Pela primeira vez em mais de um século — desde 1923 —, a cidade-luz reabriu oficialmente o rio Sena para natação pública, com três áreas de banho gratuitas e vigiadas: Bras Marie (perto da Île Saint‑Louis), Bras de Grenelle (próximo à Torre Eiffel) e Bercy (em frente à Biblioteca François-Mitterrand), neste sábado (5).
O projeto de reabertura do Sena para banhistas, integrado ao legado sustentável pós-Olimpíadas de Paris-2024, exigiu cerca de 1,4 bilhão de euros em investimentos em obras de saneamento, coleta de esgoto e infraestrutura fluvial. As áreas de natação, instaladas sobre plataformas flutuantes e delimitadas por boias, oferecem vestuários, chuveiros, solários e a presença de guarda-vidas, além de contar com monitoramento diário da qualidade da água.
Para garantir a segurança dos usuários, bandeiras sinalizam as condições: verde para banho liberado, amarelo para atenção, e vermelho ou preto para interdição, seguindo parâmetros da Agência Regional de Saúde que verifica níveis de Escherichia coli e enterococos conforme padrões europeus (900 e 330 UFC/100 ml, respectivamente).
Após testes realizados durante os Jogos Olímpicos, a água do Sena apresentou níveis dentro dos padrões sanitários europeus, embora ainda exista o risco de contaminação residual em períodos de chuvas intensas. A reabertura para natação é encarada como uma forma de adaptação às ondas de calor e também como um elemento estratégico para fortalecer a imagem de Paris, impulsionando o turismo e melhorando a qualidade de vida urbana.
Apesar do entusiasmo, há ceticismo: críticas apontam possíveis picos de poluição, presença de resíduos, e a suspensão imediata do banho em condições adversas — embora filas tenham se formado já neste primeiro sábado de abertura.
Esta mudança representa um marco simbólico e técnico. Para a administração da prefeita Anne Hidalgo, é uma vitória ecológica e de resiliência urbana, legitimada por monitoramento sanitário e gestão do tráfego fluvial . Já o movimento conservador enxerga na área um reforço à autonomia municipal frente à burocracia europeia e aos padrões globais — ao mesmo tempo que promove a regeneração urbana praticada em metrópoles como Berlim, Oslo e Amsterdã.
Fonte: welt.de, thetimes.co.uk e reuters.com