Acabou o dinheiro? Senado dos EUA aprova corte bilionário no financiamento público à “TV Cultura” americana

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Após mais de 12 horas de negociações, o Senado dos Estados Unidos aprovou, na madrugada desta quinta-feira (17), um pacote de medidas proposto pelo presidente Donald Trump que prevê cortes significativos no financiamento público à mídia — com foco especial na PBS e na rede de rádios NPR. Se sancionado, o projeto poderá retirar até US$ 9 bilhões do orçamento, afetando desde transmissões de TV até programas de ajuda humanitária internacional.

Entre os cortes mais significativos, destaca-se a redução de US$ 1,1 bilhão para mídia, o que praticamente elimina os recursos alocados para tal fim nos próximos dois anos. A redução, se confirmada, representará um impacto severo nas contas da PBS, rede de televisão com foco em conteúdo educativo e cultural. O canal, uma espécie de TV Cultura local, opera em um modelo sem publicidade, tendo no repasse público uma de suas principais linhas de financiamento.

Foi apenas 0,1% da despesa pública federal, mas é um passo na direção correta“, comemorou John Thune, senador republicano da Dakota do Sul, lembrando que esta foi a primeira vez em 35 anos que um pacote do tipo foi aprovado. Em 2018, durante o primeiro mandato de Trump, uma proposta similar, envolvendo cortes de US$ 15 bilhões, foi rejeitada.

Opositores das medidas – não apenas no partido Democrata, mas inclusive no próprio partido Republicano – criticaram a “falta de transparência” na condução das deliberações. “Os republicanos estão colocando uma venda sobre os próprios olhos“, criticou um democrata, enquanto um senador republicano disse que aquele estilo de negociação “não pode se tornar um precedente“.

“Doutrinação” da PBS na mira de Trump

Os cortes no financiamento público à mídia, especialmente à PBS e à rede de rádios NPR, são propostas feitas por Trump ainda na corrida presidencial, pois considera seu conteúdo excessivamente progressista.

A ultrajante doutrinação das crianças americanas já foi longe demais, e o pacote do presidente Trump vai por um fim nesse absurdo financiado pelo contribuinte“, afirmou em nota a Casa Branca.

Em maio deste ano, o governo federal já havia cancelado outra subvenção direcionada à PBS, no valor de US$ 23 milhões. À época, o Departamento da Educação, responsável pela concessão do recurso, afirmou que o corte era fruto do foco da rede em “justiça racial“.

É muito importante que todos os republicanos apoiem a proposta e, especialmente, CORTEM O FINANCIAMENTO À PBS E À NPR, que são piores que CNN e MSNBC juntas“, disparou o presidente em sua rede social, avisando que “qualquer republicano que votar para ajudar essas monstruosidades a continuar operando não receberá meu apoio“.

Os recursos públicos respondem por cerca de 15% do orçamento da PBS, e a rede já afirmou que terá dificuldades para encontrar financiamento alternativo.

Não há como compensar. Vamos acabar fazendo muito menos do que conseguimos fazer hoje“, lamentou Sara DeWitt, gerente geral da PBS Kids, subsidiária focada em conteúdo para crianças em idade pré-escolar. A rede oferece ainda material em vídeo para professores, atividades interativas e planos para auxiliar em sala de aula.

Corrida por sanção e críticas da oposição

O pacote de cortes segue agora para a Câmara, onde já havia sido aprovado. No entanto, em virtude das mudanças no Senado, precisará passar por nova votação. As medidas têm até sexta-feira para chegar à mesa de Trump, senão o financiamento necessariamente seguirá.

Fontes: Kid Screen, Politico, The Hill

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