Lula escala as tensões comerciais com Trump e declara que taxará empresas digitais americanas

Durante discurso no 60º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), nessa quinta-feira (17), em Goiânia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou que o Brasil irá cobrar impostos de empresas digitais norte-americanas, como Google e Meta, em retaliação às tarifas de 50% impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros. A medida, segundo Lula, reforça a soberania nacional frente às pressões externas. A declaração foi feita em um contexto de escalada nas tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos. Trump justificou as tarifas, que entram em vigor a partir de 1º de agosto, citando supostas práticas comerciais desleais do Brasil, incluindo a regulação de plataformas digitais e o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O republicano classificou o processo como uma “caça às bruxas” e criticou ordens judiciais brasileiras que, segundo ele, impõem censura a empresas americanas. Lula, no entanto, foi enfático: “Esse país só é soberano porque o povo brasileiro tem orgulho. Vamos julgar e cobrar impostos das empresas americanas digitais“, afirmou, sem detalhar como a tributação será implementada ou quais empresas serão afetadas. Atualmente, grandes multinacionais pagam uma alíquota mínima de 15% sobre o lucro no Brasil, mas não há impostos específicos para plataformas digitais estrangeiras. A proposta de taxar big techs já vinha sendo discutida no governo brasileiro, inspirada em modelos como o do Canadá, que aplica uma alíquota de 3% sobre receitas de serviços digitais. A medida é vista como uma resposta estratégica que evita impactos inflacionários diretos no Brasil, diferentemente de outras formas de retaliação comercial. O anúncio gerou reações mistas. Setores empresariais brasileiros expressaram preocupação com a escalada do conflito comercial, temendo prejuízos às exportações, especialmente de aço e alumínio, que representam US$ 5,7 bilhões anuais para os EUA. Por outro lado, analistas apontam que a retórica nacionalista de Lula pode fortalecer sua base política em um cenário de polarização. O governo brasileiro, liderado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin e pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, mantém negociações com os EUA há dois meses, mas não obteve respostas concretas. Lula reforçou que o Brasil buscará proteger seus interesses, podendo recorrer à Lei de Reciprocidade Econômica ou à Organização Mundial do Comércio (OMC). Fonte: CNN, UOL, O Globo, Valor, Estadão
Crimes imaginários, penas reais

A ironia trágica que paira sobre o Brasil contemporâneo não é apenas a de um país dividido, mas de uma nação que assiste à substituição da Justiça pelo espetáculo inquisitorial. No centro deste teatro, sob holofotes ideológicos e ovações seletivas da imprensa domesticada, jaz a figura de Luiz Inácio Lula da Silva — ex-presidiário, condenado por uma montanha de provas, julgada por nove magistrados distintos em três instâncias. Ele ficou o tempo suficiente atrás das grades para decorar algumas frases de efeito para entrevistas e, claro, para ser canonizado pelo mesmo sistema jurídico que antes o condenara. Quinhentos dias. Isso foi tudo. Uma temporada reduzida, uma espécie de recesso espiritual no cárcere, da qual emergiu como mártir laico, símbolo reciclado de uma esquerda que já não tem nem causas nem escrúpulos. Enquanto isso, a mesma Justiça que um dia o enquadrou agora serve de pedestal para sua revanche. O mais notório dos togados, Alexandre de Moraes — um homem que parece ter confundido o Supremo Tribunal Federal com um trono romano e o Brasil com sua província pessoal — conduz com mãos de ferro e ego de imperador uma cruzada contra seu principal antagonista político: Jair Bolsonaro. Não bastasse a desproporcionalidade da perseguição, há o detalhe sórdido do cálculo. Querem mais de 40 anos de prisão para Bolsonaro. Quarenta. Um número que não revela justiça, mas vingança. Um número que não representa reparação, mas assombro. O crime? Contestar o sistema. Criticar o tribunal. Organizar reuniões. Nenhum tanque nas ruas, nenhum AI-5 na manga. Nenhuma ordem de prisão contra opositores, nenhuma censura oficial decretada. O “golpe” que nunca houve — esse delírio narrativo que sustenta manchetes e processos — agora serve como justificação para enterrar adversários políticos vivos. Essa escalada não se restringe ao ex-presidente. Como em toda boa inquisição, é preciso punir também os plebeus que rezam o mesmo credo. A cabeleireira Déborah, por exemplo, símbolo involuntário do que se tornou o novo Brasil: uma mulher comum, de origens humildes, sem influência nem imunidade, arrastada pelo aparato estatal por ter estado no lugar “errado” — ou seja, por ter manifestado apoio à direita. Ela e tantos outros senhores e senhoras de idade, comerciantes, autônomos, cidadãos que jamais portaram armas ou invadiram instituições, são hoje tachados de golpistas e tratados como bandidos. Há algo profundamente repulsivo — e perigosamente autoritário — nessa inversão de valores em que o desejo de punição suplanta o compromisso com a verdade. O STF, sob a batuta de Moraes, age como um comissariado político, onde cada decisão já nasce com o veredito pronto e onde o contraditório é mera formalidade estética. Não há mais due process. Não há habeas corpus. Há censura prévia, busca e apreensão por opiniões, prisões preventivas estendidas ad infinitum e um ambiente de terror judicial que transformou o Brasil num laboratório distópico de autoritarismo jurídico. A toga virou farda. E o vernáculo da Constituição foi substituído pelo palavreado da conveniência. Alguns dirão que exagero. Que o Brasil ainda é uma democracia, que o Judiciário é independente, que os crimes estão sendo investigados com base na lei. A esses, lembro que toda ditadura começa com uma boa desculpa. E poucas são tão eficazes quanto a defesa da democracia. É em nome dela que se atropelam os ritos, que se ignoram os princípios e que se humilham cidadãos comuns. A democracia virou palavra-código para censura, prisão política e perseguição ideológica. E tudo isso sob a vista grossa — ou cúmplice — de uma imprensa que abandonou a função de vigiar o poder para se converter em seu porta-voz mais histérico. Os jornais não investigam mais; reverberam. Os colunistas não analisam; militam. Os noticiários não informam; doutrinam. O jornalismo brasileiro tornou-se uma extensão do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, com direito a fontes exclusivas, vazamentos seletivos e campanhas de difamação disfarçadas de reportagem. Não há interesse em questionar. Só há medo de discordar. O caso de Jair Bolsonaro — e, por extensão, o de seus apoiadores — é revelador por isso mesmo. Ele é o símbolo que precisa ser destruído, não apenas por suas falas, seus erros ou seus acertos, mas porque ousou não se ajoelhar. Porque desafiou a narrativa, porque mexeu no tabuleiro sem pedir bênção aos sacerdotes de toga. E, como todo herege que se preze, precisa arder — não em nome da justiça, mas para servir de exemplo. O Brasil assiste, perplexo ou anestesiado, a esse processo de degradação institucional. Alguns aplaudem, satisfeitos com a humilhação pública de seus inimigos. Outros, os mais lúcidos, começam a entender que a fogueira que hoje queima seus adversários pode amanhã consumir seus aliados. Porque o monstro que se alimenta de exceções logo se volta contra os que o criaram. No final das contas, não é Bolsonaro o verdadeiro réu nesse tribunal farsesco. É a própria ideia de liberdade. É o direito de discordar. É a noção — básica — de que um cidadão não pode ser punido por suas crenças, por suas falas, por suas companhias. É a ideia de que Justiça não pode ter lado, nem projeto de poder. O que vemos hoje é o triunfo do arbítrio. O STF não quer apenas julgar Bolsonaro. Quer apagar sua existência política. Quer criminalizar seus eleitores. Quer reescrever a história recente com a tinta da revanche. E, enquanto isso, o homem que desviou bilhões e recebeu favores em tríplex e sítios decorados com o suor do contribuinte desfila pelo mundo como estadista reabilitado. Eis o retrato do Brasil de 2025: o corrupto consagrado, o opositor condenado e o povo amordaçado. Se isso é democracia, então George Orwell foi otimista. As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do site Danuzio News.*
China lança novo Sistema Nacional de Identificação Digital para usuários da internet

A China implementou um novo sistema nacional de identificação digital para usuários da internet, intensificando o controle estatal sobre as atividades online de mais de 1 bilhão de cidadãos. A medida, que entrou em vigor nesta terça-feira (15), substitui o sistema de registro de “nome real” gerenciado por empresas de internet por um código único emitido pelo governo, vinculado a dados pessoais, incluindo varreduras faciais. A iniciativa, segundo autoridades, visa aumentar a segurança e proteger a privacidade online, mas especialistas alertam para o potencial de maior vigilância e censura. O novo sistema exige que os usuários forneçam informações detalhadas, como documentos pessoais e biometria, para acessar serviços online, desde compras em e-commerce até comentários em redes sociais. Diferentemente do sistema anterior, no qual empresas privadas gerenciavam a verificação de identidade, o governo agora centraliza o processo, consolidando ainda mais seu controle sobre o espaço digital. A China, que já opera um dos regimes de censura mais sofisticados do mundo, conhecido como “Great Firewall“, reforça com essa medida sua capacidade de monitorar e regular o comportamento online. Críticos expressam preocupações significativas. “Esse sistema pode facilitar a imposição de ‘exílio digital’, limitando o acesso à internet para aqueles que forem considerados indesejáveis pelo governo, especialmente se integrados ao sistema de crédito social“, afirmou um especialista em cibersegurança. A possibilidade de sanções, como proibições de viagem ou compras, para indivíduos “blacklistados” também foi destacada em publicações nas redes sociais. Embora o governo chinês afirme que o sistema é voluntário por enquanto, há temores de que se torne obrigatório, eliminando qualquer resquício de anonimato online. “Na prática, a privacidade digital na China já é limitada, mas isso leva a vigilância a um novo patamar“, disse um analista. A integração do sistema a mais de 400 aplicativos, incluindo saúde, turismo e educação, sugere uma adoção em larga escala. A comunidade internacional observa com cautela. Relatórios indicam que a China tem exportado tecnologias de vigilância para outros países, levantando preocupações sobre a disseminação de um modelo de “autoritarismo digital“. Enquanto Pequim defende a medida como uma proteção aos cidadãos, o impacto sobre a liberdade de expressão e os direitos digitais permanece sob intenso escrutínio. Fonte: The Washington Post, The Epoch Times
Hugo Motta pagou R$ 2,8 milhões a familiares de funcionária fantasma

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), está no centro de uma nova denúncia de nepotismo e uso indevido de recursos públicos. Segundo revelou a coluna de Tácio Lorran, no Metrópoles, Motta teria empregado em seu gabinete quatro parentes da fisioterapeuta Gabriela Batista Pagidis — identificada como funcionária fantasma. Gabriela, que também já trabalhou no gabinete do ex-deputado Wilson Filho (atualmente secretário de Educação da Paraíba), teria recebido mais de R$ 890 mil em salários enquanto atuava como secretária parlamentar — mesmo conciliando o cargo com cursos de graduação e pós-graduação em período integral e trabalhando regularmente em clínicas privadas de fisioterapia. O caso se agrava com o envolvimento de seus familiares: a mãe, a irmã, a tia e o primo também ocuparam cargos no gabinete de Motta, como secretários parlamentares ou em funções comissionadas. Juntos, eles receberam mais de R$ 2,8 milhões da Câmara dos Deputados. Embora não haja provas de que os demais membros da família também sejam funcionários fantasmas, os dados levantados indicam uma série de promoções e rebaixamentos incomuns, com variações salariais abruptas em curtos períodos de tempo. A rotina de Gabriela, acompanhada pela reportagem, inclui jornadas de trabalho em clínicas de Brasília e visitas a locais como academia e zoológico durante o horário de expediente na Câmara. Os registros de acesso e frequência solicitados via Lei de Acesso à Informação revelaram lacunas no controle interno da Casa. Nem Hugo Motta, nem os membros da família Pagidis citados, responderam aos contatos da reportagem. A denúncia amplia o desgaste da imagem pública do deputado, já pressionado por acusações anteriores de atuação limitada no plenário e possível uso político da estrutura parlamentar. Fonte: Metrópoles
Rússia intensifica Censura Digital com nova Lei que pune pesquisas online

A Rússia deu um passo significativo em direção ao controle digital com a aprovação de uma nova legislação que amplia as restrições à internet no país. Aprovada pelo parlamento russo na última quinta-feira (10), a lei, que entra em vigor em setembro, criminaliza até mesmo a busca por conteúdos considerados “extremistas” online, mesmo quando realizada por meio de redes privadas virtuais (VPNs). A medida marca uma escalada nas já severas políticas de censura digital do governo russo, justificadas por autoridades como necessárias em tempos de guerra. Até agora, a legislação russa proibia apenas a criação ou compartilhamento de conteúdos considerados proibidos. Com as novas emendas, indivíduos que “deliberadamente procurarem materiais extremistas” podem enfrentar multas de cerca de US$ 65. A publicidade de ferramentas de contorno, como VPNs, terá penalidades ainda mais pesadas, chegando a US$ 2.500 para indivíduos e até US$ 12.800 para empresas. Segundo Sarkis Darbinyan, ativista pela liberdade na internet rotulado como “agente estrangeiro” pelo governo, essas multas podem servir como pretexto para detenções e pressões policiais, com risco de evoluírem para processos criminais em futuras revisões da lei. O senador Artem Sheikin, um dos autores do projeto, tentou minimizar as preocupações, afirmando que a lei não visa punir usuários comuns por acessarem plataformas como Facebook ou Instagram. No entanto, ele não esclareceu como as autoridades determinarão se uma busca foi feita com conhecimento de que o conteúdo é “extremista“, listado em um registro do Ministério da Justiça. A falta de transparência aumenta temores de que a lei seja usada para reprimir dissidentes e limitar o acesso à informação. A Rússia já vem intensificando sua repressão digital, com bloqueios a sites e aplicativos ocidentais, como YouTube, que enfrenta lentidão deliberada desde o último verão. O governo também investiu milhões de dólares em tecnologias de inspeção profunda de pacotes (DPI) para reforçar sua “internet soberana“. Em 2024, a promoção de VPNs foi criminalizada, e gigantes tech como Google e Apple enfrentaram pressões para remover aplicativos de VPN de suas lojas. Apesar das resistências, a nova lei sinaliza que o Kremlin está determinado a isolar ainda mais o espaço digital russo, aproximando-se de modelos de controle como os da China. Essa legislação reflete uma tendência regional, com medidas semelhantes adotadas na Bielorrússia, aliada de Moscou. Críticos alertam que a repressão digital pode sufocar a liberdade de expressão e o acesso à informação, consolidando o controle do governo sobre a narrativa pública. Fonte: The Washington Post
Retrocesso: a regulamentação do BR do Mar é uma guinada protecionista à política de cabotagem

Por trás do decreto que regulamenta o Programa BR do Mar, assinado em 16 de julho de 2025, não está apenas uma decisão administrativa: está o símbolo de uma mudança profunda na forma como o governo Lula pretende conduzir a política de transportes marítimos no Brasil. A promessa de modernizar o setor e ampliar a cabotagem — transporte entre portos nacionais — ganha agora contornos de um projeto de reindustrialização ancorado em protecionismo produtivo e forte presença do Estado. A legislação, aprovada em 2022 sob o governo Bolsonaro, caminhava em direção oposta: redução de burocracias, abertura a empresas estrangeiras e estímulo à concorrência. O decreto atual muda essa rota — ou a corrige, dependendo da ótica. Sob a justificativa de “soberania logística” e defesa da indústria naval nacional, o governo estabelece exigências que tornam mais difícil e custoso o ingresso de novos operadores. A obrigatoriedade de comprovação de capacidade operacional, critérios rigorosos de sustentabilidade e contrapartidas industriais são pontos que, embora bem-intencionados, representam uma mudança de filosofia: do liberalismo regulado para o intervencionismo estratégico. Do ponto de vista ambiental, o decreto tenta equilibrar discurso e prática. A lei original já previa estímulos a embarcações mais eficientes, com menor emissão de poluentes, mas sem detalhar critérios. O decreto, por sua vez, impõe agora exigências específicas de sustentabilidade operacional para o uso de embarcações estrangeiras — o que inclui, por exemplo, comprovação de eficiência energética e práticas de mitigação de impacto ambiental. Trata-se de uma tentativa de alinhar o BR do Mar às metas climáticas e à chamada “transição ecológica“, bandeira que o governo Lula vem promovendo internacionalmente. No entanto, na prática, tais exigências podem restringir o mercado apenas a grandes players com capital suficiente para cumprir as normas. Ao impor novas exigências e barreiras à entrada de operadores estrangeiros, o decreto pode limitar esse potencial no curto prazo, beneficiando empresas já estabelecidas — como a Log-In e a Aliança Navegação —, que detêm parte significativa da frota e estrutura portuária. Ao mesmo tempo, a concentração de mercado pode manter os custos em patamares mais elevados do que o desejável, contrariando justamente o objetivo inicial da lei de 2022: tornar o frete marítimo uma alternativa mais acessível e competitiva para todo o setor produtivo nacional. Do ponto de vista econômico, a ampliação da cabotagem sempre foi vista como uma das soluções mais viáveis para reduzir o custo logístico no Brasil, país de dimensões continentais e com infraestrutura rodoviária sobrecarregada. Estudos da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) apontam que o transporte por cabotagem pode ser até 30% mais barato do que o rodoviário em médias e longas distâncias, especialmente em rotas acima de 1.000 km. Essa economia impacta diretamente o produtor final: com fretes mais acessíveis, há margem para redução de preços de alimentos, bens de consumo e insumos industriais, além de maior previsibilidade nas entregas. A oposição acusa o governo de travar um setor que vinha dando sinais de crescimento com a abertura trazida pela lei de 2022. Para críticos como o deputado federal Felipe Rigoni (União-ES), o novo decreto “mata na raiz” a vocação da cabotagem para reduzir custos logísticos e tirar caminhões das estradas — uma das promessas originais do programa. Já entidades ligadas à indústria naval e sindicatos marítimos celebram a medida como um resgate da produção nacional e da geração de empregos em estaleiros brasileiros. O debate de fundo, no entanto, vai além da polarização. Trata-se de um dilema recorrente em países em desenvolvimento: abrir o mercado em nome da eficiência e crescimento ou uma suposta proteção de setores estratégicos para garantir soberania e empregos? O novo BR do Mar tenta responder apostando em um modelo de nacionalismo produtivo e ambientalismo regulatório. Resta saber se o custo dessa escolha será compensado por ganhos reais em competitividade, sustentabilidade e geração de valor para a logística nacional. Por ora, o decreto ainda exige regulamentações complementares e testes na prática. Mas o recado político já foi dado: no mar da cabotagem brasileira, o leme voltou para o Estado.
Após bombardeios israelenses, exército sírio abandona ofensiva contra drusos

O presidente interino da Síria, Ahmed al-Sharaa, afirmou nesta quarta-feira (16), em pronunciamento oficial, que a proteção da comunidade drusa, majoritária na província de Suweida, é uma prioridade para seu governo. A declaração ocorre em meio à intensificação dos combates entre milícias drusas locais e forças do governo, que resultaram na morte de centenas de pessoas nos últimos quatro dias. Durante um pronunciamento transmitido pela TV estatal, al-Sharaa destacou a importância da “unidade nacional” e disse que sua administração não tolerará ameaças à integridade do país ou à segurança das comunidades minoritárias. Segundo ele, o governo busca um “equilíbrio entre a manutenção da ordem pública e o respeito às especificidades culturais e religiosas” dos drusos. A fala do presidente ocorre após o cessar-fogo em Suweida, intermediado pelo governo norte-americano, e após pesados bombardeios israelenses à capital Damasco e a soldados do exército sírio que avançavam em direção ao sul. Os combates têm como pano de fundo reivindicações da comunidade drusa por maior autonomia política e insatisfação com a crescente presença militar em áreas civis. Al-Sharaa também pediu que os líderes locais retomem o diálogo com representantes do governo central, afirmando que “não há solução duradoura fora da mesa de negociações”. Ele defendeu uma abordagem “descentralizada e pragmática” para lidar com as tensões locais, mas deixou claro que o governo “não permitirá a criação de enclaves armados ou paralelos à autoridade nacional”. Internamente, a resposta do governo à crise em Suweida tem gerado divisões. Enquanto líderes militares defendem uma ofensiva mais dura para retomar o controle total da província, setores civis da administração pressionam por um acordo político que envolva líderes religiosos drusos e representantes comunitários. A comunidade internacional acompanha a situação com apreensão. A ONU já emitiu alertas sobre o risco de deterioração humanitária, e entidades de direitos humanos relataram o uso excessivo da força por parte do Exército sírio em operações urbanas. Organizações locais denunciam ainda a prisão de líderes comunitários e o cerco a áreas civis por forças estatais, bem como execuções sumárias contra famílias inteiras. A continuidade dos confrontos pode comprometer a estabilidade da região sul da Síria, onde a relativa calma dos últimos anos havia permitido certo nível de reconstrução e normalidade. O futuro da província dependerá da capacidade do governo de equilibrar repressão e diálogo — algo que, até agora, tem se mostrado instável e arriscado. Fonte: Reuters
Aumento do IOF contraria Justiça Tributária e impacta MEIs e pequenos negócios

A recente decisão do governo federal de duplicar a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para pessoas jurídicas, incluindo microempreendedores individuais (MEIs) e empresas do Simples Nacional, tem gerado críticas e preocupações sobre seus impactos na economia, especialmente para os pequenos negócios. A medida, que eleva a tributação em operações financeiras como empréstimos e financiamentos, foi analisada pela economista Thais Herédia, da CNN Brasil, que aponta que o aumento vai na contramão do discurso de justiça tributária defendido pelo governo. Para os MEIs, a alíquota fixa do IOF em operações de crédito de até R$ 30 mil passou de 0,38% para 0,95%, enquanto a alíquota diária subiu de 0,00137% para 0,00274%, resultando em um teto anual que salta de 0,88% para 1,95%. Essa mudança significa que os microempreendedores pagarão até o dobro em tributos em transações financeiras realizadas como pessoa jurídica. Para empresas do Simples Nacional, o impacto é semelhante, com a alíquota anual subindo de 1,88% para até 3,95%. Segundo Herédia, a medida impõe um ônus desproporcional aos pequenos negócios, que já enfrentam desafios financeiros em um cenário econômico adverso, com alta taxa Selic de 15% e dificuldades de acesso a crédito. “Essa turma faz capital de giro a cada dois ou três meses. Cada operação, um IOF. Isso vai acumulando, e no final do ano o custo efetivo pode inviabilizar o negócio”, alertou a analista. Críticos, como o economista-chefe da XP Investimentos, Caio Megale, argumentam que o IOF, originalmente um imposto regulatório, está sendo usado com fins arrecadatórios, gerando distorções econômicas sem promover justiça fiscal. O ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reforçou que o aumento do IOF não é um “imposto para ricos”, mas encarece a cadeia produtiva, afetando especialmente os mais pobres. A decisão também enfrenta resistência no Congresso, com deputados como Marcel Van Hattem destacando que o aumento prejudica a população de baixa renda e contraria a narrativa de justiça tributária. Apesar do recuo parcial do governo em alguns pontos do decreto, a manutenção das novas alíquotas para MEIs e empresas do Simples Nacional mantém o setor em alerta, com temores de impactos no crédito e na sustentabilidade dos negócios. Pequenos empreendedores temem que o aumento do IOF comprometa sua competitividade e sobrevivência no mercado. Fonte: CNN, CNN II, Gazeta do Povo, CNN III
Acabou o dinheiro? Senado dos EUA aprova corte bilionário no financiamento público à “TV Cultura” americana

Após mais de 12 horas de negociações, o Senado dos Estados Unidos aprovou, na madrugada desta quinta-feira (17), um pacote de medidas proposto pelo presidente Donald Trump que prevê cortes significativos no financiamento público à mídia — com foco especial na PBS e na rede de rádios NPR. Se sancionado, o projeto poderá retirar até US$ 9 bilhões do orçamento, afetando desde transmissões de TV até programas de ajuda humanitária internacional. Entre os cortes mais significativos, destaca-se a redução de US$ 1,1 bilhão para mídia, o que praticamente elimina os recursos alocados para tal fim nos próximos dois anos. A redução, se confirmada, representará um impacto severo nas contas da PBS, rede de televisão com foco em conteúdo educativo e cultural. O canal, uma espécie de TV Cultura local, opera em um modelo sem publicidade, tendo no repasse público uma de suas principais linhas de financiamento. “Foi apenas 0,1% da despesa pública federal, mas é um passo na direção correta“, comemorou John Thune, senador republicano da Dakota do Sul, lembrando que esta foi a primeira vez em 35 anos que um pacote do tipo foi aprovado. Em 2018, durante o primeiro mandato de Trump, uma proposta similar, envolvendo cortes de US$ 15 bilhões, foi rejeitada. Opositores das medidas – não apenas no partido Democrata, mas inclusive no próprio partido Republicano – criticaram a “falta de transparência” na condução das deliberações. “Os republicanos estão colocando uma venda sobre os próprios olhos“, criticou um democrata, enquanto um senador republicano disse que aquele estilo de negociação “não pode se tornar um precedente“. “Doutrinação” da PBS na mira de Trump Os cortes no financiamento público à mídia, especialmente à PBS e à rede de rádios NPR, são propostas feitas por Trump ainda na corrida presidencial, pois considera seu conteúdo excessivamente progressista. “A ultrajante doutrinação das crianças americanas já foi longe demais, e o pacote do presidente Trump vai por um fim nesse absurdo financiado pelo contribuinte“, afirmou em nota a Casa Branca. Em maio deste ano, o governo federal já havia cancelado outra subvenção direcionada à PBS, no valor de US$ 23 milhões. À época, o Departamento da Educação, responsável pela concessão do recurso, afirmou que o corte era fruto do foco da rede em “justiça racial“. “É muito importante que todos os republicanos apoiem a proposta e, especialmente, CORTEM O FINANCIAMENTO À PBS E À NPR, que são piores que CNN e MSNBC juntas“, disparou o presidente em sua rede social, avisando que “qualquer republicano que votar para ajudar essas monstruosidades a continuar operando não receberá meu apoio“. Os recursos públicos respondem por cerca de 15% do orçamento da PBS, e a rede já afirmou que terá dificuldades para encontrar financiamento alternativo. “Não há como compensar. Vamos acabar fazendo muito menos do que conseguimos fazer hoje“, lamentou Sara DeWitt, gerente geral da PBS Kids, subsidiária focada em conteúdo para crianças em idade pré-escolar. A rede oferece ainda material em vídeo para professores, atividades interativas e planos para auxiliar em sala de aula. Corrida por sanção e críticas da oposição O pacote de cortes segue agora para a Câmara, onde já havia sido aprovado. No entanto, em virtude das mudanças no Senado, precisará passar por nova votação. As medidas têm até sexta-feira para chegar à mesa de Trump, senão o financiamento necessariamente seguirá. Fontes: Kid Screen, Politico, The Hill
Netanyahu pressionado por cessar-fogo em Gaza. Novo mapa de retirada das IDF apresentado ao Hamas

Na noite de terça-feira (15), o gabinete de segurança de Israel se reuniu para avaliar os desdobramentos das negociações em andamento com o Hamas, mediadas em Doha, que buscam viabilizar um cessar-fogo duradouro e a libertação dos reféns ainda em poder do grupo palestino. Fontes envolvidas nas tratativas afirmaram que houve “avanços significativos, mas ainda não um rompimento do impasse“. O principal ponto de fricção continua sendo o mapa de retirada das Forças de Defesa de Israel (IDF) da Faixa de Gaza, cuja versão atualizada foi apresentada pelos negociadores israelenses, mas ainda não recebeu aceitação do outro lado. Segundo as mesmas fontes, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu concedeu maior autonomia à equipe de negociação, permitindo mais flexibilidade para buscar um acordo. A medida representa uma mudança de postura em relação às fases anteriores do processo, marcadas por forte centralização e rigidez. Outro tema central da reunião foi o polêmico plano de construção de uma cidade humanitária em Rafah, proposta por Netanyahu como alternativa para proteger civis palestinos durante operações militares contínuas. O chefe do Estado-Maior das IDF, Eyal Zamir, apresentou um novo modelo mais enxuto, prático e de custo reduzido, após críticas anteriores do próprio Netanyahu, que exigia cronogramas mais realistas. Apesar da revisão, o plano continua gerando tensões. Segundo fontes do gabinete, Netanyahu teria demonstrado frustração com avaliações militares que considerou excessivamente pessimistas, e há suspeitas de que a IDF teria apresentado uma proposta deliberadamente inviável para minar o projeto. O custo estimado da cidade humanitária varia entre 10 a 15 bilhões de shekels, e a responsabilidade financeira recairia quase inteiramente sobre o governo israelense. O general Zamir tem travado embates com o premiê e com o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, alegando que o desvio de recursos para esse plano compromete os objetivos militares principais: enfrentar o Hamas e garantir o retorno dos reféns. Apelo por urgência Enquanto isso, o presidente israelense Isaac Herzog visitou o Kibutz Kfar Aza, símbolo dos ataques de outubro de 2023, e fez um apelo emocionado pela libertação imediata dos reféns. Herzog declarou que o país vive dias críticos e que não há mais justificativa para adiamentos: “Cada refém é um caso humanitário. Tragam todos para casa. Pressionem até que o acordo seja alcançado.“ As próximas horas são consideradas decisivas. Embora nenhum anúncio formal tenha sido feito, o avanço nas negociações e o alívio nas exigências israelenses aumentam a expectativa de um possível acordo nas próximas semanas. Fonte: YnetNews