Hugo Motta proíbe a oposição de realizar reuniões nas comissões da Câmara

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos–PB), publicou nesta terça-feira (22) um ato oficial que veta a realização de reuniões em comissões da Casa durante o recesso parlamentar, estendendo a paralisação até 1º de agosto. A suspensão foi motivada por iniciativas de deputados bolsonaristas, que haviam agendado sessões nas comissões de Segurança Pública e Relações Exteriores, ambas controladas pelo PL, com o objetivo de aprovar moções de apoio a Jair Bolsonaro mesmo em recesso. O ato presidencial especifica: “Fica vedada, no período de 22 de julho a 1º de agosto de 2025, a realização de reuniões de comissões da Câmara dos Deputados. Este Ato entra em vigor na data de sua publicação“. A oposição pretendia votar declarações de solidariedade, incluindo moções à soltura de Bolsonaro e críticas às medidas cautelares do STF. A veto de Motta frustra essas intenções e reforça a manutenção do recesso, destacando que nenhuma comissão funcionará oficialmente antes de 1º de agosto. Veja mais: Damares e Malta: A pauta do Senado será o impeachment de Alexandre de Moraes – Danuzio Segundo Motta, além de respeitar o recesso acordado com o Senado — sob liderança do presidente Davi Alcolumbre —, o período foi aproveitado para obras de modernização e reformas nas instalações da Câmara, incluindo comissões e corredores. A oposição já discute ações alternativas, como a realização de encontros paralelos informais, sem caráter oficial, para manter pressão política. Quanto ao retorno formal das comissões, está previsto para a semana do dia 4 de agosto, junto à retomada do recesso. Fonte: metropoles.com e poder360.
Bolsonaro desafia censura, mostra tornozeleira e critica medidas do STF: “Máxima humilhação”

Apesar das restrições impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente Jair Bolsonaro concedeu entrevista nesta segunda-feira (21), na qual mostrou publicamente a tornozeleira eletrônica e afirmou que está sendo alvo de perseguição política. A medida, que faz parte das cautelares determinadas pelo STF, proíbe Bolsonaro de se manifestar sobre a investigação da operação Tempus Veritatis, sob risco de prisão preventiva. Desafio direto à decisão de Moraes A fala de Bolsonaro desafia frontalmente a decisão judicial, que o proíbe de dar entrevistas ou se manifestar, direta ou indiretamente, sobre o conteúdo da investigação. Mesmo sob risco de prisão, o ex-presidente insistiu em falar publicamente, o que aliados interpretam como um gesto de resistência à censura que consideram inconstitucional. Na decisão da última sexta-feira (18), Moraes também determinou o uso da tornozeleira eletrônica, a apreensão do celular do ex-presidente, o recolhimento domiciliar noturno (das 19h às 7h) e integral aos finais de semana, além da proibição de contato com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), seu filho, que atualmente está nos Estados Unidos. “Símbolo de humilhação” A tornozeleira, exibida por Bolsonaro ao vivo durante o pronunciamento, tornou-se para ele símbolo da perseguição política, segundo suas palavras. A imagem do ex-presidente usando o equipamento causou forte comoção entre seus apoiadores, que consideram as ações do STF excessivas e desproporcionais. Bolsonaro é investigado por suposta tentativa de golpe de Estado e por tramar, junto ao chamado “núcleo 1”, uma reação ao resultado das eleições de 2022. Ele também é acusado de tentar obstruir a Justiça e atentar contra a soberania nacional. Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), as medidas foram solicitadas para evitar interferências no processo e prevenir novas articulações. Contudo, especialistas em direito constitucional têm questionado a extensão das restrições, especialmente a censura prévia e o bloqueio de redes sociais. Fonte: Band
Orbán defende Bolsonaro e diz que “mordaça digital” é “ferramenta de medo, não de justiça”

O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, usou suas redes sociais nesta segunda-feira (21) para prestar apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro, criticando duramente as medidas judiciais impostas pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes. Em um tuíte em inglês, Orbán escreveu: “Continue lutando, @jairbolsonaro! Ordens de silêncio, proibições de redes sociais e julgamentos com motivação política são ferramentas de medo, não de justiça. Você pode colocar uma tornozeleira eletrônica em um homem, mas não na vontade de uma nação! ⚖️✊” A publicação faz referência à mais recente decisão de Moraes, que proibiu Bolsonaro de dar entrevistas ou comentar investigações da operação Tempus Veritatis, com a ameaça de prisão preventiva até mesmo se o conteúdo for transmitido por terceiros. Apoio no exterior Viktor Orbán, líder de direita nacionalista e um dos mais antigos chefes de governo da Europa, tem se colocado como aliado internacional de políticos conservadores e críticos da atuação de cortes constitucionais. Ele é também defensor da tese de que a democracia liberal ocidental vem sendo usada como instrumento de repressão política seletiva. Seu apoio público a Bolsonaro ocorre num momento em que o ex-presidente brasileiro enfrenta uma série de restrições judiciais que, segundo seus aliados, configuram censura prévia e perseguição política. “Tornozeleira não cala uma nação” A frase final do tuíte — “Você pode colocar uma tornozeleira eletrônica em um homem, mas não na vontade de uma nação” — foi interpretada por analistas como uma crítica simbólica às tentativas de limitar a influência política de Bolsonaro, mesmo fora do poder. A metáfora sugere que restringir o líder não basta para conter seu apoio popular.
“Mordaça digital” de Moraes: entenda como a decisão contra Bolsonaro pode atingir até quem não é investigado

Nesta segunda-feira (21), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), impôs novas e severas restrições à liberdade de expressão do ex-presidente Jair Bolsonaro. A decisão, que integra o inquérito da operação Tempus Veritatis, proíbe Bolsonaro de realizar qualquer manifestação pública sobre o caso, inclusive por meio de entrevistas ou postagens em redes sociais — suas ou de terceiros. O descumprimento pode levar à prisão preventiva. Proibição vai além do próprio Bolsonaro De acordo com o despacho, não apenas Bolsonaro está impedido de se manifestar, mas também qualquer outra pessoa que, de alguma forma, viabilize a sua fala em canais digitais. A decisão abrange: Isso significa que o ex-presidente pode ser punido até se sua imagem ou voz for transmitida por outra pessoa — configurando uma forma de censura que, segundo especialistas, pode atingir até quem não está sendo investigado. Censura prévia, seletiva e retroativa? Juristas e parlamentares têm classificado a medida como “censura prévia“, o que vai contra a Constituição Federal de 1988. O ministro não apenas impede Bolsonaro de se manifestar sobre um tema específico, mas estende a restrição a terceiros, veículos de imprensa e plataformas de redes sociais. A decisão não determina o bloqueio das redes de Bolsonaro, mas impõe que ele não as utilize nem permita que outros o façam em seu nome. Isso, segundo o advogado e especialista em liberdade de expressão André Marsiglia, cria uma zona de incerteza jurídica: qualquer conteúdo que mencione o ex-presidente pode ser interpretado como infração à ordem judicial. Além disso, o despacho não esclarece se entrevistas antigas ou trechos arquivados também seriam proibidos, levantando questionamentos sobre possível censura retroativa. O STF, inclusive, já havia considerado inconstitucional impedir entrevistas do então preso Lula, em 2018, o que mostra incoerência no critério adotado agora. Liberdade de imprensa em xeque O texto da decisão determina que nenhuma fala de Bolsonaro — mesmo autorizada, gravada ou mediada por jornalista — pode ser publicada ou veiculada nas redes, incluindo por veículos de imprensa. Isso gera preocupação quanto à liberdade jornalística, que também se vê limitada ao abordar figuras públicas envolvidas em investigações. Advogados da defesa classificaram o despacho como “flagrantemente inconstitucional” e afirmam que ele “viola o devido processo legal e os princípios básicos da liberdade de expressão garantidos pela Constituição“. Precedente perigoso A medida gerou reações imediatas de opositores e juristas, que enxergam na decisão um precedente perigoso para o Estado de Direito. Parlamentares ligados à oposição falam em “mordaça digital” com motivações políticas, visando isolar Bolsonaro de sua base eleitoral e limitar sua atuação em ano pré-eleitoral. A decisão de Moraes foi motivada por entrevistas recentes de Bolsonaro, nas quais o ex-presidente comentou o andamento das investigações sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado. O ministro alegou que essas declarações poderiam “intimidar testemunhas” e interferir nas apurações — embora não tenha apresentado provas concretas de que isso de fato ocorreu. A defesa do ex-presidente deve recorrer ao plenário do STF e também avalia levar o caso a organismos internacionais de direitos humanos, alegando cerceamento de liberdades fundamentais. Enquanto isso, o clima entre Judiciário, Executivo e setores da oposição segue cada vez mais tensionado, com o STF no centro de decisões com alto impacto político
Após emagrecer 33 kg na prisão, lobista da “máfia das sentenças” ganha prisão domiciliar

O ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal, determinou que o lobista Andreson de Oliveira Gonçalves cumpra prisão domiciliar em Primavera do Leste (MT), com uso de tornozeleira eletrônica. Preso preventivamente desde novembro de 2024 — inicialmente em Mato Grosso e depois no presídio da Papuda, em Brasília —, Gonçalves é apontado como personagem central no esquema de venda de sentenças no STJ e tribunais regionais. A decisão acolheu pedido da defesa, que alegou agravamento do estado de saúde do lobista. Relatórios oficiais indicam que Andreson passou por cirurgia bariátrica em 2020, submetendo-se à retirada de parte do intestino delgado, o que prejudica a absorção de nutrientes. Quando foi preso, ele pesava cerca de 93 kg, mas perdeu mais de 30% desse peso — cerca de 30 kg — enquanto esteve sob custódia. Em correspondência ao STF, ele relatou quadros de depressão e pensamentos suicidas, pedindo a inclusão do benefício por razões humanitárias. Conforme investigação, Gonçalves teria atuado ao lado do advogado Roberto Zampieri — assassinado em Cuiabá em 2023 — para promover a compra de decisões no STJ, bem como em tribunais dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A PF encontrou mensagens no celular de Zampieri que comprovam a existência da quadrilha, envolvendo operações tanto em Brasília quanto regionalmente. Os investigados tentavam persuadir funcionários dos gabinetes dos ministros do STJ a escrever rascunhos favoráveis, em troca de propinas, estendendo a prática a desembargadores estaduais. Até agora, não há indícios de envolvimento direto de ministros do STJ no esquema. Entretanto, a Polícia Civil constatou que Andreson era o elo entre órgãos judiciais e os operadores do suposto esquema — designado em operações como Sisamnes e Ultima Ratio — que levou ao afastamento de magistrados dos tribunais de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Sérgio Cabral quer anular sentenças da Lava Jato com Toffoli — a quem acusou em delação

Segundo O Bastidor, o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral protocolou no Supremo Tribunal Federal um pedido para que suas condenações na Operação Lava Jato sejam anuladas. A solicitação foi encaminhada diretamente ao ministro Dias Toffoli, que recentemente concedeu um benefício semelhante ao doleiro Alberto Youssef, um dos primeiros delatores da força-tarefa de Curitiba. A defesa de Cabral afirma que o ex-governador foi alvo de um processo conduzido por um juiz parcial — o ex-ministro da Justiça e atual senador Sergio Moro (União Brasil-PR). Os advogados sustentam que Cabral não teve garantidos o contraditório e a ampla defesa, e por isso, pedem que Toffoli estenda ao seu cliente a decisão que anulou os processos contra Youssef. Cabral foi condenado a mais de 425 anos de prisão por corrupção, peculato, lavagem de dinheiro e outros crimes ligados ao desvio de recursos públicos durante seu mandato no governo fluminense. Embora esteja em liberdade por força de decisões judiciais recentes, ele ainda busca a reversão formal de suas sentenças. O pedido de Cabral, porém, ganha contornos delicados. O ministro relator do caso, Dias Toffoli, foi citado pelo próprio Cabral em uma delação premiada. Segundo o ex-governador, Toffoli teria recebido ao menos R$ 4 milhões em propina para favorecer prefeitos do Rio de Janeiro com decisões judiciais. O ministro nega as acusações. A situação levanta questionamentos sobre um possível conflito de interesses, já que o próprio magistrado acusado pelo réu será responsável por decidir se o mesmo terá suas condenações anuladas. A petição reacende as críticas à condução dos processos da Lava Jato, agora sob forte revisão pelo Supremo Tribunal Federal. Com múltiplas decisões que enfraqueceram as sentenças da operação, cresce a percepção de que réus com poder político ou econômico estão encontrando caminhos jurídicos para escapar das penas já estabelecidas.
Lula no Chile: sua única preocupação é confraternizar com seus amigos ideológicos

Lula está no Chile tirando foto com Boric, em um tipo de campanha eleitoral antecipada. Diante da maior crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos das últimas décadas, causada pelo tarifaço de Donald Trump que impôs uma sobretaxa de 50% sobre as importações brasileiras a partir de 1º de agosto, esperava-se do presidente Lula uma atuação firme, institucional e estratégica. Mas o que se viu foi exatamente o oposto. Lula preferiu o palco da militância internacional a qualquer esforço real para conter os danos que essa medida pode causar à indústria, ao agronegócio, ao comércio e aos trabalhadores brasileiros. Enquanto a bomba estoura na economia nacional, Lula segue ausente, tratando a diplomacia como se fosse um campo de batalha ideológica. Desde o início da crise, o presidente não fez um único gesto concreto de aproximação com os Estados Unidos. Limitou-se a discursos genéricos e ideológicos, como o da “jabuticaba”. Em plena campanha informal para 2026, Lula age como se o impacto real nas exportações brasileiras fosse um detalhe menor diante de sua permanente agenda internacional. Sem acesso ao governo Trump, o seu papel foi delegado ao vice-presidente Geraldo Alckmin ocupando um espaço que, por natureza, também é presidencial. Mas sua atuação revela despreparo e falta de autonomia. Ao invés de apresentar uma política externa consistente, Alckmin vem apelando para apresentações em PowerPoint e pedidos informais a empresários. Em reunião com parlamentares como Davi Alcolumbre e Hugo Motta, Alckmin defendeu não pedir o adiamento das tarifas de imediato para “não demonstrar fraqueza” — um raciocínio que beira o amadorismo diplomático. Segundo relato do senador Jorge Seif, um empresário brasileiro, grande exportador, saiu indignado de uma reunião com Alckmin e Gleisi Hoffmann. Diante da gravidade da situação, a solução oferecida foi que os próprios empresários “ligassem para seus contatos nos EUA” e tentassem “aliviar a pressão” junto ao governo Trump. Como se fosse papel do setor produtivo intermediar uma crise diplomática de Estado. Empresário virou chanceler. Exportador virou embaixador. Isso não é articulação diplomática. Isso é abandono do papel de governo. Alckmin ainda tenta mostrar que está munido de dados e pronto para negociar — “assim que os americanos aceitarem dialogar“. A verdade é que, até agora, o Brasil não tem canal oficial ativo com o governo norte-americano. A embaixadora brasileira foi ignorada, a carta enviada por Alckmin ao Departamento de Comércio ainda não recebeu resposta, e o ambiente político nos EUA já trata o Brasil como caso perdido, diante da retórica agressiva e desinteressada de Lula. Mesmo armado com números que mostram a interdependência econômica — como o fato de o Brasil ser o terceiro maior comprador do carvão siderúrgico americano, essencial para a fabricação de aço exportado para os próprios EUA —, Alckmin aposta numa pressão de CEOs americanos contra Trump. Mas isso revela o esgotamento do canal diplomático brasileiro e a transferência da responsabilidade para o setor privado. Enquanto isso, Lula continua engajado em encontros com Pedro Sánchez, Gabriel Boric e Gustavo Petro, discutindo temas distantes da realidade comercial brasileira. Com isso, demonstra que sua única preocupação é manter sua base ideológica aquecida, mesmo que o custo disso seja a perda de empregos, contratos internacionais e a credibilidade do país. É uma crise real, com efeitos reais, sendo tratada como uma querela de bastidores. E Lula, em vez de liderar, terceiriza a crise, terceiriza o prejuízo e terceiriza a responsabilidade. Está mais preocupado em subir em palanques do que em defender a soberania econômica do país.
Eduardo Bolsonaro vira interlocutor exclusivo com governo Trump – Itamaraty é ignorado

Em meio ao agravamento das tensões diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) assumiu, na prática, o papel de principal interlocutor entre os dois países, em especial com o círculo próximo de Donald Trump. Ao lado do comentarista Paulo Figueiredo, Eduardo tem conduzido articulações paralelas que desautorizaram a diplomacia oficial brasileira e deixaram o Itamaraty à margem das decisões mais sensíveis da nova administração americana. Segundo a CNN, a embaixadora do Brasil em Washington, Maria Luísa Escorel, retornou às pressas de um período de férias para tentar restabelecer pontes com a Casa Branca. Procurou reuniões com membros do alto escalão do governo Trump, mas recebeu como resposta uma frase curta e simbólica do novo momento político: “É tarde demais“. O episódio marcou, segundo diplomatas ouvidos sob reserva, o esvaziamento da representação institucional do Brasil nos Estados Unidos, agora ofuscada pela atuação direta do filho do ex-presidente Jair Bolsonaro. Reportagem do Washington Post revelou que Eduardo Bolsonaro circulou durante semanas na Casa Branca, mantendo reuniões recorrentes com auxiliares do presidente americano. O objetivo declarado era pressionar o governo dos EUA a impor sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, usando como base a Lei Magnitsky, que permite punir autoridades estrangeiras acusadas de violar direitos humanos. Quatro fontes familiarizadas com as conversas confirmaram sua participação nas negociações, e duas delas afirmaram ter visto uma minuta de sanções já redigida no mês anterior, indicando que a ofensiva diplomática paralela avançou mais do que o Itamaraty imaginava. Eduardo não esteve sozinho nessas tratativas. Ao seu lado, Paulo Figueiredo — influenciador de direita e investigado por envolvimento no suposto plano de golpe de 2022 — atuou como conselheiro e interlocutor constante nas reuniões com autoridades americanas. Juntos, eles entregaram dossiês, fizeram lobby com congressistas republicanos e insistiram em medidas contra Moraes, retratado aos aliados de Trump como símbolo de autoritarismo judicial no Brasil. Segundo fontes próximas ao governo americano, a dupla esteve com funcionários da Casa Branca “mais vezes do que consigo contar”. A atuação dos dois causou perplexidade e frustração entre diplomatas brasileiros. Integrantes do Itamaraty afirmam que o governo Lula não foi consultado previamente sobre a revogação dos vistos de ministros do STF, tampouco recebeu qualquer notificação formal sobre eventuais sanções em estudo. A sensação entre os quadros da diplomacia é de que a estrutura institucional brasileira foi desconsiderada, substituída por uma rede informal de influência alinhada aos interesses políticos e ideológicos da família Bolsonaro. No Palácio do Planalto, o clima é de alerta. Embora o governo ainda não tenha se manifestado oficialmente sobre os últimos episódios, assessores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva já classificam o momento como uma ruptura inédita nas relações bilaterais com os Estados Unidos. Entre as medidas em discussão estão o retorno da embaixadora ao Brasil e uma reavaliação da política externa diante do novo cenário imposto pela interlocução direta entre Eduardo Bolsonaro e o governo Trump. Fonte: The Washington Post, CNN Brasil
Tarifaço e sanções: por que agora o Brasil pode ser punido — e não foi antes?

A relação entre o Brasil e os Estados Unidos entrou em novo estágio de tensão após o tarifaço anunciado pelo governo Trump no último dia 9 de julho. O pacote incluiu sobretaxas de até 50% sobre produtos brasileiros, como carne bovina, aço e alumínio, e coincidiu com a suspensão de vistos diplomáticos de autoridades brasileiras — medida que teria sido articulada por grupos próximos a Eduardo Bolsonaro e ao comentarista Paulo Figueiredo, segundo fontes do Congresso norte-americano. O episódio reacendeu um debate que já parecia esquecido: por que, durante o governo Bolsonaro, diversos setores da oposição na época, ONGs e até artistas denunciaram o Brasil por violações ambientais e direitos humanos — mas nenhuma sanção internacional relevante foi aplicada? E por que agora, sob o governo Lula, elas finalmente começaram a sair do papel? Uma história de pressões ignoradas Entre 2019 e 2022, a gestão Bolsonaro enfrentou intensos protestos internacionais, especialmente por causa do aumento do desmatamento na Amazônia, ataques a povos indígenas e o enfraquecimento de órgãos ambientais. Personalidades como Leonardo DiCaprio, Greta Thunberg, Petra Costa, além dos brasileiros Felipe Neto, Anitta e Sônia Guajajara — que hoje ocupa o Ministério dos Povos Indígenas —, usaram suas plataformas para exigir que o Brasil fosse punido no cenário internacional. Paralelamente, partidos de oposição e entidades como Observatório do Clima, ISA e Apib protocolaram vários pedidos de sanções e denúncias formais junto a organismos como a ONU, a Comissão Europeia e até o Tribunal Penal Internacional. Entretanto, os pedidos não prosperaram — em parte por razões diplomáticas, em parte por conveniência geopolítica. Durante o governo Trump, o Brasil era considerado aliado prioritário. Já na transição para Biden, em 2021, havia temor de aprofundar a instabilidade regional em meio à pandemia e à guerra na Ucrânia. “O mundo preferiu aguardar. Não queriam confrontar um governo que já era visto como imprevisível, e havia a crença de que ele poderia cair por desgaste interno“, afirma um diplomata brasileiro que atuou na ONU. O caso do Fundo Amazônia Nada simbolizou melhor esse impasse do que a paralisia do Fundo Amazônia, criado em 2008 e congelado em 2019 após o então ministro Ricardo Salles extinguir os comitês de governança. A Noruega e a Alemanha suspenderam R$ 542 milhões em doações. Apenas com a decisão do STF em novembro de 2022, o fundo foi reativado — e os recursos voltaram a circular apenas em 2023, já na gestão Lula. Por que agora? A atual guinada dos EUA contra o Brasil tem pouco a ver com questões ambientais e muito mais com reorientações estratégicas na geopolítica global. Desde que o Brasil passou a criticar o sistema financeiro internacional baseado no dólar e a apoiar alternativas no âmbito dos BRICS, como uma nova moeda comum, Washington intensificou sua vigilância. Fontes da diplomacia americana ouvidas pela revista Foreign Policy admitem que o governo Lula “cruzou uma linha vermelha” ao se aproximar economicamente de Rússia, Irã e China em operações que buscam escapar do sistema SWIFT e dos mecanismos de rastreamento financeiro dos EUA. Além disso, a sinalização de que o Brasil abriu portos para embarcações militares iranianas, somada à oposição aberta à nova ofensiva israelense em Gaza, criou um ambiente propício para que antigos pedidos de sanção fossem revisados com outros olhos. O que pode acontecer agora? A escalada atual pode ir além das tarifas. Especialistas alertam para possíveis restrições ao acesso do Brasil ao GPS, interrupção parcial no sistema SWIFT (que afeta transferências bancárias internacionais), e bloqueios a compras de insumos agrícolas e tecnologia sensível. Essas medidas atingiriam setores estratégicos: O Brasil, que escapou de sanções durante o governo Bolsonaro mesmo sob inúmeras denúncias, agora começa a sentir o peso da retaliação internacional. Curiosamente, as razões alegadas pelos EUA hoje são as mesmas que ignoraram por anos. A diferença é o contexto: a guerra de moedas e o redesenho da ordem global colocaram o Brasil no centro de um jogo geopolítico em que o ambientalismo é apenas a desculpa conveniente. Fonte: USTR, Cepea, cnabrasil.org.br, e www.portaldaindustria.com.br
Trump e Bukele fecham cerco a Maduro: resgate de americanos inclui Navy SEAL detido como “espião”

Em uma manobra diplomática incomum, o governo da Venezuela liberou nesta sexta-feira (18) 10 cidadãos dos EUA, incluindo residentes permanentes, em um acordo triangular envolvendo os Estados Unidos e El Salvador. Em troca, cerca de 250 venezuelanos deportados dos EUA para a prisão de segurança máxima de CECOT, em El Salvador, foram enviados de volta à Venezuela. No início de 2025, a administração Trump utilizou a Antiquíssima Alien Enemies Act (de 1798) para deportar 238 venezuelanos, acusados de pertencer à facção criminosa Tren de Aragua — mesmo sem provas, sendo enviados à prisão CECOT, conhecida por más condições. O detalhe financeiro foi revelador: os EUA pagaram cerca de US$ 6 milhões a El Salvador para manter os deportados na prisão. Organizações de direitos humanos criticaram duramente a operação, apontando violações de direitos básicos, ausência de julgamento justo e condições degradantes na prisão operada por Bukele. Trata-se de uma vitória diplomática para Trump, capaz de trazer cidadãos americanos de volta em meio a tensões internacionais. Para Maduro, foi um reforço político interno, mostrando habilidade de barganha, ao integrar a libertação de presos políticos. O acordo realça a prática cada vez mais comum de usar prisões em terceiros países como barganha — um instrumento difícil de defender mesmo do ponto de vista jurídico. Fonte: Axios, The Times e AP News