Após bombardeios israelenses, exército sírio abandona ofensiva contra drusos

O presidente interino da Síria, Ahmed al-Sharaa, afirmou nesta quarta-feira (16), em pronunciamento oficial, que a proteção da comunidade drusa, majoritária na província de Suweida, é uma prioridade para seu governo. A declaração ocorre em meio à intensificação dos combates entre milícias drusas locais e forças do governo, que resultaram na morte de centenas de pessoas nos últimos quatro dias. Durante um pronunciamento transmitido pela TV estatal, al-Sharaa destacou a importância da “unidade nacional” e disse que sua administração não tolerará ameaças à integridade do país ou à segurança das comunidades minoritárias. Segundo ele, o governo busca um “equilíbrio entre a manutenção da ordem pública e o respeito às especificidades culturais e religiosas” dos drusos. A fala do presidente ocorre após o cessar-fogo em Suweida, intermediado pelo governo norte-americano, e após pesados bombardeios israelenses à capital Damasco e a soldados do exército sírio que avançavam em direção ao sul. Os combates têm como pano de fundo reivindicações da comunidade drusa por maior autonomia política e insatisfação com a crescente presença militar em áreas civis. Al-Sharaa também pediu que os líderes locais retomem o diálogo com representantes do governo central, afirmando que “não há solução duradoura fora da mesa de negociações”. Ele defendeu uma abordagem “descentralizada e pragmática” para lidar com as tensões locais, mas deixou claro que o governo “não permitirá a criação de enclaves armados ou paralelos à autoridade nacional”. Internamente, a resposta do governo à crise em Suweida tem gerado divisões. Enquanto líderes militares defendem uma ofensiva mais dura para retomar o controle total da província, setores civis da administração pressionam por um acordo político que envolva líderes religiosos drusos e representantes comunitários. A comunidade internacional acompanha a situação com apreensão. A ONU já emitiu alertas sobre o risco de deterioração humanitária, e entidades de direitos humanos relataram o uso excessivo da força por parte do Exército sírio em operações urbanas. Organizações locais denunciam ainda a prisão de líderes comunitários e o cerco a áreas civis por forças estatais, bem como execuções sumárias contra famílias inteiras. A continuidade dos confrontos pode comprometer a estabilidade da região sul da Síria, onde a relativa calma dos últimos anos havia permitido certo nível de reconstrução e normalidade. O futuro da província dependerá da capacidade do governo de equilibrar repressão e diálogo — algo que, até agora, tem se mostrado instável e arriscado. Fonte: Reuters

Netanyahu pressionado por cessar-fogo em Gaza. Novo mapa de retirada das IDF apresentado ao Hamas

Na noite de terça-feira (15), o gabinete de segurança de Israel se reuniu para avaliar os desdobramentos das negociações em andamento com o Hamas, mediadas em Doha, que buscam viabilizar um cessar-fogo duradouro e a libertação dos reféns ainda em poder do grupo palestino. Fontes envolvidas nas tratativas afirmaram que houve “avanços significativos, mas ainda não um rompimento do impasse“. O principal ponto de fricção continua sendo o mapa de retirada das Forças de Defesa de Israel (IDF) da Faixa de Gaza, cuja versão atualizada foi apresentada pelos negociadores israelenses, mas ainda não recebeu aceitação do outro lado. Segundo as mesmas fontes, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu concedeu maior autonomia à equipe de negociação, permitindo mais flexibilidade para buscar um acordo. A medida representa uma mudança de postura em relação às fases anteriores do processo, marcadas por forte centralização e rigidez. Outro tema central da reunião foi o polêmico plano de construção de uma cidade humanitária em Rafah, proposta por Netanyahu como alternativa para proteger civis palestinos durante operações militares contínuas. O chefe do Estado-Maior das IDF, Eyal Zamir, apresentou um novo modelo mais enxuto, prático e de custo reduzido, após críticas anteriores do próprio Netanyahu, que exigia cronogramas mais realistas. Apesar da revisão, o plano continua gerando tensões. Segundo fontes do gabinete, Netanyahu teria demonstrado frustração com avaliações militares que considerou excessivamente pessimistas, e há suspeitas de que a IDF teria apresentado uma proposta deliberadamente inviável para minar o projeto. O custo estimado da cidade humanitária varia entre 10 a 15 bilhões de shekels, e a responsabilidade financeira recairia quase inteiramente sobre o governo israelense. O general Zamir tem travado embates com o premiê e com o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, alegando que o desvio de recursos para esse plano compromete os objetivos militares principais: enfrentar o Hamas e garantir o retorno dos reféns. Apelo por urgência Enquanto isso, o presidente israelense Isaac Herzog visitou o Kibutz Kfar Aza, símbolo dos ataques de outubro de 2023, e fez um apelo emocionado pela libertação imediata dos reféns. Herzog declarou que o país vive dias críticos e que não há mais justificativa para adiamentos: “Cada refém é um caso humanitário. Tragam todos para casa. Pressionem até que o acordo seja alcançado.“ As próximas horas são consideradas decisivas. Embora nenhum anúncio formal tenha sido feito, o avanço nas negociações e o alívio nas exigências israelenses aumentam a expectativa de um possível acordo nas próximas semanas. Fonte: YnetNews

Irã mira cooperação militar com China para enfrentar Israel e EUA

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, desembarcou em Pequim nesta semana para uma visita estratégica, cujo objetivo principal é de retomar o apoio militar da China, que se manteve distante do país durante a guerra dos 12 dias com Israel.  A viagem ocorre paralelamente à cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (SCO), que reúne os principais aliados e parceiros econômicos e de segurança da China. A presença diplomática de Araghchi em um momento tão crítico sinaliza a disposição do Irã em fortalecer laços com potências globais para contrabalançar o isolamento imposto por sanções ocidentais. Durante o encontro com autoridades chinesas, o ministro iraniano buscou estabelecer um novo marco de cooperação militar entre Irã e China, que poderia incluir aquisição de equipamentos avançados e parceria em tecnologia militar. A decisão vem em um contexto onde o Irã precisa modernizar sua força de defesa, em especial seus sistemas antiaéreos e rotas de suprimento naval, em meio à crescente pressão dos EUA e aliados na região. Fontes diplomáticas revelam que, além das negociações militares, Araghchi pretende discutir iniciativas comerciais consolidadas, incluindo um corredor econômico colaborativo envolvendo a China e o Paquistão. Essa proposta é considerada estratégica para fomentar alternativas comerciais ao golpe das sanções ocidentais e fortalecer a presença iraniana em rotas comerciais internacionais. O fortalecimento da parceria entre Irã e China para fins militares ameaça reformular o atual equilíbrio de poder no Oriente Médio e no sul da Ásia. Negócios deste tipo podem incluir transferência de tecnologia de mísseis e programas de drones — sensíveis em termos de proliferação militar. Os Estados Unidos e seus aliados, por sua vez, acompanham o desenrolar das negociações com preocupação, especialmente porque Pequim já demonstrou disposição em driblar embargos globais por meio de fornecimento de equipamentos militares alternativos. Qualquer suposto progresso poderá azedar ainda mais as relações diplomáticas com Washington, que já têm intensas tensões por causa do programa nuclear iraniano. A viagem do ministro iraniano marca um momento decisivo na geopolítica regional e global. Caso a China aceite formalizar acordos militares com o Irã, isso poderá gerar uma resposta imediata dos EUA. Entretanto, o país persa busca também expandir sua rede diplomática e econômica — apostando nas rotas comerciais asiáticas para diversificar mercados, contornar pressões ocidentais e consolidar uma posição estratégica na Eurásia. A colaboração com o Paquistão pode transformar-se em eixo logístico crucial, conectando cadeias de produção e rotas marítimas sensíveis. Fonte: Jerusalem Post, China Daily

Netanyahu encurralado: TPI rejeita apelo e sustenta mandado de prisão

Nesta quarta-feira (16), o Tribunal Penal Internacional (TPI) rejeitou formalmente o pedido de Israel para cancelar os mandados de prisão contra o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o ex-ministro da Defesa Yoav Gallant, além de recusar a suspensão da investigação sobre eventuais crimes em territórios ocupados palestinos. O pedido havia sido protocolado por Israel em 9 de maio de 2025, exigindo tanto o arquivamento dos mandados expedidos em 21 de novembro de 2024 — por supostos crimes de guerra e crimes contra a humanidade durante o recente conflito em Gaza — quanto a suspensão de todo o processo investigativo no enquadramento territorial ocupado. O TPI manteve sua jurisdição ativa, reiterando que o caso segue em andamento. O tribunal reafirmou ainda que, embora Israel não seja signatário do Estatuto de Roma, sua jurisdição se estende aos líderes envolvidos, pois a investigação foi iniciada com base na adesão da Palestina — reconhecida como Estado vassalo desde fevereiro de 2021, autorizando o TPI a atuar em Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental. O apelo israelense argumentava ter sido abalado por uma decisão preliminar da câmara de apelações, em abril, mas o tribunal refutou essa alegação, afirmando que o desafio à jurisdição segue sendo analisado e não invalida os mandados enquanto não houver decisão definitiva. No momento, não há prazo para o julgamento desse recurso. Ainda na mesma decisão, o TPI rejeitou uma solicitação de Israel para impedir que a Palestina fosse ouvida sobre o caso, alegando que já há informações suficientes nos autos. Contexto dos mandados e pressão internacional Em 21 de novembro de 2024, o TPI emitiu mandados de prisão relacionados à suposta implicação de Netanyahu e Gallant em crimes como uso da fome como método de guerra e ataques deliberados contra civis. Inicialmente, também foi emitido mandado contra o líder do Hamas, Mohammed Deif, posteriormente cancelado após confirmação de sua morte. O TPI sofreu forte reação de Israel e de seus aliados. Em junho, os Estados Unidos impuseram sanções a quatro juízes do tribunal, incluindo dois envolvidos na decisão atual — uma retaliação sem precedentes contra a jurisdição da Corte. Além disso, houve ameaças e intimidações dirigidas ao procurador-chefe Karim Khan. Relatos apontam que uma figura ligada ao entorno de Netanyahu teria afirmado que Khan seria “destruído” caso não cancelasse os mandados. Com os mandados mantidos, qualquer país signatário do Estatuto de Roma que receber visitas de Netanyahu ou Gallant terá obrigação legal de efetuá-los, caso isso ocorra. A apelação de Israel contra a jurisdição segue em curso, sem previsão de conclusão. Enquanto isso, o tribunal continuará com a investigação sobre as alegações de crimes de guerra e crimes contra a humanidade, inclusive monitorando as consequências humanitárias em Gaza. Em meio a tensões políticas e diplomáticas globais — especialmente com sanções dos EUA e retórica agressiva de Israel — o TPI reafirma sua postura independente e seu compromisso com o cumprimento do Direito Internacional, mesmo diante de pressões de alto nível. Fontes: Reuters, Anadolu, Al Jazeera

Pressionado, Lula recua e desiste de impor taxas em resposta a Trump

Em reunião nesta terça-feira (15) com empresários em Brasília, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou claro que não pretende aplicar a Lei de Reciprocidade Econômica para retaliar o aumento de tarifas imposto pelos Estados Unidos, mesmo com possível entrada em vigor da alíquota de 50% em agosto. A Lei de Reciprocidade, aprovada em abril e regulamentada por decreto de Lula no dia 14 de julho, permite que o Brasil responda com contramedidas proporcionais a medidas unilaterais de outros países. Ainda assim, ministros como Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil) e Geraldo Alckmin (Indústria e Comércio) sinalizaram que o uso da lei não foi sequer considerado no encontro com o setor produtivo. Por que o governo recuou? O presidente da ABIMAQ, José Velloso, explicou que o recado foi objetivo: evitar uma retaliação brusca que poderia inviabilizar o comércio com os EUA. “Perder o mercado norte-americano é algo muito difícil de recuperar“, afirmou. O governo optou por priorizar a via diplomática e o diálogo com setores afetados — como manufatura, agronegócio e empresas de tecnologia — estimulando o entendimento entre exportadores brasileiros e importadores americanos. Tudo começou quando o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, alegando vínculos à forma como o Brasil conduz o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. O acréscimo tarifário substituiria a antiga alíquota de 10% e entraria em vigor a partir de 1º de agosto. Em resposta, Lula firmou decreto que torna operacional a Lei de Reciprocidade, preparando o terreno para eventuais contramedidas. No entanto, o Executivo sinalizou que só recorrerá à lei se as negociações com Washington não avançarem e os danos à economia brasileira se agravarem. Especialistas alertam para o alto risco de escalada: retaliações comerciais podem causar efeitos rebote, elevando custos de importação e prejudicando a competitividade de produtos brasileiros nos EUA. Além disso, a dependência de mercados externos torna o Brasil vulnerável a ações protecionistas. Caso o governo brasileiro mantenha o recuo, a estratégia agora será pressionar o governo Trump por meio do setor privado, envolver câmaras bilaterais e buscar avaliações junto ao Congresso americano, visando reverter ou ao menos mitigar o impacto da tarifa de 50%. O recuo adotado pelo Planalto reflete uma decisão estratégica: evitar confrontos imediatos e apostar no diálogo com Washington, protegendo temporariamente setores exportadores cruciais ao país. Fontes: Revista Oeste, DW, CNN, Agência Brasil

Após pedido de prisão de Bolsonaro, Gonet vira alvo da fúria de Trump

A diplomacia entre Brasil e Estados Unidos vive um momento de tensão aguda: o governo de Donald Trump cogita impor sanções ao procurador-geral da República, Paulo Gonet, após ele pedir a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de liderar um golpe de Estado. O impasse coloca em xeque as relações entre as duas potências e eleva o nível de disputa política internacional. O Ministério Público apresentou, em julho de 2025, um documento de 517 páginas recomendando a condenação de Bolsonaro por crimes como “formação de organização criminosa” e “tentativa de abolir por via violenta a ordem democrática”. A acusação aponta que Bolsonaro incitou insurreição e que mantinha um esquema conspiratório com aliados para impedir a posse de Lula após as eleições de 2022. Em paralelo, Trump — forte aliado de Bolsonaro — classificou o processo como uma “caça às bruxas” e anunciou tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, vinculando diretamente a decisão judicial ao comércio bilateral. A reação brasileira foi rápida: o Itamaraty classificou a medida como interferência “inaceitável” nos assuntos internos e que iria retaliar usando a Lei da Reciprocidade. Fontes próximas à administração Trump afirmam que o veto pode ir além das tarifas comerciais, incluindo restrições pessoais ao procurador Gonet — como congelamento de bens, proibição de vistos ou limitação generalizada de intercâmbios com o sistema de justiça dos EUA. Embora a Casa Branca não tenha confirmado oficialmente, diplomatas indicam que medidas punitivas ao nível institucional estão sendo avaliadas, principalmente se o STF mantiver o pedido de prisão preventiva de Bolsonaro. Se confirmadas, as sanções podem agravar seriamente as relações entre ambos os países. Para o Brasil, repercutem como pressão direta sobre sua independência judicial. Já Trump reforça sua narrativa de “protetor dos líderes conservadores globais“, voltando a defender aliados como Bolsonaro, Marine Le Pen e Benjamin Netanyahu. Economicamente, empresas brasileiras já sofrem com tarifas previstas para entrar em vigor em 1º de agosto, afetando os setores de agronegócio e manufatura, além de reverberar no câmbio. O real já cedeu terreno, e há temores de escalada da crise econômica. Fontes: Metrópoles, AP

Emirados assumem porto sírio de Tartus em acordo bilionário e mira retomada econômica

Em 13 de julho de 2025, a Autoridade Geral de Portos Terrestres e Marítimos da Síria celebrou um acordo no valor de US$ 800 milhões com a empresa dos Emirados Árabes Unidos — DP World — visando a modernização do porto de Tartus, na costa mediterrânea síria. O pacto acontece poucos meses após a assinatura de um memorando de entendimento em maio, reforçando a cooperação entre os dois países em infraestrutura logística e atuação portuária. A cerimônia de assinatura, transmitida pela agência estatal SANA, contou com a presença do presidente interino sírio Ahmed al-Sharaa, demonstrando o alto nível de compromisso político com o projeto. O acordo engloba a construção de um terminal portuário multipropósito em Tartus, expandindo a capacidade de movimentação de cargas, com foco em contêineres, grãos e produtos industriais. Além disso, está prevista a implantação de zonas industriais e zonas de livre comércio — iniciativas estratégicas que visam fomentar a economia local, atrair investimentos estrangeiros e gerar empregos diretos e indiretos. Para a Síria, marcada por 14 anos de guerra civil, esse passo representa um marco significativo rumo à reconstrução econômica e reabilitação das suas infraestruturas principais. O porto de Tartus, tradicionalmente ligado à Marinha e à importação de combustíveis, ganhará nova relevância como hub logístico e comercial na região. O acordo com a DPWorld surge num momento em que a Síria começa a reverter seu isolamento internacional. Em junho, o presidente dos EUA, Donald Trump, assinou uma ordem executiva que suspende um programa de sanções econômicas à Síria, abrindo caminhos para sua reinserção no sistema financeiro global. A decisão visa facilitar a ajuda humanitária, impulsionar o comércio externo e o investimento internacional, e está diretamente ligada à retomada da economia devastada pelo conflito. Por sua vez, a DPWorld — divisão da Dubai World — reforça sua posição como uma das principais operadoras portuárias do mundo, com presença em mais de 70 portos globalmente. A parceria com a Síria representa tanto um risco — devido ao ambiente pós-guerra e riscos regulatórios — quanto uma oportunidade estratégica de ingressar num mercado emergente com baixo custo de entrada e significativo potencial de crescimento. Apesar do otimismo, o projeto enfrenta desafios. A infraestrutura local sofreu extensos danos durante o conflito; muitos acessos terrestres, sistemas de armazenagem e equipamentos portuários estão obsoletos ou destruídos. A reconstrução exigirá não apenas o aporte financeiro do acordo, mas também a mobilização de competências técnicas, quadros de engenharia e conformidade com padrões internacionais de operação portuária eficiente. Além disso, a estabilidade política e a segurança nacional continuam sendo fatores determinantes para o sucesso do investimento. O envolvimento ativo de autoridades sírias, como evidenciado pela presença do presidente al-Sharaa, pode reforçar a confiança externa e sinalizar comprometimento do Estado na continuidade do projeto. A modernização do porto de Tartus pode transformar a logística síria e estimular o crescimento econômico, catalisando investimentos adicionais em transporte, indústrias pesadas e agronegócio. As zonas econômicas associadas devem facilitar a instalação de empresas internacionais, criação de empregos e fortalecimento das cadeias de valor locais. Para a população, o impacto pode se traduzir em melhores oportunidades de trabalho, aumento da arrecadação pública e serviços urbanos mais estruturados. Já para a Síria, no plano internacional, trata-se de um movimento simbólico de reabilitação institucional e confiança de investidores estrangeiros, elementos essenciais para retomar uma trajetória de desenvolvimento sustentável. O acordo de US$ 800 milhões entre Síria e DP World marca o início de uma nova era para o porto de Tartus — com potencial para revitalizar a infraestrutura, gerar emprego, atrair investimentos e redefinir a posição da Síria no comércio mediterrâneo pós-guerra. Fontes: Al Jazeera, Reuters

Toffoli anula todos os atos da Lava Jato contra doleiro Alberto Youssef

Nesta terça-feira (15), o ministro Dias  Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a nulidade de todos os atos da Operação Lava Jato praticados contra o doleiro Alberto  Youssef, marcando mais uma mudança expressiva na jurisprudência referente à maior investigação anticorrupção da história recente do Brasil. Para Toffoli, houve um conluio institucional envolvendo a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e o então juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba. Segundo o ministro, essa articulação coordenada comprometeu o direito ao contraditório e à ampla defesa de Youssef, viciando todo o processo judicial. “Revela-se incontestável o quadro de conluio processual entre acusação e magistrado em detrimento de direitos fundamentais do requerente“, escreveu Toffoli, ao decretar a nulidade. Um dos pontos-chave da decisão foi a gravação clandestina de conversas nas celas onde Youssef estava preso em Curitiba, em 2014 – 11 dias de monitoramento sem autorização legal. Esse episódio, segundo o ministro, evidenciou o desequilíbrio entre acusação e julgamento. Toffoli também utilizou trechos das mensagens reveladas na Operação Spoofing — que mostrou comunicações entre procuradores e Moro — como prova de irregularidades graves no desenrolar processual. Apesar de anular todos os atos e sentenças judiciais contra Youssef, o ministro não decretou a nulidade do acordo de delação premiada firmado por ele, que continua válido. Esse acordo, considerado um dos mais relevantes para a Lava Jato, permanece válido e pode gerar efeitos jurídicos futuros. A anulação dos atos de Youssef segue uma série de decisões similares proferidas por Toffoli nos últimos meses, incluindo casos de Nelson Freitas, Nelson Meurer, Antonio Palocci e Marcelo Odebrecht. O ministro tem criticado o que chama de “abuso de poder” na Lava Jato, especialmente em Curitiba, e aponta um padrão de interferência que fere garantias constitucionais. No caso de Youssef, o impacto é significativo: todos os processos, prisões, bloqueios patrimoniais e demais restrições foram anulados, abrindo caminho para possíveis recuperações de bens e revisões de outras condenações que dependeram das provas derivadas da sua colaboração. Defensores do doleiro afirmam que a decisão representa o “fim da Lava Jato”, questionando agora a validade de investigações baseadas em suas delações. Entre os possíveis beneficiários dessa medida, cita-se o ex-presidente Fernando Collor, cuja condenação contém menções às informações fornecidas por Youssef. A decisão de Toffoli deverá ser analisada pelas demais instâncias do STF e pode abrir precedentes para uma enxurrada de recursos e solicitações de revisão de processos ligados à Lava Jato. A força-tarefa e o MPF devem se rearticular para contestar entendimentos judiciais e definir novas estratégias jurídicas. A discussão agora se desloca dos métodos aplicados à validade e consequências dos acordos de delação e provas colhidas no âmbito da operação. Fontes: CNN, Revista Oeste

Putin acuado? Trump ameaça devastar economia russa com tarifa global

O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira (14) que imporá “tarifas secundárias” de até 100% a países que continuarem a negociar com a Rússia caso Moscou não assine um acordo de cessar-fogo na Ucrânia dentro de 50 dias. Paralelamente, um acordo sem precedentes foi fechado com o envio de sistemas de defesa aérea Patriot a parceiros da OTAN, cujo funcionamento será pago pelos próprios aliados. Essas medidas foram anunciadas durante evento na Casa Branca, com presença do secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, que reforçou o recado: “Se eu fosse Putin hoje, reconsideraria levar a sério as negociações“. O gesto marca uma guinada na política americana: Trump, que até então adotava tom mais favorável a Moscou, agora endurece o discurso, citando decepção com a continuidade dos bombardeios russos — “ele falava tão bem, e depois explodia prédios à noite“. A Rússia reagiu com cautela, com o ministro Lavrov afirmando que Moscou “sem dúvida suportará as novas sanções” e exigindo clareza sobre as motivações de Trump. Já o vice-ministro Ryabkov declarou que negociações podem seguir, mas “não sob ultimatos“. Enquanto isso, a ofensiva militar russa foi intensificada, com aumento expressivo de ataques aéreos na Ucrânia: drones e mísseis disparados em junho resultaram no maior número de vítimas civis dos últimos três anos, segundo a ONU. Em conjunto com o pacote de pressão econômica, Trump anunciou que sistemas Patriot fabricados nos EUA serão entregues a parceiros da OTAN — Alemanha, Finlândia, Dinamarca, Suécia, Noruega, Holanda e Canadá — para fortalecer a defesa ucraniana, com a própria Europa arcando com os custos. O secretário-geral da OTAN enfatizou a rapidez necessária na entrega: “Velocidade é essencial“. Líderes ucranianos celebram o suporte militar, mas criticam o prazo de 50 dias como muito lento, já que ele deixa espaço para mais destruição russa. Por sua vez, a Europa expressa preocupação com o impacto das sanções secundárias, especialmente em nações dependentes do gás russo. A pressão por restrições comerciais tem respaldo no Senado dos EUA: senadores Lindsey Graham e Richard Blumenthal propuseram tarifas de até 500% sobre importações de nações que mantêm relação econômica com Moscou. O projeto, já aprovado na Casa com forte apoio bipartidário, aguarda votação no Senado. Mas analistas alertam que Putin segue firme. Embora o Kremlin tenha apoiadores céticos quanto à eficácia das medidas, o presidente russo permanece determinado a continuar a guerra por concessões territoriais reais — neutralidade da Ucrânia, não ampliação da OTAN e reconhecimento de anexações. Mesmo com os indicadores econômicos russos sofrendo pressão, o Banco Central do país e empresas estatais seguem operando normalmente, apostando na resiliência financeira que a Rússia já demonstrou em sanções anteriores. Fontes: Wall Street Journal, India Today

Israel ataca tanques sírios para proteger drusos: tensão explode no sul da Síria

Explosões e tiros transformaram Suwayda, cidade predominantemente drusa no sul da Síria, em um cenário de guerra civil nesta segunda-feira (14). O confronto, que opõe milícias drusas a tribos beduínas locais, deixou mais de 30 mortos e cerca de 100 feridos, disse o Ministério do Interior sírio. Fontes locais e o Observatório Sírio dos Direitos Humanos estimam até 99 vítimas, incluindo civis e combatentes de ambos os lados . A escalada começou no domingo, após o sequestro de um comerciante druso por bandos beduínos na rodovia entre Damasco e Suwayda. A resposta drusa foi imediata: membros armados deste grupo cercaram bairros beduínos, dando início aos confrontos. Milhares de moradores foram surpreendidos pelos combates, com muitos obrigados a fugir da cidade. “A situação está muito ruim… fugimos com medo“, relatou uma residente. O governo sírio tentou retomar o controle enviando forças militares e unidades de segurança em apoio aos grupos beduínos, e na tentativa de represália contra os drusos, mas a operação encontrou forte resistência e intensificou o confronto. Preocupada com a comunidade drusa, Israel lançou ataques a tanques sírios em movimento na região. O Ministério da Defesa israelense afirmou que a medida visava impedir que forças hostis causassem novos ataques aos drusos e aos civis locais. O ministro Israel  Katz descreveu a ofensiva como um “aviso claro ao regime sírio” de que não toleraria agressões. Segundo informações extraoficiais e imagens divulgadas, a informação divulgada até o momento é de que tanques sírios foram atingidos com sucesso . O jornal Financial Times destacou que os ataques de Israel também visam manter um “cordão de segurança” sem presença militar síria ao sul de Damasco — zona considerada sensível à fronteira israelense. A violência reacende tensões sectárias em uma região marcada por conflitos, como os assassinatos drusos no início de maio, quando forças de transição do governo sírio atacaram a comunidade com execuções extrajudiciais. No mês de fevereiro, incidentes em Jaramana, nos arredores de Damasco, também resultaram em troca de tiros entre drusos e forças de segurança, elevando o clima de instabilidade. A situação em Suwayda evidencia a dificuldade do governo de transição, liderado por Ahmed  al‑Sharaa, em integrar grupos armados diversos ao novo Estado. A existência de um Conselho Militar druso, que começou a reunir ex-oficiais e milícias locais, agrava o quadro, pois fortalece a autonomia e resistência local. A ONU expressou preocupação e pediu diálogo entre as partes para proteger os civis e evitar uma escalada sectária com efeitos em toda a região. Enquanto isso, Israel mantém vigilância e força militar preventiva em seu lado da fronteira. A cidade de Suwayda tornou-se palco de um conflito que mistura tensões tribais e seitas, com múltiplos grupos armados — milícias drusas, tribos beduínas, forças do governo sírio e intervenção israelense. O episódio expõe a fragilidade das instituições de segurança da Síria pós-Assad e ameaça empurrar o país de volta ao ciclo de violência sectária. A incerteza segue elevada, e qualquer passo em falso pode arrastar todo o Levante para um novo colapso de estabilidade. Fontes: Al Jazeera, Financial Times, AP

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