Governo Lula corta 2,3 milhões de famílias do Bolsa Família em 2 anos

O programa Bolsa Família registrou, em julho, o menor número de famílias desde julho de 2022, ao atender apenas 19,6 milhões de domicílios, segundo dados do Poder360. Entre junho e julho, 855 mil famílias foram excluídas, a maior redução mensal já registrada na história do programa. O Ministério do Desenvolvimento Social atribui a queda a dois fatores principais: o aumento da renda familiar e a modernização do Cadastro Único. Estima-se que, desde o início da atual gestão, 8,6 milhões de famílias tenham sido eliminadas do programa por estarem irregulares ou por ultrapassarem os limites de renda. Dos 855 mil domicílios excluídos em julho, cerca de 536 mil cumpriram o prazo máximo de 24 meses previstos pela “Regra de Proteção“, voltada a quem atinge renda entre R$ 218 e meio salário mínimo. Outros 385 mil domicílios foram desligados por ultrapassarem o teto de R$ 759 por pessoa. Especialistas reforçam que a magnitude do corte destaca uma atuação mais intensa do pente-fino, muito além do esperado apenas por ganhos de renda orgânica. Desde o início do mandato, o programa foi reduzido em 2,3 milhões de famílias. O orçamento do Bolsa Família para 2025 foi fixado em R$ 158,6 bilhões, abaixo dos R$ 168,2 bilhões empenhados em 2024. A redução de beneficiários atende a uma estratégia de corte de gastos para adequação fiscal. O Ministério informou ainda que após as atualizações cadastrais, foram identificadas irregularidades como números de beneficiários superiores à quantidade de moradores em alguns municípios, além de 1,4 milhão de casos com indícios de fraude. A redução contrasta com o padrão observado nos primeiros meses do governo Lula, quando o número de beneficiários ainda era 2,3 milhões maior do que no início de sua gestão. O pente-fino em massa, embora válido como estratégia de combate a fraudes, gera dúvidas sobre exclusões intempestivas e a adequação do suporte social. Até o momento, o governo sustenta que os cortes são resultado de processo natural de exclusões por aumento de renda e de aprimoramento do sistema. No entanto, sindicatos, movimentos sociais e parlamentares criticam a rapidez e a proporção dos desvinculados, alertando para o risco de desproteção de famílias em situação de vulnerabilidade. Fontes: Poder360, GP1

Bukele na mira de Maduro: Venezuela investiga suposta tortura a presos venezuelanos no CECOT

O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, anunciou nesta segunda-feira (21) a abertura de uma investigação oficial contra o presidente Nayib Bukele e contra o diretor do sistema penitenciário de El Salvador por alegados casos de tortura e maus-tratos a mais de 250 cidadãos venezuelanos que estiveram detidos na prisão de segurança máxima CECOT (Centro de Confinamento do Terrorismo). Segundo Saab, os detentos teriam sofrido violência física extrema — incluindo espancamentos que teriam causado a perda de um rim, além de queimaduras por uso de armas menos letais e cortes —, foram alvo de abuso sexual, negados atendimento médico adequado e alimentados com comida e água contaminadas. As denúncias foram corroboradas por vídeos enviados pelas vítimas com imagens de escoriações e cicatrizes. Porém, as imagens não podem ser confirmadas de forma independente, o que levanta dúvidas sobre as condições em que os presos fizeram essas afirmações. Os venezuelanos acusados de pertencer ao grupo criminoso Tren de Aragua foram deportados dos Estados Unidos para El Salvador em março de 2025, sob o controverso uso da Alien Enemies Act de 1798, durante o governo Trump. Desde então, foram mantidos no CECOT por até quatro meses e, desde 18 de julho, já haviam retornado à Venezuela como parte de uma troca de prisioneiros que envolveu a liberação de 10 cidadãos norte-americanos detidos no país caribenho. A investigação mira diretamente Nayib Armando Bukele, o ministro da Justiça e Segurança Pública Gustavo Villatoro e Osiris Luna Meza, diretor geral do Sistema Penitenciário. Saab afirmou que os crimes investigados incluem tortura, tratamento cruel, desumano ou degradante, desaparecimento forçado, privação arbitrária de liberdade e associação para delinquir. O governo venezuelano alegou que tais detenções configuram crimes contra a humanidade, baseando-se no Estatuto de Roma da Corte Penal Internacional. Ele denunciou que a motivação dos presos teria sido puramente xenofóbica e discriminatória, pois muitos não tinham antecedentes criminais e não receberam denúncia formal nem julgamento. Organizações de direitos humanos, como Human Rights Watch e Anistia Internacional, também criticaram duramente o caso, descrevendo o estado de detenção como precário, alheio ao devido processo legal e comparando-o a uma forma institucionalizada de desaparecimento forçado e punição coletiva baseada em estigmatização nacional. Segundo o governo venezuelano, os detidos já estão recebendo atendimento médico e passando por entrevistas para avaliar danos físicos e psíquicos, como parte do processo de retorno gradual dos cidadãos ao território nacional. Embora o governo Bukele ainda não tenha emitido uma resposta oficial às acusações, a situação agrava ainda mais as tensões diplomáticas entre os dois países, que não mantêm relações formais desde 2019. A proposta de troca humanitária de 252 venezuelanos por presos norte-americanos mantidos por Caracas havia sido apresentada em abril, mas até então não havia resposta do Executivo de Maduro. O caso se torna emblemático não apenas por apontar graves violações de direitos humanos no contexto de políticas de segurança e migração, mas também por colocar em xeque práticas de cooperação internacional em processos de deportação e contenção de fluxo migratório. Fontes: CNN, Reuters, Anistia Internacional, El Español

“Pablo Escobar” equatoriano: Fito é extraditado para os EUA, onde será julgado

O governo do Equador extraditou José Adolfo Macías Villamar, conhecido como “Fito”, para os Estados Unidos no domingo (20), tornando-se o primeiro cidadão equatoriano enviado diretamente ao país norte-americano após a abertura legal da medida em 2024. Macías lidera a organização criminosa Los Choneros, considerada a mais poderosa do Equador, com extensas operações de tráfico internacional de cocaína, contrabando de armas e conexão com cartéis mexicanos e europeus. Enfrenta uma acusação de sete crimes federais em Nova York — incluindo tráfico de drogas e armas — podendo pegar até 50  anos de prisão nos EUA. Fito foi recapturado em 25 de junho de 2025, em um bunker subterrâneo sob uma casa de luxo na cidade portuária de Manta, região que serve como base de operações do grupo. Ele cumpria sentença de 34 anos em La Roca, prisão de segurança máxima em Guayaquil, de onde havia fugido em janeiro de 2024, desencadeando uma onda de violência e instabilidade no país. Sua extradição foi aceita de forma voluntária durante audiência por videoconferência no dia 11 de julho, diante do juiz da Corte Nacional de Justiça equatoriana. O processo avançou rapidamente em função da decisão e do apoio institucional do presidente Daniel Noboa, que promoveu um referendo em abril de 2024, legalizando a entrega de nacionais ao exterior como estratégia de combate ao crime organizado. A operação de entrega contou com forte escolta de policiais e militares. Embora os governos do Equador e dos EUA ainda não tenham emitido comunicado oficial sobre a transferência, registros de voo indicam que um avião do governo norte-americano decolou de Guayaquil após as 14h locais de domingo para transportar Fito aos EUA. Em declaração à imprensa, o advogado de defesa Alexei Schacht informou que Macías se declarará “não culpado” quando for levado à Corte Federal do Distrito Leste de Nova York. Ele permanecerá detido em prisão a ser definida pelas autoridades norte-americanas. A extradição de Fito marca um momento decisivo na estratégia de segurança do Equador, destacando-se como um passo inédito na colaboração bilateral contra organizações transnacionais do crime. A ação sinaliza maior pressão judicial sobre facções dominantes e abre precedente para futuras extradições.

Israel inicia ofensiva terrestre sem precedentes na cidade de Gaza na tentativa de resgatar reféns

Em um movimento sem precedentes desde o início do atual confronto, tanques do Exército israelense avançaram, nesta segunda-feira (21), para as áreas sul e leste da cidade de Deir al‑Balah, no centro da Faixa de Gaza. Fontes militares afirmaram que o avanço visa resgatar possíveis reféns mantidos pelo grupo Hamas em instalações subterrâneas na região. Ordens de evacuação foram emitidas no domingo, determinando que civis deixassem a área antes da ofensiva terrestre, que marca um novo patamar na campanha lançada por Israel em outubro passado. Médicos em Gaza relataram que ao menos três palestinos foram mortos e diversos ficaram feridos em bombardeios de artilharia pesada, que atingiram oito residências e três mesquitas. Os ataques obrigaram dezenas de famílias, muitas das quais já desabrigadas por confrontos anteriores, a buscar refúgio a oeste, em direção à faixa costeira e ao setor vizinho de Khan Younis. Ainda na manhã desta segunda, um ataque aéreo israelense em Khan Younis deixou pelo menos cinco mortos — um homem, sua esposa e dois filhos — após o impacto de um míssil em uma tenda improvisada de refugiados. Não houve resposta imediata das Forças de Defesa de Israel (IDF) a respeito desse incidente, que exacerba o sofrimento da população civil. Em nota oficial, o Exército israelense destacou que, até então, não havia entrado nos distritos alvo da ordem de retirada e que suas operações continuam “com grande força para destruir capacidades inimigas e infraestrutura terrorista na área“. Fontes de segurança confirmaram que a hesitação inicial em avançar se deve à suspeita de que dezenas de reféns restantes ainda estariam sob custódia do Hamas no subsolo de Deir al‑Balah. Estima‑se que, dos cerca de 50 reféns ainda em cativeiro em Gaza, pelo menos 20 permaneçam vivos. Familiares dos reféns, amparados por organizações internacionais de direitos humanos, cobram explicações concretas sobre as medidas de proteção aos prisioneiros e criticam o risco elevado a que estariam expostos com a escalada dos combates. A incômoda possibilidade de um confronto urbano prolongado, em meio a túneis e construções densas, reforça o temor de perdas humanas entre civis e capturados. Paralelamente, a Agência de Saúde de Gaza alertou para um cenário de “mortes em massa” nas próximas horas, diante do agravamento da crise de fome que já vitimou 19 pessoas desde sábado (19). Hospitais operam com estoques críticos de combustível, alimentos e medicamentos; segundo Khalil Al‑Deqran, porta‑voz do Ministério da Saúde local, pacientes chegam clamando alívio da exaustão provocada pela falta de comida, enquanto equipes médicas sobrevivem a uma única refeição diária. No domingo (20), mais de 70 civis foram atingidos por disparos do Exército israelense enquanto aguardavam a entrada de caminhões de ajuda humanitária da ONU na Passagem de Rafah. As autoridades militares israelenses defenderam-se dizendo que efetuaram “tiros de advertência” contra uma multidão que representava “ameaça imediata” e negaram ter tido a intenção de atingir veículos ou beneficiários de ajuda. O novo capítulo de violência ocorre em meio a negociações de cessar‑fogo mediadas pelo Catar e pelo Egito, com apoio dos Estados Unidos. Fontes do Hamas afirmaram que o aumento do número de mortos e a fome aguda podem minar seriamente as tratativas, cuja continuidade já se mostra frágil diante do endurecimento das posições de ambos os lados. O atual conflito teve início em 7 de outubro de 2023, quando militantes do Hamas invadiram o território israelense, resultando na morte de 1.200 pessoas e no sequestro de 251 reféns, segundo estatísticas israelenses. Desde então, a contraofensiva de Israel em Gaza deixou um rastro de mais de 58 mil vítimas palestinas, deslocou quase toda a população e desencadeou uma das mais graves crises humanitárias recentes. A batalha em Deir al‑Balah, até então considerada um “reduto sensível” devido ao risco aos reféns, sinaliza uma intensificação drástica das operações terrestres israelenses, cujas consequências humanitárias e políticas prometem reverberar pelas próximas semanas, com impactos diretos sobre a já combalida população civil de Gaza e o futuro das negociações de paz. Fontes: CNN, Reuters, Reuters

Ucrânia propõe nova rodada de negociações à Rússia

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky anunciou neste fim de semana que a Ucrânia propôs à Rússia uma nova rodada de negociações de paz, com foco na retomada do diálogo diplomático e na obtenção de um cessar-fogo duradouro. Segundo Zelensky, a proposta visa estabelecer um ambiente mínimo de segurança para negociações mais amplas, o que passa por um cessar-fogo de pelo menos 30 dias como condição preliminar. A iniciativa foi revelada durante uma coletiva de imprensa transmitida nacionalmente em Kyiv, e ocorre em meio a uma escalada da violência tanto no leste da Ucrânia quanto em regiões da Rússia afetadas por ataques ucranianos com drones. Zelensky afirmou que o convite foi feito formalmente ao Kremlin, e que o momento é oportuno para “restaurar algum grau de racionalidade no meio da guerra”. A última tentativa de negociação entre os dois países, realizada em Istambul, havia resultado apenas em trocas de prisioneiros, sem avanços concretos em relação a um armistício ou retirada de tropas. A nova proposta, segundo o governo ucraniano, inclui a realização de um encontro entre representantes de alto escalão e até mesmo um possível encontro direto entre Zelensky e Vladimir Putin, o que marcaria uma reaproximação inédita desde os primeiros meses da invasão russa iniciada em fevereiro de 2022. Do lado russo, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, confirmou que a proposta foi recebida e está em análise. No entanto, a Rússia reiterou suas exigências básicas para qualquer avanço nas negociações: o reconhecimento do controle russo sobre os territórios já ocupados, a garantia de neutralidade da Ucrânia em relação à OTAN e o fim das sanções ocidentais. Moscou também afirmou que “não aceitará ultimatos”, em resposta à pressão exercida pelos Estados Unidos, que vêm defendendo um novo pacote de sanções caso a Rússia não aceite um cessar-fogo até o fim de agosto. O presidente Donald Trump, que reassumiu o cargo em janeiro, impôs um prazo de 50 dias para a redução dos combates, ameaçando tarifas punitivas a países que mantiverem relações comerciais com Moscou se a guerra não for interrompida. Internamente, a Ucrânia tem intensificado seus ataques retaliatórios com drones, especialmente contra alvos em território russo. Na última semana, mais de 230 drones ucranianos atingiram regiões próximas a Moscou, forçando o fechamento temporário de aeroportos e gerando alarme entre a população civil russa. Em resposta, a Rússia aumentou os bombardeios nas regiões de Donetsk, Kharkiv e Sumy, mirando infraestrutura energética e zonas residenciais, o que agrava ainda mais o cenário humanitário no país. A comunidade internacional acompanha com atenção os desdobramentos. Países como França, Alemanha, Turquia e Vaticano já se colocaram à disposição para atuar como mediadores, enquanto a União Europeia busca manter um papel central nas negociações, contrariando o desejo dos Estados Unidos de concentrar o processo sob sua liderança. O grupo composto por França, Alemanha e Reino Unido reforçou que a Europa não deve ser marginalizada neste momento crítico. A nova proposta de Zelensky é vista por analistas como uma tentativa estratégica de reposicionar a Ucrânia como parte ativa na busca pela paz, após meses de impasse e desgaste militar. Ao propor um cessar-fogo e estabelecer como prioritária a proteção da população civil, o presidente ucraniano busca criar condições mínimas para uma negociação legítima. No entanto, sem garantias firmes de que Moscou aceitará interromper os ataques, o processo pode repetir o fracasso dos Acordos de Minsk, que, embora firmados, nunca foram verdadeiramente respeitados. Fontes: Reuters, Politico, New York Post

Massacre em Suweida: Mais de 1.000 mortos em uma semana de terror na Síria

Aprovada como um passo rumo à estabilidade, a trégua anunciada ontem à noite pelo presidente interino sírio Ahmed al-Sharaa tenta conter a escalada de violência entre milícias drusas e tribos beduínas sunitas aliadas a forças do novo governo. Isso resultou em mais de 1.000 mortos em cerca de uma semana. Segundo o Syrian Observatory for Human Rights (SOHR), os mortos incluem cerca de 336 combatentes drusos e 262 civis drusos, dos quais ao menos 182 teriam sido executados sumariamente por forças do governo sírio. Do lado contrário, morreram 342 agentes de segurança do governo e cerca de 21 combatentes beduínos, incluindo três civis, que também teriam sido executados por drusos. Além disso, 15 militares sírios morreram em ataques aéreos israelenses. A onda de violência começou em torno de 13 de julho, com o sequestro de um comerciante druso por beduínos sunitas. O incidente desencadeou uma série de rixas, troca de sequestros e confrontos armados em diversas localidades de Suweida. Os conflitos migraram para dentro da cidade, e o número de vítimas rapidamente disparou. Uma trégua foi anunciada ontem (19), com mediação dos EUA e estados árabes. O Exército sírio chegou a se retirar da região, e líderes como Ahmed al‑Sharaa prometeram restaurar a ordem na região e conter as perseguições a minorias no país. Relatos apontam que forças do governo sírio teriam se aliado tacitamente aos combatentes beduínos, cometendo abusos e execuções extrajudiciais contra drusos. Em contrapartida, milícias drusas também são acusadas de ataques contra aldeias beduínas e execuções de civis e combatentes rendidos. O chefe espiritual druso Sheikh Hikmat al‑Hijri denunciou massacres e convocou para uma investigação internacional, afirmando que a confiança nas autoridades emergentes do país já se esgotou. O custo humano da onda de violência é devastador. Aproximadamente 80.000 pessoas foram deslocadas desde o início dos confrontos, das quais 20.000 somente em 17 de julho. A infraestrutura local entrou em colapso: falta de água, eletricidade, telecomunicações e combustível tornaram-se rotina. Hospitais superlotados passaram a armazenar corpos nos corredores e até mesmo nas ruas, enquanto equipamentos médicos deixaram de funcionar por falta de energia. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha classificou a situação como crítica. Israel entrou na crise, realizando ataques aéreos contra alvos militares sírios na província de Suweida e em Damasco, justificando as ações como proteção à minoria drusa na Síria. Os EUA, por sua vez, exigiram desarmamento e o cumprimento da trégua, apoiando a administração de Ahmed al‑Sharaa, que também é apoiada por potências do Oriente Médio, como Arábia Saudita e Catar. Entretanto, milícias drusas rechaçaram a presença armada externa e afirmaram que somente aceitariam desmilitarização em um cenário de reconciliação nacional — ainda utópico num país fragmentado por conflitos sectários. Esta ofensiva marca o maior surto de violência sectária na província de Suweida desde a queda de Bashar al‑Assad, e representa um teste crítico para o governo interino de Ahmed al‑Sharaa. A legitimidade do Estado sírio está em xeque, à medida que minorias como os drusos e alauítas questionam sua proteção dentro da nova ordem. A escalada das mortes, os relatos de massacres e a falha da trégua expõem uma Síria ainda longe da pacificação nacional, onde a reconciliação e o restabelecimento da ordem devem competir com ódios sectários, rivalidades locais e influências externas. Fontes: Middle East Eye, The Times of Israel, Al Mayadeen, Financial Times

Hezbollah bate de frente com os EUA e diz que só larga armas quando Israel recuar

O líder do Hezbollah, Naim Qassem, declarou que o grupo se recusará a entregar seu arsenal, rejeitando publicamente uma proposta dos Estados Unidos que condicionava o desarmamento à retirada de Israel do sul do Líbano. Em vídeo divulgado por mídias do Hezbollah, Qassem afirmou: “não vamos nos render ou entregar nossas armas ao israel; Israel não tomará nossas armas”. A proposta dos EUA, apresentada pelo enviado especial Thomas Barrack ao governo libanês no mês passado, oferecia apoio econômico e suspensão dos ataques israelenses em troca do desarmamento completo do Hezbollah até o final de 2025. O governo do Líbano respondeu com um documento de sete páginas, hipótese considerada por Barrack como “espetacular” e digna de “satisfação”. Já o primeiro-ministro libanês Nawaf  Salam disse que o plano poderia ser viável se vinculado à retirada israelense do território libanês e ao cumprimento do cessar-fogo estabelecido em novembro de 2024. Desde o fim da guerra devastadora com Israel, entre 2023 e 2024, o Hezbollah vem sofrendo perdas significativas em lideranças e capacidade militar. O grupo iniciou uma revisão estratégica interna para ponderar uma possível redução de seu arsenal — embora não seu desmantelamento total —, visando manter apenas armas leves e mísseis antitanque para defesa, principalmente enquanto Israel mantiver ocupação militar e ataques a alvos libaneses. Fontes consultadas afirmam que o Hezbollah avalia entregar parte de seus estoques de mísseis e drones se Israel encerrar seus ataques e se retirar do sul do país. Contudo, mantém firme a decisão de manter um componente defensivo significativo, especialmente diante do avanço de grupos jihadistas sunitas na Síria e do sentimento popular entre sua base eleitoral de que o desarmamento seria suicídio político. Qassem posicionou-se mesmo antes ao rejeitar o desarmamento sob a justificativa de que seria “um presente para Israel” e justificou que a entrega de armas sem a retirada israelense equivale a ceder aos interesses de ocupação. Ele destacou que o Hezbollah não aceitará a proposta dos EUA nem a normalização com Israel até que as ameaças externas sejam removidas de forma substancial. A proposta dos EUA renovou o debate sobre a soberania libanesa e a consolidação do monopólio de armas pelo Estado, uma meta histórica desde os acordos de Taif em 1989. O presidente Joseph Aoun e o primeiro-ministro Salam reiteraram a intenção de exercer controle estatal sobre todas as armas dentro do país, porém reconhecem a recusa resistente do Hezbollah, que ainda detém força política expressiva. Apesar da pressão tanto interna quanto internacional, o Hezbollah insiste que sua existência armada é essencial contra a ocupação israelense, enquanto o governo libanês tenta equilibrar reconstrução, segurança e manutenção de sua autoridade legítima. Fontes: Al Jazeera, Reuters, Politico

Quem mandou matar Miguel Uribe? Sexto preso revela plano contra líderes da direita na Colômbia

A Procuradoria da Colômbia confirmou nesta sexta-feira a prisão de Cristian Camilo González Ardila, o sexto suspeito diretamente envolvido no brutal atentado contra o senador e pré-candidato presidencial Miguel Uribe Turbay, ocorrido no dia 7 de junho em Bogotá. Com um passado criminal marcado por tráfico de armas e roubos, González é acusado de ter dado suporte à fuga do autor material dos disparos: um adolescente de 15 anos que foi apreendido momentos após a tentativa de assassinato. A detenção de González representa um avanço crucial nas investigações de um caso que abalou profundamente o país e colocou a segurança política no centro do debate nacional. Segundo a Fiscalía, ele teria ajudado a remover o menor do local do crime, em um esquema cuidadosamente planejado, o que configura participação ativa em crime de tentativa de homicídio agravado, porte ilegal de armas e associação criminosa. Durante audiência realizada nesta sexta-feira, González se declarou inocente e não aceitou as acusações contra ele. Seu advogado alegou que ele “não tinha conhecimento pleno da gravidade da ação que se desenrolaria”, uma versão rejeitada pela promotoria, que sustentou a existência de provas materiais e testemunhais que o colocam no epicentro da operação criminosa. González detalhou a existência de um plano para atacar diversas figuras políticas importantes, principalmente da direita, em várias regiões da Colômbia. Durante o interrogatório, ele disse: “Se eu soubesse que era Miguel Uribe, teria cobrado mais”. O atentado que reacendeu fantasmas do passado Na manhã de 7 de junho, Miguel Uribe Turbay fazia um discurso em um ato de campanha no bairro Modelia, zona ocidental da capital colombiana, quando foi atingido por três tiros à queima-roupa: dois na cabeça e um na perna. A cena, gravada por câmeras de pessoas presentes, mostra o momento exato em que um jovem armado se aproxima e abre fogo contra o senador, em pleno espaço público. O ataque foi descrito por investigadores como “meticulosamente planejado”e “com intenção letal inequívoca”. Uribe Turbay, neto do ex-presidente Julio César Turbay e um dos principais nomes da oposição ao governo Gustavo Petro, foi levado às pressas para a Clínica Santa Fé. Sobreviveu após três cirurgias neurocirúrgicas de alto risco, mas ainda permanece internado com prognóstico neurológico reservado. Familiares informaram que ele segue sob sedação e respira com auxílio de aparelhos. Além de González e do menor de idade autor do ataque, outros quatro adultos foram presos nas últimas semanas. Entre eles está Elder José Arteaga Hernández, conhecido como “Costeño”, considerado o cérebro por trás da operação. Segundo fontes da inteligência policial, Costeño teria recebido ordens de fora do país e comandado a ação a partir de um conjunto de instruções logísticas que incluíam armas, rotas de fuga e dispersão dos envolvidos. A prisão de González reacende as dúvidas sobre as motivações reais do atentado. Apesar da ausência, até o momento, de reivindicação oficial por parte de grupos armados, o uso de um menor e a sofisticação do plano apontam para um modus operandi típico de organizações criminosas ou paramilitares. Autoridades não descartam que o atentado tenha sido encomendado com fins políticos ou como recado para desestabilizar o processo eleitoral de 2026. Fontes: DW, CNN, Reuters

Mega acordo militar à vista: Trump e Zelensky negociam troca estratégica

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, revelou em entrevista recente que está negociando com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, um “mega acordo’ bilateral envolvendo tecnologia militar. Pelo acordo, os EUA comprariam drones ucranianos de longo alcance e, em contrapartida, forneceriam armamentos pesados a Kyiv — uma troca que Zelensky definiu como uma “situação ganha-ganha“. Segundo Zelensky, a proposta prevê que a Ucrânia forneça drones já testados em campo de batalha, muitos dos quais com alcance de até 1.800 quilômetros, ou seja, capazes de atingir alvos profundamente dentro do território russo. Em troca, Washington se comprometeria com o fornecimento de armas de uso estratégico para as forças ucranianas, embora os tipos exatos de armamentos ainda não tenham sido divulgados. “O povo americano precisa dessa tecnologia em seu arsenal“, afirmou Zelensky, destacando que o conhecimento adquirido por Kyiv durante a guerra com a Rússia é valioso para os EUA e seus aliados. “Essa é uma oportunidade única para ambas as nações.“ Zelensky também afirmou que está disposto a compartilhar a experiência ucraniana com outros parceiros ocidentais, como Alemanha, Noruega e Dinamarca, que já demonstraram interesse no modelo de inovação bélica ucraniana, sobretudo no campo dos drones. O presidente ucraniano reforçou que seu governo quer transformar a expertise adquirida no front em capital político e industrial, reforçando a posição da Ucrânia como polo tecnológico militar na Europa. Reversão de postura de Trump O anúncio acontece num momento em que Donald Trump revê sua posição anterior sobre a ajuda militar à Ucrânia. Após suspender o envio de armas em abril de 2025, o governo norte-americano voltou atrás e restabeleceu os repasses, inclusive impondo à Rússia um ultimato de cessar-fogo de 50 dias. Esse reposicionamento criou espaço político para o avanço da proposta de cooperação tecnológica. Durante visita a uma fábrica de drones na Ucrânia, o enviado especial dos EUA, Keith Kellogg, elogiou a velocidade de inovação do setor: “Eles estão liderando essa nova era de guerra. A capacidade de adaptação e reaproveitamento deles é impressionante“, escreveu em sua conta no X (antigo Twitter). Kellogg defendeu que a indústria de defesa americana aprenda com a experiência ucraniana, destacando que a tecnologia de drones se tornou peça central no conflito moderno. O acordo, se confirmado, representaria também um impulso vital para a indústria de drones da Ucrânia, que cresceu 900% desde o início da guerra, mas ainda enfrenta falta de contratos e financiamento. Em novembro de 2024, fabricantes ucranianos expressaram frustração com a ausência de compras governamentais, que limitavam a escala de produção mesmo com alta capacidade instalada. O cenário persistia até junho de 2025, segundo relatório da Business Insider. Agora, com a possibilidade de contratos internacionais, principalmente com os Estados Unidos, o setor pode finalmente atingir sua capacidade plena — transformando a Ucrânia de consumidora em fornecedora de tecnologia militar de ponta. O “mega acordo‘ ainda está em fase de negociação, mas já sinaliza um novo capítulo na relação estratégica entre Ucrânia e Estados Unidos, com potencial para redefinir a balança tecnológica da guerra e consolidar a posição ucraniana como potência emergente no setor de defesa. Fontes: New York Post, Business Insider, Kyiv Post

Hugo Motta pagou R$ 2,8 milhões a familiares de funcionária fantasma

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), está no centro de uma nova denúncia de nepotismo e uso indevido de recursos públicos. Segundo revelou a coluna de Tácio Lorran, no Metrópoles, Motta teria empregado em seu gabinete quatro parentes da fisioterapeuta Gabriela Batista Pagidis — identificada como funcionária fantasma. Gabriela, que também já trabalhou no gabinete do ex-deputado Wilson Filho (atualmente secretário de Educação da Paraíba), teria recebido mais de R$ 890 mil em salários enquanto atuava como secretária parlamentar — mesmo conciliando o cargo com cursos de graduação e pós-graduação em período integral e trabalhando regularmente em clínicas privadas de fisioterapia. O caso se agrava com o envolvimento de seus familiares: a mãe, a irmã, a tia e o primo também ocuparam cargos no gabinete de Motta, como secretários parlamentares ou em funções comissionadas. Juntos, eles receberam mais de R$ 2,8 milhões da Câmara dos Deputados. Embora não haja provas de que os demais membros da família também sejam funcionários fantasmas, os dados levantados indicam uma série de promoções e rebaixamentos incomuns, com variações salariais abruptas em curtos períodos de tempo. A rotina de Gabriela, acompanhada pela reportagem, inclui jornadas de trabalho em clínicas de Brasília e visitas a locais como academia e zoológico durante o horário de expediente na Câmara. Os registros de acesso e frequência solicitados via Lei de Acesso à Informação revelaram lacunas no controle interno da Casa. Nem Hugo Motta, nem os membros da família Pagidis citados, responderam aos contatos da reportagem. A denúncia amplia o desgaste da imagem pública do deputado, já pressionado por acusações anteriores de atuação limitada no plenário e possível uso político da estrutura parlamentar. Fonte: Metrópoles

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