Afinal, pobre quer mais imposto?

As eleições de 2022 foram marcadas por uma polarização acirrada. O “nós contra eles” tomou grandes proporções e a disputa, em vários casos, saiu do campo político diretamente para as varas cíveis e criminais de diversos estados. Uma das pautas que levavam indivíduos a desavenças e, em casos extremos, litígios na justiça, era a questão da disposição do governo petista de gastar dinheiro com a cortina de fumaça do investimento. De um lado, apoiadores de Lula que ansiavam pela volta do amor e do cuidado com os pobres; do outro lado, apoiadores de Bolsonaro, confiantes nas políticas mais voltadas às liberdades individuais e ao liberalismo econômico. Lula retoma a presidência e o amor começa a custar caro logo na largada! Uma PEC da transição, flexibilizando o teto de gastos e a recriação de ministérios, saltando de 23 para 40, começou a pesar nas contas e o Brasil precisou entrar no cheque especial, o que gerou a necessidade de maior arrecadação, sendo necessário criar ou aumentar impostos, uma vez que o governo não sinaliza nenhuma possibilidade de corte de despesas. Aumento do IOF Uma das medidas que o governo viabilizou como forma de solucionar o problema das contas públicas para que chegue ao final do ano dentro da meta foi o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). A medida não impacta apenas ricos, como o governo estimula a grande massa a pensar. Os discursos de integrantes do governo, como por exemplo Fernando Haddad, ministro da Fazenda, retomam aquela polarização lá de 2022, ressuscitando o “nós contra eles” como se apenas os mais ricos fossem os culpados pelos déficits governamentais e pela escassez do pobre. A questão é tão óbvia que o discurso simplesmente perdeu força e a população, mais uma vez, foi implacável nas redes sociais, gerando uma onda de desaprovação, fazendo com que o governo recuasse, mas o recuo não foi total, foi parcial e o brasileiro foi alertado sobre isso pelas pessoas mais atentas, o que gerou uma escalada do assunto a níveis mais altos. Leia mais: Lula perdeu Brasília: crises escancaram a ingovernabilidade Encabeçado pelo presidente da Câmara, Hugo Motta, que colocou em pauta o Projeto de Decreto Legislativo (PDL) para suspensão do aumento do IOF, aprovado no último dia 25 de junho, o bloqueio assustou a base governista, que contava com a receita para ter um fôlego nas contas públicas. O congresso, que representa o povo e tem legitimidade para decidir sobre temas que impactem a vida do cidadão, bloqueou o aumento do imposto, mas a questão não está decidida ainda. O PSOL, partido comprometido com os mais pobres e com as minorias, entrou com um pedido no STF para derrubar o bloqueio do aumento. Ficou confuso? Vamos de novo… o PSOL, que em seu estatuto, no capítulo II, artigo 6º, diz que é solidário à luta dos trabalhadores, visando uma sociedade mais justa, fraterna e igualitária, entrou com um pedido no STF para não permitir que o congresso atrapalhe os planos do governo de aumento do Imposto sobre Operações financeiras. Então temos duas situações: ou a vontade do povo é pagar cada vez mais impostos e o partido está representando-o junto ao Supremo para fazer frente ao congresso malvado que evitou aumento tão esperado pelos trabalhadores, ou os representantes do PSOL deixaram de lado a finalidade prevista em estatuto para atender a outros fins. Leia mais: IOF: a esperança de Lula está no STF, que pode reverter vitória do contribuinte O STF recepcionou o pedido e já está dando prosseguimento internamente. O ministro Gilmar Mendes foi o sorteado para ser relator da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) apresentada pelo PSOL, mas acabou encaminhando o caso ao presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, sugerindo que o caso ficasse sob os cuidados do ministro Alexandre de Moraes. A justificativa de Gilmar Mendes foi que Moraes já estava frente de um caso cujo tema possui “coincidência parcial“, fazendo com que o presidente do supremo redistribuísse o caso, atendendo às justificativas de Mendes. Tem-se então, ao menos, duas situações em que a matéria a ser relatada no supremo versa sobre impostos. Murray Rothbard, autor libertário, via o imposto como um roubo, uma vez que a população é coagida a entregar parte de seus rendimentos. Se o mesmo pudesse ser notificado de que casos de impostos estão sendo tratados no STF, talvez ele ficasse radiante acreditando que suas obras geraram consciência e resultados. Uma grande ironia do destino, não é mesmo?! Fraternidade com o governo O desdobramento deste caso parece ter um caráter fraterno, mas não em relação aos trabalhadores e sim ao governo. O partido se submeteu a solicitar que seja realizado um aumento de impostos aos trabalhadores. Se o pedido não for atendido pelo Supremo, o partido ficará queimado na história, torcendo para que o povo esqueça. Caso a exigência judicializada dê certo, o verdadeiro amigo se dá bem, ganha fôlego para equilibrar as contas públicas e pode posar de bom moço por ter seguido as regras do orçamento. Adicionar carga tributária ao trabalhador brasileiro para encher os cofres públicos só vai gerar mais peso para empregados e empregadores. O pobre, conhecido também por “nós“, sofrerá ainda mais com o aumento do tributo que vai impactar diretamente em seu cotidiano, seja nas operações de crédito que fizer, seja nos produtos que absorverão este possível aumento da carga tributária, sendo repassado diretamente ao consumidor. Caso ocorra, quem será responsabilizado pelo aumento do tributo? Pobre realmente quer mais imposto? Eu sou Felipe Santos, Oficial R/2 do Exército Brasileiro, formado pela Fundação Getúlio Vargas, Universidade da Califórnia e Universidade de São Paulo, atuo no mercado financeiro desde 2008. Experiente em diversas áreas no mercado, professor de Finanças Pessoais e Investimentos da Escola de Geopolítica e Atualidades Danuzio Neto e criador da Mentoria de Investimento Ágil, ajudo pessoas a investir em apenas 30 dias com segurança e praticidade. Somente um patrimônio acumulado é capaz de proporcionar a você um futuro com conforto, segurança e liberdade. O tempo passa, comece! Siga-me

Eles querem o seu dinheiro — e não é o governo desta vez

Apesar da recente discussão acalorada acerca do aumento ou criação de impostos, não é da voracidade do governo que falaremos, pelo menos, não por hoje. O assunto de hoje é declaradamente e expressamente tipificado na legislação penal, o que não se aplica – ainda, de acordo com anseios libertários – à disposição do governo de arrecadar. O roubo de dinheiro das contas e de cartões de crédito dos brasileiros revela cifras impressionantes e você pode estar vulnerável. Uma matéria do jornal Valor Econômico revelou que, apenas nos últimos dois anos, os golpes utilizando-se de cartões de crédito e Pix somaram R$ 10 bilhões. Um destaque para o aumento de 43% nos golpes aplicados apenas com Pix, revela que há uma expansão da atividade criminosa, o que gera preocupação não somente às autoridades, mas também ao público bancarizado em geral. Um levantamento feito pela Agência Brasil noticiou que, em 2024, 51% dos brasileiros foram lesados com algum tipo de fraude. A principal foi o golpe com cartões de crédito (47,9%), seguido de boletos falsos ou transações fraudulentas via Pix (32,8%) e phishing, e-mails ou mensagens fraudulentas que induzem ao roubo de dados (21,6%). O fato de termos evoluído em tecnologias que facilitam a vida do cidadão parece ter facilitado também a vida dos criminosos, que se apoderaram das ferramentas tecnológicas para melhorar o poder de convencimento de suas vítimas, aumentar as chances de sucesso no golpe e maximizar o produto do crime. A matéria traz uma declaração de Rodrigo Colossi, superintendente de prevenção a crimes financeiros do Banco BV, onde ele alerta sobre a engenharia social que envolve os crimes, tendo técnicas avançadas de tratamento dos dados, como por exemplo clonagem de vozes, criação de vídeos e outros recursos bastante convincentes. Dinheiro fácil A prática de crimes desta natureza possui uma característica em comum que deve ser levada em consideração e acender a “luz amarela“: dinheiro fácil. Com oito a cada dez famílias endividadas no Brasil, a promessa de ganhos rápidos e com pouco ou nenhum esforço torna-se a isca perfeita para os criminosos. A promessa de resolver um problema que pode durar a vida inteira, simplesmente clicando em um link ou se endividando para investir em uma suposta oportunidade altamente lucrativa e desconhecida, pode fazer com que o valor movimentado por golpes, já alto nos últimos dois anos, cresça ainda mais neste ano e nos próximos. Como evitar que mais golpes sejam aplicados? Colossi afirma que a conscientização seria o essencial para evitar novas fraudes. Segundo o executivo do Banco BV, cerca de R$ 47 milhões já foram investidos em segurança pelas instituições financeiras, mas ainda assim a informação e educação financeira de baixo nível na sociedade permite que indivíduos cometam crimes desta natureza contra cidadãos. Lembre-se de que estamos disputando uma quantidade de riqueza disponível. Dinheiro troca de mãos e a todo momento vão tentar tirá-lo de você, seja por meios lícitos, oferecendo um produto ou serviço, seja por meios ilícitos, através de links, promoções imperdíveis e urgentes ou boletos que você não verifica se são realmente aqueles que precisa pagar. Eu sou Felipe Santos, Oficial R/2 do Exército Brasileiro, formado pela Fundação Getúlio Vargas, Universidade da Califórnia e Universidade de São Paulo, atuo no mercado financeiro desde 2008. Experiente em diversas áreas no mercado, professor de Finanças Pessoais e Investimentos da Escola de Geopolítica e Atualidades Danúzio Neto e criador da Mentoria de Investimento Ágil, ajudo pessoas a investir em apenas 30 dias com segurança e praticidade. Siga-me no Instagram no @fe_ivestimento_agil ou se preferir, mande um email para felipesantos@feinvestimento.com.br. Somente um patrimônio acumulado é capaz de proporcionar a você, um futuro com conforto, segurança e liberdade. O tempo passa, comece!

Alta da SELIC indica problemas no governo?

Os dias 17 e 18 de junho foram marcados pela reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM), onde seria avaliada a movimentação da taxa básica de juros da economia (SELIC). O Banco Central e seus representantes teriam três opções: queda, manutenção ou alta da taxa SELIC, cada uma dessas opções gerando um efeito na economia do país. Dentre as opções apresentadas, a que melhor representaria um equilíbrio das contas públicas e avanço da economia brasileira seria a queda da taxa básica. Isto funcionaria na atualidade como uma chancela de que a narrativa do governo acerca de responsabilidade fiscal e saúde das contas públicas são realmente promissoras e não apenas narrativas jogadas ao vento. A decisão unânime dos nove integrantes do COPOM foi de aumento da taxa SELIC em 0,25%, elevando a taxa para 15% ao ano. Esta alta representa uma preocupação do Comitê em relação à sustentabilidade das contas do governo. A expansão do crédito e o aumento desenfreado dos gastos do governo foram, provavelmente, os fatores de preocupação que ensejaram a decisão dos membros do COPOM, uma vez que essa conduta eleva a inflação e a função precípua do Banco Central é o controle deste efeito danoso à economia. O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Lula, tem apresentado um comportamento divergente do esperado pela base governista. As críticas dos integrantes do governo ao antigo presidente da autarquia expressavam todo o desprezo ao conhecimento técnico aplicado às decisões, sendo a ata do COPOM, documento que detalha o racional da medida adotada, ridicularizada e desacreditada pela cúpula do Partido dos Trabalhadores. A situação chegou a níveis tão absurdos que, no meio dos analistas de mercado e investimentos, era esperada a Ata da Gleise, uma alusão às críticas recorrentes da Presidente do PT às decisões do Banco Central. A conduta do COPOM indica um desajuste e necessidade de correção de rumos na política econômica do governo. Se nada for feito, corre-se o risco de um resfriamento da atividade econômica mais severa, ou seja, a temida recessão bate à porta e dá sinais claros de que pode levar o Brasil para níveis de desemprego e estagnação da atividade produtiva parecidos com o que se viu na pandemia do COVID-19. Logicamente, isto não depende apenas da decisão dos integrantes do governo, mas sim da aprovação do congresso, que já sinalizou algumas medidas que representam revés à equipe econômica do governo, como por exemplo, a rejeição ao aumento do IOF como medida arrecadatória. Se o cenário global continuar se deteriorando, escalando as guerras em andamento ou surgindo outras frentes de batalha, é possível que tenhamos boas oportunidades de suprir a necessidade de produtos aos países beligerantes e a outros que consumiam deles. Para que isso seja viável, o Brasil precisa se organizar e se preparar, elevando o nível de produtividade, não o de consumo. Atualmente, a expansão do crédito e o aumento dos gastos do governo têm funcionado como uma âncora ao crescimento, dificultando a evolução estrutural do país, que numa situação mais otimista, pode aproveitar a demanda global gerada pelos diversos conflitos em andamento.

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