Nesta terça-feira (08), a Câmara dos Deputados aprovou um aumento de 160 novos cargos para o Supremo Tribunal Federal. Uma vitória do STF, que agora terá mais gente para “desafogar” a justiça — ou talvez para identificar “discursos de ódio” com mais eficiência e vigiar parlamentares que se esquecem de que precisam “se comportar“. Vitória da casta, derrota do povo. Enquanto o cidadão comum aperta o cinto para pagar a conta do Estado inchado, Brasília segue em expansão — e em festa. Esse novo presentinho custará milhões aos cofres públicos, turbinando uma das estruturas mais caras do Judiciário no mundo. Para comparação internacional, parece piada.
A pergunta óbvia é: o Brasil tem ou não o dinheiro necessário para custear este novo cenário? A própria ministra do Planejamento vive alertando que o orçamento não se sustenta sem uma revisão urgente nas despesas obrigatórias. Mas isso não impediu o Congresso de aprovar mais cargos para o Judiciário — e ainda discutir o aumento de deputados na Câmara. Parece que o congresso está lutando contra o bolso do contribuinte, passando longe de ser uma representação da vontade do povo.
Faço parte de um grupo de WhatsApp com policiais do Rio de Janeiro. Nele, há um colega que faz questão de se identificar como defensor ferrenho da esquerda brasileira — com a mesma convicção cega com que alguns homossexuais defendem o Hamas. Confesso que é algo difícil de compreender, mas, no geral, damos pouca importância ao que ele diz. Trata-se de alguém que claramente nunca teve acesso ou contato real com ideias conservadoras, liberais ou libertárias. Ainda assim, por mais absurdas que sejam suas opiniões, deixamos claro com atitudes — e não com censura — que ele tem espaço garantido para falar o que quiser. Não será banido por pensar diferente. Ao contrário da esquerda que ele tanto admira.
Esse policial vive trazendo para o grupo notícias sobre gastos públicos na casa dos milhões ou bilhões. E sempre lança a mesma pergunta: “o país está quebrado?“. Como explicar para um cidadão comum que o simples fato de falar em bilhões já representa uma terrível decadência do valor da moeda, e ainda mais quando se fala de bilhões na máquina pública? A verdade é que o insucesso é certo, não pela indisponibilidade de se explicar, desenhar e tudo mais, mas pela complexidade de compreensão da atitude contraditória do próprio congresso.
Mas como a mesma entidade pode ser contra e a favor de aumento de gastos ao mesmo tempo?
A derrubada do aumento do IOF na Câmara deu um breve ar de normalidade ao Brasil, trazendo um raro alinhamento entre o que pensa o cidadão comum e a Casa que deveria representá-lo. No entanto, essa mesma Câmara que rejeitou o aumento de impostos aprovou o aumento do número de deputados, de 513 para 531, e, na noite de 8 de julho, autorizou a criação de 160 novos cargos no STF — podendo chegar a 200. Alguns parlamentares afirmam que a medida não altera o orçamento e que não implicará em novos gastos. Mas essa justificativa, embora teoricamente correta, é uma desculpa pronta. Na prática, sabemos que isso acabará gerando a necessidade de mais arrecadação com o tempo — ou seja, mais peso no bolso do contribuinte.
O país está quebrado?

Em audiência na Comissão Mista de Orçamento (CMO), no mesmo dia, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, admitiu que o orçamento de 2026 será “desafiador“. Ainda assim, na mesma reunião, anunciou que o salário mínimo passará dos atuais R$ 1.518 para R$ 1.630. Segundo ela, em termos reais, será o maior valor em 50 anos — mas cada real de aumento representa um impacto direto de R$ 420 milhões nas contas públicas.
Ou seja, o governo reconhece que o orçamento está por um fio, mas continua empilhando despesas obrigatórias como se o dinheiro brotasse em árvore. A matemática não fecha, mas o populismo, como sempre, fala mais alto.
Aí vem o amigo policial, compartilha a manchete destacando apenas o aumento do salário mínimo — como se fosse um ato isolado de bondade estatal — e ignora completamente o alerta da própria ministra sobre o desafio de manter as contas públicas de pé. E, claro, solta a pergunta de sempre: “o país tá quebrado?“
A resposta continua sendo direta: o Brasil não é pobre. Pelo contrário. É um país rico, com um povo trabalhador, a terra é altamente produtiva, clima que atrai turistas, uma economia com potencial de sobra e as reservas minerais são invejáveis aos olhos do mundo. O que falta não é recurso, é gestão — e uma gestão que não seja partidária, mas nacional.
Falta um governo que queira desenvolver o país, e não só proteger o próprio grupo político. Que gere riqueza para o Estado, não para amigos, familiares e apadrinhados. Que una o povo em torno de objetivos comuns, em vez de dividir o país entre “eles e nós“. O Brasil ainda não está quebrado, mas se continuar nesse ritmo, a destruição não será questão de “se“, e sim de “quando“.