A região mais volátil do mundo para conflitos armados

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Um novo relatório do Global Peace Index 2025 revela que a África Subsaariana tornou-se a região mais volátil do mundo em termos de conflitos armados. Segundo o Instituto de Economia e Paz (IEP), mais da metade dos 44 países africanos avaliados teve piora nos indicadores de militarização. Isso se deve ao aumento dos orçamentos de defesa, envolvimento em conflitos transfronteiriços e à queda drástica nos investimentos em construção da paz.

Conflitos em países como República Democrática do Congo, Sudão do Sul, Etiópia e Burkina Faso estão entre os mais propensos a escalarem globalmente. Esses países compartilham diversos fatores de risco, como fragilidade estatal, instabilidade política, presença de milícias e influência estrangeira. As tensões no Sahel, por exemplo, têm sido reinterpretadas como jihadistas, o que atrai apoio externo e armamento, agravando os confrontos.

A militarização vem crescendo: 23 países aumentaram o gasto militar em proporção ao PIB. Burkina Faso e Mali romperam com a CEDEAO e reforçaram parcerias com a Rússia e a nova Aliança dos Estados do Sahel, gerando acusações de violações de direitos humanos e repressão à sociedade civil. Observa-se uma mudança de influência ocidental (EUA e França) para potências como Rússia e China, especialmente na área econômica.

Além disso, tropas africanas estão sendo cada vez mais enviadas ao exterior em nome das missões de paz, mas especialistas alertam que essa projeção militar pode ocultar interesses estratégicos. Exemplo disso é Ruanda, com presença militar em Moçambique, República Centro-Africana e Benim.

A RDC superou o Afeganistão como o quarto país menos pacífico do mundo, devido à atuação do grupo M23, à interferência externa (inclusive com denúncias contra Ruanda) e ao fracasso dos esforços regionais de paz. Já o Sudão vive um colapso humanitário após o conflito entre as Forças Armadas e as Forças de Apoio Rápido.

Apesar do aumento militar, os investimentos globais em construção da paz representam apenas 0,52% dos gastos com defesa, uma queda de 26% desde 2008. A crise da dívida africana compromete ainda mais a capacidade dos Estados em investir em programas sociais, juventude e reconciliação.

O relatório conclui que a paz global vem se deteriorando nos últimos 17 anos, sendo a África responsável por parcela crescente desse declínio. O IEP apela por um retorno ao conceito de “Paz Positiva”, baseada em governança eficaz, acesso à informação e fortalecimento do capital humano.

Fonte: The Africa Report

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