Fraude no Farmácia Popular: dinheiro público bancava drogas, doleiros e crimes internacionais

Uma investigação da Polícia Federal, em parceria com o Ministério da Saúde e a Receita Federal, revelou um esquema de fraudes no programa Farmácia Popular que pode ter desviado milhões de reais dos cofres públicos e financiado atividades ilícitas, incluindo o tráfico internacional de drogas. A operação, batizada de Dose Dupla, foi deflagrada nesta segunda-feira (21) em diversos estados do país e expôs o envolvimento de farmácias fantasmas e empresas de fachada utilizadas para emitir receitas médicas falsas e simular vendas de medicamentos subsidiados pelo governo federal. De acordo com a Polícia Federal, o grupo criminoso operava há pelo menos quatro anos, com ramificações no Brasil, Paraguai e Colômbia. A partir da emissão de receitas fraudulentas, essas farmácias inseriam no sistema compras fictícias de medicamentos de uso contínuo, como remédios para diabetes e hipertensão, obtendo reembolsos milionários do Farmácia Popular. Parte do dinheiro desviado era então convertido em moeda estrangeira e enviado para fora do país por meio de doleiros, segundo os investigadores. As autoridades identificaram mais de 70 estabelecimentos cadastrados no programa com indícios de irregularidades. Em muitos casos, os endereços informados não correspondiam a pontos comerciais reais, e os responsáveis legais eram “laranjas” sem vínculos com o setor farmacêutico. A Receita Federal estima que o prejuízo aos cofres públicos pode ultrapassar R$ 120 milhões. O mais alarmante, segundo os investigadores, foi a descoberta de conexões diretas entre operadores do esquema e facções do narcotráfico internacional. O dinheiro desviado estaria sendo usado para financiar rotas de envio de entorpecentes para a Europa e para abastecer operações logísticas de organizações criminosas na fronteira. O ministro da Saúde, em nota oficial, afirmou que o governo “não medirá esforços para garantir a integridade do Farmácia Popular” e que um processo de auditoria rigorosa está em andamento. A Controladoria-Geral da União (CGU) também anunciou que ampliará o monitoramento sobre estabelecimentos credenciados. Mandados de busca e apreensão foram cumpridos em São Paulo, Paraná, Amazonas, Mato Grosso do Sul e no Distrito Federal. Ao todo, mais de 300 agentes federais participaram da operação, que resultou na apreensão de documentos, computadores, dinheiro em espécie e medicamentos falsificados. Vários suspeitos já foram presos preventivamente. As investigações continuam, e novas fases da operação devem ocorrer nas próximas semanas. O Ministério Público Federal deve apresentar denúncias formais ainda nesta semana contra os principais envolvidos. Fonte: G1

“Eleição não é democracia”, diz Lula e agita cenário político

Durante evento internacional realizado neste domingo (21) em Santiago, no Chile, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o atual modelo de eleições periódicas “não garante, por si só, a democracia”. A declaração, feita durante um fórum sobre governança e participação popular, gerou reações imediatas no cenário político brasileiro e abriu espaço para interpretações sobre os planos do governo para o futuro do sistema político do país. “Não basta votar a cada quatro anos para dizer que há democracia. A democracia real exige participação constante do povo nas decisões“, disse Lula, ao lado de outros chefes de Estado latino-americanos. O discurso ressaltou a importância de mecanismos de controle social, conselhos populares e formas alternativas de representação, como instrumentos para “revitalizar a democracia“. No entanto, o tom da fala causou apreensão entre analistas políticos e opositores. Alguns interpretaram a declaração como um indicativo de que o governo pode buscar mudanças no modelo atual, o que reacendeu o debate sobre a possibilidade de extensão de mandatos ou alterações institucionais que favoreçam a permanência de Lula no poder, caso seja reeleito em 2026. A oposição reagiu com críticas duras. Parlamentares do PL, Novo e Republicanos acusaram Lula de preparar o terreno para concentrar mais poder e enfraquecer o modelo republicano. “Esse discurso é típico de líderes que desejam relativizar a alternância de poder“, afirmou o deputado Marcel van Hattem (Novo-RS). Assessores do Planalto, por outro lado, negaram qualquer intenção de reforma que afete a duração dos mandatos ou os ciclos eleitorais. Em nota, a Secretaria de Comunicação da Presidência afirmou que o presidente “reforçou a importância da participação popular na democracia” e que não há nenhum estudo em curso para alterar as regras eleitorais ou constitucionais. Analistas ouvidos por veículos como CNN Brasil e Folha de S.Paulo apontam que, embora não haja proposta concreta, o discurso pode ser explorado politicamente por aliados e adversários nas eleições municipais de 2024 e na corrida presidencial de 2026. O cientista político Cláudio Couto avalia que ” o presidente quis provocar uma discussão teórica, mas precisa calibrar melhor suas palavras em um ambiente de desconfiança institucional“. O episódio também repercutiu no exterior. Em editorial publicado nesta segunda-feira (22), o jornal chileno La Tercera destacou que as palavras de Lula “soaram ambíguas em um momento em que a América Latina enfrenta desafios crescentes à democracia”. Fonte: CNN Brasil e Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom)

Damares e Malta: A pauta do Senado será o impeachment de Alexandre de Moraes

Damares e Malta A pauta do Senado será o impeachment de Alexandre de Moraes. Reprodução YT

Em uma coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (21) na Câmara dos Deputados, a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) anunciou que o impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes será a “pauta única” da oposição no Senado. A Senadora Damares Alves pediu a fala durante a coletiva de imprensa: “Decidimos que a pauta do Senado será o impeachment do senhor ministro do Supremo Tribunal, Alexandre de Moraes. Será a pauta que a oposição vai trabalhar nos próximos dias. Foi por culpa dele que nós estamos sendo tarifados. Todas as decisões dele já estão comprovadas que violaram direitos humanos.” Após a fala impactante, Damares lembra que 2 idosas voltaram para a prisão. Uma de 71 anos e outra de 74 anos de idade. E questiona: “É ou não é, violação de direitos humanos? Como é que o mundo está vendo as decisões do ministro Alexandre?” E continou:  “O Senado entende que as decisões do ministro Alexandre provocaram perplexidade em todo o mundo. O mundo inteiro está olhando que está vendo uma violação de direitos humanos jamais visto na história do Brasil, na última República. Então, o Senado decide que a pauta única da oposição será a votação imediata do impeachment do ministro Alexandre de Moraes, para que assim possamos salvar a economia do Brasil e para que a nação possa ter aí um sossego nos próximos anos. Porque a culpa de tudo, com certeza, é Alexandre de Moraes e presidente Lula.” Em seguida, o Senador Magno Malta convoca que os Senadores venham ao encontro de sua fala para “se redimirem diante da omissão, do medo, da covardia do Senado da República.” Em seguida, o Senador Magno Malta convoca que os Senadores venham ao encontro de sua fala para “se redimirem diante da omissão, do medo, da covardia do Senado da República.” “Se hoje existe um monstro chamado Alexandre de Moraes, a culpa é do Senado. Alexandre de Moraes é um estelionato, é uma falsidade ideológica, é uma mentira. E o Senado da República o sabatinou. O Senado da República ouviu o que ele disse. Isso tá gravado. O Senado da República o recomendou no plenário e não tem forças. Deixou que esse monstro, que os seus tentáculos fossem tomando contornos que nós não podemos calcular. E hoje nós botamos na conta de Alexandre Moraes aquilo que está na conta de todos.” Malta continua, dizendo que assinou, na semana passada, o impeachment de Cármem Lúcia e o impeachment de Gilmar Mendes. Lembrado que Gilmar disse que “sem o Supremo não haveria Lula”. “Eles tiraram um condenado da prisão e colocaram na presidência. Esse mesmo ministro foi quem disse: [No Brasil existe uma cleptocracia. – Gilmar Mendes]. Ele tirou o cleptocrata da prisão e hoje, alinhado ao eixo do mal, a sua ideologia sentada no Palácio do Planalto, se alinhou ao eixo do mal, o Irã, a China, a Rússia. E a mim me parece que ele é muito mais um laranja da China.” Em seguida, lembra que o Chanceler russo disse que não foram eles que propuseram uma moeda única do BRICS, mas o presidente do Brasil. Que o que temos no Brasil “é um conluio do STF com os ideológicos que hoje dirigem o país.” “Que que nós temos que fazer ao Senado? Nós temos que impeachmar o Alexandre de Moraes”. Logo após, relembra a frase de Cármen Lúcia sobre o Brasil ter 213 milhões de pequenos tiranos e que ela seria a tirana e também deve ser impeachmada. “O Brasil está pagando por ter um ideológico, um comunista no poder e que tem um nanismo diplomático. Se alinnhou ao eixo do mal, verbaliza o que quer o eixo do mal e o brasileiro vai pagar, nós vamos pagar. E eles estão mentindo, tentando colocar na conta de um inocente”. “O Brasil está pagando por ter um ideológico, um comunista no poder e que tem um nanismo diplomático. Se alinnhou ao eixo do mal, verbaliza o que quer o eixo do mal e o brasileiro vai pagar, nós vamos pagar. E eles estão mentindo, tentando colocar na conta de um inocente”. E finalizou: “Encerro dizendo, nós chegamos no limite. Nós não temos mais como voltar. É viver ou viver. Porque se eu dissesse a palavra morrer ou morrer, seria tudo distorcido. É viver ou viver. Nós vamos usar todos os mecanismos e a minha palavra a este tirano da toga chamado Alexandre de Moraes. Põe a mão nele (Jair Bolsonaro), põe a mão nele e tenta a sorte. Bem, porque o azar você já tem.” A íntegra das falas pode ser acessada aqui. As declarações de Damares e Malta, que refletem a insatisfação de parlamentares com decisões recentes do magistrado, marcam uma escalada na tensão entre o Legislativo e o Judiciário.

Moraes bloqueia conta e Pix de Eduardo Bolsonaro, que reage à decisão

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o bloqueio das contas bancárias e da chave Pix do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). A medida foi tomada no contexto das investigações sobre uma possível articulação internacional envolvendo o parlamentar após as recentes declarações e sanções diplomáticas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo fontes ligadas ao inquérito, o bloqueio tem como objetivo impedir a movimentação de recursos que, segundo os investigadores, poderiam estar sendo usados para financiar manifestações antidemocráticas ou repassar valores a outros alvos das investigações. A decisão foi encaminhada ao Banco Central e às instituições financeiras associadas ao parlamentar. A medida gerou forte reação de Eduardo Bolsonaro nas redes sociais. Em uma publicação nesta segunda-feira (21), o deputado classificou a decisão como “arbitrária e ilegal”, acusando Moraes de usar o Judiciário como instrumento de perseguição política. “Querem nos calar pelo bolso. Essa é a nova ditadura do Supremo. Mas não vamos recuar”, escreveu ele. Nos bastidores, aliados de Eduardo afirmam que a defesa já prepara um recurso para tentar reverter o bloqueio, argumentando que não há provas de uso irregular das contas e que o parlamentar está sendo punido sem direito à ampla defesa. A decisão de Moraes ocorre dias após Trump declarar publicamente apoio a Jair Bolsonaro e prometer sanções diplomáticas contra membros do governo brasileiro e do STF, caso a “perseguição política” contra a oposição não seja encerrada. O gesto do presidente norte-americano reacendeu tensões entre os Poderes no Brasil e tem sido usado por parlamentares da base bolsonarista como justificativa para ampliar protestos contra o Supremo. O Palácio do Planalto ainda não se manifestou oficialmente sobre o caso. Já o STF, por meio de sua assessoria, declarou que as medidas cautelares determinadas pelo ministro Moraes seguem o rito legal e visam proteger a integridade das investigações em andamento. Fontes: Metrópoles, Assessoria do STF, G1 – Política, CNN Brasil – Justiça e Poder360

China avança no setor financeiro brasileiro com chegada da UnionPay

A UnionPay, maior operadora de cartões do mundo em volume de transações, prepara sua entrada oficial no mercado brasileiro ainda em 2025. A iniciativa conta com apoio estratégico da fintech brasileira Left, que será responsável por intermediar a emissão dos cartões e integrar a tecnologia da empresa chinesa à rede nacional. A chegada da UnionPay representa um desafio direto ao duopólio de Visa e Mastercard, que dominam amplamente o setor de meios de pagamento no Brasil. A movimentação sinaliza o avanço do sistema financeiro da China em mercados emergentes e reacende o debate sobre soberania tecnológica e alternativas às bandeiras tradicionais de crédito e débito, historicamente ligadas ao mercado norte-americano. Fontes do setor indicam que a operação da UnionPay será voltada inicialmente para nichos estratégicos, como turistas chineses, e-commerce internacional e consumidores interessados em soluções com menores taxas de câmbio. A fintech Left terá papel central na customização dos produtos financeiros, incluindo cartões físicos e digitais, com planos de fidelidade e integração a carteiras digitais. A entrada da UnionPay também pode abrir espaço para novos arranjos de pagamentos no Brasil, especialmente em um momento em que o Banco Central incentiva a competição no setor e o crescimento de alternativas ao sistema tradicional de cartões. A companhia já opera em mais de 180 países e tem se expandido de forma silenciosa na América Latina, com presença crescente no México, Chile e Argentina. Especialistas avaliam que a parceria com a Left dará agilidade à operação e facilitará o cumprimento das exigências regulatórias brasileiras, como adequação ao Pix, à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e à interoperabilidade com sistemas locais. Apesar da expectativa positiva, o lançamento oficial ainda depende da aprovação final do Banco Central e da conclusão de testes de segurança e conformidade tecnológica. A previsão é que os primeiros cartões UnionPay emitidos pela Left estejam disponíveis para consumidores no último trimestre de 2025. Fontes: UnionPay, Banco Central do Brasil, Statista e Click Petróleo e Gás

Bolsonaro desafia censura, mostra tornozeleira e critica medidas do STF: “Máxima humilhação”

Apesar das restrições impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente Jair Bolsonaro concedeu entrevista nesta segunda-feira (21), na qual mostrou publicamente a tornozeleira eletrônica e afirmou que está sendo alvo de perseguição política. A medida, que faz parte das cautelares determinadas pelo STF, proíbe Bolsonaro de se manifestar sobre a investigação da operação Tempus Veritatis, sob risco de prisão preventiva. Desafio direto à decisão de Moraes A fala de Bolsonaro desafia frontalmente a decisão judicial, que o proíbe de dar entrevistas ou se manifestar, direta ou indiretamente, sobre o conteúdo da investigação. Mesmo sob risco de prisão, o ex-presidente insistiu em falar publicamente, o que aliados interpretam como um gesto de resistência à censura que consideram inconstitucional. Na decisão da última sexta-feira (18), Moraes também determinou o uso da tornozeleira eletrônica, a apreensão do celular do ex-presidente, o recolhimento domiciliar noturno (das 19h às 7h) e integral aos finais de semana, além da proibição de contato com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), seu filho, que atualmente está nos Estados Unidos. “Símbolo de humilhação” A tornozeleira, exibida por Bolsonaro ao vivo durante o pronunciamento, tornou-se para ele símbolo da perseguição política, segundo suas palavras. A imagem do ex-presidente usando o equipamento causou forte comoção entre seus apoiadores, que consideram as ações do STF excessivas e desproporcionais. Bolsonaro é investigado por suposta tentativa de golpe de Estado e por tramar, junto ao chamado “núcleo 1”, uma reação ao resultado das eleições de 2022. Ele também é acusado de tentar obstruir a Justiça e atentar contra a soberania nacional. Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), as medidas foram solicitadas para evitar interferências no processo e prevenir novas articulações. Contudo, especialistas em direito constitucional têm questionado a extensão das restrições, especialmente a censura prévia e o bloqueio de redes sociais. Fonte: Band

Orbán defende Bolsonaro e diz que “mordaça digital” é “ferramenta de medo, não de justiça”

O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, usou suas redes sociais nesta segunda-feira (21) para prestar apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro, criticando duramente as medidas judiciais impostas pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes. Em um tuíte em inglês, Orbán escreveu: “Continue lutando, @jairbolsonaro! Ordens de silêncio, proibições de redes sociais e julgamentos com motivação política são ferramentas de medo, não de justiça. Você pode colocar uma tornozeleira eletrônica em um homem, mas não na vontade de uma nação! ⚖️✊” A publicação faz referência à mais recente decisão de Moraes, que proibiu Bolsonaro de dar entrevistas ou comentar investigações da operação Tempus Veritatis, com a ameaça de prisão preventiva até mesmo se o conteúdo for transmitido por terceiros. Apoio no exterior Viktor Orbán, líder de direita nacionalista e um dos mais antigos chefes de governo da Europa, tem se colocado como aliado internacional de políticos conservadores e críticos da atuação de cortes constitucionais. Ele é também defensor da tese de que a democracia liberal ocidental vem sendo usada como instrumento de repressão política seletiva. Seu apoio público a Bolsonaro ocorre num momento em que o ex-presidente brasileiro enfrenta uma série de restrições judiciais que, segundo seus aliados, configuram censura prévia e perseguição política. “Tornozeleira não cala uma nação” A frase final do tuíte — “Você pode colocar uma tornozeleira eletrônica em um homem, mas não na vontade de uma nação” — foi interpretada por analistas como uma crítica simbólica às tentativas de limitar a influência política de Bolsonaro, mesmo fora do poder. A metáfora sugere que restringir o líder não basta para conter seu apoio popular.

“Mordaça digital” de Moraes: entenda como a decisão contra Bolsonaro pode atingir até quem não é investigado

Nesta segunda-feira (21), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), impôs novas e severas restrições à liberdade de expressão do ex-presidente Jair Bolsonaro. A decisão, que integra o inquérito da operação Tempus Veritatis, proíbe Bolsonaro de realizar qualquer manifestação pública sobre o caso, inclusive por meio de entrevistas ou postagens em redes sociais — suas ou de terceiros. O descumprimento pode levar à prisão preventiva. Proibição vai além do próprio Bolsonaro De acordo com o despacho, não apenas Bolsonaro está impedido de se manifestar, mas também qualquer outra pessoa que, de alguma forma, viabilize a sua fala em canais digitais. A decisão abrange: Isso significa que o ex-presidente pode ser punido até se sua imagem ou voz for transmitida por outra pessoa — configurando uma forma de censura que, segundo especialistas, pode atingir até quem não está sendo investigado. Censura prévia, seletiva e retroativa? Juristas e parlamentares têm classificado a medida como “censura prévia“, o que vai contra a Constituição Federal de 1988. O ministro não apenas impede Bolsonaro de se manifestar sobre um tema específico, mas estende a restrição a terceiros, veículos de imprensa e plataformas de redes sociais. A decisão não determina o bloqueio das redes de Bolsonaro, mas impõe que ele não as utilize nem permita que outros o façam em seu nome. Isso, segundo o advogado e especialista em liberdade de expressão André Marsiglia, cria uma zona de incerteza jurídica: qualquer conteúdo que mencione o ex-presidente pode ser interpretado como infração à ordem judicial. Além disso, o despacho não esclarece se entrevistas antigas ou trechos arquivados também seriam proibidos, levantando questionamentos sobre possível censura retroativa. O STF, inclusive, já havia considerado inconstitucional impedir entrevistas do então preso Lula, em 2018, o que mostra incoerência no critério adotado agora. Liberdade de imprensa em xeque O texto da decisão determina que nenhuma fala de Bolsonaro — mesmo autorizada, gravada ou mediada por jornalista — pode ser publicada ou veiculada nas redes, incluindo por veículos de imprensa. Isso gera preocupação quanto à liberdade jornalística, que também se vê limitada ao abordar figuras públicas envolvidas em investigações. Advogados da defesa classificaram o despacho como “flagrantemente inconstitucional” e afirmam que ele “viola o devido processo legal e os princípios básicos da liberdade de expressão garantidos pela Constituição“. Precedente perigoso A medida gerou reações imediatas de opositores e juristas, que enxergam na decisão um precedente perigoso para o Estado de Direito. Parlamentares ligados à oposição falam em “mordaça digital” com motivações políticas, visando isolar Bolsonaro de sua base eleitoral e limitar sua atuação em ano pré-eleitoral. A decisão de Moraes foi motivada por entrevistas recentes de Bolsonaro, nas quais o ex-presidente comentou o andamento das investigações sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado. O ministro alegou que essas declarações poderiam “intimidar testemunhas” e interferir nas apurações — embora não tenha apresentado provas concretas de que isso de fato ocorreu. A defesa do ex-presidente deve recorrer ao plenário do STF e também avalia levar o caso a organismos internacionais de direitos humanos, alegando cerceamento de liberdades fundamentais. Enquanto isso, o clima entre Judiciário, Executivo e setores da oposição segue cada vez mais tensionado, com o STF no centro de decisões com alto impacto político

Após emagrecer 33 kg na prisão, lobista da “máfia das sentenças” ganha prisão domiciliar

O ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal, determinou que o lobista Andreson de Oliveira Gonçalves cumpra prisão domiciliar em Primavera do Leste (MT), com uso de tornozeleira eletrônica. Preso preventivamente desde novembro de 2024 — inicialmente em Mato Grosso e depois no presídio da Papuda, em Brasília —, Gonçalves é apontado como personagem central no esquema de venda de sentenças no STJ e tribunais regionais. A decisão acolheu pedido da defesa, que alegou agravamento do estado de saúde do lobista. Relatórios oficiais indicam que Andreson passou por cirurgia bariátrica em 2020, submetendo-se à retirada de parte do intestino delgado, o que prejudica a absorção de nutrientes. Quando foi preso, ele pesava cerca de 93 kg, mas perdeu mais de 30% desse peso — cerca de 30 kg — enquanto esteve sob custódia. Em correspondência ao STF, ele relatou quadros de depressão e pensamentos suicidas, pedindo a inclusão do benefício por razões humanitárias. Conforme investigação, Gonçalves teria atuado ao lado do advogado Roberto Zampieri — assassinado em Cuiabá em 2023 — para promover a compra de decisões no STJ, bem como em tribunais dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A PF encontrou mensagens no celular de Zampieri que comprovam a existência da quadrilha, envolvendo operações tanto em Brasília quanto regionalmente. Os investigados tentavam persuadir funcionários dos gabinetes dos ministros do STJ a escrever rascunhos favoráveis, em troca de propinas, estendendo a prática a desembargadores estaduais. Até agora, não há indícios de envolvimento direto de ministros do STJ no esquema. Entretanto, a Polícia Civil constatou que Andreson era o elo entre órgãos judiciais e os operadores do suposto esquema — designado em operações como Sisamnes e Ultima Ratio — que levou ao afastamento de magistrados dos tribunais de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Sérgio Cabral quer anular sentenças da Lava Jato com Toffoli — a quem acusou em delação

Segundo O Bastidor, o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral protocolou no Supremo Tribunal Federal um pedido para que suas condenações na Operação Lava Jato sejam anuladas. A solicitação foi encaminhada diretamente ao ministro Dias Toffoli, que recentemente concedeu um benefício semelhante ao doleiro Alberto Youssef, um dos primeiros delatores da força-tarefa de Curitiba. A defesa de Cabral afirma que o ex-governador foi alvo de um processo conduzido por um juiz parcial — o ex-ministro da Justiça e atual senador Sergio Moro (União Brasil-PR). Os advogados sustentam que Cabral não teve garantidos o contraditório e a ampla defesa, e por isso, pedem que Toffoli estenda ao seu cliente a decisão que anulou os processos contra Youssef. Cabral foi condenado a mais de 425 anos de prisão por corrupção, peculato, lavagem de dinheiro e outros crimes ligados ao desvio de recursos públicos durante seu mandato no governo fluminense. Embora esteja em liberdade por força de decisões judiciais recentes, ele ainda busca a reversão formal de suas sentenças. O pedido de Cabral, porém, ganha contornos delicados. O ministro relator do caso, Dias Toffoli, foi citado pelo próprio Cabral em uma delação premiada. Segundo o ex-governador, Toffoli teria recebido ao menos R$ 4 milhões em propina para favorecer prefeitos do Rio de Janeiro com decisões judiciais. O ministro nega as acusações. A situação levanta questionamentos sobre um possível conflito de interesses, já que o próprio magistrado acusado pelo réu será responsável por decidir se o mesmo terá suas condenações anuladas. A petição reacende as críticas à condução dos processos da Lava Jato, agora sob forte revisão pelo Supremo Tribunal Federal. Com múltiplas decisões que enfraqueceram as sentenças da operação, cresce a percepção de que réus com poder político ou econômico estão encontrando caminhos jurídicos para escapar das penas já estabelecidas.

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