Após emagrecer 33 kg na prisão, lobista da “máfia das sentenças” ganha prisão domiciliar

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O ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal, determinou que o lobista Andreson de Oliveira Gonçalves cumpra prisão domiciliar em Primavera do Leste (MT), com uso de tornozeleira eletrônica. Preso preventivamente desde novembro de 2024 — inicialmente em Mato Grosso e depois no presídio da Papuda, em Brasília —, Gonçalves é apontado como personagem central no esquema de venda de sentenças no STJ e tribunais regionais.

A decisão acolheu pedido da defesa, que alegou agravamento do estado de saúde do lobista. Relatórios oficiais indicam que Andreson passou por cirurgia bariátrica em 2020, submetendo-se à retirada de parte do intestino delgado, o que prejudica a absorção de nutrientes. Quando foi preso, ele pesava cerca de 93 kg, mas perdeu mais de 30% desse peso — cerca de 30 kg — enquanto esteve sob custódia. Em correspondência ao STF, ele relatou quadros de depressão e pensamentos suicidas, pedindo a inclusão do benefício por razões humanitárias.

Conforme investigação, Gonçalves teria atuado ao lado do advogado Roberto Zampieri — assassinado em Cuiabá em 2023 — para promover a compra de decisões no STJ, bem como em tribunais dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A PF encontrou mensagens no celular de Zampieri que comprovam a existência da quadrilha, envolvendo operações tanto em Brasília quanto regionalmente. Os investigados tentavam persuadir funcionários dos gabinetes dos ministros do STJ a escrever rascunhos favoráveis, em troca de propinas, estendendo a prática a desembargadores estaduais.

Até agora, não há indícios de envolvimento direto de ministros do STJ no esquema. Entretanto, a Polícia Civil constatou que Andreson era o elo entre órgãos judiciais e os operadores do suposto esquema — designado em operações como Sisamnes e Ultima Ratio — que levou ao afastamento de magistrados dos tribunais de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

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