Rússia planejava matar Zelensky com agente secreto polonês

Nesta segunda-feira (21), autoridades ucranianas anunciaram que frustraram um plano da FSB — serviço de inteligência russo — para assassinar o presidente Volodymyr Zelensky no Aeroporto de Rzeszów-Jasionka, no sudeste da Polônia. O líder ucraniano costuma transitar em trajetos entre a capital e rotas de apoio militar da OTAN. O plano russo envolveria um agente adormecido, ex-oficial militar polonês recrutado décadas atrás por Moscou. Segundo o diretor da SBU (Serviço de Segurança da Ucrânia), general Vasyl Maliuk, o ataque poderia ser com um franco-atirador ou um drone com câmera FPV. O agente foi detido em operação conjunta entre SBU e autoridades polonesas, que confirmaram que havia várias opções para matar Zelensky durante sua passagem pelo aeroporto. Maliuk destacou que o agente tinha nostalgia pela União Soviética e que foi ativado pela FSB há anos. A prisão do cidadão polonês ocorreu em abril de 2024. Zelensky não comentou diretamente sobre o plano frustrado, mas mencionou ter perdido a conta do número de vezes em que sua vida esteve em risco desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022. “O primeiro ataque é assustador, depois se torna algo rotineiro“, confessou em conversa com o jornal The Sun, comparando a ameaça a um vírus que se torna familiar. O presidente relatou que até tiros foram disparados durante uma tentativa em seu escritório, sugerindo que “pessoas morreram ali dentro a serviço de Putin“. Ele ainda condenou os ataques iniciais, dizendo ter recusado pedidos de evacuação feitos por países parceiros, declarando que “precisava de munição, não de uma carona”. Esta não é a primeira tentativa de assassinato conhecida contra Zelensky desde o início da Guerra da Ucrânia. Em maio de 2024, dois coronéis ucranianos foram presos por planejar matá-lo, uma conspiração supostamente encomendada pela FSB. E em 2022, mercenários chechenos e soldados da Wagner foram enviados para a Ucrânia com ordens de eliminar sua liderança. O uso de drones por parte dos russos evidencia uma evolução tática mais sofisticada, com tentativas simultâneas de infiltração por via aérea e terrestre. Especialistas em inteligência observam que tais ações refletem uma intensificação da estratégia russa, que alterna operações convencionais, cibernéticas e de contraespionagem para atingir o topo da liderança militar e política ucraniana. A nova tentativa ocorre em meio a outras investidas russas nos céus ucranianos: um ataque recente com 360 mísseis e drones devastou áreas residenciais e um hospital em Kiev, deixando várias vítimas e acendendo alertas sobre uma escalada repentina. Para Kiev, manter Zelensky vivo é fundamental não apenas militarmente, mas para a imagem global da resistência ucraniana. O presidente é o rosto emblemático do conflito e seu assassinato poderia ter repercussões devastadoras no moral nacional e no apoio ocidental. Fontes: Newsweek, Euractiv
Confirmada a morte da brasileira que caiu em vulcão na Indonésia

A publicitária brasileira de 26 anos, Juliana Marins, foi encontrada sem vida nesta terça-feira (24) pelas equipes de resgate indonésias no Monte Rinjani, na ilha de Lombok. Juliana, natural de Niterói (RJ), havia despencado por um penhasco na madrugada de sexta-feira (20) durante uma expedição ao vulcão ativo de 3.726 metros, e permaneceu desaparecida por quatro dias em uma região de difícil acesso. O corpo foi localizado após árduas operações técnicas envolvendo mais de 50 profissionais, entre equipes de resgate locais e montanhistas experientes, que enfrentaram clima adverso, neblina intensa e terreno instável. As autoridades divisaram o corpo em um desfiladeiro profundo, a cerca de 600 metros do ponto de queda, em área com rochas soltas e riscos geológicos elevados. Leia mais: Brasileira isolada em vulcão na Indonésia expõe falhas no resgate e na diplomacia brasileira – Danuzio Em um comunicado emocionante, divulgado nas redes sociais, a família informou: “Com imensa tristeza, informamos que ela não resistiu. Seguimos muito gratos por todas as orações, mensagens de carinho e apoio que temos recebido“. O parque nacional fechou o acesso à rota de subida para facilitar o trabalho de resgate e evitar interferências de outros turistas. Juliana participava de um mochilão pelo Sudeste Asiático desde fevereiro, quando viajou por Filipinas, Tailândia e Vietnã, documentando a aventura nas redes sociais. O episódio reacende alertas sobre os riscos da trilha do Monte Rinjani, considerada popular entre turistas, mas marcada por declives acentuados, solos instáveis e ausência de sinal de celular – fatores que contribuem para a ocorrência de acidentes graves. Testemunhas relataram que, após se separar do grupo devido ao cansaço nas primeiras horas da manhã, Juliana escorregou e caiu aproximadamente 300 metros. No sábado, turistas locais e um drone a localizaram cerca de 150 metros abaixo da trilha, viva, mas imobilizada e sob choques iniciais. Entretanto, a tentativa de resgate foi dificultada pelo relevo íngreme e solo instável — previsão de ser chamada de “abandonado” por falta de equipamentos adequados. A família criticou a lentidão do resgate e as informações confusas, com relatos de que Juliana havia recebido água e alimentos no local que se mostraram falsos. Autoridades brasileiras, incluindo a embaixada em Jacarta, acompanharam a operação desde o início, enviando dois representantes ao local e mantendo contato com ONGs de Resgate e a Agência Nacional de Gestão de Desastres da Indonésia . Juliana era formada em Comunicação pela UFRJ e trabalhou em empresas como Multishow e Canal Off, além de atuar como dançarina de pole dance. A jovem expressava felicidade e vigor em seus relatos, destacando que nunca havia se sentido tão viva durante a viagem. O parque nacional, reconhecido pela Unesco como Geoparque Global, declarou que continuará a revisar as normas de segurança nas trilhas, além de reforçar protocolos de emergência. O Monte Rinjani já foi palco de várias tragédias, incluindo mortes devido a acidentes e erupções históricas. A morte de Juliana Marins serve como advertência dramática sobre os riscos de travessias em zonas de altitude e vulcânicas. Fontes: Folha, CNN e Veja
Rearmar ou perecer: a corrida armamentista da União Europeia contra a Rússia

Nos últimos meses, lideranças europeias intensificaram o discurso e os planos de ampliar significativamente os gastos com defesa e a produção de armas no continente — em resposta direta às crescentes tensões com a Rússia, à aparente reorientação dos EUA na OTAN e às lições duras extraídas do apoio à Ucrânia. Entretanto, essa ambição esbarra em questões complexas: orçamentárias, estruturais, políticas e industriais. Entre 2021 e 2024, os gastos militares dos países da União Europeia cresceram em mais de 30%, passando de €214 bilhões para aproximadamente €326 bilhões — quase 1,9% do PIB do bloco, com previsão de ultrapassar os 2,0% em 2025. Parte significativa desse montante (30%) foi direcionada para investimento em equipamentos, avaliados em cerca de €102 bilhões em 2024. O crescimento é especialmente expressivo em alguns países: a Bélgica planeja elevar os gastos para 2% do PIB até meados de 2025; a Dinamarca passou de 2,4% para 3,0%; enquanto a França estendeu seu orçamento militar de €295 bilhões para €413 bilhões entre 2019 e 2025. Readiness 2030 Adicionalmente ao empenho nacional, foi lançado o programa “Readiness 2030” (antigo “ReArm Europe”), que soma até €800 bilhões em potencial mobilização de recursos — incluindo flexibilidade no pacto de estabilidade, empréstimos de até €150 bilhões do EIB, realocações de fundos estruturais da UE e incentivos à participação privada. O programa atende a uma convergência de percepções geopolíticas. A invasão da Ucrânia e a crescente militarização russa — que consome cerca de 7% do PIB — evidenciam a necessidade de capacidades modernas. O temor de que os EUA reduzam seu envolvimento na OTAN, especialmente sob futuras administrações menos comprometidas com alianças multilaterais, intensifica o senso de urgência. A proposta do premiê holandês Mark Rutte de elevar os gastos totais para 5% do PIB, sendo 3,5% militares e 1,5% destinados a infraestrutura logística dual-use, sintetiza essa visão de maior autonomia e prontidão. Ineficiências A dificuldade de fornecer munição, drones e artilharia à Ucrânia mostrou que a capacidade industrial europeia é insuficiente e fragmentada. A UE possui cerca de 4.000 empresas de defesa, muitas pequenas, com pouca coordenação entre si. Países usam dezenas de plataformas diferentes — a Europa conta com 178 sistemas principais contra cerca de 30 nos EUA. Isso gera ineficiências, altos custos de manutenção e limitações na interoperabilidade. A dependência de matérias-primas críticas e tecnologias como chips e estabilizadores expõe a Europa a riscos externos. A indústria depende de componentes importados — ainda mais em momentos de escassez mundial. Os sistemas europeus de defesa têm baixas cadências de produção — muitos programas operam no nível de dezenas de unidades, onde os EUA produzem centenas. Sem compromissos duradouros e previsíveis, com ordens de compra que se estendam até 2030 ou além, será quase impossível convencer o setor privado a expandir sua capacidade produtiva de forma robusta. Muitos países, como Itália e Espanha, enfrentam pressões fiscais e dificuldades em aumentar o orçamento de defesa sem comprometer investimentos sociais e estabilidade macroeconômica. A Alemanha, por sua vez, criou um fundo extraordinário de €100 bilhões para modernizar suas Forças Armadas, mas seu uso tem prazo limitado e enfrenta entraves burocráticos. O governo e o setor europeu, contudo, vêm adotando medidas simultâneas para superar essas barreiras. A Estratégia Industrial de Defesa Europeia (EDIS) prevê apoio a joint ventures em grandes plataformas, padronização de sistemas e até uma espécie de “Foreign Military Sales” europeu. O Programa Industrial de Defesa (EDIP) oferece €1,5 bilhão em subvenções até 2027. Entre 2021 e 2027, o Fundo Europeu de Defesa (EDF) destina €8 bilhões para pesquisas e desenvolvimento de tecnologias militares — metade a projetos colaborativos e metade à pesquisa estratégica. A proposta Readiness 2030 busca flexibilizar regras de déficit, criar novos mecanismos de financiamento, redirecionar fundos estruturais e envolver capital privado em um esforço amplo de fomento industrial. Países como França, Alemanha, Polônia e Finlândia já anunciaram orçamentos significativamente maiores. A França prevê um aumento de 39% nos investimentos entre 2019 e 2025. A Polônia investe até 4,7% do PIB em defesa, enquanto Finlândia e Suécia aceleram seus planos de modernização com foco em interoperabilidade com a OTAN. Investimentos em infraestrutura são priorizados, com cerca de €75 bilhões dedicados à modernização de portos, estradas e redes ferroviárias adaptadas a exigências militares. A mobilidade militar é hoje vista como fator essencial para a dissuasão rápida e eficiente diante de uma ameaça. Divergências políticas internas Os próximos passos, contudo, esbarram em divergências políticas internas. Cada país possui sua própria política de defesa — como a Espanha, que rejeita a meta de 5% do PIB e prioriza políticas sociais. Muitos alertam que a austeridade fiscal colocará freios no entusiasmo, e dívidas públicas elevadas de países como França e Itália limitam sua capacidade de absorver gastos crescentes. Há ainda a resistência de indústrias nacionais em abrir mão de mercados protegidos e se integrar em grandes consórcios multinacionais, o que dificulta a consolidação do setor. Mesmo com investimentos crescentes, construir sistemas integrados e interoperáveis para todos os exércitos da UE levará tempo, esforço político e técnico. Caso bem-sucedida, a estratégia europeia trará múltiplos reflexos positivos. A Europa poderá reduzir sua dependência de materiais e tecnologia estrangeira, criando autonomia em setores como mísseis, drones, radares e satélites. Com orçamentos ampliados, o continente poderá atrair investimentos em áreas de dupla utilização (civil-militar), como inteligência artificial, cibersegurança e comunicações quânticas. A modernização da infraestrutura logística dual-use também permitirá respostas mais rápidas a crises regionais e reduzirá os gargalos em caso de conflito armado. O impulson da inovação tecnológica de defesa A indústria de defesa europeia já emprega mais de 580 mil pessoas, número que tende a crescer com os novos projetos. A inovação tecnológica impulsionada pela defesa também impactará setores civis, como transporte, energia e comunicações. Em paralelo, o fortalecimento da capacidade de defesa reforça o papel geopolítico da UE em um mundo multipolar. Contudo, tudo dependerá da execução prática. A fragmentação persistente, as restrições orçamentárias e a hesitação política podem comprometer o objetivo de construir uma defesa europeia robusta até 2030. O destino da estratégia militar continental
Trump anuncia cessar‑fogo “completo e total” entre Israel e Irã

Em 23 de junho de 2025, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou em sua rede social Truth Social um “cessar‑fogo completo e total” entre Israel e Irã, após quase duas semanas de confrontos intensos que envolveram bombardeios a instalações nucleares iranianas e lançamentos de mísseis por Teerã. A trégua, segundo o mandatário, entrou em vigor horas depois de sua declaração, com o Irã interrompendo os ataques imediatamente e Israel se comprometendo a iniciar a suspensão das operações 12 horas depois. O entendimento foi selado graças a uma articulação diplomática conduzida por Trump diretamente com o primeiro‑ministro israelense, Benjamin Netanyahu, enquanto sua equipe — incluindo o vice‑presidente JD Vance, o secretário de Estado Marco Rubio e o enviado especial Steve Witkoff — manteve conversas com autoridades iranianas. Com a soberania dos EUA em foco, Trump afirmou ter dado ordens já no sábado à noite: “Vamos ligar… ao Irã. Traga o Bibi. Vamos fazer a paz.“ Ainda que o cessar‑fogo tenha sido saudado por centenas de civis que choraram alívio nas ruas do Irã e de Israel, o acordo é frágil, carecendo de confirmações formais de ambas as partes. Israel confirmou a trégua, enquanto o Irã condicionou a suspensão das hostilidades à interrupção dos ataques israelenses até 4h da manhã, horário de Teerã. Violação e fragilidade do acordo Logo após o anúncio, surgiram sinalizações de rompimento unilateral. Israel acusou o Irã de lançar mísseis e prometeu “resposta com força” caso o acordo fosse violado, com o ministro da Defesa Israel Katz declarando novas ações militares contra Teerã. Por sua vez, o governo iraniano negou qualquer lançamento de mísseis após o anúncio, e sua agência ISNA classificou as acusações como falsas. O conflito, iniciado em 13 de junho, foi marcado por ataques israelenses a centros nucleares no Irã, seguido por bombardeios norte‑americanos contra instalações profundas como Fordow e Natanz. Os iranianos retaliaram com mísseis contra bases dos EUA no Golfo, incluindo uma em Qatar, provocando sirenes mesmo sem vítimas. Leia mais: Irã ataca bases dos EUA no Oriente Médio em retaliação a bombardeios nucleares – Danuzio “Dependerá do que o Irã precisar”: Rússia promete apoio ao Irã e confronta os EUA após bombardeios em Teerã – Danuzio Conheça a diferença entre um programa nuclear pacífico no Oriente Médio e o do Irã – Danuzio O saldo, segundo fontes iranianas, foi de pelo menos 974 mortos no Irã e 24 em Israel, com disparos continuados mesmo após o início do cessar‑fogo. O uso da bomba anti-bunker GBU‑57 pelos EUA reforça a escala da operação americana, que alguns analistas classificam como a intervenção externa mais significativa desde a Revolução Iraniana de 1979. Apesar do cessar‑fogo, o futuro permanece incerto. Autoridades no Oriente Médio, incluindo EUA, Irã, Israel e Qatar, monitoram relatórios de violações, novas ameaças e respostas militares em caso de retrocesso. O texto do GPI recomenda agora foco em negociações mais amplas, abordando o arsenal de urânio iraniano — cerca de 400 kg acumulados — e definindo marcos concretos que evitem retóricas dominadas por retaliação e mudança de regime. Para muitos analistas, a trégua representou uma pausa tensa, mas sem garantias. Trump se apresenta como pacificador, mas as bases da negociação permanecem frágeis: a manutenção da trégua dependerá de reciprocidade, vigilância diplomática e intervenção de terceiros, como Qatar, Reino Unido e membros da União Europeia. Fontes: BBC, Reuters, AP
A região mais volátil do mundo para conflitos armados

Um novo relatório do Global Peace Index 2025 revela que a África Subsaariana tornou-se a região mais volátil do mundo em termos de conflitos armados. Segundo o Instituto de Economia e Paz (IEP), mais da metade dos 44 países africanos avaliados teve piora nos indicadores de militarização. Isso se deve ao aumento dos orçamentos de defesa, envolvimento em conflitos transfronteiriços e à queda drástica nos investimentos em construção da paz. Conflitos em países como República Democrática do Congo, Sudão do Sul, Etiópia e Burkina Faso estão entre os mais propensos a escalarem globalmente. Esses países compartilham diversos fatores de risco, como fragilidade estatal, instabilidade política, presença de milícias e influência estrangeira. As tensões no Sahel, por exemplo, têm sido reinterpretadas como jihadistas, o que atrai apoio externo e armamento, agravando os confrontos. A militarização vem crescendo: 23 países aumentaram o gasto militar em proporção ao PIB. Burkina Faso e Mali romperam com a CEDEAO e reforçaram parcerias com a Rússia e a nova Aliança dos Estados do Sahel, gerando acusações de violações de direitos humanos e repressão à sociedade civil. Observa-se uma mudança de influência ocidental (EUA e França) para potências como Rússia e China, especialmente na área econômica. Além disso, tropas africanas estão sendo cada vez mais enviadas ao exterior em nome das missões de paz, mas especialistas alertam que essa projeção militar pode ocultar interesses estratégicos. Exemplo disso é Ruanda, com presença militar em Moçambique, República Centro-Africana e Benim. A RDC superou o Afeganistão como o quarto país menos pacífico do mundo, devido à atuação do grupo M23, à interferência externa (inclusive com denúncias contra Ruanda) e ao fracasso dos esforços regionais de paz. Já o Sudão vive um colapso humanitário após o conflito entre as Forças Armadas e as Forças de Apoio Rápido. Apesar do aumento militar, os investimentos globais em construção da paz representam apenas 0,52% dos gastos com defesa, uma queda de 26% desde 2008. A crise da dívida africana compromete ainda mais a capacidade dos Estados em investir em programas sociais, juventude e reconciliação. O relatório conclui que a paz global vem se deteriorando nos últimos 17 anos, sendo a África responsável por parcela crescente desse declínio. O IEP apela por um retorno ao conceito de “Paz Positiva”, baseada em governança eficaz, acesso à informação e fortalecimento do capital humano. Fonte: The Africa Report
Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes podem ser investigados pela justiça portuguesa

O partido português Chega, liderado por André Ventura, voltou a causar polêmica ao prometer investigar a atuação e os supostos vínculos do ministro brasileiro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, em Portugal. A declaração partiu do deputado Marcus Santos, eleito pela sigla para representar os brasileiros residentes em solo português, e foi feita durante entrevista ao canal Sérgio Tavares. Segundo Santos, caso André Ventura chegue ao cargo de primeiro-ministro, o governo português terá condições de investigar tanto Gilmar Mendes quanto o também outro ministro do STF, Alexandre de Moraes. “A vida deles em Portugal será investigada“, afirmou o parlamentar, mencionando a possibilidade de patrimônio oculto e influência indevida em instituições portuguesas. A fala repercutiu rapidamente nas redes sociais, que passaram a tratar o tema como se uma investigação já estivesse em andamento. Vídeos, áudios e postagens em grupos políticos sugeriram que Gilmar Mendes estaria sendo alvo de apurações por parte das autoridades portuguesas — o que, até o momento, não passa de especulação. De acordo com a apuração feita pelo jornal português Observador, não há nenhuma investigação oficial em curso contra Gilmar Mendes em Portugal. O veículo consultou bases judiciais, incluindo o Ministério Público e a Polícia Judiciária, e não encontrou qualquer indício de processo aberto ou denúncia formal. Ainda segundo o jornal, mesmo a Procuradoria-Geral da República de Portugal não tem registros de pedidos ou tramitações envolvendo o nome do ministro brasileiro. As declarações de Marcus Santos, portanto, são vistas mais como um movimento político do que como um fato concreto. Apesar de ter conquistado espaço na Assembleia da República nas últimas eleições, o Chega não detém cargos executivos e está distante de liderar o governo português. Mesmo que André Ventura viesse a se tornar primeiro-ministro, como ambiciona, a abertura de investigações não depende do poder político, mas sim de fundamentos legais, denúncias consistentes e autorização das autoridades competentes. Gilmar Mendes possui histórico de atuação acadêmica em Portugal, onde mantém vínculos institucionais com universidades e participa de fóruns jurídicos internacionais. Nos últimos anos, ele esteve em Lisboa em eventos organizados em parceria com o Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), do qual é fundador. Esses encontros já foram criticados por setores mais conservadores tanto no Brasil quanto em Portugal, que enxergam neles uma tentativa de exercer influência política e institucional além das fronteiras brasileiras. Apesar disso, não há qualquer indício de irregularidade relacionado às atividades do ministro em território português. As alegações de Marcus Santos tampouco foram acompanhadas de provas ou indícios que pudessem sustentar juridicamente uma investigação formal. Em nota, fontes do Judiciário português reforçaram que o sistema legal do país é independente e não responde a declarações de cunho político. Qualquer investigação envolvendo cidadãos estrangeiros, sobretudo figuras públicas, deve ser iniciada a partir de denúncias fundamentadas e submetida aos trâmites regulares do Ministério Público. Enquanto isso, o Chega segue utilizando o discurso nacionalista e de combate à “influência externa” como pilar de sua narrativa. A promessa de investigar ministros brasileiros parece estar mais ligada à estratégia de mobilização de sua base conservadora — tanto em Portugal quanto entre brasileiros expatriados — do que a fatos ou ações efetivas. Até o momento, Gilmar Mendes não se pronunciou oficialmente sobre o caso. Fontes: Observador e O Antagonista
Ataque russo contra Kiev mata 7 pessoas

Um intenso ataque russo envolvendo mísseis e drones atingiu diversos distritos de Kiev durante a madrugada, causando ao menos sete mortes e dezenas de feridos. Os disparos destruíram a entrada de um prédio residencial na área de Shevchenkivskyi, onde moradores ficaram presos sob os escombros. Incêndios e destruição também ocuparam outras seis zonas da capital, atingindo até saídas de metrô usadas como abrigos, segundo autoridades ucranianas. No subúrbio, uma mulher de 68 anos foi morta e oito pessoas ficaram feridas. Com sirenes ativadas em toda a cidade, equipes de resgate trabalharam freneticamente no resgate de uma gestante e outros civis soterrados. Autoridades ucranianas criticaram veementemente a Rússia por atacar áreas densamente povoadas, acusando-a de “mirar onde há civis“. Desde o início da guerra, em fevereiro de 2022, o número de vítimas civis em Kiev já ultrapassa centenas, e este ataque se soma a uma longa sequência de bombardeios que têm provocado destruição sistemática e elevado o temor da população. O ataque russo realizado nesta noite, segundo o Ministério da Defesa da Ucrânia, envolveu 352 drones e 16 mísseis, dos quais 146 drones Shahed foram interceptados e vários mísseis balísticos neutralizados. Ucrânia ainda mantém presença em Kursk. Enquanto a Rússia intensifica os ataques contra a Ucrânia, forças ucranianas ainda mantêm uma presença militar na região russa de Kursk. O comandante‑chefe ucraniano, Oleksandr Syrskyi, disse que cerca de 10 000 soldados russos estão engajados naquele setor, onde os ucranianos ainda controlam aproximadamente 90 km². Essa operação, iniciada em 6 de agosto de 2024, sinalizou uma mudança de estratégia por parte de Kiev: ocupar território russo para criar uma zona tampão, reduzir pressão sobre o leste ucraniano e atrapalhar o planejamento militar de Moscou. Apesar dos relatos russos de expulsão das tropas ucranianas, a Ucrânia afirma manter posições avançadas na região e continuar as ofensivas pressionando a fronteira. O movimento atraiu reforços russos — estimados entre 30 000 a 50 000 soldados, incluindo tropas da Coreia do Norte — que ajudaram na expulsão dos soldados ucranianos em pontos estratégicos com uso intensivo de drones e artilharia, segundo relatórios. A Rússia reivindicou vitória, mas Kiev contesta e ressalta que sua incursão obrigou Moscou a desviar tropas do front ucraniano. O ataque massivo a Kiev reforça duas preocupações centrais: a vulnerabilidade urbana diante da artilharia russa e a dependência de defesa aérea limitada. A presença ucraniana em Kursk também complica futuros eventuais cessar-fogos, pois agora qualquer acordo precisará lidar com questões de soberania e retirada obrigatória, enquanto Kiev reforça sua posição nas negociações. Com o conflito adentrando o quarto ano, tanto Ucrânia como Rússia demonstram determinação. No entanto, também deslizam perigosamente em um terreno onde a escalada da violência sem contrapartida diplomática ampliará os danos humanitários e arrastará a Europa para a iminência de um conflito continental mais profundo. Fontes: Reuters, BBC, BBC
Mercados em alerta: petróleo dispara e bolsas caem após ataque dos EUA ao Irã

Os mercados ao redor do mundo mostraram reação imediata à ofensiva militar dos Estados Unidos contra instalações nucleares iranianas no último fim de semana. A ação, considerada a maior intervenção militar ocidental contra Teerã desde 1979, provocou crescimento acentuado no preço do petróleo, queda na maioria das bolsas asiáticas e fortalecimento do dólar, já que investidores buscaram ativos seguros. Na Ásia, os principais índices acionários recuaram cerca de 1%. O MSCI Asia ex-Japan caiu mais de 1%, com o Nikkei, Kospi e Taiex também registrando perdas, impulsionados por temores sobre interrupções no fornecimento de petróleo via Estreito de Ormuz. Na Índia, os índices Nifty 50 e BSE Sensex caíram 0,9%, afetados pelo aumento do petróleo a níveis recordes de cinco meses — prejudicando expectativas inflacionárias e reduzindo o apetite por ações. Os preços do petróleo subiram expressivamente. O Brent atingiu US$ 78,5 por barril, enquanto o WTI chegou a US$ 75,4 antes de recuar levemente, ecoando os temores de que um conflito mais intenso poderia interromper até 20% das exportações globais via Hormuz. A Goldman Sachs estimou uma alta potencial de até 30% nos preços em caso de cortes mais prolongados na região. Nos EUA, os contratos futuros de ações recuaram de forma moderada, refletindo um sentimento cauteloso. Warren Spindel, da Potomac River Capital, destacou que “a incerteza vai envolver os mercados, especialmente o petróleo”, e que agora “americanos em todos os lugares estarão expostos“. A volatilidade também atingiu o mercado de criptomoedas, com o Ethereum caindo 5% e o Bitcoin recuando cerca de 1%. Em contraste, ações de empresas de defesa na Ásia, como Japão e Coreia do Sul, registraram modestos ganhos, já que investidores antecipam aumento dos gastos militares regionais. Analistas destacaram que, embora os mercados tenham reagido com cautela, a tendência ainda é esperar por um maior desdobramento do conflito. Alguns acreditam que, se o ataque limitar o programa nuclear iraniano, a escalada de longo prazo poderá ser mais contida. A incerteza foi ressaltada por Charu Chanana, estrategista da Saxo: “Mercados podem estar reagindo à perspectiva de redução da incerteza de longo prazo, mas qualquer movimento iraniano pode mudar rapidamente a percepção de risco e forçar uma reprecificação“. Os investidores agora acompanham atentamente sinais de retaliação do Irã, movimentos diplomáticos, como solicitações a parceiros globais para evitar o fechamento do Estreito de Ormuz, e discursos do presidente Trump sobre futuras ações militares ou negociações. Fontes: Reuters, Reuters, Bloomberg
Austrália sanciona petroleiros fantasma russos

Nesta quarta-feira (18), a Austrália impôs pela primeira vez sanções diretas a 60 navios vinculados à chamada “shadow fleet” russa — uma rede clandestina de petroleiros usada para driblar sanções internacionais e financiar a guerra da Rússia contra a Ucrânia. A ministra das Relações Exteriores australiana, Penny Wong, explicou que essas embarcações operam sob práticas enganosas: trocando bandeiras, desligando sistemas de rastreamento e navegando com seguros inadequados. Tais táticas viabilizam o transporte ilícito de petróleo russo, contornando restrições impostas pelo G7, União Europeia, Reino Unido, Estados Unidos e Canadá. “Essas sanções reforçam o compromisso da Austrália em garantir que a Rússia, e aqueles que viabilizam sua invasão, enfrentem consequências“, declarou Penny Wong, reforçando a pressão para que Moscou encerre o conflito e retire suas tropas da Ucrânia. Foco específico nos navios da shadow fleet O governo australiano já aplicou mais de 1.400 sanções desde o início da invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022, mas este é o primeiro foco específico nos navios da shadow fleet. A medida permite às autoridades negar a entrada desses navios em portos australianos ou expulsá-los caso já estejam dentro de águas territoriais. A shadow fleet russa é formada por centenas de petroleiros antigos, operando geralmente sem seguro adequado ou certificações internacionais. Estudos do centro Kyiv School of Economics (KSE) apontam que, em abril de 2024, 83% do petróleo bruto e 46% dos produtos derivados exportados pela Rússia foram embarcados por esta frota, minando os efeitos das sanções como o teto de preço do petróleo de US$ 60 por barril. De 2022 a dezembro de 2023, a frota “fantasma” em cresceu de cerca de 600 para estimados 1.100–1.400 navios, com apenas 118 embarcações sancionadas por EUA, UE ou Reino Unido. O S&P Global classifica esse grupo como responsável por 17% da capacidade global de petroleiros em operação — cerca de 940 navios — com aumento de quase 60% em um ano. Além de minar sanções, a shadow fleet apresenta sérios riscos ambientais e de segurança, pois muitos navios têm mais de 20 anos e operam sem seguro adequado, aumentando a probabilidade de acidentes, vazamentos e colapsos estruturais. A Organização Marítima Internacional destacou que esses navios operam fora dos padrões internacionais, tornando difíceis a interceptação e a fiscalização . A ação australiana acompanha medidas similares de países como Reino Unido, Canadá e UE, que vêm sancionando navios do shadow fleet em pacotes recentes — o Reino Unido adicionou 20 petroleiros em sua última rodada, e a UE sancionou quase 200 em maio, com um 18º pacote em discussão. Com a imposição das sanções, a Austrália reforça seu apoio à soberania da Ucrânia e à necessidade de cortar fontes de financiamento da máquina de guerra russa. O país exige que Moscou encerre imediatamente o conflito e inicie negociações significativas. “Continuaremos com ações coordenadas e decisivas para proteger a Ucrânia e atrapalhar a capacidade russa de sustentar sua agressão“, disse Penny Wong. Enquanto isso, analistas enviam alerta: os preços do petróleo podem subir e refinadores asiáticos, como os da Índia e China, enfrentarão reajustes no custo da cotação do barril em razão da limitação da shadow fleet. Ademais, potenciais desastres marítimos tornam-se mais prováveis dada a idade e a falta de manutenção dessas embarcações — um custo extra que poderá impactar populações e governos costeiros. A ação da Austrália representa um passo relevante no esforço conjunto do Ocidente para complicar o esquema de evasão de sanções russas. No entanto, sua eficácia dependerá tanto da capacidade de monitoramento global quanto da disposição de outros países em fechar brechas na implementação dessas medidas. Fontes: Kyiv Independent, S&P Global, Australia Foreign Minister
Parlamento iraniano aprova fechamento do Estreito de Ormuz

O parlamento do Irã aprovou, neste domingo (22), uma proposta que faculta o fechamento do Estreito de Ormuz. Esta é uma passagem estratégica por onde circula cerca de 20% do comércio mundial de petróleo. Isso ocorre em retaliação aos ataques a instalações nucleares iranianas conduzidos pelos EUA e Israel na última semana. A execução da decisão, entretanto, está condicionada à aprovação final do Conselho Supremo de Segurança Nacional do país, conforme adiantado pela agência estatal Press TV. A medida ocorreu horas depois que bombardeiros americanos B‑2 lançaram bombas antimísseis nas instalações em Fordow, Natanz e Esfahan, descritas pelo Pentágono como “obliteradas” pelo poder dos artefatos usados. O ataque foi a maior ação militar direta dos EUA contra o Irã desde 1979. Em discurso, o comandante da Guarda Revolucionária e deputado Esmail Kosari afirmou que “o fechamento do Estreito está na ordem do dia e será realizado quando necessário“, embora a decisão final dependa do conselho de segurança. Fontes parlamentares confirmam que a votação foi unânime. O Estreito de Ormuz conecta o Golfo Pérsico ao Oceano Índico e é responsável por cerca de 17 a 18 milhões de barris de petróleo por dia, representando cerca de um quinto do consumo global. Sua interrupção imediata provocaria disparada nos preços do petróleo. Já há indícios disso: o barril de Brent subiu mais de 10% nas últimas sessões, alcançando valores acima de US$ 77. A decisão iraniana acendeu o alerta em mercados globais. Analistas da Eurasia Group e Bloomberg estimam que, se fechada, a passagem pode elevar o preço do petróleo para US$ 100 o barril — cenário confirmado por movimentos de testes de traders e subscrições em contratos futuros. A resposta americana não tardou: o vice-presidente JD Vance classificou qualquer interrupção na região como “suicida para a economia iraniana“. A Casa Branca informou à Operations Task Force que está monitorando a situação de perto e que medidas militares e diplomáticas estão em coordenação com aliados. Na sexta-feira, o ministro de Relações Exteriores iraniano Abbas Araghchi declarou que o país estudaria “todas as opções possíveis” até que o ataque aos locais nucleares fosse considerado respondido. O chefe da diplomacia acusou os EUA de terem “desrespeitado o direito internacional” e advertiu que “eles só entendem a linguagem da força”. A comunidade global reagiu com preocupação. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) advertiu sobre os riscos de contaminação radioativa caso ataques continuem, e países do Oriente Médio como Emirados Árabes, Arábia Saudita e Catar pediram contenção diplomática. A ONU convocou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança a pedido de Teerã, prevista ainda para este domingo. Enquanto isso, o Irã já iniciou retaliações com disparos de mísseis balísticos em direção a Israel, causando feridos em Tel Aviv, mas sem atingir alvos americanos até o momento. O mundo observa com tensão crescente: a decisão parlamentar pode transformar um confronto regional em crise energética global. Se o conselho aprovar o fechamento, o impacto será sentido desde refinarias asiáticas até as bombas nos postos de gasolina nos EUA. A vigilância agora se volta à próxima movimentação de Teerã – e à resposta americana diante de uma escalada sem precedentes. Fontes: Axios, Newsweek, Al Arabiya