Lula define indicações para TSE e STJ em meio à negociações políticas

Nesta quinta-feira (10), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou as indicações para duas vagas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e uma no Superior Tribunal de Justiça (STJ), em decisões que refletem articulações políticas estratégicas para o governo. Para o TSE, foram escolhidos Floriano de Azevedo Marques Neto, aliado do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, e Estela Aranha, ex-auxiliar do ministro Flávio Dino no Ministério da Justiça. Já para o STJ, a indicada é a procuradora de Justiça de Alagoas, Maria Marluce Caldas Bezerra, tia do prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, o JHC, filiado ao PL. As nomeações para o TSE reforçam a influência de Moraes e Dino no tribunal eleitoral, que terá papel crucial nas eleições presidenciais de 2026. Floriano Marques, que já atua como ministro titular do TSE, foi reconduzido ao cargo com o apoio direto de Moraes, com quem mantém longa amizade. Estela Aranha, por sua vez, é ex-secretária de Direitos Digitais do Ministério da Justiça, onde trabalhou sob Dino, e atualmente assessora a ministra Cármen Lúcia, presidente do TSE. Sua indicação superou a concorrência de Vera Lúcia Santana Araújo, apoiada pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e pela primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, além do grupo Prerrogativas, próximo ao governo. A escolha de Estela Aranha também contou com o respaldo de figuras-chave do PT, como o novo presidente do partido, Edinho Silva, e a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann. A lista tríplice feminina, elaborada sob comando de Cármen Lúcia, foi uma iniciativa para ampliar a representatividade de gênero no TSE, mas gerou intensas disputas nos bastidores do governo. Para o STJ, a indicação de Maria Marluce Caldas Bezerra, que ocupará a vaga deixada pela aposentadoria da ministra Laurita Vaz, envolve um acordo político com o prefeito JHC. Apesar de filiado ao PL, partido de Jair Bolsonaro, JHC tem se aproximado do governo Lula, sinalizando possível apoio ao PT em 2026. Fontes do Palácio do Planalto indicam que a nomeação de Marluce, que integra a lista tríplice enviada ao presidente em outubro de 2024, está condicionada à migração de JHC para um partido da base aliada. Essa articulação enfrenta resistências, especialmente do senador Renan Calheiros (MDB-AL) e do deputado Arthur Lira (PP-AL), que disputam influência em Alagoas. Marluce Caldas, primeira mulher a atuar como acusadora em um júri popular em Maceió, é procuradora de Justiça desde 2021 e tem uma trajetória consolidada no Ministério Público de Alagoas. Sua indicação, que ainda depende de sabatina e aprovação no Senado, é vista como um movimento para fortalecer a presença feminina no STJ, onde apenas seis das 33 cadeiras são ocupadas por mulheres. As nomeações, que devem ser publicadas em edição extra do Diário Oficial da União, ilustram o equilíbrio delicado entre pragmatismo político e demandas por representatividade, enquanto Lula busca consolidar alianças para as próximas eleições. Aspectos Legais Legalmente, a indicação de juristas pelo Executivo para o TSE é constitucional e regulamentada. Os indicados devem atender aos critérios de notável saber jurídico e reputação ilibada, sendo submetidos a sabatina e aprovação pelo Senado Federal, o que funciona como um mecanismo de controle. No caso de Floriano Marques e Estela Aranha, ambos possuem currículos robustos: Marques é advogado e professor de Direito, com atuação no TSE, enquanto Aranha tem experiência em direitos digitais e assessoria jurídica. Formalmente, as indicações respeitam o processo legal, e a recondução de Marques, por exemplo, é prática recorrente, desde que aprovada pelo Senado. Questões Éticas Do ponto de vista ético, a nomeação de aliados próximos a figuras influentes do governo ou do Judiciário, como Alexandre de Moraes e Flávio Dino, levanta preocupações sobre a imparcialidade do TSE. O tribunal é responsável por decisões cruciais, como a regulamentação de eleições, julgamento de candidaturas e combate à desinformação, o que exige independência absoluta. A escolha de Estela Aranha, ex-auxiliar de Dino, e Floriano Marques, aliado de Moraes, pode sugerir uma tentativa de consolidar influência política no tribunal, especialmente considerando o papel central do TSE nas eleições de 2026. A percepção de partidarismo é agravada pelo contexto das negociações políticas. A indicação de Maria Marluce Caldas Bezerra para o STJ, por exemplo, parece vinculada a acordos com o prefeito JHC, o que reforça a ideia de que as nomeações judiciais podem ser usadas como moeda de troca política. Embora tais articulações sejam comuns, elas corroem a confiança pública na isenção do Judiciário, especialmente quando os indicados têm laços diretos com figuras do governo ou do establishment político. Crítica A prática de indicações presidenciais, embora legal, é problemática quando prioriza lealdades políticas em detrimento da percepção de neutralidade. O TSE, como guardião da democracia, deve ser imune a qualquer suspeita de alinhamento com o governo de turno. A escolha de juristas com fortes conexões com membros do STF ou do Executivo, ainda que qualificados, alimenta narrativas de politização da Justiça, o que pode minar a legitimidade das decisões do tribunal em momentos críticos, como a validação de resultados eleitorais. Além disso, a falta de critérios objetivos e transparentes para a formação das listas tríplices pelo STF amplifica o problema. O processo atual permite que influências pessoais e políticas se sobreponham à meritocracia, o que contraria os princípios de uma democracia robusta. Para mitigar essas questões, seria desejável a adoção de mecanismos que aumentem a transparência, como audiências públicas para a escolha dos candidatos e maior diversidade nas listas tríplices, evitando a concentração de poder em redes de influência já consolidadas. Embora as indicações de Lula para o TSE sejam legais, elas expõem fragilidades éticas no sistema de nomeações judiciais. A percepção de alinhamento político, reforçada por escolhas de aliados de figuras como Moraes e Dino, pode comprometer a confiança na imparcialidade do TSE. Reformas que promovam maior transparência e independência no processo de seleção são essenciais para fortalecer a democracia e garantir que o Judiciário atue como um pilar neutro, acima de interesses partidários. Fontes: O Globo, O GloboII, Metropoles Foto: Joédson Alves/ Agência Brasil CC
Europa aposta alto: plano bilionário para reerguer a Ucrânia e frear influência russa

A União Europeia anunciou nesta quinta-feira (10), em Roma, um ambicioso plano bilionário para reconstrução da Ucrânia, reunindo apoio político e financeiro de países-membros, instituições europeias e setor privado para ajudar Kiev a resistir à guerra e preparar sua recuperação pós-conflito. No total, foram comprometidos mais de 10 bilhões de euros, conforme detalhado na quarta Conferência de Recuperação da Ucrânia. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou €2,3 bilhões inicialmente desbloqueados pela UE, capazes de atrair até €10 bilhões adicionais em investimentos públicos e privados para reconstrução de infraestrutura, saúde, energia e negócios. O Fundo Europeu para Reconstrução da Ucrânia, maior fundo de capital privado até hoje dedicado ao país, foi lançado com uma injeção de €220 milhões, com meta de elevar esse investimento para €500 milhões até 2026. A iniciativa faz parte do “Ukraine Facility”, que reúne uma previsão total superior a €50 bilhões para o período 2024‑2027, combinando empréstimos e subsídios. Participantes do evento incluíram o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, que classificou os ataques russos recentes como “terrorismo puro” e defendeu o uso de ativos congelados da Rússia para financiar a reconstrução. Zelensky reforçou ainda que a reconstrução da Ucrânia deve ser vista como investimento estratégico, destacando potencial de modernização para infraestrutura, energia e digitalização conectando o país à União Europeia . No evento, a primeira-ministra italiana enfatizou que as experiências da Itália e Alemanha após a Segunda Guerra Mundial demonstram que a reconstrução é possível mesmo em cenários adversos. Líderes como Emmanuel Macron, Keir Starmer e Friedrich Merz fortaleceram o compromisso europeu de apoio à Ucrânia, com Macron e Starmer pedindo sanções mais rigorosas à Rússia e suporte contínuo a Kiev. Contexto macroeconômico: a Ucrânia enfrenta um déficit orçamentário projetado de até US$ 19 bilhões em 2026, segundo relatório do FT. O Ukraine Facility foi estruturado para cobrir esse hiato, utilizando recursos da UE, do Banco Europeu de Investimento (EIB) e do Fundo Europeu para Desenvolvimento Sustentável Plus (EFSD+). Uma tranche de €2 bilhões em garantias já foi assinada com o EIB em março, focada em energia, transporte, habitação e infraestrutura urbana. Especialistas destacam que a abordagem de Reino Unido ‑ União Europeia ‑ Itália combina subsídios, empréstimos garantidos e capitais privados para acelerar a reconstrução e atrair investimento estrangeiro, sinalizando a definição de padrões de governança e transparência para futura adesão ao bloco. Críticos, porém, alertam que os valores anunciados ainda ficam aquém dos US$ 486 bilhões estimados pelo Banco Mundial como custo da reconstrução a longo prazo. Além disso, há desafios — violência contínua, acesso limitado à justiça, risco de corrupção e seguros para investidores — que exigem garantias robustas antes que capitais privados sejam liberados . Com a crise humanitária ainda presente e a guerra em curso, a iniciativa emerge como um marco — um “novo plano Marshall” europeu para a Ucrânia. O sucesso dependerá da execução eficaz, alinhamento com reformas do país, e capacidade de atrair investimento sustentável que aproxime Kiev de sua meta de aderir à União Europeia até 2030. Fontes: Financial Times, The Guardian, EU4Ukraine
Peixe pequeno: após quase um ano preso, morador de rua com problemas mentais é absolvido por Moraes por “falta de provas”

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), absolveu mais um acusado pelos atos de 8 de janeiro de 2023, desta vez um morador de rua identificado como Márcio Rodrigues da Silva. Decisão alimenta debate sobre seletividade e condução política dos julgamentos relacionados ao 8 de Janeiro Segundo o despacho, a absolvição ocorreu “por ausência de provas“, apesar de o réu ter admitido espontaneamente sua presença na Praça dos Três Poderes no dia da manifestação, com fotos e vídeos anexados ao processo. Márcio, que não possui residência fixa, foi mantido por quase um ano sob medidas cautelares, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica e proibição de acesso às redes sociais. Agora, segundo Moraes, ele não representa risco à ordem pública, mesmo tendo estado presente nos arredores das sedes dos Três Poderes no momento da invasão. A decisão reacende a discussão sobre os critérios usados pelo STF na condução dos processos relacionados ao 8 de Janeiro. Enquanto centenas de réus — incluindo idosos, mulheres e pais de família — receberam penas severas por “atos antidemocráticos“, a Corte tem absolvido alguns casos isolados sob alegações de fragilidade nas provas. Para analistas, a decisão escancara um desequilíbrio na balança da Justiça. “Confissão e presença registrada não bastam, mas comentários em rede social foram suficientes para condenar outros cidadãos a décadas de prisão?”, questiona um advogado criminalista ouvido pela reportagem, sob anonimato. A seletividade percebida por parte de juristas e da sociedade civil levanta suspeitas sobre o viés político nas decisões do Supremo. Enquanto isso, a condução de Alexandre de Moraes no caso 8 de Janeiro continua sendo criticada por sua rigidez seletiva, seu poder concentrado e por decisões que, segundo opositores, desafiam as garantias básicas do devido processo legal. Fonte: sintesecriminal.com
Taiwan realiza os maiores jogos militares de sua história

Na última quarta-feira (9), Taiwan deu início a edição de 2025 de seus jogos militares anuais, o Han Kuang. Os exercícios terão duração de 10 dias, avaliando a capacidade do país de resistir a uma invasão chinesa à ilha. Este ano, a mobilização envolverá aproximadamente 22.000 reservistas, maior número da história. Novos cenários serão testados, especialmente aqueles relacionados a ataques cibernéticos e desinformação. “Os comandantes precisam pensar em quais desafios as tropas poderão enfrentar, e então passá-los a seus subordinados“, explicou um oficial taiwanês, citando o conflito na Ucrânia como principal referência de combate real. Os exercícios abrangerão situações como o bloqueio naval imposto por Pequim a ilhas próximas, manobras para repelir o desembarque de tropas chinesas no território e medidas para lidar com ataques aos sistemas de comando e comunicação do país durante o conflito. Nesta edição, os jogos militares serão combinados a exercícios de resiliência civil, de forma a testar o quão preparada está a sociedade taiwanesa como um todo para enfrentar ameaças à soberania do país. A ideia é estimular a cooperação dos setores público e privado e aumentar a participação e consciência popular quanto à defesa da ilha. “Esse será o Han Kuang mais intenso que já fizemos“, disse o general Tung Chi-hsing, responsável pela divisão de planejamento do Estado Maior taiwanês. “O treinamento imagina uma guerra disputada em estágios, nas praias, nas cidades e pela sociedade“. O início dos jogos vem um dia após um representante chinês classificar de “inevitável” a reunificação de Taiwan à China. Pequim considera a ilha como uma província separatista, e vem gradativamente elevando a pressão – política e militar – sobre Taiwan. “Não importa como se saiam ou que armas usem, eles não tem como resistir à espada da anti-independência e a tendência histórica da reunificação à pátria-mãe“, declarou o porta-voz do ministério da Defesa chinês, Jiang Bing. “O Han Kuang nada mais é do que um blefe, um truque do Partido Democrático Progressista“. Diante das ameaças, os militares taiwaneses preferem não economizar no treinamento. Comentando a estratégia de prover às tropas informações mínimas sobre os exercícios, um oficial disse que “o objetivo é estar preparado para inesperado“. Fontes: Reuters, Al Jazeera, Focus Taiwan, South China Morning Post
Aumento de cargos no STF: o Brasil está quebrado ou não?

Nesta terça-feira (08), a Câmara dos Deputados aprovou um aumento de 160 novos cargos para o Supremo Tribunal Federal. Uma vitória do STF, que agora terá mais gente para “desafogar” a justiça — ou talvez para identificar “discursos de ódio” com mais eficiência e vigiar parlamentares que se esquecem de que precisam “se comportar“. Vitória da casta, derrota do povo. Enquanto o cidadão comum aperta o cinto para pagar a conta do Estado inchado, Brasília segue em expansão — e em festa. Esse novo presentinho custará milhões aos cofres públicos, turbinando uma das estruturas mais caras do Judiciário no mundo. Para comparação internacional, parece piada. A pergunta óbvia é: o Brasil tem ou não o dinheiro necessário para custear este novo cenário? A própria ministra do Planejamento vive alertando que o orçamento não se sustenta sem uma revisão urgente nas despesas obrigatórias. Mas isso não impediu o Congresso de aprovar mais cargos para o Judiciário — e ainda discutir o aumento de deputados na Câmara. Parece que o congresso está lutando contra o bolso do contribuinte, passando longe de ser uma representação da vontade do povo. Faço parte de um grupo de WhatsApp com policiais do Rio de Janeiro. Nele, há um colega que faz questão de se identificar como defensor ferrenho da esquerda brasileira — com a mesma convicção cega com que alguns homossexuais defendem o Hamas. Confesso que é algo difícil de compreender, mas, no geral, damos pouca importância ao que ele diz. Trata-se de alguém que claramente nunca teve acesso ou contato real com ideias conservadoras, liberais ou libertárias. Ainda assim, por mais absurdas que sejam suas opiniões, deixamos claro com atitudes — e não com censura — que ele tem espaço garantido para falar o que quiser. Não será banido por pensar diferente. Ao contrário da esquerda que ele tanto admira. Esse policial vive trazendo para o grupo notícias sobre gastos públicos na casa dos milhões ou bilhões. E sempre lança a mesma pergunta: “o país está quebrado?“. Como explicar para um cidadão comum que o simples fato de falar em bilhões já representa uma terrível decadência do valor da moeda, e ainda mais quando se fala de bilhões na máquina pública? A verdade é que o insucesso é certo, não pela indisponibilidade de se explicar, desenhar e tudo mais, mas pela complexidade de compreensão da atitude contraditória do próprio congresso. Mas como a mesma entidade pode ser contra e a favor de aumento de gastos ao mesmo tempo? A derrubada do aumento do IOF na Câmara deu um breve ar de normalidade ao Brasil, trazendo um raro alinhamento entre o que pensa o cidadão comum e a Casa que deveria representá-lo. No entanto, essa mesma Câmara que rejeitou o aumento de impostos aprovou o aumento do número de deputados, de 513 para 531, e, na noite de 8 de julho, autorizou a criação de 160 novos cargos no STF — podendo chegar a 200. Alguns parlamentares afirmam que a medida não altera o orçamento e que não implicará em novos gastos. Mas essa justificativa, embora teoricamente correta, é uma desculpa pronta. Na prática, sabemos que isso acabará gerando a necessidade de mais arrecadação com o tempo — ou seja, mais peso no bolso do contribuinte. O país está quebrado? Em audiência na Comissão Mista de Orçamento (CMO), no mesmo dia, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, admitiu que o orçamento de 2026 será “desafiador“. Ainda assim, na mesma reunião, anunciou que o salário mínimo passará dos atuais R$ 1.518 para R$ 1.630. Segundo ela, em termos reais, será o maior valor em 50 anos — mas cada real de aumento representa um impacto direto de R$ 420 milhões nas contas públicas. Ou seja, o governo reconhece que o orçamento está por um fio, mas continua empilhando despesas obrigatórias como se o dinheiro brotasse em árvore. A matemática não fecha, mas o populismo, como sempre, fala mais alto. Aí vem o amigo policial, compartilha a manchete destacando apenas o aumento do salário mínimo — como se fosse um ato isolado de bondade estatal — e ignora completamente o alerta da própria ministra sobre o desafio de manter as contas públicas de pé. E, claro, solta a pergunta de sempre: “o país tá quebrado?“ A resposta continua sendo direta: o Brasil não é pobre. Pelo contrário. É um país rico, com um povo trabalhador, a terra é altamente produtiva, clima que atrai turistas, uma economia com potencial de sobra e as reservas minerais são invejáveis aos olhos do mundo. O que falta não é recurso, é gestão — e uma gestão que não seja partidária, mas nacional. Falta um governo que queira desenvolver o país, e não só proteger o próprio grupo político. Que gere riqueza para o Estado, não para amigos, familiares e apadrinhados. Que una o povo em torno de objetivos comuns, em vez de dividir o país entre “eles e nós“. O Brasil ainda não está quebrado, mas se continuar nesse ritmo, a destruição não será questão de “se“, e sim de “quando“.
Tarifaço de Trump ao Brasil. Veja o que repercutiu na mídia internacional

Nesta quarta-feira (9), o presidente americano Donald J. Trump enviou uma carta oficial ao presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, estabelecendo uma tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros exportados aos EUA. O presidente Lula já se manifestou em resposta. Abaixo segue um compilado de como o assunto foi abordado pela imprensa internacional: Politico O site de notícias americano “Politico” noticiou o conteúdo da carta de Donald Trump, ressaltando que a tarifa de 50% representa um aumento significativo em relação aos 10% anunciados em abril. E menciona que a carta faz uma defesa explícita de Bolsonaro, além de uma crítica à Suprema Corte brasileira devido às ordens de censura “secretas e ilegais”. Comenta que Bolsonaro possui forte popularidade e que Eduardo Bolsonaro tenta encenar um retorno político mediante os baixos índices de aprovação do governo Lula e da explosão de criminalidade nas principais cidades do país. Em seguida, discorre sobre o envolvimento do Brasil com a Rússia e China através do BRICS, também citando os laços com Venezuela e Cuba. E finaliza divulgando a resposta de Lula em seu post na plataforma X. Bloomberg O Bloomberg noticia sobre o tarifaço, citando que a medida fez o Real desvalorizar 2% frente ao dólar como consequência imediata. Diz que a tarifa é vista como uma resposta de apoio de Trump a Bolsonaro, intensificando as tensões entre os 2 países. O artigo destaca que os EUA têm superávit comercial com o Brasil, contradizendo a justificativa usual de Trump para as tarifas, que seria corrigir déficits comerciais. CNN Business O CNN Business noticiou sobre a carta de Trump e a resposta de Lula. E destaca que a tarifa é notável por ser a primeira vez em meses que outro país ameaça retaliar diretamente contra as tarifas de Trump. Também aborda a contradição da justificativa de Trump, uma vez que o Brasil registrou um déficit comercial de U$ 6,8 bilhões com os EUA, ao contrário dos outros 21 países que também receberam cartas de Trump. E finaliza, listando sobre os outros países e suas respectivas respostas. BBC A BBC noticiou sobre a carta de Trump e a resposta de Lula, destacando a diferença significativamente maior previamente anunciada de 10 para 50%. E aponta motivação política da medida ao relatar os laços de Bolsonaro e Trump. No título do artigo menciona-se que Trump está exigindo um fim ao julgamento de Bolsonaro. Reuters A agência de notícias Reuters destacou que Lula chamou Trump de “imperador indesejado” na cúpula do BRICS. E que a carta de Trump é motivada em defesa de Bolsonaro. Comenta a resposta de Lula prometendo reciprocidade, aponta a contradição sobre a narrativa de Trump a respeito da correção de déficits comerciais. E finaliza detalhando que os principais produtos de exportação brasileira são o petróleo, café, aço e ferro, enquanto os EUA exportam aeronaves, petróleo e semicondutores ao Brasil. The Economic Times O portal de notícias econômicas indiano cita que essa é uma ação sem precedentes que utiliza a política comercial para interferir em assuntos internos de outro país. Comenta a resposta de Lula e destaca que o Brasil é uma exceção entre os alvos de Trump, destacando também que os EUA têm superávit comercial com o país. Finaliza mencionando que a tarifa imposta sobre o Brasil é a mais alta imposta pelos EUA. The Guardian O portal inglês, após noticiar sobre a tarifação e a resposta do Brasil, comenta que a medida aumenta temores de que a estratégia comercial errática de Trump possa agravar a inflação em ambos os países. Também discorre sobre a carta ao Brasil ser diferente de outras enviadas, por focar em questões políticas internas, como o julgamento de Bolsonaro, em vez de desequilíbrios comerciais. Ao final, enfoca mais o detalhamento das medidas em outros países e das implicações para os EUA. Bousier O portal francês econômico noticia sobre as mesmas informações dos demais, porém comenta que as tarifas podem afetar gravemente indústrias brasileiras, como aço e aviação, e que também impactam as exportações americanas, como aviões e combustíveis. Expresso O Expresso de Portugal deu ênfase na devolução da carta de Trump pelo Brasil, que a classificou como ofensiva e cheia de informações falsas sobre a relação comercial entre os 2 países. Citando que a secretária de relações exteriores do Brasil com os EUA, Maria Luisa Escorel, chegou a convocar na quarta (9) o mais alto representante dos EUA em Brasília pela 2ª vez no mesmo dia, para que confirmasse a “autenticidade” da carta, em função da mesma ter sido publicada antes de chegar ao Presidente Lula. Análise Geral Carta de Trump No geral, todas as fontes destacam que a tarifa de 50% é motivada pela defesa de Trump a Jair Bolsonaro, todavia também relatam as críticas de Trump sobre ações do Brasil contra a liberdade de expressão e empresas americanas, como ordens de censura a plataformas digitais. Resposta Brasileira As fontes relatam que o presidente Lula respondeu de forma firme, prometendo medidas recíprocas com base na Lei da Reciprocidade Econômica. Enfatizando a soberania brasileira e rejeitando qualquer interferência no sistema judicial do país. Impactos Econômicos Algumas fontes noticiaram sobre a tarifa, que substitui os 10% anunciados em abril, afetando setores como café (o Brasil produz 37% do café mundial), petróleo, aço e aviação. E também, a desvalorização do real e quedas nos mercados brasileiros, com o real caindo mais de 2% contra o dólar, em um impacto imediato. Contexto Global A medida é vista como parte de uma onda de tarifas anunciadas por Trump, incluindo 50% sobre cobre e taxas de 20-30% para países como Filipinas, Iraque e Sri Lanka. Entretanto, a ação contra o Brasil é destacada como única por sua motivação política explícita, o que aumenta preocupações sobre inflação global e instabilidade comercial. Fonte: Politico, Bloomberg, CNN Business, BBC, Reuters, The Economic Times, The Guardian, Bousier, Expresso
Lula vai recorrer a Organização Mundial do Comércio após tarifas impostas por Trump

O presidente Donald Trump elevou a disputa em torno do BRICS a um novo patamar ao anunciar nesta quarta-feira (09) a imposição de tarifas de 50% sobre todos os produtos importados do Brasil, válidas a partir de 1º de agosto. A medida, justificada por ele como retaliação ao que chamou de “indefinições brasileiras” e ao que considera uma perseguição política ao ex-presidente Jair Bolsonaro, marca uma escalada inédita na guerra tarifária. Trump acusa o Brasil de realizar uma “caça às bruxas” contra Bolsonaro, além de aplicar restrições à liberdade de expressão e impor controles às redes sociais — incluindo plataformas como X, de Elon Musk. A tarifa também é apresentada como parte de uma “investigação do Artigo 301” por práticas comerciais supostamente desleais, segundo carta enviada a Lula. Para o Brasil, a resposta foi imediata. O Palácio do Planalto anunciou que acionará a Organização Mundial do Comércio (OMC) como forma de contestar a legalidade da medida, amparado pela Lei de Reciprocidade Econômica aprovada pelo Congresso Nacional. Lula também prometeu retaliar com tarifas equivalentes sobre produtos norte-americanos, abrindo potencial para uma guerra tarifária bilateral. O impacto econômico se fez sentir de forma brusca: o real desvalorizou-se em 2,8%, num dos piores dias do mercado desde abril, e a bolsa de São Paulo foi afetada, com queda de papéis de empresas como Petrobras, Itaú Unibanco e Embraer. Enquanto isso, Lula ressaltou que o país “não aceitará tutelas políticas nem chantagens”. Ele afirmou que “as decisões do Judiciário brasileiro são soberanas e imunes à interferência internacional“. O BRICS, por sua vez, emitiu um comunicado oficial condenando os novos tarifários e outras retaliações unilaterais durante a cúpula no Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo, Trump lançou ameaças semelhantes contra outros países do bloco, classificando-os como promotores de políticas “antiamericanas“. Analistas em Brasília avaliam que as consequências comerciais, políticas e eleitorais da medida serão profundas. No setor agrícola, estima-se que produtos como café, suco de laranja e carne tenham aumento imediato de custo nos EUA. Já no meio político, Lula pode usar a retórica antidólar e anti-imperial para galvanizar apoio doméstico, sobretudo em campanha para 2026. O Brasil deve formalizar as queixas na OMC nas próximas semanas, enquanto mantém a ameaça de retaliação econômica direta. Em paralelo, analistas recomendam buscar diversificação de mercados, focando na União Europeia e na Ásia. O desenrolar dessa disputa dependerá do ritmo jurídico na OMC, do comportamento dos mercados globais e da capacidade de Brasília responder com rapidez e firmeza. Fontes: El Pais, Reuters, CNN, AP
Rússia recruta estrangeiros: a nova legião de Putin e os ecos da história militar europeia

Com mais de três anos de guerra intensa contra a Ucrânia, a Rússia enfrenta um dilema estratégico e político: como manter sua ofensiva sem provocar uma nova onda de mobilização interna que possa desestabilizar ainda mais o país? A resposta veio em julho de 2025, quando o presidente Vladimir Putin assinou um decreto que autoriza cidadãos estrangeiros a servirem no exército russo mesmo fora de estados de emergência ou lei marcial. A medida também permite que especialistas acima do limite de idade ingressem em agências como o FSB e o SVR, ampliando o escopo do recrutamento militar e de inteligência. Essa decisão não é apenas uma resposta ao desgaste humano da guerra — que já causou mais de um milhão de baixas entre soldados russos, segundo o Estado-Maior da Ucrânia — mas também uma tentativa explícita de evitar o custo político de uma nova mobilização nacional. O decreto de mobilização parcial de setembro de 2022, ainda em vigor, provocou o êxodo de mais de 261 mil russos, revelando o impacto social e psicológico da guerra. Ao invés de repetir esse trauma, o Kremlin aposta na internacionalização de suas forças armadas, oferecendo incentivos financeiros e a promessa de cidadania russa a estrangeiros dispostos a lutar. Entre abril de 2023 e maio de 2024, mais de 1.500 estrangeiros foram recrutados para combater na Ucrânia, segundo o Ministério da Defesa britânico. A maioria veio do Sul e do Leste da Ásia (771), seguida por cidadãos de ex-repúblicas soviéticas (523) e países africanos (72). Os principais atrativos são os bônus de assinatura e a possibilidade de obter cidadania russa — uma oferta que transforma Moscovo em um polo internacional de alistamento militar. Essa estratégia, embora adaptada ao contexto contemporâneo, tem raízes profundas na história militar europeia. Em 1831, a França criou a Legião Estrangeira como forma de reforçar suas campanhas coloniais sem comprometer o tecido social interno. Formada exclusivamente por estrangeiros — exilados políticos, mercenários e aventureiros — a Legião atuava fora do território metropolitano, especialmente na Argélia, permitindo à França expandir seu império sem agitar o cenário doméstico. Mais do que uma solução logística, a Legião era um instrumento de controle político e reforço imperial. A Espanha seguiu o mesmo caminho ao fundar, em 1920, o Tercio de Extranjeros, sua própria legião estrangeira. Enfrentando derrotas na Guerra do Rif, o país buscava tropas mais resilientes e motivadas. Inspirada na francesa, a Legião Espanhola recrutava voluntários estrangeiros para missões de alto risco no norte da África. Seu ethos heroico e sua independência em relação ao exército regular espanhol conferiram à unidade uma aura de elite e utilidade política em tempos turbulentos. A Rússia, ao permitir o alistamento de estrangeiros, parece reativar esse princípio com nova roupagem. A medida não apenas reforça o contingente militar, mas também sinaliza uma mudança de paradigma: o Kremlin reconhece que sua capacidade de mobilização interna está esgotada e que, para sustentar sua ofensiva, será preciso recorrer a soluções externas. Ao incluir especialistas acima do limite de idade em agências de segurança, a Rússia amplia ainda mais sua rede de recrutamento, buscando talentos que possam contribuir com inteligência, logística e operações especiais. Outros países também adotaram estratégias semelhantes. Os Estados Unidos têm uma longa tradição de recrutamento estrangeiro em suas forças armadas, especialmente durante os conflitos no Oriente Médio. A promessa de green card e cidadania funcionou como alavanca de recrutamento. Israel, durante sua Guerra de Independência, contou com voluntários da diáspora judaica e veteranos da Segunda Guerra Mundial. Mais recentemente, a Ucrânia criou sua própria Legião Internacional, atraindo estrangeiros para combater a invasão russa. Esses exemplos revelam uma constante histórica: quando a mobilização interna se torna politicamente arriscada ou inviável, os exércitos recorrem a recursos humanos externos. É uma forma de terceirização da guerra, que transfere o custo da defesa para mãos estrangeiras em troca de compensações materiais e promessas de pertencimento. A Rússia, portanto, não apenas reage às pressões da guerra na Ucrânia, mas também reposiciona sua política militar em sintonia com modelos consagrados — e polêmicos — da tradição europeia. Embora o impacto numérico dos estrangeiros no exército russo ainda seja limitado, o gesto tem peso simbólico e estratégico. Ele mostra que o Kremlin está disposto a adaptar sua política de defesa para evitar novos traumas sociais e políticos. Ao abrir seus quartéis aos estrangeiros, a Rússia confere à sua política de guerra um novo rosto — mais pragmático, mais internacional e menos dependente do consenso nacional. Essa “nova legião de Putin” não é apenas uma resposta ao desgaste da guerra. É uma tentativa de reinventar a máquina militar russa, inspirando-se em práticas históricas que permitiram a outras potências sustentar seus projetos imperiais sem sacrificar sua estabilidade interna. Em tempos de guerra prolongada, a História sempre retorna com novas fardas — e a Rússia, ao que tudo indica, está vestindo a sua.
Hamas no limite: 95% dos líderes mortos e Gaza entregue a grupos criminosos

Novas denúncias sugerem uma inquietante possibilidade: a liderança do Hamas em Gaza pode estar em colapso, enquanto milícias locais — algumas com apoio israelense — buscam ocupar o vazio de poder. As informações surgiram após uma entrevista exclusiva à BBC com um suposto tenente-coronel das forças de segurança da organização, feita no mesmo dia em que ocorria rodada de negociações de cessar-fogo em Doha, entre Israel e Hamas. De acordo com a fonte, o Hamas teria perdido cerca de 80% do seu controle territorial na Faixa de Gaza, incluindo a desintegração de sua estrutura de comando. Destaca-se que 95% de seus principais líderes teriam sido eliminados por ataques aéreos israelenses. Segundo o oficial, “o Hamas foi praticamente desintegrado e perdeu o controle sobre a população na Faixa de Gaza” — uma declaração forte, sugerindo que, embora ainda detenha 35% a 40% da área e controle cerca de 2 milhões de pessoas, a organização estaria desmoralizada e sem capacidade de manter uma administração coerente. Se isso for verdadeiro, surge a pergunta: por que o Hamas seguiria negociando em Doha com postura firme, exigindo liberação de prisioneiros palestinos em troca de reféns, interrupção das ofensivas israelenses e a facilitação de reconstrução em Gaza? E por que Israel não lançaria um avanço final, acreditando ter “vencido” o grupo? Yasser Abu Shabab A resposta pode estar na possível estratégia por detrás da declaração do tenente-coronel. Apesar do suposto colapso, o Hamas ainda controla regiões-chave — como a cidade de Gaza e acampamentos centrais —, onde Israel não ingressou devido ao risco de atingir reféns mantidos pelo grupo. Esse território pode estar servindo como “zona de segurança” para que a organização reagrupe forças. Além disso, o vazamento coincide com o surgimento de uma nova liderança emergente: Yasser Abu Shabab, identificado como chefe de milícia com ligação com a Autoridade Palestina, Egito e com o ex-líder de Gaza Mohammad Dahlan — este último apoiado pelos Emirados Árabes Unidos. Segundo relatos, ele estaria recebendo treinamento, armas e apoio logístico, inclusive de Israel, que enxerga a possibilidade de enfraquecer o Hamas com uma força mais alinhada aos seus interesses. Em sua declaração à BBC, o oficial descreveu Abu Shabab como figura que consolida milícias locais formando um conselho conjunto para derrubar o Hamas. Fontes diplomáticas confirmam que ao menos seis grupos armados já surgiram nos territórios onde o Hamas perdeu influência. “Gangues estão presentes por toda a área, e a sociedade está em colapso“, relatou o tenente-coronel, indicando que o vácuo de poder teria sido rapidamente ocupado por milícias locais. Porém, nem todos os analistas acreditam na narrativa de descontrole total. A diplomacia israelense não se pronuncia oficialmente sobre os rumores, embora tenha confirmado a provisão de apoio material a grupos como o de Abu Shabab. Por outro lado, o Hamas continua a negociar com firmeza em Doha, como se sua capacidade de pressão ainda fosse relevante. Aparentemente, Israel não consideraria útil atacar massivamente a área por temer consequências humanitárias, o que comprometeria sua imagem diplomática. A controvérsia gera um impasse: o Hamas estaria efetivamente enfraquecido, incapaz de governar, mas paradoxalmente fortalecido por permanecer ativo politicamente e manter controle sobre áreas estratégicas. Se sua autoridade — já seriamente comprometida — der lugar ao poder dessas novas facções, pode haver um processo de transição de regime em Gaza, com permissão tácita de Israel, Egito e Autoridade Palestina. Essa possível realocação de poder no terreno poderá ter impactos profundos. Por um lado, enfraqueceria uma liderança unificada responsável pelo sequestro de reféns e pelos atentados. Por outro lado, instabiliza ainda mais uma Palestina já fragmentada, podendo gerar confrontos internos e caos humanitário no pós-guerra, caso o cessar-fogo se concretize. Enquanto durar a guerra e o esperado cessar-fogo não se consolidar, a incerteza sobre quem realmente governa Gaza permanece — e o anúncio de colapso do Hamas pode representar, ao mesmo tempo, verdade amarga e jogada estratégica cuidadosamente orquestrada. Fontes: BBC, Jerusalem Post
França vira exemplo de fracasso fiscal: maior déficit público da Zona do Euro e um caos político

A Europa está novamente no radar do mercado, mas a França corre o risco de ficar de fora. Sufocada por problemas fiscais e paralisada pela constante balbúrdia política, a segunda maior economia da União Europeia (UE) vê os investidores se afastando, em busca da estabilidade alemã ou de oportunidades promissoras em economias menores, como a Espanha. Até mesmo geografias outrora relegadas, como a Grécia, vêm sendo priorizadas. “Enquanto outras economias com alto nível de endividamento – como Portugal, Grécia, Espanha e Itália – se aproveitaram por anos da inflação elevada para ajustar sua relação dívida/PIB, a França destoa cada vez mais“, criticou o ex-primeiro-ministro das Finanças Pierre Moscovici. A França registra agora o maior déficit público de toda a Zona do Euro. Para equacionar o problema, a administração do primeiro-ministro François Bayrou propôs cortes de € 40 bilhões para o orçamento de 2026. A aprovação da peça, no entanto, parece tarefa hercúlea. Sem maioria no parlamento, o governo já enfrentou 8 moções de desconfiança desde dezembro de 2024, quando Bayrou assumiu o posto. Seu antecessor, Michel Barnier, perdeu o cargo justamente durante as negociações do orçamento anterior. “Qualquer compromisso trará no máximo medidas temporárias, insuficientes para reduzir a dívida e equacionar o déficit“, apontou Nicolas Forest, CIO da gestora Candriam. O receio dos investidores com a economia francesa se reflete no prêmio de risco cobrado para captação de recursos pelo governo quando comparado às demais economias do continente. Em relação à Alemanha, por exemplo, o prêmio gira em torno de 70 pontos base (bps), significativamente superior aos 50 bps de quando o presidente Emmanuel Macron assumiu. O cenário se repete mesmo no comparativo com economias tradicionalmente mais arriscadas, como Itália e Espanha, o que é, nas palavras de analistas do mercado, “totalmente inusitado“. Segundo Alexandre Bompard, CEO do Carrefour, a incerteza política e fiscal pesa no comportamento das famílias, que compartilham do temor por seu futuro financeiro. “A recuperação dos gastos dos consumidores na França é mais tímida que em nossos outros mercados“, atestou o executivo. Pierre-Olivier Gourinchas, economista do FMI, afirmou que o governo francês não pode mais fugir do problema. “A França não está apartada das leis da gravidade“, disse. “Teremos que nos adaptar“. Fonte: Reuters