Aliado estratégico de Lula é alvo de investigação por corrupção na Argentina

Compartilhe:

O ex-presidente da Argentina, Alberto Fernández, foi formalmente denunciado pelo Ministério Público por negociações incompatíveis com o exercício da função pública, com base em contratos firmados durante seu mandato (2019–2023). A acusação, revelada pela revista Crusoé, aponta que Fernández teria atuado para beneficiar economicamente aliados próximos, em prejuízo do Estado, por meio de direcionamento de contratos públicos. A denúncia é sustentada por trocas de e-mails, documentos oficiais e depoimentos de ex-integrantes do governo.

Um dos principais elementos do processo envolve um decreto de dezembro de 2021, que obrigava todos os órgãos do Estado a contratar seguros exclusivamente com a Nación Seguros S.A., liderada por Alberto Pagliano, amigo pessoal de Fernández. Com isso, corretores como Héctor Martínez Sosa, marido de sua secretária privada, teriam lucrado de forma desproporcional — ele sozinho recebeu cerca de 2,25 bilhões de pesos, cerca de 60% de todas as comissões da seguradora naquele período.

O juiz federal Sebastián Casanello implicou mais 33 pessoas e determinou o bloqueio de bens do ex-presidente no valor de US$ 11 milhões. A decisão judicial considera o esquema como um “cartel” no setor público de seguros, e as investigações também abrangem suspeitas de lavagem de dinheiro, corrupção e movimentações financeiras via cooperativas e fideicomissos ligados ao entorno de Fernández.

Fernández, que poderá apresentar defesa antes de eventual julgamento, afirma ser vítima de perseguição política. Em nota oficial, declarou: “Esta ação judicial carece de fundamento e faz parte de uma ofensiva contra lideranças progressistas. Alberto Fernández sempre atuou com total transparência e respeito à legalidade“. Esta já é a segunda denúncia relevante contra o ex-presidente — em abril de 2025, ele foi acusado por violência de gênero contra sua ex-esposa, Fabiola Yañez, em processo confirmado por tribunal de segunda instância.

A proximidade política entre Fernández e o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, ambos entusiastas de projetos de integração como a UNASUL e o fortalecimento do Mercosul, torna o caso especialmente sensível. Embora o Palácio do Planalto não tenha se manifestado oficialmente, aliados do governo brasileiro buscam minimizar o impacto diplomático. Para analistas, o episódio expõe a fragilidade da chamada “nova onda progressista” latino-americana, num momento em que outras lideranças da região, como Cristina Kirchner, também enfrentam sérias acusações.

Essa denúncia coloca em xeque a credibilidade de quem defende a cooperação regional, ao mesmo tempo em que fortalece setores críticos aos governos de esquerda na América do Sul“, avalia a cientista política Mariana Cabral, da Universidade de Buenos Aires.

Fonte: oantagonista.com.br

Compartilhe:

Leia Também

plugins premium WordPress