Companheirismo e coragem: PM perde sargento querido em operação no Rio

Na manhã desta sexta-feira (11), o sargento Kelvyton de Oliveira Vale, de 48 anos, lotado no 41º Batalhão de Polícia Militar (Irajá), foi morto durante uma operação policial no Conjunto do Ipase, na Vila Kosmos, Zona Norte do Rio de Janeiro. O militar, atingido na cabeça por disparos de traficantes ligados ao CV, Comando Vermelho, foi socorrido por colegas e levado ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, mas não resistiu aos ferimentos. O corpo foi encaminhado ao Instituto Médico-Legal (IML). A operação, segundo a Polícia Militar, tinha como objetivo desarticular ações de uma quadrilha que atua na região, cumprir mandados de prisão, remover barricadas e recuperar veículos roubados e clonados. Durante a ação no Morro do Trem, houve intenso confronto com criminosos, resultando na morte do sargento e em um suspeito ferido. Kelvyton, com 24 anos de serviço, era uma liderança respeitada no Grupo de Apoio Tático (GAT) do batalhão, conhecido por sua coragem e dedicação. O sargento ganhou notoriedade em 2020, quando um vídeo viralizou nas redes sociais mostrando-o carregando nas costas o cabo Marco Antônio Matheus Maia, baleado durante operação na Vila Aliança, em Bangu. Infelizmente, Maia também foi morto em dezembro de 2024. A imagem de Kelvyton simbolizou o companheirismo e a bravura da PM, comovendo a corporação e a sociedade. O secretário da Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes Nogueira, lamentou a perda: “Perdemos mais que um policial militar: perdemos um homem de coragem, dedicado à missão de proteger a sociedade, mesmo com risco da própria vida.“ A morte de Kelvyton elevou para 67 o número de agentes de segurança baleados na Região Metropolitana do Rio, somente em 2025, segundo o Instituto Fogo Cruzado. O clima no 41º BPM é de luto, com dezenas de policiais prestando homenagens ao colega no hospital. Kelvyton deixa esposa e filho. O velório está previsto para as próximas horas, com homenagens da corporação. A PM não confirmou reforços na Vila Kosmos, mas ações de resposta são esperadas. A morte reacende o debate sobre a segurança dos agentes em áreas conflagradas e os desafios do combate à criminalidade no Rio. Fonte: CNN, O Globo, Gazetaweb, Metropoles, O Dia, Enfoco
Com foco em moradores de rua, Lula turbina Bolsa Família e vê BPC ultrapassar programa em mais de mil cidades

Nesta semana, o governo Lula promoveu a reformulação em dois eixos centrais da política social brasileira. Por meio da Portaria MDS nº 1.097/2025, o programa Bolsa Família passou a priorizar, desde julho, famílias com pessoas em situação de rua, em risco social ou insegurança alimentar, classificando-as como urgentes no cadastro e na fila de inclusão. A medida se soma a outros critérios já existentes, como trabalho infantil, liberação de escravidão e condições quilombolas, com o objetivo de “elevar a segurança de renda e alimentar de quem se encontra em alto risco social“. O Bolsa Família manterá os critérios de renda e atualização no CadÚnico, e os novos grupos já foram incluídos na folha de pagamento de julho de 2025. Paralelamente, a crescente relevância do Benefício de Prestação Continuada (BPC) chama atenção. Segundo o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, o gasto com BPC já ultrapassa o Bolsa Família em 1.131 municípios. Dados da CNN e do Portal AZ confirmam que, entre 2023 e 2025, o número de municípios nessa condição saltou de 492 para 1.167, um aumento de 137%. Atualmente, o BPC atende cerca de 6,2 milhões de pessoas (idosos e pessoas com deficiência), valor mais que o dobro da média individual do Bolsa Família, que alcança em média R$ 1.518 contra cerca de R$ 660 por família no Bolsa Família. O crescimento acelerado do BPC se deve a uma combinação de fatores: mudanças legislativas que permitem mais de um benefício por família, reforma previdenciária que dificultou aposentadorias, reconhecimento de mais deficiências (como o TEA), judicialização de pedidos e aumento real do salário mínimo. O resultado é que programas pagos em dobro por pessoa ganham maior espaço no orçamento federal em muitos municípios, exigindo atenção dos órgãos de controle. A junção das medidas – inclusão de pessoas em situação de rua no Bolsa Família e expansão significativa do BPC – evidencia uma política social que ganha complexidade, com tensões entre foco em vulneráveis extremos e a sustentabilidade orçamentária. Além disso, reforça o enfoque do governo em unir transferência de renda com enfrentamento da fome, mas ao mesmo tempo pressiona os cofres públicos, sobretudo localmente. A combinação desses fatores exige aprimoramento nos mecanismos de controle e uma visão estratégica que equilibre justiça social e eficiência econômica.
Soberania acima de tudo: Trump impõe nova política migratória à África Ocidental

O presidente Donald Trump, em evento realizado na Casa Branca de 9 a 11 de julho de 2025, reuniu-se com cinco presidentes da África Ocidental — de Senegal, Libéria, Guiné-Bissau, Mauritânia e Gabão — para pressioná-los publicamente a aceitarem a devolução de migrantes deportados dos EUA, mesmo quando seus países de origem se recusam a recebê-los. Esse movimento marca uma expansão explícita da política “America First” que prioriza acordos multilaterais para acelerar deportações, utilizando na prática o conceito de “safe third country” ou terceiro país seguro. O “safe third country” é um país que não é o país de origem do solicitante de asilo, nem o destino final pretendido (por exemplo, os EUA), mas que é considerado seguro o suficiente para que a pessoa aguarde ali o julgamento do seu pedido de refúgio ou seja deportada para esse local. De acordo com um documento interno do Departamento de Estado citado pela imprensa, essas nações seriam responsáveis por “transferência digna, segura e em tempo hábil” de migrantes, comprometendo-se a não remetê-los aos países de origem até que seus pedidos de asilo nos EUA sejam julgados. A Libéria chega a se preparar para acolher parte desse fluxo em sua capital, Monróvia. Durante o encontro, Trump ressaltou que pretende deslocar o relacionamento EUA‑África de um formato de ajuda — que era viabilizada pela USAID, que foi extinta sob sua gestão — para um modelo focado em comércio, investimento e segurança, sobretudo em recursos minerais estratégicos. Ele destacou que seu objetivo principal era reduzir “altas taxas de permanência além do visto” e avançar nos acordos de “safe third country”. O encontro, descrito como um minicúpula africana, também tratou da competição geopolítica com Rússia e China. Analistas da Brookings e outros centros apontam que Trump usa a estratégia migratória como alavanca para elevar sua presença diplomática na região e atrair investimentos americanos ao lado da agenda de segurança e recursos naturais. Fonte: Reuters.com e Semafor
Onze homens e um golpe sem tanque

Na calada da noite, como só fazem os covardes, a Câmara dos Deputados aprovou mais um mimo para o Supremo Tribunal Federal. Um mimo — não um salário. Um agrado entre amigos. Um agrado entre castas. Um tapinha nas costas entre toga e terno. Um projeto para aumentar os salários dos ministros do STF e criar nada menos que 160 novos cargos. Isso mesmo. Cento e sessenta. Parece que a prioridade nacional agora é encher o Judiciário de mais gente pra bater carimbo no autoritarismo. Não sei você, mas eu me sinto num show decadente. Um desses festivais com nome bizarro, onde o ingresso é caríssimo, o som é ruim, e no palco só tem artista que esqueceu o porquê de ter começado. Um verdadeiro Gilmarpalooza — não no sentido figurado, mas literal: um evento, de fato, que aconteceu em Portugal, reunindo ministros do STF e políticos brasileiros em encontros nada transparentes, longe da imprensa, do povo, do contraditório. Um camarote jurídico fora do Brasil onde decisões que afetam milhões de brasileiros parecem ser alinhavadas entre vinhos caros e salamaleques diplomáticos. O STF não governa a favor do povo. O STF governa contra ele. O STF virou uma espécie de condomínio fechado da moral seletiva, onde cada ministro é síndico do seu próprio ego. Vestem a toga como quem veste uma armadura medieval — não para proteger a democracia, mas para se proteger da democracia. Porque, sejamos sinceros, a democracia assusta esse povo. O cheiro do voto popular, o suor do trabalhador, a risada debochada do cidadão comum incomoda mais do que o barulho do helicóptero da Polícia Federal nas redondezas de Brasília. Criar cargos enquanto o povo come osso não é só indecência. É crueldade. É escárnio. E tudo isso em nome de um Judiciário que já está inchado, lento e, pior ainda, cúmplice da elite política que nos afunda diariamente. Enquanto milhões vivem com menos de um salário mínimo, ministros decidiram que o próprio salário — já pornográfico — precisava de um reajuste. Porque viver com R$ 41 mil mensais é quase um atentado aos direitos humanos, não é, Excelência? O STF, que deveria ser a última trincheira da liberdade, virou a primeira linha de frente da censura, da perseguição ideológica e da judicialização da política. Quando o Judiciário assume para si a tarefa de legislar e governar, rasga-se a Constituição. E quem assiste calado, assina embaixo. Aliás, o que mais me assusta nem é o aumento em si — que já é um tapa na cara do país. O que me apavora é o silêncio cúmplice da imprensa, o silêncio cúmplice da classe artística, o silêncio cúmplice de todos aqueles que, um dia, posaram de “críticos do sistema”, mas que hoje se derretem em deferência diante de um careca que quer calar a oposição com canetada e medida cautelar. A liberdade virou um capricho que só se concede aos obedientes. Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes e companhia limitada fazem da toga um escudo para seus próprios interesses. E o pior: fazem isso com o apoio explícito de um Congresso que já desistiu de legislar, desde que alguém lhes garanta o fundão e a impunidade. É uma simbiose perversa entre poderes — e o povo, como sempre, que se exploda. Há um STF que delira com a própria importância. Que se vê como uma entidade iluminada, acima do bem e do mal, acima das críticas, acima das regras. Que se emociona com seus próprios discursos, que usa o vocabulário rebuscado para esconder a própria fraqueza moral. Que se ofende com qualquer crítica, mas não se ofende com o próprio abuso de poder. Que se diz guardião da Constituição, mas a interpreta como se fosse um espelho mágico que só reflete aquilo que eles querem ver. Hoje, o Brasil é governado por um triunvirato invisível: o STF, o medo e a conveniência. O Executivo teme o STF. O Legislativo se ajoelha ao STF. E o povo assiste a tudo com uma mistura de apatia e exaustão. Afinal, não há mais forças para lutar quando até a Justiça virou instrumento de opressão. O Brasil virou uma distopia jurídica — e os togados são os roteiristas. E ainda há quem se espante com a polarização, com a descrença nas instituições, com o crescimento de vozes radicais. Como não haveria? Como pedir moderação a um povo que vê sua liberdade sendo engolida por um Judiciário autorreferente, vingativo e partidarizado? Como pedir paciência a quem já perdeu tudo — inclusive o direito de reclamar? Esses 160 cargos não são apenas empregos novos. São postos avançados na guerra contra o povo, trincheiras para reforçar o aparato de controle, repressão e blindagem institucional. Cada técnico judiciário que entrar nesse novo esquema é um soldado a mais a serviço do status quo. Não é gente pra atender melhor. É gente pra blindar mais. Pra vigiar mais. Pra punir mais. E você, que paga imposto, que rala, que tenta empreender, que tenta criar, que tenta respirar: vai continuar fingindo que não vê? Vai continuar dizendo que “pelo menos não é o fascismo“? Que “é para conter o ódio“? Que “é pelo bem da democracia“? Acorda. Isso não é democracia. Isso é uma ditadura de toga. E uma ditadura que se esconde atrás da linguagem jurídica é ainda mais perigosa. Porque parece legal. Parece justa. Mas é só opressão travestida de institucionalidade. O Brasil precisa de um novo pacto. Um pacto que coloque o Judiciário no seu lugar: como árbitro, não como jogador. Como garantidor de direitos, não como censor de opiniões. Como defensor da liberdade, não como perseguidor de quem pensa diferente. Enquanto isso não acontece, seguimos no Gilmarpalooza. Um espetáculo dantesco, onde os ingressos são pagos com o nosso suor, e o final — ah, o final — será trágico se a plateia continuar em silêncio. Porque o silêncio, neste momento, é cumplicidade.
Manifestação na Paulista liderada por Guilherme Boulos reuniu 15 mil pessoas

A Avenida Paulista, em São Paulo, foi palco na tarde desta quinta-feira (10), de uma manifestação convocada pela Frente Brasil Popular e pela Frente Povo Sem Medo, com a participação de lideranças políticas e movimentos sociais. O ato, liderado pelo deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), teve como principal bandeira a defesa da taxação dos super-ricos, em meio ao debate sobre a política tributária no Brasil. A concentração começou às 18h em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp) e reuniu cerca de 15 mil pessoas no momento de pico, segundo estimativas do Monitor do Debate Político do Cebrap (Centro brasileiro de Análise e Planejamento), grupo de pesquisa vinculado à USP (Universidade de São Paulo). Manifestantes carregavam faixas e cartazes com mensagens como “Taxar os ricos para investir no povo” e palavras de ordem contra a desigualdade social. O evento também foi marcado por críticas ao Congresso Nacional, acusado por organizadores de priorizar interesses de elites econômicas. Boulos, em discurso no carro de som, destacou a necessidade de uma reforma tributária que redistribua a carga fiscal, aliviando a população de baixa renda e aumentando a tributação sobre grandes fortunas. “Não é justo que o trabalhador pague mais impostos que os bilionários. Queremos um Brasil mais justo“, afirmou o deputado. Boulos também afirmou que o ato seria uma “defesa do Brasil contra as agressões de Donald Trump“. A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) também participou e discursou sobre a importância de mobilizações populares para pressionar por mudanças legislativas. O ato ocorre em um contexto de tensões políticas após a derrubada de um decreto sobre o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) pelo Congresso, o que gerou críticas de setores da esquerda ao centrão. Além disso, a manifestação foi vista como uma resposta à articulação de pautas conservadoras no Legislativo, segundo os organizadores. A esquerda busca associar o Congresso à imagem de “inimigo do povo” e aliado das elites, por se opor ao aumento do IOF. Embora a mobilização tenha atraído militantes de partidos como PSOL, PT e PCdoB, além de movimentos como o MTST e a UNE, a ausência de presidentes nacionais de partidos e governadores foi notada. O evento transcorreu de forma pacífica, com a marcha seguindo até a região do Paraíso, onde os manifestantes se dispersaram. Fonte: CNN, G1
Desertora norte-coreana entra com ações judiciais por tortura e estupro contra Kim Jong-un

Uma ex-prisioneira política norte-coreana entrou nesta semana com dois processos judiciais inéditos contra o ditador Kim Jong-un na Coreia do Sul, acusando o líder comunista e outros seis altos funcionários do regime por crimes contra a humanidade, tortura sistemática, estupro e perseguição política. A ação, revelada pela plataforma especializada NK News e repercutida por veículos como The Guardian nesta quinta-feira (11), representa a primeira tentativa formal de responsabilizar judicialmente o líder norte-coreano em território sul-coreano por violações de direitos humanos cometidas dentro da ditadura mais fechada do mundo. A denunciante é Choi Min-kyung, hoje com 53 anos, que conseguiu escapar do país em 2012 após ser presa e deportada quatro vezes entre 2000 e 2008. Durante os anos em que esteve sob custódia do regime, ela afirma ter sido espancada repetidamente, torturada psicologicamente, submetida a trabalho forçado e vítima de violência sexual por parte de guardas. Em entrevista à imprensa sul-coreana, Choi disse que ainda sofre com as sequelas dos abusos, incluindo perda auditiva permanente, trauma psicológico e dependência de medicamentos. “Sobrevivi, mas vivo todos os dias com o peso daquilo que passei“, declarou. A ação judicial, protocolada em um tribunal de Seul com o apoio do Database Center for North Korean Human Rights (NKDB), busca uma indenização de 50 milhões de wones sul-coreanos (cerca de 37 mil dólares) e solicita à Justiça que inicie uma investigação formal com base no princípio da responsabilidade de comando. Esse conceito jurídico, já utilizado em tribunais internacionais para julgar crimes de guerra, sustenta que líderes políticos e militares podem ser responsabilizados por atrocidades cometidas sob sua autoridade, mesmo que não as tenham ordenado diretamente. O advogado responsável pelo caso, Lee Young-hyun, também é um ex-refugiado da Coreia do Norte e atualmente o primeiro cidadão norte-coreano naturalizado sul-coreano a atuar como advogado no país. Embora a Coreia do Sul não reconheça oficialmente o regime norte-coreano como Estado separado, sua legislação permite que crimes cometidos em território norte-coreano sejam julgados por suas cortes, uma vez que Seul considera toda a península como parte de seu território soberano. A expectativa, no entanto, é de que, mesmo em caso de condenação, as sanções sejam simbólicas, já que não há mecanismos práticos para fazer cumprir uma sentença contra Kim Jong-un. Ainda assim, o caso pode abrir precedente para futuras ações, tanto domésticas quanto internacionais. A denúncia surge em um momento em que governos conservadores, especialmente nos Estados Unidos sob a administração de Donald Trump, têm reforçado sua retórica contra regimes autoritários, sobretudo os comunistas. Em maio, o secretário de Estado norte-americano Marco Rubio citou em audiência no Senado a necessidade de pressionar o regime de Pyongyang e apoiar os desertores norte-coreanos em busca de justiça. A ação movida por Choi é vista por diplomatas sul-coreanos como um possível catalisador para aumentar a pressão sobre o regime, inclusive em instâncias como o Conselho de Direitos Humanos da ONU ou o Tribunal Penal Internacional, embora a Coreia do Norte não reconheça essas jurisdições. As denúncias de Choi Min-kyung reforçam o extenso histórico de violações de direitos humanos documentado por missões da ONU e por organizações como a Human Rights Watch. Em 2014, uma comissão da ONU concluiu que o regime norte-coreano mantinha campos de prisioneiros políticos com práticas de tortura, assassinatos arbitrários, fome forçada e escravidão — muitos desses crimes classificados como “contra a humanidade“. Apesar da gravidade das acusações, pouco avanço foi feito no sentido de responsabilização judicial de altos membros do regime. Ao tornar-se a primeira vítima a entrar com ação direta contra Kim Jong-un, Choi afirma que pretende dar voz a milhares de norte-coreanos que não tiveram a chance de escapar ou de contar sua história. “Nós somos testemunhas vivas“, declarou. “Devemos agir enquanto ainda podemos.“
Lula estica a corda com Washington — e Trump responde com a lâmina

O consórcio Lula/STF resolveu testar os limites com os Estados Unidos — e agora colhe a reação. Nesta quarta-feira (09), o presidente Donald Trump oficializou, por meio de uma carta enviada a Luiz Inácio Lula da Silva, a imposição de uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros que entrarem em solo americano a partir de 1º de agosto de 2025. A medida atinge desde commodities básicas, como café e carne, até setores estratégicos, como o siderúrgico e o aeronáutico. Mas mais do que um gesto comercial, a decisão é a fatura que começa a ser cobrada da política externa lulista, saudosa de um “Sul Global” que vive mais nos discursos do que na realidade. Na carta, Trump criticou abertamente o Supremo Tribunal Federal, condenou as ações de censura a cidadãos em plataformas digitais e classificou a perseguição ao ex-presidente Jair Bolsonaro como “vergonha internacional“. O republicano ainda invocou a chamada Seção 301, instrumento jurídico que autoriza medidas unilaterais contra países que adotam práticas consideradas injustas ou hostis aos interesses americanos. O Brasil, segundo ele, cruzou essa linha ao sufocar a liberdade de expressão e violar acordos comerciais. Caso Lula não abaixe as orelhas para o Tio Sam, o impacto será duro. Só em 2024, o Brasil exportou mais de US$ 16 bilhões para os EUA. Com a nova tarifa, a competitividade desses produtos vai por água abaixo. E quem vai pagar o preço? Não será o Itamaraty, nem os ministros do Supremo. O custo recai sobre o produtor rural, o exportador que depende daquele mercado, o pequeno empresário que apostava nos Estados Unidos para crescer. E, no fim da cadeia, está o consumidor comum. O cidadão que vai ao supermercado e sente no bolso a alta do dólar, o trabalhador que depende de empregos no agronegócio e na indústria, o jovem que sonha com oportunidades num país que exporta mais do que slogans populistas. E o dólar reagiu imediatamente. Subiu 1,05% logo após o anúncio e, na quinta-feira (10), abriu novamente em alta, ultrapassando os R$ 5,54 — maior valor desde o fim de junho. O risco-Brasil também disparou, e a B3 operou em queda, com destaque negativo para setores diretamente atingidos pela tarifa. As ações da Embraer caíram, os papéis da Gerdau recuaram, e o ETF brasileiro EWZ foi impactado no pré-mercado em Nova York. O Brasil real, que precisa vender para crescer, começa a entender que diplomacia não é terreno para palanque petista. O duro golpe americano recai sobre um parceiro comercial incômodo, que não apenas age contra os interesses dos Estados Unidos — como enfatizou Trump — mas, sobretudo, contra os interesses mais básicos de seu próprio povo. Em vez de fortalecer laços com democracias consolidadas, o regime brasileiro escolheu um caminho arriscado, se aproximando de regimes autoritários: afagos a Irã, Venezuela e Cuba; declarações desastrosas em apoio à invasão criminosa da Rússia à Ucrânia; bajulações ao regime chinês — incluindo até a declaração de amor de Gilmar Mendes no STF, que afirmou publicamente a admiração de todos da corte pelo regime opressor oriental; hostilidade explícita a Israel; e um afastamento cada vez maior das verdadeiras democracias. O BRICS, por sua vez, virou um clubinho dos ressentidos, onde governos autoritários se elogiam, conspiram contra a liberdade de imprensa, rejeitam o pluralismo político e sonham com um mundo sem dólar. Trump, inclusive, já avisou que os países do bloco deverão ser alvo de uma tarifa adicional de 10%, ainda neste ano. A resposta de Lula, até agora, foi previsível: devolveu a carta e classificou o conteúdo como ofensivo. O Itamaraty fala em retaliação e reciprocidade, o que, se levado adiante, só agravará a situação do comércio bilateral. Enquanto isso, empresários de setores estratégicos, como calçados, siderurgia, papel e celulose, já alertam para o risco de retração nas exportações, demissões em massa e fuga de investimentos. Mas a economia mundial não funciona com base em discursos de auditório da UNE. Ela exige previsibilidade, segurança jurídica e responsabilidade institucional — tudo o que o Brasil do consórcio Lula/STF tem rejeitado nos últimos tempos. Na última cúpula do BRICS, Lula disparou que “o mundo não quer um imperador“. É verdade que a frase, dirigida a Trump, soou bem entre seus próprios militantes. O problema é que, enquanto o petista discursava, o Tio Sam tomava nota. A verdade incontestável é que o PT — junto com aqueles que lhe garantem apoio e retaguarda para brincar de revolução — faz um mal incalculável ao Brasil. Não apenas internamente, com sua obsessão pelo controle, pelo aparelhamento e pela criminalização do pensamento livre, mas também externamente, ao isolar o país em nome de seu “sonho stalinista“. Enquanto o mundo avança, o Brasil recua agarrado aos seus colegas de ditadura, levando junto milhões de brasileiros que só querem trabalhar, produzir e viver com dignidade. E, como sempre, quem pagará a conta não serão os que discursam em Brasília, mas os que carregam o país nas costas.
Tensões regionais: escândalo de espionagem em Itaipu ecoa no cenário internacional e atrai apoio dos EUA ao Paraguai

O escândalo de espionagem envolvendo a barragem binacional de Itaipu, revelado pela imprensa brasileira e detalhado em reportagem publicada pela revista Foreign Policy em 10 de julho de 2025, repercutiu internacionalmente e reacendeu disputas geopolíticas históricas entre Brasil e Paraguai. A crise diplomática ganhou novos contornos ao atrair o apoio explícito de parlamentares norte-americanos ao governo paraguaio, ampliando a pressão sobre Brasília. Segundo a Foreign Policy, a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) monitorou ilegalmente as comunicações de ao menos seis autoridades paraguaias envolvidas nas negociações sobre o novo tratado de Itaipu, que substitui o acordo firmado entre as duas ditaduras militares em 1973. A espionagem teria começado ainda no governo Jair Bolsonaro, mas continuou pelos primeiros seis meses do governo Lula — inclusive após o presidente tomar conhecimento do caso, segundo as denúncias. O governo brasileiro nega envolvimento direto e afirma que suspendeu o monitoramento assim que foi informado, prometendo uma investigação interna. No entanto, a explicação não foi suficiente para conter a indignação do presidente do Paraguai, Santiago Peña, que suspendeu as negociações com o Brasil e exigiu uma resposta formal. O chanceler paraguaio, Rubén Ramírez Lezcano, classificou o ato como “violação do direito internacional” e uma “interferência inaceitável nos assuntos internos do Paraguai“. A crise diplomática ganhou dimensão internacional ao ser citada em maio por Marco Rubio, secretário de Estado dos EUA, durante uma audiência no Senado americano. Rubio elogiou o potencial energético do Paraguai e encorajou investimentos estratégicos em data centers movidos à energia limpa gerada por Itaipu, afirmando que o país tem uma “enorme oportunidade” de se tornar um polo de inteligência artificial na América do Sul. A declaração foi interpretada por diplomatas brasileiros como um gesto claro de apoio de Washington ao Paraguai — especialmente vindo de um governo republicano com o qual Peña mantém laços estreitos. Segundo a Foreign Policy, esse movimento faz parte de uma aproximação coordenada. Em janeiro, Rubio visitou Assunção, e em fevereiro foi recebido novamente pela equipe de Peña, que tem priorizado o relacionamento com o Partido Republicano dos EUA, incluindo no apoio a Israel e no reconhecimento diplomático de Taiwan — posições que diferenciam o Paraguai de seus vizinhos sul-americanos. Analistas apontam que o escândalo reforça a posição do Paraguai no tabuleiro diplomático. Para a a analista de política externa argentina paraguaia, Julieta Heduvan, ouvida pela revista, “há uma vítima e um agressor muito claros” no caso, o que tem gerado simpatia internacional pela causa paraguaia. A exposição global do episódio fortalece a narrativa de um país menor tentando corrigir décadas de assimetrias impostas por uma potência regional. A barragem de Itaipu, construída nos anos 1970, é a maior fonte de energia do Paraguai e fornece cerca de 8% da energia consumida no Brasil. O tratado original obriga o Paraguai a vender seu excedente exclusivamente ao Brasil a preços abaixo do mercado. Desde o fim do pagamento da dívida da construção da barragem, em 2023, Assunção tenta renegociar os termos para obter maior autonomia sobre sua energia — e agora exige, além de novos preços, compensações históricas e reparações por danos ambientais e sociais causados pela obra. A revelação da espionagem ocorre num momento de instabilidade regional. O Mercosul enfrenta divisões internas entre governos de esquerda, como o de Lula e o da Bolívia, e lideranças conservadoras como Javier Milei, da Argentina, e Peña, no Paraguai. A ruptura entre Brasil e Paraguai se intensificou em março, quando o governo brasileiro retirou seu apoio à candidatura do chanceler paraguaio à secretaria-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), agravando o distanciamento diplomático. Com o embaixador paraguaio ainda fora de Brasília e as negociações de Itaipu paralisadas, o caso se tornou um teste para a diplomacia regional. Para especialistas, a continuidade da crise pode afetar não apenas o futuro energético dos dois países, mas também parcerias estratégicas em áreas como segurança, comércio e combate ao narcotráfico. Embora o Brasil siga sendo a principal potência econômica da região, o escândalo deixou claro que a assimetria histórica entre os dois países está sendo desafiada por novas alianças internacionais — e que o Paraguai, mesmo com limitações, soube explorar o momento a seu favor. Como resume Heduvan, “o Paraguai sempre jogou com o tabuleiro inclinado, mas agora conseguiu, pela primeira vez em muito tempo, colocar o Brasil na defensiva“. Fonte: foreignpolicy.com
Criança que caiu em cânion no RS é resgatada sem vida

Uma tragédia abalou o Parque Nacional da Serra Geral, na Serra Gaúcha, na tarde desta quinta-feira (10). Uma menina de 11 anos caiu de um mirante no Cânion Fortaleza, em Cambará do Sul, e foi encontrada sem vida após intensas buscas que seguiram o decorrer da noite. A vítima, que tinha transtorno do espectro autista, estava acompanhada dos pais, turistas de Curitiba (PR), em um passeio pelo parque, um dos destinos mais visitados do Rio Grande do Sul. O acidente ocorreu por volta das 13h, no mirante do Cânion Fortaleza, um ponto turístico conhecido por sua vista panorâmica de 7,5 km de extensão e paredes rochosas de até 1.157 metros de altitude. Segundo o secretário de Turismo de Cambará do Sul, Andrews Mohr, a família fazia uma pausa para um lanche quando a menina correu em direção à borda do mirante, que não possui cercas de proteção. O pai tentou alcançá-la, mas não conseguiu evitar a queda de aproximadamente 70 metros. Equipes do Corpo de Bombeiros de Canela, Gramado e Porto Alegre, com apoio do Batalhão de Aviação da Brigada Militar, foram mobilizadas imediatamente. Um drone com câmera térmica localizou a criança às 17h30, a cerca de 70 metros do ponto da queda, em uma área sem vegetação ou platôs que pudessem amortecer o impacto. Devido às condições climáticas, o resgate por rapel foi iniciado às 22h, e, por volta das 23h, os bombeiros confirmaram que a menina estava sem vida. A Urbia, concessionária responsável pela gestão do parque, informou que concentrou esforços no apoio às autoridades e à família, que recebia suporte no local. O caso foi encaminhado à Polícia Civil e ao Instituto Geral de Perícias (IGP) para investigação das circunstâncias da queda. O Cânion Fortaleza, acessado pela rodovia CS-012, é famoso por trilhas como a do Mirante e a da Cachoeira do Tigre Preto, atraindo milhares de visitantes anualmente. A ausência de barreiras no mirante reacende o debate sobre a segurança em áreas turísticas naturais. Especialistas reforçam a necessidade de sinalização e infraestrutura para prevenir acidentes, especialmente em locais de grande circulação de visitantes. Nota do Corpo de Bombeiros: “Hoje, quinta-feira, dia 10 de julho, por volta das 13:30hs, o Corpo de Bombeiros Militar foi acionado para atendimento de uma ocorrência no Cânion Fortaleza em Cambará do Sul, onde uma menina teria caído da borda do cânion em direção ao precipício. Equipes dos Pelotões de Canela e Gramado deslocaram ao local e, prontamente, outra equipe do Batalhão de Busca e Salvamento de Porto Alegre, juntamente com o apoio do Batalhão de Aviação da Brigada Militar deslocaram para apoio. Por volta das 17:30hs, com auxílio de um drone do Corpo de Bombeiros, a vítima foi localizada a cerca de 70 metros de altura do ponto da queda. De imediato, as equipes iniciaram a montagem dos equipamentos para acessar por cordas o cânion, haja vista que, devido às condições climáticas, as aeronaves não conseguiam operar com segurança no local. As equipes seguiram os trabalhos no local noite adentro e, próximo das 23h, chegaram até a vítima que, infelizmente, já estava sem vida. Agora as equipes efetuam a ascensão do cânion, para finalização dos trabalhos de resgate no local, dando início em seguida aos tramites da Policia Civil e Instituto Geral de Perícias. O Corpo de Bombeiros Militar lamenta com profundo pesar o ocorrido e presta sua solidariedade aos familiares.” A identidade da vítima não foi divulgada. A tragédia comoveu a comunidade local e turistas, levantando discussões sobre medidas preventivas em parques nacionais. Fontes: O Globo, G1