou o porta-voz da comissão, Yasser Farhan. No entanto, até o momento, nenhuma punição concreta foi aplicada, nem contra violentos militantes nem contra lideranças das milícias envolvidas. Os ataques também suscitaram temor intergeracional. A ONU e comissões independentes relataram desaparecimentos de mulheres alauítas — 33 casos registrados apenas em junho — com sequestros e exigências de resgate, causando pânico na comunidade. Para a comunidade alauíta, eventos como o massacre em Arza e Baniyas, que registraram trezentas mortes, abriram feridas históricas. Os deslocados internos cruzaram para o Líbano, em busca de segurança, enquanto muitos permanecem escondidos nas comunidades vizinhas. A Comissão da ONU para a Síria, representada por Paulo Pinheiro, definiu os ataques como “extremamente perturbadores” e exigiu medidas imediatas de proteção às minorias religiosas, além de investigação aprofundada. Especialistas alertam que a inclusão de facções heterogêneas no novo exército contribuiu para a descoordenada implantação de forças no litoral, o que facilitou execuções e o recrutamento de brigadas milicianas com histórico sectário. A dependência desses grupos fragiliza o Estado, criando zonas de impunidade e ameaçando a unidade nacional. A violência desencadeada expõe a fragilidade da reconciliação em uma Síria fragmentada — minorias como os alauítas ainda vivem sob medo constante, com dignidade e futuro em jogo. O governo al‑Sharaa enfrenta agora a difícil missão de reconciliação sectária, probidade e justiça, antes que a democracia pretendida dê espaço ao retorno silencioso da estrutura autoritária que promete combater. Fontes: Reuters, Reuters, Times of Israel
Rússia abate F-16 e piloto morre na queda

Na madrugada de 29 de junho, a Ucrânia enfrentou o maior bombardeio aéreo desde o início da invasão russa, quando Moscou lançou uma ofensiva massiva composta por 477 drones kamikaze Shahed e 60 mísseis de cruzeiro, balísticos e hipersônicos. O ataque atingiu diversos centros urbanos ucranianos — incluindo Kyiv, Lviv, Cherkasy, Kherson e Ivano‑Frankivsk — deixando pelo menos 12 civis feridos e causando danos a edificações residenciais e infraestrutura. No entanto, foi durante essa ofensiva que se registrou uma tragédia para as Forças Aéreas ucranianas: o piloto de F‑16 Maksym Ustymenko, tenente‑coronel de 32 anos, foi morto após abater sete alvos aéreos — uma combinação de drones e mísseis — com seu jato, até seu avião ser atingido enquanto realizava a sétima interceptação. Segundo informações do alto comando da Força Aérea ucraniana, Ustymenko manobrou a aeronave para longe de áreas povoadas, mas, sem tempo hábil para ejetar, morreu quando o F‑16 caiu. Em sua rede social, o presidente Volodymyr Zelensky homenageou-o in memoriam com o título de “Herói da Ucrânia”, elogiando sua coragem e destacando a gravidade do ataque russo: “Ele morreu defendendo nossos céus e nosso povo… É doloroso perder alguém como ele”, disse Zelensky. Dados militares detalham que, durante o ataque russo, ao menos 211 drones e 38 mísseis foram interceptados por sistemas convencionais, enquanto outros 225 drones foram neutralizados por contramedidas eletrônicas — ou simplesmente eram dispositivos sem carga explosiva. O ataque brutal também derrubou uma carga significativa da capacidade aérea ucraniana, que agora contabiliza três F‑16 já perdidos desde que os primeiros caças norte-americanos foram entregues no verão de 2024. A Ucrânia não divulga qual é o tamanho da sua frota de F-16. Embora o F‑16 seja eficaz em combates aéreos e bombardeios contra alvos terrestres, especialistas como Roman Svitan observam que a aeronave não foi projetada para enfrentar enxurradas de drones baratos — uma estratégia que tem desgastado os estoques de mísseis ainda limitados da Ucrânia. A economia de guerra virou uma corrida contra o tempo. O presidente Zelensky aproveitou para reforçar seu apelo à OTAN e especialmente aos EUA para o envio imediato de sistemas avançados de defesa aérea, como baterias Patriot.” Isso protegerá vidas”, escreveu ele, destacando que a Ucrânia está pronta para comprá-los. A Rússia tem aumentado a intensidade dos ataques, registrando na última semana mais de 1.270 drones e 1.100 bombas planadoras foram lançadas sobre o território ucraniano. A dimensão da ofensiva representa uma estratégia multifacetada: dispersar defesas, gerar pânico e testar novas tecnologias como mísseis Kinzhal e drones kamikaze integrados via comando por satélite. A perda de Ustymenko reforça a vulnerabilidade dos F‑16 e a urgência da Ucrânia em receber reforços, tanto em equipamentos quanto em munições. Zelensky alerta ainda que a Rússia está planejando uma nova ofensiva para o verão de 2025, inclusive com uma informação recente divulgada pela inteligência sul-coreana de que a Coreia do Norte estaria pronta para enviar milhares de novos soldados em apoio a Putin. Fontes: Kyiv Independent, Reuters, Financial Times