AGU é acusada de mentir para proteger Moraes em processo nos EUA, diz advogado da Rumble e Trump Media

A atuação da Advocacia-Geral da União (AGU) no caso que envolve o ministro Alexandre de Moraes na Justiça dos Estados Unidos provocou forte reação nesta terça-feira, 8 de julho. O advogado Martin De Luca, que representa as plataformas Rumble e Trump Media, acusou a AGU de mentir publicamente ao tentar minimizar a gravidade da situação jurídica do magistrado brasileiro no exterior. Segundo a nota divulgada pela AGU, o processo estaria apenas em fase de “monitoramento” e ainda não teria andamento formal até que fosse assinado por um “clerk” do tribunal da Flórida. A nota também afirma que o órgão apenas acompanha o caso e estuda possíveis medidas, caso necessário — uma postura que aparenta neutralidade institucional. No entanto, De Luca desmontou essa narrativa, afirmando que Moraes já foi formalmente intimado e que a tentativa de “suavizar” os fatos é “mentirosa” e institucionalmente grave. “A nota da AGU contém inverdades. O ministro foi citado, e o processo está em curso. A AGU está tentando proteger um indivíduo com recursos do Estado brasileiro“, afirmou o advogado em entrevista à revista VEJA, publicada na manhã desta terça-feira. De Luca foi ainda mais contundente ao acusar Moraes de praticar “lawfare contra a direita“, ou seja, usar o sistema judicial brasileiro como arma para perseguir opositores políticos, jornalistas e plataformas digitais. Segundo ele, Moraes exportou sua censura para o território americano, violando diretamente a Primeira Emenda da Constituição dos EUA, que garante liberdade de expressão plena e irrestrita. “Um ser humano razoável pode concluir que ele está utilizando as ferramentas do Judiciário para suprimir um ponto de vista político específico“, declarou o advogado, alertando para o risco de exportação da repressão judicial brasileira. A ação judicial movida pelas empresas americanas, incluindo a Truth Social (ligada ao ex-presidente Donald Trump), tramita no Distrito Médio da Flórida e contesta decisões de Moraes que ordenaram bloqueios de perfis, suspensão de conteúdo e remoção de publicações com base em inquéritos sigilosos no Brasil. Se não responder até o início de agosto, o ministro poderá sofrer decisão à revelia da corte norte-americana. Juristas apontam que a atuação da AGU configura desvio de finalidade, já que o órgão deveria defender o Estado brasileiro e não agir como advogado pessoal de um membro do STF acusado de abuso de poder em outro país. Parlamentares conservadores também prometem acionar o Congresso para pedir explicações sobre os gastos públicos com a defesa internacional de Moraes. A tentativa de blindagem, dizem críticos, não é apenas ilegal, mas representa um esforço explícito do governo Lula para proteger o ministro que lidera perseguições à oposição conservadora dentro e fora do Brasil. Fonte: veja.abril.com.br

A mentalidade israelense: forjada na resiliência e na união

Em Israel, a prontidão não é apenas um lema militar, é parte de cada respiração, de cada gesto, de cada rotina. Desde pequenos, meninos e meninas aprendem a reconhecer o som das sirenes que anunciam ataques aéreos, a buscar refúgio rapidamente, a não entrar em pânico. São crianças que sabem onde fica o abrigo mais próximo, que fazem simulados de evacuação na escola, e que escutam de seus pais: “Atenção salva vidas“. Para quem nunca viveu algo parecido, isso pode soar assustador, mas para os israelenses, essa educação para a emergência representa cuidado, responsabilidade e, acima de tudo, amor à vida. Essa convivência constante com a possibilidade de ataque não gera apenas temor, mas cria uma geração que valoriza a serenidade diante do caos. Desde cedo, eles aprendem a reagir rápido, a estender a mão ao vizinho, a proteger os mais frágeis. É uma forma de crescer consciente de que a força não está somente em armas, mas também na capacidade de manter a calma e agir corretamente mesmo sob risco extremo. Essa mentalidade de prontidão se transforma numa espécie de “instinto coletivo” que orienta toda a sociedade israelense, que segue em frente apesar de qualquer ameaça. O Exército como escola de vida Outro elemento central na formação da mentalidade israelense é o serviço militar obrigatório. Em Israel, ele não se resume a treinar jovens para combater, mas é uma verdadeira escola de vida. Durante dois ou três anos, meninos e meninas aprendem a conviver, a confiar uns nos outros e a assumir responsabilidades. São treinados para liderar, para planejar, para improvisar soluções e, principalmente, para tomar decisões duras sob pressão. Os israelenses sempre dizem que os amigos do exército são para sempre, e não é exagero. O convívio diário, as patrulhas compartilhadas, as noites frias em postos de vigilância, as conversas que aliviam o medo no meio do nada: tudo isso constrói laços profundos de irmandade. Essa rede de solidariedade criada na juventude continua ao longo de toda a vida adulta. Quando um soldado deixa o uniforme, ele carrega não apenas habilidades técnicas, mas também a certeza de que pode contar com seus irmãos e irmãs de armas em qualquer situação. É um senso de comunidade que transcende o quartel e fortalece toda a sociedade israelense. Rapidez e iniciativa A geografia e a realidade geopolítica de Israel não permitem hesitação. Cercado por ameaças, num território pequeno, o país desenvolveu uma cultura de ação imediata. O israelense médio prefere resolver os problemas sem burocracia, de forma direta, e se orgulha de improvisar soluções práticas mesmo diante de obstáculos gigantescos. Essa mentalidade, tão forjada pela necessidade de sobreviver, virou também motor de inovação. O famoso rótulo de Startup Nation não surgiu por acaso: a mesma rapidez que salva vidas em situações de guerra também impulsiona ideias revolucionárias, negócios arrojados e tecnologias que impressionam o mundo. O israelense cresce acostumado a lidar com riscos e a tomar decisões rápidas, e leva isso para o empreendedorismo, para a ciência e para todos os setores. Solidariedade que abraça todos Mas talvez o traço mais tocante da mentalidade israelense seja a solidariedade. Em momentos de crise, o país inteiro se mobiliza para proteger os mais vulneráveis. Durante conflitos armados, famílias abrem suas casas para desconhecidos de outras regiões, coletivos organizam doações de alimentos e roupas em questão de horas, voluntários se arriscam para resgatar feridos ou levar medicamentos para zonas de risco. Um exemplo muito marcante aconteceu no enterro da jovem Bruna Valeano, assassinada brutalmente no ataque terrorista do Hamas na festa de música eletrônica. Cerca de 10 mil pessoas compareceram ao funeral, gente que nem a conhecia pessoalmente, mas quis prestar solidariedade e dizer à família que eles não estavam sozinhos. Esse senso de comunidade se torna quase palpável nos momentos de dor coletiva. Outro caso que ficou gravado no meu coração foi o do meu amigo Ben Shimoni, também presente na mesma festa. Quando o massacre começou, ele não pensou apenas em si. Ele pegou o carro e fez três viagens, levando pessoas desesperadas para zonas seguras. Voltou para resgatar mais gente, sem medir o perigo. Na terceira viagem, não retornou. Foi morto pelos terroristas do Hamas. Shimoni representa o espírito israelense: coragem, altruísmo, prontidão para ajudar, mesmo que isso custe a própria vida. Esse tipo de atitude se repete em toda parte. Há quem ofereça carona a estranhos, quem acolha famílias inteiras que perderam tudo, quem organize cozinhas comunitárias para alimentar quem está fugindo de foguetes. É o conceito do arvut hadadit, a responsabilidade mútua, que rege esses gestos simples e grandiosos ao mesmo tempo. Um espírito que inspira Israel vive, há décadas, cercado por ameaças reais, de grupos armados a estados que negam seu direito de existir. Ainda assim, a sociedade israelense não se deixa consumir pelo ódio. A dor e o medo são transformados em coragem e em resiliência. Se de um lado existe vigilância constante e protocolos de segurança, do outro há música, festas, cultura viva, tecnologia de ponta e sonhos de paz. É impressionante observar como os israelenses não se permitem paralisar. Eles transformam perdas em reconstrução, ataques em mais determinação, lágrimas em motivação. Quando a ameaça vem, reagem unidos, e depois retomam a vida, às vezes no mesmo dia, como uma demonstração de que não permitirão que seus espíritos sejam quebrados. A prontidão que aprendem desde crianças se soma ao espírito solidário que floresce nos piores momentos. E essa combinação constrói um caráter coletivo raro: forte, ágil e ao mesmo tempo generoso. O resultado é uma sociedade que tem coragem de enfrentar a dor, que não se dobra diante do terror e que, ao mesmo tempo, não perde a humanidade. O caso de Shimomi, que se tornou herói na madrugada mais sombria, ou o enterro de Bruna, acompanhado por milhares que não queriam deixá-la partir sozinha, mostram exatamente o coração do povo israelense: ele bate rápido, mas bate junto, em sintonia com a vida, a liberdade e a dignidade. A mentalidade israelense é o reflexo de

Emboscada em Beit Hanun deixa 5 soldados israelenses mortos e 14 feridos

Beit Hanun, Faixa de Gaza – Na noite de segunda-feira, ocorreu uma emboscada complexa e letal realizada por militantes palestinos contra tropas das Forças de Defesa de Israel (FDI) em Beit Hanun, no norte da Faixa de Gaza. O ataque resultou na morte de cinco soldados e ferimentos em 14 militares, segundo fontes oficiais  . O ataque começou com a detonação de explosivos de alto poder colocados ao longo de uma estrada por onde passava uma patrulha do 97º Batallón Netzah Yehuda, da Brigada Kfir. As bombas foram detonadas com precisão, apontam as investigações preliminares, sugerindo acionamento remoto  . Após a explosão inicial, a equipe de resgate que chegou ao local foi alvo de disparos – uma tática semelhante já vista em incidentes anteriores na região, incluindo o ataque a um veículo blindado PUMA em Khan Younis que deixou sete soldados mortos  . As tropas de evacuação tiveram dificuldade para retirar os feridos, exigindo o envio de reforços e assistência aérea médica. As vítimas identificadas das forças israelenses são: sargento-primeiro Meir Shimon Amar (20), cabo Moshe Nissim Frech (20) e sargento-primeiro Noam Aharon Musgadian (20), todos de Jerusalém; sargento-primeiro Moshe Shmuel Noll (21), de Beit Shemesh; e sargento-primeiro Benyamin Asulin (28), de Haifa  . Dos 14 feridos, dois estão em estado grave e seis em estado moderado; os demais sofrem ferimentos leves  . Todos receberam atendimento em hospitais israelenses. A operação envolveu duas brigadas (a norte e a reserva 646), com o objetivo de limpar a região de militantes após o cerco de Beit Hanun desde sábado à noite  . No entanto, a emboscada destacou que, mesmo em áreas consideradas “limpas”, continuam existindo riscos significativos para a tropa. Em resposta, as Brigadas Al‑Qassam (braço militar do Hamas) afirmaram que o ataque constitui um “golpe adicional” contra o que chamam de ocupação, e previram que mais ações semelhantes ocorrerão enquanto persistir a ofensiva israelense  . O primeiro‑ministro Benjamin Netanyahu, em visita a Washington, enviou condolências às famílias e ressaltou que o sacrifício dos soldados reforça a determinação de derrotar o Hamas e garantir a libertação de reféns. Fonte: Euronews

Brasil divulga vídeo com território ucraniano incorporado à Rússia

Durante a cúpula do BRICS, realizada no Rio de Janeiro, um vídeo distribuído pela equipe oficial do governo brasileiro causou indignação e desconforto na equipe. Nas imagens, foi apresentada de forma gráfica, a anexação de territórios ucranianos atualmente ocupados pela Rússia, incluindo as regiões de Donetsk e Luhansk, anexadas em 2022 com validade jamais reconhecida internacionalmente. O conteúdo circulou nas redes sociais da presidência brasileira, mostrando mapas que incorporavam oficialmente partes do território ucraniano ao domínio da capital russa. Essa inserção explícita aconteceu num momento considerado inapropriado durante a reunião do bloco. A prática foi vista como uma tentativa de reforçar a narrativa de Moscou, sob o pretexto de defender os interesses de segurança legítimos agora estendidos aos membros do bloco. Antes, a Rússia já havia declarado anexações em setembro de 2022 em Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhia — referendos cujos resultados foram amplamente rejeitados por 143 países membros da ONU em declaração posterior. No entanto, a exibição do vídeo na cúpula marcou um salto retórico, transformando reivindicações não reconhecidas em parte da agenda visual e midiática do BRICS. O episódio pode servir para isolar ainda mais o bloco, enfraquecendo o apoio implícito às ações russas na Ucrânia. Por outro lado, também ressalta a abertura do BRICS como vitrine para a voz de potências revisionistas, mostrando sua fragilidade normativa frente a disputas militares contemporâneas. Para a diplomacia ocidental, a exibição de símbolos de anexação reflete que o Kremlin não recuou na sua estratégia territorial na Ucrânia. Ainda que a ferramenta usada tenha sido digital, o recado é real e preocupante: a Rússia busca consentimento de países emergentes, mesmo a toque de caixa, para dar contornos visíveis a uma guerra que continua em curso. Fonte: CNN

EUA limpam a ficha do HTS: grupo terrorista agora é governo amigo na Síria

Nesta segunda-feira (07), o governo dos Estados Unidos anunciou a retirada da designação de organização terrorista estrangeira da Hayʼat Tahrir al‑Sham (HTS), movimento que governa a Síria e cuja liderança agora integra o governo de transição do país, após a deposição e consequente fuga de Bashar al Assad em dezembro de 2024. A decisão, oficializada por meio de um memorando do Departamento de Estado assinado em 23 de junho pelo secretário Marco Rubio, entra em vigor hoje. A medida representa uma mudança radical na postura de Washington em relação à Síria. Desde 2018, o HTS (antes conhecido como Frente al-Nusra, braço da Al-Qaeda na Síria) estava oficialmente listado como organização terrorista, com sanções severas e recompensas por seus líderes. O grupo cortou ligações com a Al-Qaeda em 2016 e, em janeiro deste ano, se dissolveu oficialmente e se integrou às instituições do Estado sírio, sob comando do presidente de transição e líder do grupo, Ahmed al‑Sharaa. A decisão faz parte de um pacote ampliado de flexibilizações, como a revogação de sanções à economia síria, assinada por Trump no dia 30 de junho. Rubio afirmou que a retirada da designação terrorista reconhece “ações positivas” do novo governo de transição, voltadas à estabilização da Síria e à reconstrução após 13 anos de guerra civil. Já o líder do HTS, al‑Sharaa, expressou vontade de combater o terrorismo de todos os tipos e substituir o regime de Assad por um governo mais inclusivo. A política do governo Trump na região vem ganhando forte impacto diplomático: ambos os Estados Unidos e parceiros como Arábia Saudita, Turquia e Reino Unido já vêm restabelecendo contato com a Síria – o Reino Unido anunciou no fim de semana o retorno de sua embaixada em Damasco. A expectativa em Washington é que a reabilitação do HTS facilite o acesso do país a créditos internacionais e investimentos para reconstrução, bem como acelere a integração da Síria ao comércio global. Entretanto, a decisão dividiu opiniões nos Estados Unidos e entre especialistas. Instituições como o Washington Institute alertaram que o HTS ainda carrega um histórico de abusos e questões relacionadas a direitos humanos, e que a retirada do grupo da lista deve ser condicionada a garantias concretas de transparência e moderação. No Reino Unido, ainda vigora cautela: autoridades afirmaram que o HTS só poderá ser retirado da lista de terroristas se demonstrar compromisso com inclusão política e respeito a minorias. Além disso, o embaixador dos EUA em Damasco ressaltou que a remoção da designação terrorista não anula a vigilância sobre possíveis retomadas das redes extremistas, e que órgãos como o Departamento do Tesouro e o Congresso ainda analisarão detalhes jurídicos. Para o regime sírio, o gesto sinaliza o fim de um isolamento internacional de longa data. A retomada de relações com a Arábia Saudita e a Turquia, aliada ao alívio parcial das sanções, pode acelerar uma reestruturação turística e comercial em áreas bombardeadas, além de permitir parcerias em reconstrução vitalícia, como infraestrutura e abastecimento de água. Por fim, a retirada do HTS da lista de organizações terroristas marca uma redefinição das relações entre Washington e Damasco, abrindo espaço para uma nova era de engajamento diplomático e econômico. Essa transição pode favorecer uma estabilização regional, mas dependerá das garantias de moderação política e reforma institucional prometidas pelo governo de transição sírio — medidas que ainda serão avaliadas nos bastidores por americanos e europeus. Fontes: CNN, The Times of Israel, Al Jazeera, Washington Post

Gilmarpalooza: onde a raposa vai se confraternizar com quem vigia o galinheiro (e errado é quem reclama)

O Gilmarpalooza não é apenas um fórum jurídico em Lisboa. É um evento único nas democracias. O leitor pode refazer o trabalho deste articulista e pesquisar: não há nada parecido no mundo. Ninguém consegue reunir tantos senadores, deputados, ministros, juízes de tribunais superiores, bilionários e todo tipo de autoridade como Gilmar Mendes faz todos os anos. O fato de fazê-lo a um oceano de distância do seu país de origem é apenas um detalhe para o evento que explica o Brasil melhor que qualquer edição do Diário Oficial. O que é o Gilmarpalooza? Realizado anualmente desde 2013, o Fórum Jurídico de Lisboa ganhou o apelido de “Gilmarpalooza” não por obra dos seus inimigos, mas através do boca a boca de quem frequenta o evento. Em 2025, bateu recorde. Três mil inscritos, mais de 300 palestras em três dias, tudo sob as arcadas da Universidade de Lisboa. O evento se pretende acadêmico e tem como objetivo gerar “discussões e debates”. Sua organização fica a cargo do IDP (Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa), que tem Gilmar como sócio, do Instituto de Ciências Jurídico-Políticas da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e da FGV Justiça, da Fundação Getulio Vargas. Até hoje, não se tem notícia, entretanto, de qualquer contribuição relevante que tenha saído de tamanha reunião. Para quem participa, no entanto, a programação oficial parece ser apenas uma desculpa para o que realmente interessa: o livre acesso aos ouvidos das autoridades reunidas ali como palestrantes. De acordo com a Folha de S. Paulo, 150 delas — entre membros do Judiciário, Congresso, agências reguladoras, governos estaduais e outros órgãos públicos — bateram ponto no Fórum. Lá, longe dos olhos do público, empresários, advogados e lobistas têm a oportunidade de promover eventos ainda mais exclusivos. A evidente confusão entre público e privado não surpreende apenas quem participa do Gilmarpalooza. Para o tradicional jornal suíço NZZ, o evento é uma das provas de que o Judiciário brasileiro virou uma casta intocável. O também tradicional Handelsblatt, da Alemanha, pergunta sem rodeios: “Quão corruptos são os juízes do Brasil?” A programação que realmente interessa Antes mesmo do Gilmarpalooza começar, a festa já estava em andamento. Na segunda, o chamado Seminário de Verão de Coimbra reuniu vinte ministros do STF e do STJ para discussões a respeito do tema “Descortinando o futuro: 30 anos de debates jurídicos“. O tema só não é mais vago do que a lista de patrocinadores. Num arranjo incomum, as diversas empresas que financiaram um evento tão importante preferiram não aparecer. Na terça, a Associação Latinoamericana de Internet (ALAI) — que representa de Meta a Rappi — promoveu um almoço para convidados na tradicional Adega da Tia Matilde, aberta desde 1926. A lista dos presentes, como quase tudo que envolve brasileiros poderosos em Portugal, não foi divulgada. À noite, o coquetel ficou por conta da Esfera Brasil, comandada por João Camargo, presidente executivo do conselho da CNN Brasil. O evento não poderia ter sido mais democrático: reuniu o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, o decano Gilmar Mendes, o ministro Bruno Dantas do TCU, Arthur Lira, além de nomes do empresariado como o CEO do iFood e o presidente da Federação Brasileira de Bancos. João Camargo, inclusive, fez questão de se gabar (veja aqui) de ter reunido tantos comensais — e de agradecer ao empresário Flavio Rocha, dono da Riachuelo, por ter emprestado sua cobertura para o encontro. Na quarta, o almoço foi em homenagem ao ex-presidente Michel Temer. A lista — quase 500 convidados — ia do procurador-geral Paulo Gonet a ministros do governo Lula como Alexandre Silveira, Ricardo Lewandowski e Jader Filho. Não houve discursos, mas, segundo quem estava lá, teve muita “conversa”. Em 2024, o BTG Pactual promoveu um happy hour após o evento. O rooftop do luxuoso restaurante SUD foi decorado com a logo do banco e recebeu ilustres de todas as áreas. Para além do banqueiro André Esteves, Gilmar confraternizou com os presentes até ser “substituído” por Barroso. Tudo regado a camaradagem e a um estoque aparentemente infinito de vinho do Porto. Entre os convidados, estavam donos de grandes escritórios de advocacia e juristas influentes nos tribunais superiores, como Lenio Streck — para quem Sergio Moro sempre errou e Alexandre de Moraes nunca erra — e o famoso Kakay, o único indivíduo livre para circular de bermudas nos corredores do Supremo. A cena deve se repetir este ano. Nem a FGV escapa… Um detalhe quase sempre esquecido no meio de tanto tapinha nas costas no Gilmarpalooza: um dos organizadores do evento, a Fundação Getúlio Vargas, deve muito ao próprio Gilmar, como contou o repórter Allan de Abreu na revista piauí. A FGV se vende como templo da excelência acadêmica. Mas, na última década, protagonizou um filme policial. Corrupção, evasão de divisas, empresas de fachada, contratos milionários sem licitação. Um roteiro digno de filme, mas, como todo escândalo que cai no colo de Gilmar Mendes, não espere nenhuma surpresa. As dúvidas sobre a FGV começaram em 2016, quando Daniela Faria Tavares assumiu a Promotoria de Fundações do Rio. Daniela cismou que a fundação andava longe de ser tão limpinha quanto parecia. Em 2019, mergulhou na contabilidade da entidade e encontrou o que chamou de “bagunça completa“. Saques em dinheiro, empresas de fachada recebendo milhões, diretores embolsando bônus milionários. Diante do descalabro, o Ministério Público do Rio pediu o afastamento da cúpula da FGV, quebra de sigilos e perda da imunidade tributária da instituição. A FGV, claro, não ficou parada. Ainda em dezembro de 2019, correu até o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) alegando “excessos” da Promotoria. O CNMP deu uma liminar proibindo promotores de reprovar contas das fundações se o processo durasse mais de um ano. Na prática, isso matou a investigação. A FGV demorava a entregar documentos, enquanto apenas três promotores precisavam fiscalizar quase trezentas fundações. O MP bem que tentou tentou derrubar a liminar e num desses desvios processuais que só acontecem no Brasil,

Jeffrey Chiquini assume defesa de Filipe Martins e anuncia nova estratégia no STF

O advogado criminalista Jeffrey Chiquini anunciou nesta segunda-feira (07) que passou a integrar oficialmente a defesa de Filipe Martins, ex-assessor de Assuntos Internacionais do governo Jair Bolsonaro. Martins é investigado no âmbito da Operação Tempus Veritatis, que apura uma suposta tentativa de impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, após as eleições de 2022. Ele responde no Supremo Tribunal Federal por suposta participação em uma articulação classificada pela Procuradoria-Geral da República como “organização criminosa“. A linha de defesa de Martins tem passado por diferentes fases desde o início do processo. Em 2024, o ex-desembargador Sebastião Coelho deixou o caso pouco após o recebimento da denúncia. Em nota pública, alegou “abusos e ilegalidades” na condução do processo e afirmou que o ambiente jurídico atual não oferecia garantias mínimas para o exercício da ampla defesa: “O processo, desde a origem, está eivado de ilegalidades. Estou convencido de que a verdade será revelada no tempo certo, mas neste momento, minha permanência não contribui para a estratégia da defesa.”— Sebastião Coelho, em 2024 Após sua saída, o advogado Marcelo Almeida Santanna assumiu a defesa, permanecendo até hoje como consultor, com foco especial nas ações junto às cortes internacionais. Agora, com a chegada de Chiquini, a defesa inicia uma nova etapa, voltada para a contestação de provas técnicas e o questionamento da legalidade das diligências conduzidas pela Polícia Federal. Especialista em casos de natureza semelhante, Chiquini já criticou publicamente o que considera uma “narrativa construída antes da apresentação de provas“. Entre as principais acusações contra Martins está a suposta contribuição para medidas que visavam anular o resultado das eleições, incluindo a chamada “minuta do golpe” — documento encontrado na casa do ex-ministro Anderson Torres, que sugeria decretar estado de defesa no TSE e convocar novas eleições. A defesa nega qualquer envolvimento do ex-assessor, alegando inexistência de provas materiais de autoria ou posse do documento. Outro ponto central da acusação é a suposta viagem de Martins aos Estados Unidos com Jair Bolsonaro, no final de dezembro de 2022. A defesa, no entanto, apresentou registros de localização por antenas de celular (ERBs), uso de aplicativos e movimentações bancárias que indicam sua permanência no Brasil durante o período. Uma nota oficial da defesa, publicada em agosto de 2024, informou que o Departamento de Segurança Interna dos EUA (DHS) foi acionado para apurar uma possível fraude nos registros migratórios: “Não há qualquer registro oficial válido que comprove a entrada de Filipe Martins em solo americano nesse período“. Martins foi preso preventivamente em fevereiro de 2024 e liberado em agosto do mesmo ano, mediante medidas cautelares — incluindo uso de tornozeleira eletrônica, proibição de deixar o país e de manter contato com outros investigados. Em entrevista à Revista Oeste, Chiquini classificou o processo como “uma das maiores farsas da história do processo penal brasileiro“, e declarou: “O Brasil não sabe nem 10% do que realmente ocorreu nesse caso“. A fase de instrução do processo começa no próximo dia 14 de julho, com a oitiva das testemunhas de defesa. Entre os nomes arrolados estão o deputado Marcel Van Hattem (NOVO‑RS), o ex-ministro do GSI Gonçalves Dias e o delegado da PF Fábio Shor. A expectativa é que essa nova etapa contribua para esclarecer os fatos e possa influenciar diretamente os rumos do julgamento no STF. Com a chegada de Chiquini, a defesa inicia uma nova etapa, com foco na contestação de provas técnicas e no questionamento da legalidade das diligências conduzidas pela Polícia Federal (PF). O advogado também atua em casos semelhantes e já criticou publicamente o que considera uma narrativa construída antes da apresentação de provas. Segundo a acusação, Martins teria contribuído com a elaboração de medidas para anular o pleito presidencial, incluindo a chamada “minuta do golpe” — um documento encontrado na casa do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, que sugeria decretar estado de defesa no Tribunal Superior Eleitoral e convocar novas eleições. A defesa nega qualquer envolvimento e afirma que não há provas materiais de autoria, tampouco de posse e autoria do documento. Além disso, a PF alegou que Martins teria viajado com Bolsonaro aos Estados Unidos no fim de dezembro de 2022. Esse fato foi contestado pela defesa com base em registros de localização por antenas de celular (ERBs), uso de aplicativos e movimentações financeiras no Brasil durante o período. “Não há qualquer registro oficial válido que comprove a entrada de Filipe Martins em solo americano nesse período. A defesa já acionou o Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos (DHS, na sigla em inglês) para apurar a suposta fraude nos dados migratórios.”— Nota oficial da defesa, agosto de 2024 Martins havia sido preso preventivamente em fevereiro de 2024 e foi liberado sob medidas cautelares em agosto. Essas medidas incluem o uso de tornozeleira eletrônica, a proibição de deixar o país e a proibição de contato com outros investigados, sendo aplicadas para garantir o andamento do processo sem a necessidade de prisão. “O Brasil não sabe nem 10% do que realmente ocorreu nesse caso“, afirmou Chiquini em entrevista à Revista Oeste. Para ele, a acusação contra seu cliente é “uma das maiores farsas da história do processo penal brasileiro“. A partir de 14 de julho, começa a fase de instrução do processo no STF, com a oitiva de testemunhas indicadas pela defesa, entre elas o deputado Marcel Van Hattem (NOVO‑RS), o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Gonçalves Dias e o delegado da PF, Fábio Shor. A expectativa é que essa nova fase traga elementos decisivos para o esclarecimento dos fatos e redefina os rumos do julgamento.

Guerra, corrupção e morte: ministro russo cai em desgraça e aparece morto em Moscou

O ministro russo dos Transportes, Roman Starovoit, foi encontrado morto nesta segunda-feira (07) em Odintsovo, subúrbio de Moscou, capital do país. Segundo o Comitê Russo de Investigação, principal órgão investigativo local, o corpo baleado de Starovoit foi encontrado em seu carro e uma arma foi achada próxima a ele. O caso está sendo tratado como um provável suicídio. Starovoit, de 53 anos, havia sido demitido por um decreto presidencial na manhã da própria segunda-feira, após pouco mais de um ano no cargo. O decreto não especificou o motivo da demissão, mas sua publicação veio após um fim de semana de caos aéreo na Rússia, com diversos voos cancelados e inúmeros aeroportos fechados em virtude da ameaça de drones ucranianos. Outras fontes na mídia russa, porém, alegam que a demissão pode ter relação com as suspeitas de envolvimento do ex-ministro com um suposto esquema de desvio de recursos públicos na região fronteiriça de Kursk, onde Starovoit foi governador antes de ser nomeado para a pasta de Transportes. Seu sucessor no governo regional, Alexei Smirnov, foi preso por corrupção em abril deste ano. O caso ganhou forte repercussão na Rússia por envolver o desvio de fundos alocados para a defesa militar da região. Em agosto de 2024, um ataque surpresa da Ucrânia rompeu as linhas defensivas locais, avançando com facilidade e fazendo milhares de prisioneiros pelo caminho. Foi a primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial em que o território russo foi ocupado. No último mês de maio, quase nove meses após a invasão, o exército russo anunciou a retomada de Kursk. As autoridades russas vem investigando diversos casos de corrupção entre funcionários do alto escalão civil e militar. Na última semana, Timur Ivanov, ex-vice ministro da Defesa, foi condenado a 13 anos de prisão. No mesmo dia, Viktor Strigunov, alto funcionário da Guarda Nacional, foi preso por corrupção e abuso de poder. E, por sua vez nesta segunda (07), Khalil Arslanov, ex-segundo no comando do Estado-Maior, recebeu pena de 17 anos pelos mesmos crimes. Fonte: The Times of Israel, Associated Press

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